-Eu respondo isso em um minuto, assim que você me responder a minha pergunta. -Vá em frente então. -Você falou a verdade com aquela história sobre companheiros?-Sim, cada palavra que eu disse é a verdade.Ele me responde muito rápido. Eu estava pensando que ele precisaria pelo menos de um tempo antes de confirmar uma coisa que parece tão importante em sua realidade, mas não. Ele foi direto. -Mas como…você pode ter certeza? - Ele sorri, de uma forma confortável. Como se eu fosse uma criança perguntando uma coisa óbvia. -Ode…eu tenho certeza. Isso é um tipo de coisa que se tem certeza no momento que acontece. Mas não se preocupe com isso agora, pois se fosse pra te preocupar eu teria puxado esse assunto desde muito tempo atrás, mas é você quem manda aqui e eu só te sigo.-Tudo bem…é só que, eu mal consigo pensar direito.-Então não pense. -Ele se espreguiça e relaxa de novo deitado nas minhas pernas, fechando os olhos mais uma vez. - Só deixe acontecer. -Você fala como se fosse fá
E depois disso, ele me dá um beijo carinhoso na testa e parte. Eu vejo ele sair correndo por entre as árvores até desaparecer. Fico um tempo apenas processando o que tinha sido tudo isso. Eu deveria me sentir mal pro Bridget e o provável destino que eu incubi a ela? Eu seria uma pessoa tão ruim assim se não sentisse nem um bocado de remorso? Pois eu não sentia. Eu fiquei tempo demais ali fora, olhando para as árvores balançarem contra o vento, até que comecei a sentir o tempo ir mudando e começar a esfriar. Quando sinto um vento gelado bater bem no meio da minha espinha, decido entrar e trancar a porta. AA frase “cabeça vazia, oficina do diabo.” Não existe à toa. Então consciente disso, eu fiz o que grande parte das pessoas fazem no meu lugar, quando estão com as cabeças confusas e completamente perdidas no que fazer a seguir e precisam ocupar o tempo da melhor forma possível. A minha primeira opção era fazer um bolo, mas como eu não tinha os ingredientes, eu fui arrumar a casa.
E aquela bola de neve, aquela que tão arduamente eu tentei manter no lugar, parada, estava agora rolando morro abaixo e se transformando em uma avalanche muito mais rápido do que eu pensei que aconteceria, quase rápido demais pros meus olhos acompanharem, eu diria. Quando eu olhei diretamente pro meu braço, não havia nada. A pele estava impecável. Mas quando eu olhava para a escada e via só aquela linha de sangue pegajoso e gosmento, e uma mancha desse mesmo sangue grudada no degrau de madeira,eu soube que eu jamais conseguiria impedir aquela avalanche que estava vindo. Era tudo demais pra mim. Eu me levanto das escadas e sigo para o quarto segurando meu braço como se realmente eu pudesse sentir a ferida aberta, e ela estivesse pingando sangue por todo o meu o meu caminho até o quarto. Quando eu já chego no quarto, começo a perder o conhecimento de onde eu estava, minha cabeça não queria mais lembrar. Talvez até quem eu era, era uma informação que eu não conseguia mais lembrar a não
POV CEDRICPara ele, era muito ruim agora ficar longe de Odette. Cada segundo uma tortura, e parecia que seu lobo não conseguia entender a necessidade disso. Mas depois ele lembrava que precisavam de suprimentos. E tinha o segundo motivo, escondido lá no fundo da sua cabeça mas o perturbando como um assunto inacabado. Nem se ele morresse conseguiria descansar em paz até que todos que tinham machucado ela pagassem por isso. Cada um deles deveria estar descansando em uma cova rasa antes que ele pudesse relaxar completamente, e faria questão de não pular nenhuma das pessoas dessa lista. Odette com certeza não tem estado bem. E quem estaria? Com tudo isso que aconteceu. Era horrível acordar com os gritos dela em desespero, durante um pesadelo, e era mais horrível o fato de todas as suas noites serem assim. Quantas vezes agora, ao invés de dormir, ele só não se mantinha ao lado dela, observando-a dormir o seu sono pacífico antes de começar a gemer e a pedir socorro no meio do seu son
