— Está tudo bem, Ethan? — Questionei notando como ele parecia tenso.— Sim. — Ele respondeu mais firme, então dei de ombros, se ele disse que está tudo bem é porque está tudo bem.As vezes eu entro tanto no personagem, que esqueço quem eu sou de verdade, porque eu me torno apenas um personagem. Será que quando tudo isso acabar eu vou conseguir sentir alívio? Ou só irei sentir culpa? Olho para ele de relance enquanto dirige nervoso, e o questionamento me vem à cabeça. Ele está nervoso porque teme, ou por que tem medo que eu descubra o que ele não quer que eu descubra? As vezes eu também prefiro fingir para mim mesma que não sei de nada, que não estou aqui fingindo apenas para prejudicar ele. Quando olho para ele eu não consigo o odiar, não consigo ver alguém ruim por trás daqueles olhos azuis, o jeito que ele me olha possui tanta verdade, tanta ternura, tanto sentimento. Comecei a tomar comprimido para não precisar mais usar camisinha com ele, isso soa estranho, não soa? Isso não e
Eu arrisco dizer, que de alguma forma nós já sabíamos que fomos feitos um para o outro. Mas as vezes, em maioria dos casos ou não, só conexão entre dois corpos não é o suficiente. Digo isso porque, vivi por anos na minha fantasia, e ainda assim, hoje em dia ainda finjo que foi tudo real, que só acabou porque precisavam amadurecer, igual aqueles personagens de filme de romance clichê.A primeira decepção amorosa vem com a separação dos pais, e para um homem, ainda é três vezes pior quando a separação é causada pela falta de amor dos dois e uma traição da mãe.Como que tudo chegou ao fim? Foi um dia em que eu voltei para casa da escola, abri a porta de casa e entrei. Talvez ainda houvesse em mim alguma esperança de que as coisas tivessem voltado a serem boas como antes, que quando eu entrasse por aquela porta meus pais estivessem dançando sobre o vinho derramado no tapete novamente. Mas quando abri só ouvi o silêncio.— Mãe, já cheguei! — Gritei enquanto caminhava para dentro de casa.
E quando se está quase perdendo as esperanças, algo extremamente inesperado acontece.Nunca imaginei que fosse assim em um momento qualquer, ainda mais quando eu sequer estava esperando. Achei que eu ia ter que apelar, que ia precisar fazer algo mais eficaz e quando menos percebi, o voto de confiança veio.Agora eu poderia pressionar, eu tinha algo. Poderia conseguir finalizar o caso, sem feridos, sem violência, sem armas e de uma maneira fácil.Só precisava de provas contra ele, e nada melhor do que uma confissão gravada dele.Mas a minha preocupação do momento não era isso, mas sim o que aconteceu ontem? Ele é um sociopata, Sammy. Deve ter algum diagnóstico, deve ser louco, talvez tenha pesadelos, talvez seja esquizofrênico, você não tem nada haver com isso. Mas um homem de quase dois metros de altura acordar no meio da noite gritando por “Paula ou Dantas” com lágrimas saltando dos olhos foi um pouco impactante para mim. O FBI nunca me adicionou no caso dele, nunca me deram infor
Não importa o quanto você se prepara para um momento, quando ele chega você ainda não vai ser estar preparado o suficiente.Aos 16 anos quando fugi daquela cozinha com medo de escrever “Paula” ou “Dantas”, peguei um ônibus e fugi para longe. Pouco tempo depois eu fui pegando a prática, nenhuma operadora de caixa se recusava a sacar meus cheques, e então já conseguia me virar sozinho sem meus pais.Errado? Sim. Mas eu estava com tanta raiva, da minha mãe, do governo por ter dispensado meu pai como se ele não fosse nada, do Jake Barnes, de mim mesmo. A raiva me fazia ver todos os crimes como algo justo, se alguém dissesse para o Dantas de 16 anos que com 30 ele veria isso com outros olhos, ele jamais acreditaria, porque ele com toda sinceridade nunca achou que fosse se arrepender.Sentado na mesa do restaurante todas as estrelas, eu ficava em silêncio e só amassava o guardanapo nas mãos sentindo a maciez do tecido. Acho que cheguei a um ponto que nem sequer sei mais o que eu sinto, não
