Sempre achei interessante o fato de como as coisas se encaixam, de como tudo é tão planejado e tão divino.
Homens são grandes, rudes, fortes e indelicados, e se atraem por mulheres pequenas, fofas, sentimentais, delicadas, fracas - sem machismo - tão frágeis, e isso me encanta. As mulheres ficam tão pequenas e tão vulneráveis nos braços de um homem, pensando por um lado mais animal, isso soa até poético. É algo até desafiador sentir tanta vontade de apertar, segurar, tocar uma mulher com força e ser obrigado a se controlar para não machucá-la. Uma relação entre um homem e uma mulher é muito mais carnal do que podemos imaginar, eles se encaixam não só sexualmente. Tudo é extremamente planejado e projetado para um ser a completude do outro. — Sammy! — A chamei enquanto batia na porta do quarto, pois era ela quem estava reclamando que ia se atrasar, mas agora é ela quem está nos atrasando. Hipócrita. — Calma, Doutor Gunnar! — Gritou de dentro do quarto. — Calma? Vamos chegar atrasados, e o maior problema é que eu sou o médico, sabia que alguns instantes de atraso é o suficiente para um paciente perder a vida? Sammy abriu a porta no mesmo instante, me encarando enquanto eu terminava de falar. Estava com as mãos apoiadas em cada lado da parede do quarto, enquanto me encarava com as sobrancelhas erguidas. — Estou pronta. — Diz enquanto caminha para fora de casa me deixando para trás. — Eu teria me arrumado mais cedo se você tivesse me acordado, não sabe que mulheres demoram para se arrumar? É automático, meu olhar desce para o seu quadril sufocado na saia de couro preta. Entorto o queixo e me obrigo a desviar para outra direção. Sammy tranca a porta enquanto caminho até o carro estacionado em frente à casa, abro a porta do passageiro e ela me olha com um sorriso divertido. — Que cavalheiro. — Riu com ironia enquanto eu permanecia sério e sentou no banco. Fechei a porta dela, dei a volta e entrei pela outra porta sentando no banco do motorista. — Você vai ser a última a ser atendida, tem consciência disso? — Questionei devolvendo a ironia. — Você pode me atender agora, me pouparia dessa espera. — Não posso. — Parei no sinal vermelho e a encarei. — Por que não? Porque seria antiprofissional? Não. Porque quero prolongar ainda mais essa proximidade, quero estar próximo dela por mais tempo. — Antiprofissional. — Sorri para segurar um riso cheio de humor, humor que ela não entenderia pois não lê os meus pensamentos, e continuo olhando para frente. — Se você se acha assim tão certinho, beijar uma paciente e afundar as mãos na bunda dela enquanto está bêbada também não é antiprofissional? — Me olhou neutra, travando o maxilar e cheia de razão. Encaro confuso aqueles olhos pequenos, arqueando as sobrancelhas tentando decifrar o que ela estava querendo dizer com aquilo. Até que com seu sorriso de canto e o balançar da cabeça enquanto olhava para frente me fez cair em si. Ela lembrava do beijo. Ao contrário do que eu pensava, que por ela estar bêbada não iria lembrar. Mas ela lembra sim. — Fingiu que não lembrava de nada. — Ri sem humor comigo mesmo apoiando o cotovelo na porta e alisando minha boca com os dedos lembrando do ocorrido. — Eu nem sequer tinha bebido tanto assim para não lembrar, só precisei me esforçar um pouquinho. — Se não bebeu muito, então quer dizer que quis me beijar? — Perguntei em um tom de provocação. — Eu estava em uma boate, bebendo, dançando, me divertindo como uma jovem, vi um médico alguns anos mais velho do que eu, que é um tremendo gato. — Me olhou de soslaio com os cabelos voando pelo rosto por causa do vento que entrava pela janela. Firmei as mãos no volante com força até meus dedos ficarem brancos, e nos olhávamos fixos. Olhares neutros cheios de mistérios. Posso parecer controlado o bastante, mas eu estou fazendo força capaz de mover prédios para não atacar ela agora. — O que você acha? Eu queria? — Ela