Theo já estava irritado, mas ver a falta de atitude do filho o deixou ainda mais furioso. Ele levantou a mão e quase enfiou o dedo na testa de Bryan.— Como é que eu criei um filho tão inútil? Não tem cérebro? Não tem coração? Deixa essa mulher te manipular como bem quer! Se você tivesse metade da inteligência do Lucian, nada disso teria acontecido hoje!Bryan ficou imóvel, o rosto cada vez mais vermelho de humilhação.Do outro lado da porta, Florence segurava a maçaneta. Quase abriu, mas parou. Se aparecesse agora, só tornaria as coisas mais difíceis para Bryan.Seu padrasto sempre fora bom para ela. Não podia expô-lo ainda mais.Nesse momento, uma voz fria e cortante interrompeu a conversa.Uma figura alta e imponente se aproximava, com passos firmes e controlados. O terno escuro ajustado ao corpo impecável refletia sua postura reservada. No rosto bonito e sem expressão, os olhos carregavam um brilho gelado que parecia atravessar tudo à sua volta.— Pai, o Gabriel já está bem. Ficar
A polícia agiu com eficiência. Assim que Florence concordou com a conciliação, não demorou para trazerem o documento. Entre os oficiais, estava a mesma policial que havia colhido o depoimento dela. Antes de entregar o papel, a mulher fez uma última tentativa: — Tem certeza de que pensou bem? Florence segurou a caneta com mãos trêmulas. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios. — Já pensei, sim. Vamos acabar logo com isso. Afinal, o que ela era, senão uma formiga no meio de gigantes? Sem dar a si mesma tempo para se arrepender, Florence assinou rapidamente o documento. A policial suspirou, pegou os papéis e saiu. Logo em seguida, Lyra entrou no quarto com uma caixa térmica nas mãos. Os olhares das duas se cruzaram, e Lyra não conseguiu conter a culpa que inundou seus olhos, já avermelhados pelas lágrimas. — Flor… — Eu já sei de tudo. O tio está bem? — Perguntou Florence, com a voz cansada. Lyra enxugou os olhos, suspirando enquanto colocava a comida na pequena mesa
Na entrada da universidade, ainda vazia nas primeiras horas da manhã, Florence foi puxada para dentro do carro por Lucian. Não importava o quanto ela resistisse, a força dele sempre a trazia de volta.Ela ergueu os olhos, exausta, apenas para perceber que ele parecia se divertir com a situação. Era como se suas tentativas de se desvencilhar fossem um jogo para ele, um tipo de provocação que ele apreciava.Florence estava cansada demais. Seus braços, antes tensos, caíram ao lado do corpo.Lucian, no entanto, não parou. Puxou-a para mais perto, segurando-a pelo queixo e passando os dedos pela testa dela, que ainda estava vermelha pelo impacto.— Parece que você não aprende, né? Por que saiu do hospital?Ele falava com uma leveza inquietante, como se não fosse ele quem, do lado de fora da enfermaria, tivesse insistido na conciliação.Florence o encarava, tentando decifrá-lo. Era como se, mesmo depois de tanto tempo, ela ainda não conseguisse entender quem ele realmente era.Diante do silê
Florence foi forçada a acompanhar Lucian até o apartamento de Daphne.Assim que a porta do elevador se abriu, Florence sentiu um arrepio na espinha. O chão do corredor estava marcado com manchas de sangue seco. Na porta, respingos de tinta vermelha formavam palavras desconexas, como se alguém tivesse despejado ali toda a sua fúria. Era uma cena perturbadora.Antes que Florence pudesse reagir, Lucian já tinha empurrado a porta e entrado no apartamento. O som que veio a seguir foi um misto de gritos masculinos de dor e o choro desesperado de Daphne.— Lucian! Estou com medo! Eu… Eu estou com tanto medo!O som abafado dos soluços trouxe Florence de volta à realidade. Sem pensar duas vezes, ela correu para dentro.A cena que encontrou era caótica. No chão, um homem estava caído, com o rosto contorcido de dor e sangue escorrendo pela boca. Apesar disso, ele ainda segurava com força uma faca em sua mão. Do outro lado da sala, Daphne, com o braço ferido e sangrando, se apoiava no peito de Lu
