Falsa identidade: Condenados por causa do amor
Falsa identidade: Condenados por causa do amor
Por: Marileister
01 Sammy

Encaro meu reflexo no espelho, prestando atenção aos mínimos detalhes. Faço questão de enaltecer cada um deles, mas sem parecer madura demais.

Dou uma sacudida nos cabelos ondulados graças ao babyliss bem caprichado, do outro lado do quarto Eric me observa com seu olhar de admiração deitado sobre o colchão.

— Está bonita. — Ele elogia voltando a fitar o teto com o corpo estremecido e cheio de agonia.

— Esse é o propósito. — Meu tom de voz saiu meio irônico. — Ei. — Chamei sua atenção fazendo com que ele olhasse para mim outra vez. — Está tudo bem, pare de ser ciumento.

Eric me encara com o rosto tenso aparentemente sentindo incômodo, mas se contendo ao máximo. Ele pega uma bola de beisebol dentro do criado mudo ao lado da cama e arremessa no teto a pegando de volta quando cai, acredito que foi o jeito dele de controlar a própria raiva.

— Para você está tudo bem, não é você que está vendo a sua namorada se arrumar toda para encontrar um médico. — Fez um drama, levantou da cama e caminhou até o banheiro se trancando lá.

Já estou cansada disso. Por que todos os homens precisam ser assim? Por que ele tem que agir como se eu fosse propriedade dele?

Levantei da cadeira em frente à penteadeira e caminhei até o guarda-roupa, peguei todas as minhas roupas dos cabides e joguei em cima da cama.

Peguei minha mala dentro de uma das portas, e a joguei aberta em cima da cama. Dobrei minhas roupas de qualquer jeito e joguei dentro das malas, eram poucas, não tinha problema jogar de qualquer forma já que eram tão poucas que não ocuparia tanto espaço assim dentro da mala.

Ouço a porta do banheiro ser aberta atrás de mim e os passos pesados de Eric se aproximarem de onde estou.

Meu corpo é arremessado contra a parede e o corpo dele prensa o meu me obrigando a encará-lo.

— O que está fazendo!? — Esbraveja me olhando com os olhos quase saltando para fora.

— Estou indo embora para a minha casa nova, não posso? Qual a merda do teu problema? Eu ia ter que ir de um jeito ou de outro. — Bati em seu peito o fazendo caminhar para trás. — Estou cansada de você e de toda essa merda. De você se metendo em tudo sobre a minha vida e agora até mesmo no meu trabalho.

Caminho de volta até à cama terminando de fechar a mala e saindo para fora do quarto. Desci as escadas enquanto ouvia Eric caminhando rapidamente atrás de mim, me chamava e tentava desesperadamente me acompanhar.

— O que isso quer dizer, amor? — Ele questionou.

— Me esquece! — Foi a última coisa que falei antes de bater a porta, caminhar até o carro, colocar a mala no porta-malas e ir embora.

Eric me irritava constantemente, já estava cansada disso, parecia ser do nada eu ir embora assim, mas não era. Na verdade foi como acumular um milhão de coisas e situações que te irritam até chegar uma hora que você não consegue suportar mais e acaba explodindo.

Não sei se queria vê-lo novamente, mas eu pensaria nisso depois, agora era a hora de focar no meu trabalho e em mim mesma.

A partir de agora eu não era mais eu mesma, estou indo em uma missão e a partir desse momento, eu me chamo Sammy Jenkins.

Dirigi até à minha casa, vi no relógio que ainda tinha umas horas até a minha consulta. Arrumei as minhas coisas, dei uma organizada na minha casa que estava uma zona já que eu havia acabado de me mudar, esperei até a hora marcada e saí novamente, só que dessa vez em direção ao hospital.

Ao chegar lá, me deparei com uma fila de cadeiras, a tal fila de espera. Não haviam uma multidão de pessoas mas também não haviam poucas, então fui até à recepção.

— Bom dia, em que posso ajudar? — A recepcionista questionou com aquele tom de voz simpático que bem sabemos como é, a típica “enfermagem por amor”.

— Bom dia, quero uma consulta com o médico. — Pedi apoiada em uma perna e os braços sobre o balcão.

— Tem a enfermeira também. — Sugeriu com o tom de voz neutro, era antipática mas ao mesmo tempo simpática.

— Quero uma consulta com o médico. — Repeti forçando um sorriso amigável que dizia “está surda? Não está ouvindo o que estou falando?”.

— Eu estava apenas sugerindo, moça. É que a enfermeira já está atendendo e o médico não chegou ainda. — Seu olhar se direcionou para trás de mim e então sorriu simpática para alguém. — Ah, ele chegou. Olha ele aí.

Olho por cima do ombro e me assusto ao ver o médico atrás de mim em pé, duro feito uma estátua com as mãos enfiadas dentro dos bolsos. Meu corpo vira para trás assustado ficando de frente para ele em um estremecimento pelo susto, deixo as mãos apoiadas no balcão enquanto o encaro.

Ele me olha sorrindo com os olhos, meu corpo aquece e consigo notar pelo seu olhar que vai dos meus pés até os meus olhos que ele é um tremendo mulherengo. O encaro engolindo em seco.

— Bom dia, Doutor Gunnar. — A recepcionista cumprimenta.

— Bom dia, senhorita Villar. — Ele respondeu enquanto ainda me olhava. — Bom dia, senhorita…

Ele me cumprimenta também fazendo referência por não saber meu sobrenome me fazendo ter um choque de realidade e acordar dos pensamentos.

— Ah, Jenkins. Senhorita Jenkins. Bom dia, Doutor. — Respondo.

— Me dê seus documentos, garota. — A recepcionista pediu me fazendo voltar minha atenção para ela.

Abro minha bolsa e entrego minha documentação para que ela faça o trabalho dela. Mas ainda de costas para aquele homem ainda conseguia até mesmo ouvir sua respiração, ele tinha algo chamativo, algo que sugava a atenção ao seu redor e não era só por causa do cabelo loiro e os olhos azuis. Ele tinha algo, algo que intrigava.

— Eliza, esqueci a chave do meu consultório ontem. Você encontrou? — Ele se aproximou e apoiou os braços no balcão, nossos braços roçaram um no outro pareceu até ter sido de propósito e senti um arrepio agonizante.

— Está aqui, Senhor Ethan. Vou pegar, calma. — Ela levantou da cadeira giratória e caminhou até uma das gavetas, abriu uma delas e tirou algo de dentro dela.

Nesse meio tempo senti o olhar do médico pousar sobre mim, o olhei de relance algumas vezes e desviei rápido por não conseguir encará-lo.

— Aqui está, Doutor. — A recepcionista estendeu um chaveiro com algumas chaves entre os dedos e ele o pegou.

— Obrigado. — Ele agradeceu e antes de sair me olhou uma última vez.

Olho para a mulher em minha frente e ela está concentrada no computador, digita algumas teclas, sequer percebeu, opto por pensar que foi coisa da minha cabeça e então ela estende meus documentos de volta. Os pego e guardo dentro da bolsa.

— Pronto, agora é só aguardar. Tenha um bom dia. — Disse ainda mexendo no computador.

— Obrigada. — Respondi e então caminhei até a fila de cadeiras, sento ao lado de uma senhora idosa e aguardo a minha vez de ser atendida.

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