questionou concluindo sua própria fala. Olho para baixo vendo suas pernas nuas apoiadas nos bancos, pequenas e fáceis de quebrar me fazendo respirar com mais intensidade. Pisco com força e volto a encarar a estrada vendo o semáforo voltando para o verde. — Sabe o que eu acho? — Ela balançou a cabeça negativamente. — Que você é uma menina que gosta de se exibir, e que se oferece para todos os homens por diversão. — A encarei de relance vendo ela me lançar um olhar semicerrado e ao mesmo tempo indignado. — E o seu namorado? Esqueceu assim de repente? Ela riu baixo jogando a cabeça para trás me fazendo encará-la, vendo como ela é realmente linda. Mas uma garota tão jovem assim é como jogar gasolina na própria cabeça e acender um fósforo. Mas que garota intrigante, desculpa reparar. Odeio homens que gostam de garotas com idade para ser filha deles, mas eu estava esquecendo totalmente desse ódio. Não era tão errado assim, era? 10 anos não era tanta coisa assim, há diferenças bem maiores, se comparar. Por que um homem de 50 pode se envolver com uma mulher de 30, mas é errado um de 30 se envolver com uma de 20? As diferenças de idade são praticamente as mesmas. É, eu estou pensando como um pedófilo. Não é a mesma coisa, uma mulher de 30 não pode ser comparada com uma de 20, estão em fases de vida totalmente diferentes. — Minha vez de perguntar: Qual é a graça? — Questionei. — Eu não tenho namorado, só estava brincando com você. Queria que se sentisse culpado. Culpado por aquele beijo? Continuaria valendo a pena, por outro beijo eu aceitaria ser condenado. — Mas está sempre assim, cheia de intimidade com caras que acabou de conhecer? — Semicerrei os olhos a encarando tentando tirar as minhas dúvidas em meio ao disfarce. — E quem não garante que eu raramente me abro facilmente para qualquer um? — Ergueu uma sobrancelha sorrindo. — Você só se abre para mim? — Permaneci olhando para frente enquanto sorria de canto contendo um riso de quinta série. — Idiota. — Murmurou irritada. — Como pode ter 30 anos e ser mais imaturo do que eu? — Como sabe que tenho 30 anos? — Ergui uma sobrancelha desconfiado virando para encará-la automaticamente. — É… G****e. — Engoliu em seco. — Não há nada sobre mim lá. — Estreitei ainda mais os olhos. — Eu vasculhei suas informações na recepção, desculpa… a Eliza tinha saído, e eu estava curiosa. — Mostrou os dentes me fazendo encará-la por um tempo e depois rir fraco. — Por acaso você é uma garota obcecada que fica vigiando a minha casa a noite? — Ironizei usando as minhas próprias atitudes, mas ela não precisa saber. — Sim. Na verdade, eu costumo ficar dentro da sua casa. Espio você no banho e tudo. — Forçou um olhar de psicopata com brincadeira. — Você é maluquinha. — E sou mais normal que você que tem 30 anos. — Retrucou. Sammy seria considerada uma adolescente ainda? Não, óbvio que não, já está quase completando os 21. Mas amo esse senso de humor jovial, onde tudo é voltado a sexo e sem nenhum pudor que se pode ser promíscuo sem nenhuma objeção. Mas Sammy pegou intimidade suficiente comigo para me zoar, como a jovem que ainda é. Acabo esquecendo que ela ainda é jovem. Comprimi os lábios tentando ficar calado. Parei o carro em frente ao hospital e Sammy me encarou confusa. — Desça aqui e entre primeiro, não pegaria bem que nos vissem chegando juntos e ainda atrasados, me entende? — Ergui as sobrancelhas com um sorriso brincalhão. — Iam pensar que estávamos transando até agora? — Fez cara de nojo enquanto abria a porta do carro. — Idiotas. Com a idade que você tem, como conseguem pensar que você ainda duraria tanto tempo assim? — Pensou alto enquanto descia do carro fazendo meu sorriso desaparecer. — Desgraçada. — Resmunguei sozinho por causa do comentário.Entro no hospital caminhando diretamente para a fila de espera para se consultar com o Doutor, que por acaso e nem tão acaso assim, ontem estava