Esse era algum dos momentos em que eu facilmente poderia acreditar que tinha, em algum lugar, algum tipo de entidade universal que estava me assistindo em alguma espécie de grande telão, e apenas com um aceninho do seu dedo fazia alguma coisa pra me ajudar.Não, eu não estava falando de qualquer tipo de Deus. No máximo um Leprechaun, um homem baixinho e barbado vestido de verde que tem poderes de dar ou tirar a sorte quando bem entender. Quem sabe de repente, eu tinha virado seu programa favorito, e para as coisas não acabarem e continuarem no ápice da emoção, ele tinha resolvido me ajudar. Digo isso porque aquele caminho, dentre tantos outros que eu poderia ter escolhido, deu direto em uma saída, e na situação que eu estava, golpes de sorte como esse só podiam ser obras de seres místicos, pois toda a situação ao meu redor apontava que eu deveria me dar mal, e muito. Independente disso, agora eu com certeza passaria a ter um pouco mais de fé nesse homenzinho, torcendo para que ele me
POV CEDRICOs dias pareciam idênticos às noites. Era tudo cheio de uma culpa ansiosa, tormentos vivos em forma de pesadelos quando se está acordado. Se ele tivesse marcado ela, mordido bem onde ele tanto queria, na curva onde seu pescoço encontra seus ombros, onde o cheiro dela era mais forte, ele poderia senti-la onde quer que ela estivesse, e talvez assim não estivesse nessa agonia dez vezes pior carregada com o “Não saber”.O não saber era terrível, tão terrível que parecia consumir ele de dentro pra fora, e só deu uma pausa considerável depois de ver Odette, sua rainha dos cisnes, dentro de seus sonhos.Em algum lugar alguma coisa tinha atendido seus chamados desesperados, alguma coisa tinha sentido pelo menos uma mísera parte de tudo que estava o corroendo, e tinha feito isso por ele. Não que ele fosse desistir de ir atrás dela, sem ver ela nos sonhos ou vendo ela nos sonhos, isso era tudo que ele ia fazer, ir atrás dela não importando onde ela estivesse. Ele era como os homens o
Penso que talvez eu estivesse delirando, e que deveria voltar pro meu esconderijo e torcer para ninguém ter me visto, mas quando eu olho rapidamente na direção onde jurei ter ouvido alguém me chamando, recomeço aquelas roupas coloridas de primeira.-Snoo?? O que está fazendo aqui?? -Sussurro bem baixinho contra o vento, um pouco mais aliviado por não ter colocado tudo o que foi planejado a perder. Mas ainda assim, que eu me lembre, a etapa de libertá-lo era lá para o final do plano, quando o nosso ingresso de saída desse lugar já estivesse completamente reservado e com todas as coisas saindo conforme o planejado. Por um segundo penso que talvez estejam usando ele como uma amadilha para me pegar, mas não fazia sentido nenum essa teoria e era só uma idéia idiota do meu cérebro totalmente paranoico a essa altura do campeonato.Eu vou até ele, ainda tomando cuidado com os meus rastros, pisando somente nas partes onde havia grama e pedras para que não deixasse pegadas. Eu me sinto com cer
Snoo também não havia dito nada da minha arma. Eu deveria confiar nele, tinha vários motivos para confiar nele, mas ainda assim tudo isso era tão suspeito que me dava azia. Eu odiava essas coisas sem explicação, e elas costumavam alugar um triplex na minha cabeça com muita facilidade, espantando o sono e a minha pouca clareza mental. Como se a minha cabeça toda pudesse resumida em uma bancada de trabalho, que quando estava muito bagunçada ou com muita coisa desorganizada em cima dela eu não conseguia visualizar direito as coisas eu devia visualizar em cima dessa bancada. Minhas prioridades não eram mais tão importantes graças a aquela porcaria de bagunça. Independente de estar tudo bagunçado ou não, eu entrei na casa dos espelhos com Snoo. Não pela entrada da frente. Ninguém que está sendo procurado entra pela porta da frente de nenhum lugar e isso era óbvio, mesmo que não tivesse ninguém por perto. Snoo me conduziu pela lateral daquele prédio e paramos bem em uma portinha que pareci
