06 Dantas

Sempre achei interessante o fato de como as coisas se encaixam, de como tudo é tão planejado e tão divino.

Homens são grandes, rudes, fortes e indelicados, e se atraem por mulheres pequenas, fofas, sentimentais, delicadas, fracas - sem machismo - tão frágeis, e isso me encanta. As mulheres ficam tão pequenas e tão vulneráveis nos braços de um homem, pensando por um lado mais animal, isso soa até poético.

É algo até desafiador sentir tanta vontade de apertar, segurar, tocar uma mulher com força e ser obrigado a se controlar para não machucá-la.

Uma relação entre um homem e uma mulher é muito mais carnal do que podemos imaginar, eles se encaixam não só sexualmente. Tudo é extremamente planejado e projetado para um ser a completude do outro.

— Sammy! — A chamei enquanto batia na porta do quarto, pois era ela quem estava reclamando que ia se atrasar, mas agora é ela quem está nos atrasando. Hipócrita.

— Calma, Doutor Gunnar! — Gritou de dentro do quarto.

— Calma? Vamos chegar atrasados, e o maior problema é que eu sou o médico, sabia que alguns instantes de atraso é o suficiente para um paciente perder a vida?

Sammy abriu a porta no mesmo instante, me encarando enquanto eu terminava de falar. Estava com as mãos apoiadas em cada lado da parede do quarto, enquanto me encarava com as sobrancelhas erguidas.

— Estou pronta. — Diz enquanto caminha para fora de casa me deixando para trás. — Eu teria me arrumado mais cedo se você tivesse me acordado, não sabe que mulheres demoram para se arrumar?

É automático, meu olhar desce para o seu quadril sufocado na saia de couro preta. Entorto o queixo e me obrigo a desviar para outra direção.

Sammy tranca a porta enquanto caminho até o carro estacionado em frente à casa, abro a porta do passageiro e ela me olha com um sorriso divertido.

— Que cavalheiro. — Riu com ironia enquanto eu permanecia sério e sentou no banco.

Fechei a porta dela, dei a volta e entrei pela outra porta sentando no banco do motorista.

— Você vai ser a última a ser atendida, tem consciência disso? — Questionei devolvendo a ironia.

— Você pode me atender agora, me pouparia dessa espera.

— Não posso. — Parei no sinal vermelho e a encarei.

— Por que não?

Porque seria antiprofissional? Não. Porque quero prolongar ainda mais essa proximidade, quero estar próximo dela por mais tempo.

— Antiprofissional. — Sorri para segurar um riso cheio de humor, humor que ela não entenderia pois não lê os meus pensamentos, e continuo olhando para frente.

— Se você se acha assim tão certinho, beijar uma paciente e afundar as mãos na bunda dela enquanto está bêbada também não é antiprofissional? — Me olhou neutra, travando o maxilar e cheia de razão.

Encaro confuso aqueles olhos pequenos, arqueando as sobrancelhas tentando decifrar o que ela estava querendo dizer com aquilo. Até que com seu sorriso de canto e o balançar da cabeça enquanto olhava para frente me fez cair em si.

Ela lembrava do beijo. Ao contrário do que eu pensava, que por ela estar bêbada não iria lembrar. Mas ela lembra sim.

— Fingiu que não lembrava de nada. — Ri sem humor comigo mesmo apoiando o cotovelo na porta e alisando minha boca com os dedos lembrando do ocorrido.

— Eu nem sequer tinha bebido tanto assim para não lembrar, só precisei me esforçar um pouquinho.

— Se não bebeu muito, então quer dizer que quis me beijar? — Perguntei em um tom de provocação.

— Eu estava em uma boate, bebendo, dançando, me divertindo como uma jovem, vi um médico alguns anos mais velho do que eu, que é um tremendo gato. — Me olhou de soslaio com os cabelos voando pelo rosto por causa do vento que entrava pela janela.

Firmei as mãos no volante com força até meus dedos ficarem brancos, e nos olhávamos fixos. Olhares neutros cheios de mistérios. Posso parecer controlado o bastante, mas eu estou fazendo força capaz de mover prédios para não atacar ela agora.

