Quando eu chego lá embaixo está tão silencioso quanto me lembrava. Era o pôr do sol agora, e eu só conseguia perceber isso graças as luzes amareladas que faziam todo o ambiente aqui dentro brilhar naquela mesma luz, refletida em cada um dos cacos dos espelhos espalhados pelo chão. Faço o processo reverso que Snoo havia feito, empurrando a escada para cima até ela se fechar com um clique, e logo depois guardando o cabo de vassoura no lugar onde me lembrava que ele costumava ficar. -Snoo…- Chamo devagar, sussurrando com medo de alguém que eu não quisesse que soubesse que eu estava viva, estivesse logo ali a uma esquina de distância. Mas então eu ouvi um barulho alto de grito. A voz muito andrógina para que eu pudesse reconhecê-la, mas ainda assim, por algum motivo eu corro em direção a essa voz. Os cacos pelo chão só abrindo mais e mais as feridas que já estavam lá, mas a urgência que eu estava sentindo de chegar depressa na fonte daquele chão parecia a mina única prioridade, e eu não
Por um segundo o pavor me consumiu com as duas piores possibilidades. A primeira de eu ter errado feio, e o tiro ter passado muito longe de acertar o lobo que eu estava mirando, mas que agora que eu tinha chamado a atenção deles com certeza eu viraria um alvo fácil. A segunda opção é eu ter acertado o lobo errado. Com certeza esse cenário seria o mais problemático desses dois. Mas eu não tive tempo de analisar se alguém tinha ou não recebido aquele tiro, pois em questão de segundos o lobo cinza pulou em minha direção, avançando em toda a sua glória monstruosa de garras e dentes bem pra cima de mim. Eu mal teria tido tempo de reagir se Cedric não tivesse reagido, com uma velocidade igualmente rápida de mais para meus olhos acompanharem, abocanhando uma das patas traseiras do lobo cinza, que deu um solavanco no lugar sem conseguir me alcançar, mas com certeza ficando perigosamente perto de onde eu estava. Posso estar bem longe de ter a velocidade deles, tanto para agir quanto até me
Então eu me decidi: Eu ficaria com essa realidade. Mesmo que me custe caro. Mesmo que depois eu descobrisse que não era real. Eu estava tão exausta emocionalmente, mentalmente e principalmente fisicamente. Eu tinha dormido em um colchão de verdade por quase um dia, mas mesmo se eu passasse uma semana dormindo não sinto que seria o suficiente para o meu corpo se recuperar de tudo que ele tinha passado. -não é importante. -Eu digo para Cedric. Finalmente depois que percebi que não tinha terminado a minha sentença. -Como conseguiu chegar até aqui? Veio sozinho? Como me encontrou? -Eu pergunto, mas se assim como aconteceu com Snoo, ele me respondesse qualquer coisa que não fizesse sentido, eu iria simplesmente ignorar, por mais que fosse doloroso que as possibilidades de isso ser só mais uma alucinação estivessem aumentando cada vez mais. -Isso não são coisas que eu acho que eu deveria explicar agora. Não aqui e não agora. Minhas entranhas estão me corroendo por dentro e meu lobo não m
O local que eu estou assim que abro meus olhos, é sem dúvida nenhuma muito diferente dos últimos locais que eu tenho acordado. Para começar, a claridade quase me cega no começo. Meus olhos começam a arder como se o tempo que eu tivesse passado longe dessa quantidade de luz tivesse sido o suficiente para me transformar em um tipo de vampiro. Imediatamente fecho os meus olhos e espero alguns segundos antes de abrir eles de novo, e dessa segunda vez eles ardem bem menos.A pessoa dona da voz que tinha falado comigo antes é bem paciente com todo o meu processo de abrir os meus olhos. Eu ainda sentia seus braços em volta de mim daquele jeito tão aconchegante que me fazia querer nunca mais sair daquele espaço,e ele não tinha falado mais nada até minha segunda tentativa de abrir os olhos, realmente esperando pacientemente.E é então que eu vejo quem eu sabia que era o dono daquela voz, e também daqueles olhos que estavam amarelos sobre a luz do sol. Brilhavam como se ele fosse o próprio Apo