esfregando aquele corpinho no meu e até me deu uma carona. Cruzo as pernas enquanto sentada na cadeira e esperava com os outros pacientes, vez ou outra dava uma olhada no resultado do meu exame de sangue para passar o tempo mas não é de se admirar que não funcionava muito. — Bom dia. — Ouço aquela voz grave, intrigantemente jovial e tão marcante. Ethan consegue ser um adulto, com essência de um jovem mas com comportamentos de adulto(com exceções as vezes). Ele estava vestindo um jaleco agora, o cabelo bem penteado e o cheiro masculino amadeirado era perceptível a longa distância. Os pacientes respondem ao seu “bom dia”, como sou a última da fila de assentos, ele passa por mim por último. Seu olhar se encontra com o meu, ele sorri com os olhos, e estica um lado da bochecha em um quase sorriso de canto me deixando com um frio na barriga e c
O vento batia no meu rosto enquanto dirigia, mas eu era capaz de sentir nada. Estava vazia, como se tivesse perdido a minha essência. Me sentindo suja, uma fraude. Meu pai sentiria vergonha de mim, sentiria nojo por a minha dúvida. Eu só estou confusa, é só isso, não é como se eu estivesse desonrando a vontade dele. É só que… seria melhor se eu não ficasse pensando nisso. O que estava acontecendo comigo? Onde estava a garota determinada que iniciou essa missão? Precisava encontrar respostas. E rápido. Antes que tudo se despedaçasse e eu acabasse acabando com tudo aquilo que construí para mim. Enquanto dirigia, minha mente divagava. Me lembrava de um dia quente de verão no parque, celebrando o meu aniversário de 8 anos com o meu pai. Já havia se passado um tempo desde que minha mãe havia nos deixado. O vazio ainda era insuportável, mas independente do que sentimos, a vida continua e o relógio não para de girar. Meu pai tentava preencher o espaço, mas a dor era palpável, eu não q
Existem duas vidas no corpo de um homem, e cada uma dessas vidas se dominam por si só. Uma dessas vidas domina a cintura para cima, e a outra da cintura para baixo, então é difícil controlar o incontrolável. Essa parte da cintura para baixo pensa por si só e quando coloca alguém na cabeça, não consegue mais tirar. Entende? Minha cintura para baixo quer a Sammy sem ligar para o resto, e a minha cintura para cima não quer querer, apesar de também querer intensamente. Cerro os punhos tentando ao máximo me controlar, mas afinal de contas, eu sou o médico. Eu que mando no meu próprio trabalho, e principalmente, pelo currículo impecável que entreguei, teoricamente eu sou um diamante dentro desse hospital. Tranco meu consultório, saio de fininho na ponta do pé indo até o estacionamento. Dou partida no carro e canto pneu pela estrada. Coincidentemente, o tempo achou um ótimo momento para cair uma tempestade de alagar as ruas, mas isso não parece nada para mim. Homens não pensam com a cab
O cansaço vem. Só consigo apertar os lençóis entre os dedos e respirar, por estar tão fraca que não consigo mais nem sequer gemer. Ethan beija meu rosto enquanto geme rouco, se movimentando contra mim com desespero enquanto segura o meu pescoço com uma força precisa. A cama range, dá saltos para cima e nos impulsiona a ficar dando pulinhos em cima dela. Cama de molas é ótima para quando estamos sozinhos em casa, porque é impossível conter barulho com uma dessa. Também acredito que o Ethan aprecia o fato de estarmos sozinhos. Respiração pesada, e gemidos chorosos. Gemidos abafados por nossas bocas que roçam, olhares sôfregos e o suor escorre dos nossos corpos nus roçando cada centímetro um no outro com facilidade por causa da umidade. Ethan me olha com aquele olhar escuro, cheio de mistério e ao mesmo tempo neutro. Mas chega a ser invocado, porque é como se conversássemos pelo olhar. Conexão via bluetooth e direta por cabo USB, se é que me entende. É incrível essa sensação,