Ela apenas ficou ali, olhando o sangue escorrer de sua própria mão. Do outro lado, Lucian puxou Daphne para trás de si, protegendo-a. Daphne, escondida em sua sombra, tinha um sorriso no rosto.Florence observou a cena, com o rosto pálido. Uma risada amarga escapou de seus lábios.Foi só então que os policiais invadiram o apartamento.— Quem chamou a polícia? — Perguntou um deles, com pressa.— Eu. — Lucian respondeu, frio, apontando para Florence. — Levem-na.O policial olhou para a mão ensanguentada de Florence e ficou surpreso.— Ela está perdendo muito sangue. Precisamos cuidar do ferimento primeiro.Sem sequer lançar um olhar para ela, Lucian insistiu com a voz firme:— Eu disse para levá-la. O que ela fez, terá que arcar com as consequências.Antes que Florence pudesse dizer algo, ouviu o clique das algemas ao redor de seus pulsos. O sangue continuava a pingar de sua mão ferida, e um dos policiais, preocupado, pegou um pedaço de gaze que tinha consigo e pressionou o ferimento par
Lyra chegou apressada à delegacia. Quando viu a mão de Florence, seu rosto ficou pálido de susto.— O que aconteceu? Você acabou de sair do hospital e já se meteu em outra confusão? Florence, você é uma designer! Sua mão é fundamental! Lyra entendia a importância daquilo. Lucian também não entenderia? Mesmo assim, ele havia chutado a faca na direção dela sem hesitar. Se era assim, que continuassem com o jogo. Florence ajeitou o cabelo, tentando manter a calma. Sua voz saiu firme: — Não foi nada, mãe. Vamos direto ao ponto. Aquele assunto que pedi para você perguntar, conseguiu descobrir alguma coisa?Lyra segurou a mão da filha com força, lágrimas escorrendo pelo rosto. Demorou alguns segundos para conseguir responder. — Perguntei, sim. Espere, veja isso. Ela pegou o celular da bolsa e mostrou algo apenas para Florence. Após ler, Florence relaxou um pouco. Um leve sorriso surgiu em seus lábios. — Eu sabia.— E agora, Flor? — Lyra perguntou com a voz trêmula, preocupada. — O que
— Não é que ela e o Gabriel sejam diferentes. É que ela e eu somos diferentes. Ela é santa, intocável, perfeita. É a sua mulher. E eu? Eu não sou nada. Não deveria competir com a Daphne. Não deveria me defender, nem lutar, nem questionar. Deveria abaixar a cabeça, aceitar meu destino, pedir desculpas por existir. É isso, não é, tio Lucian? Você já pensou no que acontece quando eu simplesmente aceito? Você acha que vão me deixar em paz? Então o que eu devo fazer? Me matar? — Florence disparou cada palavra como se fosse uma lâmina, cortando qualquer resquício de apatia no ar.Quando terminou, soltou uma risada amarga, como se a ironia fosse sua última companhia. Levantou a mão ferida e a balançou levemente diante de Lucian.— Faltaram só alguns milímetros para cortar o nervo. Você está decepcionado, não está? Se minha mão ficasse inutilizada, a Daphne seria a única representante da escola na competição. A mídia cairia em cima de mim, dizendo que tudo foi culpa minha, que eu mereci. O vov
Florence se acalmou por um momento, depois se aproximou da única policial em quem podia confiar.— Por favor...— Certo. — Respondeu a policial, assentindo com a cabeça.Depois de explicar tudo o que precisava, Florence finalmente sentiu um alívio, como se um peso tivesse saído de seus ombros. Para não complicar a situação da policial, ela respirou fundo e disse com serenidade:— Já falei tudo o que precisava. Não quero colocar você em uma posição difícil, faça o que achar que deve ser feito comigo.A policial, que sempre tinha tratado Florence com respeito, hesitou. Florence, por sua vez, sentiu culpa ao imaginar que ela poderia ter problemas com Lucian por sua causa. Por isso, sem resistência, ergueu as mãos algemadas, pronta para cooperar.A policial olhou para ela com certa hesitação, mas logo soltou uma risada breve:— Sabe... Na verdade...Ela começou a falar, mas as palavras morreram em seus lábios. Depois de um instante de silêncio, deu um sorriso enigmático e acrescentou:— Vo