Eu não deveria ter seguido a porcaria do barulho, e muito menos parado de seguir o coelho, mas parece que meus instintos são tão funcionais como os de uma bússola quebrada, e eu sempre acabo fazendo a escolha errada para no final tomar o caminho errado. Apesar da crença tão certa que martela na minha cabeça: “Quando se está perdido, qualquer caminho lhe serve.” Acontece que sempre dá pra ser perder mais. Se embrenhar mais em uma floresta, escorregar mais para dentro do poço, cair bem do topo do lugar que se resolve subir. Sempre dá pra piorar, sempre e sempre. E agora, minha grande piora, meu grande escorregar do poço é eu estar olhando diretamente para o homem que eu tinha matado. Ele estava apenas parcialmente enterrado, bem na minha frente no chão da floresta, com suas vestes ensanguentadas completamente sujas de terra. Seu pé é virado em um ângulo muito estranho e anormal, e ele se contorce para fora da terra como se estivesse na noite dos mortos vivos. Ele sorri para mim, seus
-Quem é você? -Eu pergunto, já que tudo que a mulher estranha fazia, era me encarar. Bom, eu não podia negar que nós duas éramos pessoas estranhas nessa situação, mas do meu ponto de vista eu tinha direito a achá-la estranha também.-Quem é você?- Ela me refuta e um dejavu passa na minha cabeça no mesmo instante. “Eu não sei senhor, tenho mudado muitas vezes desde que acordei essa manhã.” foi o que se passou na minha cabeça. Acho que ler “Alice no país das maravilhas” tantas vezes possa ter me feito muito mais mal do que se quer eu poderia imaginar. -Eu perguntei primeiro…Mas sou Odette. -Você pode ter perguntado primeiro “Odette”, mas é você quem invadiu meu quintal. -Seu rosto era sério, e cheguei a me sentir uma criança levando uma bronca. Seguindo o curso de como as coisas estavam indo, no final não consegui me impedir de responder como se eu de fato fosse uma criança mal educada levando uma bronca.-Desculpe, não vi o seu nome em nenhuma pedra por aqui, como saberia que esse é
Eu bato forte na mesa. Tão forte que na mesma hora sinto o arrependimento chegar em mim, quando aquela pontada dolorida se arrasta por todo o meu braço depois de ter batido o ossinho do meu cotovelo no carvalho duro. Mas não vou deixar que nenhum deles saiba disso, então engulo a dor enquanto pronuncio mentalmente todos os palavrões que consigo me lembrar, até os em outra língua.Ao meu lado está a querida minha tia por parte de pai. Uma vagabunda sem coração que chora e chora de uma forma muito teatral, apesar de nunca ter feito uma aula de teatro sequer em toda a sua vida. Na minha frente, o homem parrudo de grandes bochechas que mais parece o senhor bundovisk do filme “Meu malvado favorito” me analisando atentamente como se eu fosse uma criminosa. Seus olhos caídos me analisam por trás de óculos redondos de lentes grossas, que fazem seus olhos ficarem muito pequenos, e desproporcionais ao resto do seu rosto. A sala ao meu redor é cheia de quadros entediantes e cafonas, que prova
POV CEDRICCedric Bellini não estava tendo um bom dia. Mas sendo sincero consigo mesmo, nenhum dos seus dias no “Centro de reabilitação Boa Esperança” era um bom dia. Na verdade eram todos como o inferno na terra, ao contrário do que o nome sugere. Pra começar, ele era um alfa. Ou ele tinha sido há muito tempo atrás. Um alfa em uma situação como essa não é algo que se vê todo dia. Aqui não era e nem nunca seria lugar para alguém como ele, apesar de não ser o único da sua espécie aqui dentro. Se você tem dinheiro e inimigos, no final é aqui que todos vão parar. Era bem mais fácil ser trancado aqui dentro esquecido e largado do que qualquer outra coisa. Você nem precisa ter feito nada de muito errado. Só basta ter um inimigo, esperto o suficiente para armar contra você e pronto, você conseguiria um ingresso só de ida pra essa academia de loucos. Sendo um alfa de sangue quente 24 horas por dia, sem nada pra fazer a não ser aceitar a vida na qual foi submetido. Bom, “aceitar”. Poi