Talvez eu estivesse enlouquecendo por passar tanto tempo sozinho, preciso de alguém para compartilhar a vida. Me sentindo exausto desse trabalho de médico, fico impaciente e o desânimo não vai embora. Aperto o botão da caneta um milhão de vezes ouvindo o barulhinho dela enquanto dezenas de pacientes esperam lá fora, mas meu ânimo não está me ajudando para começar a atendê-los. Tento me controlar, não sair enlouquecendo por qualquer coisa e principalmente por causa de uma garota. Vim para cá há pouco tempo, não imaginava que as mulheres latinas fossem tão marcantes, porque sinto que não há mais nada na vida além daquela garota. Por que eu vim para cá? Bom… no meu último estilo de vida em outro lugar bem longe daqui, fui meio que obrigado a fugir para cá, sabe? Quer saber o motivo? Vamos lá. Eu dirigia pelas ruas chuvosas até em casa, estacionei o carro e subi as escadas indo até o meu quarto. Passei pelo Bille, um idiota que cuida do irmão doente que precisa de ajuda, até mesm
Ouço meu celular tocar, o pego na mão, dou uma olhada na tela e mordo o lábio em desespero ao ver que se tratava de uma ligação de Eric. Apesar de tudo, eu era obrigada a atender. — Fala. — Fui direto ao ponto sem muita simpatia. — Podemos nos ver? — Seu tom de voz saiu tão oprimido como o de um cachorro que caiu da mudança. — Não, estou de saída. Não sei que horas vou chegar, e não posso remarcar. — Respirei fundo respondendo com um tom bem forçado enquanto estralava a língua e passava batom. — Ah, tudo bem. — O tom de voz dele demonstrou que não estava nada bem. — Só… fiquei com saudades. — Tchau, Eric. — Me despedi rudemente e desliguei. — Quanta paciência eu tive todos esses anos. — Falei comigo mesma e as lembranças vem até mim sem serem convidadas, começo a sentir saudade do meu pai e lembro de Karl. — O Karl veio visitar você, está treinando tiro ao alvo. Está liberada, senhorita Hernandez. — A inspetora avisou firmemente e então saiu. — Obrigada, senhora. — Abaixe
Na volta do hospital, resolvo dirigir até à casa da Sammy. Eu estou sendo muito grudento, não é? É, eu sei. Mas não consigo me controlar, nem sequer consigo ficar longe, eu não conseguiria me distanciar. Algo de estranho me incomodou assim que cheguei em frente à casa dela, as luzes estavam apagadas e olhando para a garagem, o carro dela não estava lá. De repente, uma raiva e uma indignação por ela ter saído assim no meio da noite passa a me incomodar, sinto que devo protegê-la, que ela é frágil demais e que há centenas de homens por aí querendo fazer mal a ela, isso vai me corroendo por dentro. De repente, começo a imaginar cenários de coisas que ela poderia estar passando, homens babando e olhando para ela com maldade enquanto pensam em sequestrá-la. Puxei o celular do bolso, disquei o número dela e liguei, ouvi chamar e chamar mas não tive uma resposta dela. Acelerei o carro e dirigi em direção aquela boate que a segui daquela última vez. Estava rezando para que ela estivesse
Então quando Ethan para o carro em frente à minha casa, olho para o lado vendo ele com a cabeça escorada no banco olhando para a janela sem dizer nada, parecia pensativo com algo. Então Ethan sai do carro, e eu o acompanho saindo também. Ao invés de entrar em casa ele se encosta no capô, e eu deveria entrar, mas prefiro ficar ali com ele. — Não é estranho para você, eu ser alguns anos mais nova? — Quebrei o silêncio ainda focada em entrar em outros assuntos mais pessoais. — Me sinto uma garotinha imatura ao seu lado. — Mas você não é uma garotinha, é uma mulher. — Ethan sorriu de canto erguendo as sobrancelhas. — Isso é o tipo de coisa que um homem mais velho diz para manipular uma garotinha. — Agora eu sou um manipulador? — Ele questionou irônico me olhando com aquele sorrisinho dele. Ele me olhou bem nos olhos, meu coração acelerou, senti um frio na barriga diferente, era estranho e me fazia sentir culpada. — Posso conhecer a sua casa algum dia, então? — Me apoiei em um