— O que você acha? Eu queria? — Ela questionou concluindo sua própria fala.

Olho para baixo vendo suas pernas nuas apoiadas nos bancos, pequenas e fáceis de quebrar me fazendo respirar com mais intensidade. Pisco com força e volto a encarar a estrada vendo o semáforo voltando para o verde.

— Sabe o que eu acho? — Ela balançou a cabeça negativamente. — Que você é uma menina que gosta de se exibir, e que se oferece para todos os homens por diversão. — A encarei de relance vendo ela me lançar um olhar semicerrado e ao mesmo tempo indignado. — E o seu namorado? Esqueceu assim de repente?

Ela riu baixo jogando a cabeça para trás me fazendo encará-la, vendo como ela é realmente linda. Mas uma garota tão jovem assim é como jogar gasolina na própria cabeça e acender um fósforo.

Mas que garota intrigante, desculpa reparar. Odeio homens que gostam de garotas com idade para ser filha deles, mas eu estava esquecendo totalmente desse ódio.

Não era tão errado assim, era? 10 anos não era tanta coisa assim, há diferenças bem maiores, se comparar.

Por que um homem de 50 pode se envolver com uma mulher de 30, mas é errado um de 30 se envolver com uma de 20? As diferenças de idade são praticamente as mesmas.

É, eu estou pensando como um pedófilo. Não é a mesma coisa, uma mulher de 30 não pode ser comparada com uma de 20, estão em fases de vida totalmente diferentes.

— Minha vez de perguntar: Qual é a graça? — Questionei.

— Eu não tenho namorado, só estava brincando com você. Queria que se sentisse culpado.

Culpado por aquele beijo? Continuaria valendo a pena, por outro beijo eu aceitaria ser condenado.

— Mas está sempre assim, cheia de intimidade com caras que acabou de conhecer? — Semicerrei os olhos a encarando tentando tirar as minhas dúvidas em meio ao disfarce.

— E quem não garante que eu raramente me abro facilmente para qualquer um? — Ergueu uma sobrancelha sorrindo.

— Você só se abre para mim? — Permaneci olhando para frente enquanto sorria de canto contendo um riso de quinta série.

— Idiota. — Murmurou irritada. — Como pode ter 30 anos e ser mais imaturo do que eu?

— Como sabe que tenho 30 anos? — Ergui uma sobrancelha desconfiado virando para encará-la automaticamente.

— É… G****e. — Engoliu em seco.

— Não há nada sobre mim lá. — Estreitei ainda mais os olhos.

— Eu vasculhei suas informações na recepção, desculpa… a Eliza tinha saído, e eu estava curiosa. — Mostrou os dentes me fazendo encará-la por um tempo e depois rir fraco.

— Por acaso você é uma garota obcecada que fica vigiando a minha casa a noite? — Ironizei usando as minhas próprias atitudes, mas ela não precisa saber.

— Sim. Na verdade, eu costumo ficar dentro da sua casa. Espio você no banho e tudo. — Forçou um olhar de psicopata com brincadeira.

— Você é maluquinha.

— E sou mais normal que você que tem 30 anos. — Retrucou.

Sammy seria considerada uma adolescente ainda? Não, óbvio que não, já está quase completando os 21. Mas amo esse senso de humor jovial, onde tudo é voltado a sexo e sem nenhum pudor que se pode ser promíscuo sem nenhuma objeção.

Mas Sammy pegou intimidade suficiente comigo para me zoar, como a jovem que ainda é. Acabo esquecendo que ela ainda é jovem.

Comprimi os lábios tentando ficar calado. Parei o carro em frente ao hospital e Sammy me encarou confusa.

— Desça aqui e entre primeiro, não pegaria bem que nos vissem chegando juntos e ainda atrasados, me entende? — Ergui as sobrancelhas com um sorriso brincalhão.

— Iam pensar que estávamos transando até agora? — Fez cara de nojo enquanto abria a porta do carro. — Idiotas. Com a idade que você tem, como conseguem pensar que você ainda duraria tanto tempo assim? — Pensou alto enquanto descia do carro fazendo meu sorriso desaparecer.

— Desgraçada. — Resmunguei sozinho por causa do comentário.

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