Quando vejo Cedric prestes a sair do quarto, ficou parada por um pouco mais que alguns segundos antes de começar a seguir ele. Ver ele se afastando para longe agora, mesmo que seja ele indo a um cômodo de distância, me deixando sozinha com todos aqueles pensamentos ansiosos que com certeza me esperavam atrás da minha porta mental imaginária, era com certeza, sem sombra de dúvidas nenhuma, o pior cenário que eu poderia imaginar por agora. Então correndo o risco de parecer um cachorrinho carente, fui atrás dele mesmo assim. Mas assim que dei meu primeiro passo de verdade em direção a porta que ele estava se dirigindo, sinto uma pequena fisgada nos pés e olho para baixo imediatamente, lembrando do estado lastimável que eles deviam estar ontem a noite. Mas de alguma forma, a dor tinha diminuído bastante. Meus pés estavam cuidadosamente enrolados e embalados em bandagens e curativos, e considerando a sensação de molhado que eu sentia debaixo daquelas bandagens, provavelmente também estav
Ele me põe sobre o balcão e ele eu fico, tal qual a criança que ele estava fazendo com que eu me sentisse. Mas eu com certeza não falaria isso em voz alta pra ele. Ele não precisava saber do poder que estava tendo sobre mim naquele momento, talvez em nenhum momento. Resolvo dizer outra coisa, para que comecemos logo o que tinha que ser começado:-E então, por onde gostaria de começar nossa “conversa”?Depois que ele tinha me deixado no balcão, começou a remexer em alguns armários da cozinha. Vi ele mexer em uma gaveta, depois em alguns armários mais altos e por último um que ficava embaixo da pia. -Me diga você. Afinal de contas, você é a pessoa que está fazendo o papel de inquisidora hoje. Mas eu também tenho algumas perguntas, então se você me permitir, você faz uma e eu faço outra em troca, tudo bem pra você? - Assim que ele terminou de falar, tinha sobre a bancada da pia um duas embalagens fechadas de sopa enlatada, dois pratos fundos o suficiente para serem chamados de pratos d
-Continuando, acho que agora é minha vez de fazer uma pergunta. - Cedric não tinha dito nada por um tempo, deixando eu me concentrar em minha comida, e eu também não insisti em quebrar o silêncio. Eu estava tão feliz com aquela sopa enlatada que queria me concentrar cada segundo nos sabores dela na minha língua, mesmo estando com ela meio dormente da forma que previ que ficaria, ainda assim eu sentia como se aquele prato fosse um dos mais gostosos que eu havia comido em toda a minha vida. Sabe quando a comida não chega ter só sabor de comida, mas tem junto um sabor de memória? Era isso que estava acontecendo. Aquela sopa tinha gosto de afeto, lembranças e cuidado. Eu tinha certeza que, não importa o que acontecesse, as situações em que eu me metesse, pra onde eu iria ou todos os pratos diferentes que eu poderia saborear depois de hoje, eu sempre me lembraria do gosto desse, e nada teria comparação.-Nada disso, espera um pouco ai…e quanto ao resto da minha pergunta? Você simplesmente
Sim. É verdadeNaquele momento, acho que Cedric interpretou errado a pergunta que eu tinha feito. Seu olhar foi mais do que um pesar. Havia medo. Acho que ele pensou que eu queria saber a resposta pra jogar a culpa nele. Talvez tenha pensado que eu fosse odiá-lo depois dela, mas não era por isso que eu tinha perguntado. Veja bem, não importa o que eu tenha ouvido, não importa as histórias que me haviam contado. Absolutamente nada disso importava, pois de alguma forma muito estranha, eu confiava nele. Não foi ELE que me sequestrou, então não tinha como eu colocar a culpa NELE. Agora, se eu realmente desse de cara com um daqueles que realmente eram responsáveis pela situação lamentável que eu passei meus últimos dias, eu com certeza daria um chute bem dado entre as pernas antes de fazer qualquer pergunta.Agora, minha verdadeira intenção de ter perguntado isso para ele, era saber se um palhaço que só eu podia ver, havia realmente me contado uma história que realmente havia acontecid