Meu pai morreu baleado no meio de uma missão na qual ele estava buscando pelo falsificador Dantas William Collin, meu pai foi atingido por uma bala perdida, o Karl falou que nunca souberam de onde essa bala veio. Eu tinha acabado de entrar na puberdade e já estava órfã de pai e de mãe. Então a minha vida se resumiu a isso, no foco de pegar Dantas William Collin a qualquer custo. Entrei para o treinamento do FBI, e o Karl estava à frente do caso do Dantas, então eu estava tranquila.Mas o tempo foi passando, e passando e passando. Nada. O Karl não conseguia nada, e ainda aconteceu aquela humilhação quando finalmente ele ficou frente a frente com o Dantas. Os dias iam se passando e a minha paciência estava se esgotando, parecia que ninguém nunca ia pegar ele.— Sem chances. — A inspetora não me dava a mínima, apenas se virou e continuou pondo mais café no copinho descartável enquanto eu estava ali do lado dela como uma cachorra sem importância.— Eu já estou preparada o bastante, inspe
PHANTOM - Patrulha armada de negociações terroristas e operações militaresÉ meio que um nome irônico, digamos que seja um apelido. Sabe naqueles assaltos a mão armada em que os assaltantes usam máscaras com temas de desenhos infantis? É tipo isso.Para resumir, vamos chamar o PHANTOM de PM, que significa patrulha militar. No fundo da minha mente eu sou apenas uma garota que procura paz para dormir a noite, que anseia por descansar sem sentir que há uma dívida pendente para quitar.Quando eu saí do FBI, eu saí sem rumo. A gente não faz as coisas de uma hora para outra sem pensar, o nosso cérebro planeja tudo sozinho, automaticamente. Igual quando você diz que não vai criar expectativa, mas não para de pensar no assunto por um instante, e sim, está criando expectativa.Então eu cheguei na hora da prática, e sabe qual foi o plot twist? Eu não consegui nada. É, eu mal sabia o que fazer.Eu planejei aleatoriamente pegar o falsificador sozinha, por conta própria. Mas havia um porém, o FBI
Agora aos tempos atuais, espiei pela janela para ver se o Ethan já havia ido embora e então entrei para dentro novamente.A Jenifer nunca me mandava mensagens importantes como a que mandou, então se mandou agora então quer dizer que eu tenho que correr. Me resolvo com o Dantas depois.Disco o número dela no celular e então espero por alguns instantes até que ela finalmente atenda.— Jenkins? — Ela falou meu sobrenome falso assim que atendeu.— Hernandez. — Ah, ele não está perto. Então posso falar. — Ela suspirou aliviada.Esse é nosso jeito de conversar pelo celular quando é algo muito sigiloso, ela fala meu sobrenome falso, se eu responder algo como “sim” quer dizer que ela não pode falar porque o Ethan está por perto, se eu responder meu sobrenome verdadeiro quer dizer que ela pode falar porque ele não está por perto.A Jenifer é uma amiga, mas está mais para uma colega. Não quero ampliar muito amizades, isso só iria me causar sofrimento. Contei a ela sobre tudo, assim ela me ajud
Encaro meu reflexo no espelho, prestando atenção aos mínimos detalhes. Faço questão de enaltecer cada um deles, mas sem parecer madura demais. Dou uma sacudida nos cabelos ondulados graças ao babyliss bem caprichado, do outro lado do quarto Eric me observa com seu olhar de admiração deitado sobre o colchão. — Está bonita. — Ele elogia voltando a fitar o teto com o corpo estremecido e cheio de agonia. — Esse é o propósito. — Meu tom de voz saiu meio irônico. — Ei. — Chamei sua atenção fazendo com que ele olhasse para mim outra vez. — Está tudo bem, pare de ser ciumento. Eric me encara com o rosto tenso aparentemente sentindo incômodo, mas se contendo ao máximo. Ele pega uma bola de beisebol dentro do criado mudo ao lado da cama e arremessa no teto a pegando de volta quando cai, acredito que foi o jeito dele de controlar a própria raiva. — Para você está tudo bem, não é você que está vendo a sua namorada se arrumar toda para encontrar um médico. — Fez um drama, levantou da cam