-Primeiro as damas.- Snoo fala, mas eu me estremeço só de pensar. -Primeiro os mais velhos. - Eu insisto. -Boa! -Ele responde com o sorriso- Venceu, estou subindo.Ele começa a subir aquelas escadas e eu vou atrás. A escada era de madeira, como aquelas dos filmes que sempre levam para um sótão assustador onde está escondido pelo menos uma cinco espécies diferentes de seres demoníacos, quinze fantasmas e uns três ou quatro bonecos amaldiçoados. Se tivesse qualquer indício que pudesse ter alguma dessas coisas lá em cima, eu ficaria feliz em dar meia volta e me entregar prontamente aos meus sequestradores. Talvez eu até me embale com um laço e uma fita para eles se sentirem mais presenteados.Mas eu continuo subindo, degrau após degrau até dar de cara com um pequeno quarto, Snoo estava parado no canto dele, tentando acender uma velha lamparina. Acho que eu nunca nem tinha visto uma de verdade, mas ele sabia como fazer ela funcionar e em poucos segundos, o cômodo se iluminou a uma fraca
Quando eu chego lá embaixo está tão silencioso quanto me lembrava. Era o pôr do sol agora, e eu só conseguia perceber isso graças as luzes amareladas que faziam todo o ambiente aqui dentro brilhar naquela mesma luz, refletida em cada um dos cacos dos espelhos espalhados pelo chão. Faço o processo reverso que Snoo havia feito, empurrando a escada para cima até ela se fechar com um clique, e logo depois guardando o cabo de vassoura no lugar onde me lembrava que ele costumava ficar. -Snoo…- Chamo devagar, sussurrando com medo de alguém que eu não quisesse que soubesse que eu estava viva, estivesse logo ali a uma esquina de distância. Mas então eu ouvi um barulho alto de grito. A voz muito andrógina para que eu pudesse reconhecê-la, mas ainda assim, por algum motivo eu corro em direção a essa voz. Os cacos pelo chão só abrindo mais e mais as feridas que já estavam lá, mas a urgência que eu estava sentindo de chegar depressa na fonte daquele chão parecia a mina única prioridade, e eu não
Por um segundo o pavor me consumiu com as duas piores possibilidades. A primeira de eu ter errado feio, e o tiro ter passado muito longe de acertar o lobo que eu estava mirando, mas que agora que eu tinha chamado a atenção deles com certeza eu viraria um alvo fácil. A segunda opção é eu ter acertado o lobo errado. Com certeza esse cenário seria o mais problemático desses dois. Mas eu não tive tempo de analisar se alguém tinha ou não recebido aquele tiro, pois em questão de segundos o lobo cinza pulou em minha direção, avançando em toda a sua glória monstruosa de garras e dentes bem pra cima de mim. Eu mal teria tido tempo de reagir se Cedric não tivesse reagido, com uma velocidade igualmente rápida de mais para meus olhos acompanharem, abocanhando uma das patas traseiras do lobo cinza, que deu um solavanco no lugar sem conseguir me alcançar, mas com certeza ficando perigosamente perto de onde eu estava. Posso estar bem longe de ter a velocidade deles, tanto para agir quanto até me
Então eu me decidi: Eu ficaria com essa realidade. Mesmo que me custe caro. Mesmo que depois eu descobrisse que não era real. Eu estava tão exausta emocionalmente, mentalmente e principalmente fisicamente. Eu tinha dormido em um colchão de verdade por quase um dia, mas mesmo se eu passasse uma semana dormindo não sinto que seria o suficiente para o meu corpo se recuperar de tudo que ele tinha passado. -não é importante. -Eu digo para Cedric. Finalmente depois que percebi que não tinha terminado a minha sentença. -Como conseguiu chegar até aqui? Veio sozinho? Como me encontrou? -Eu pergunto, mas se assim como aconteceu com Snoo, ele me respondesse qualquer coisa que não fizesse sentido, eu iria simplesmente ignorar, por mais que fosse doloroso que as possibilidades de isso ser só mais uma alucinação estivessem aumentando cada vez mais. -Isso não são coisas que eu acho que eu deveria explicar agora. Não aqui e não agora. Minhas entranhas estão me corroendo por dentro e meu lobo não m