No caminho de volta pra mansão, Jeniffer parecia inquieta com a tempestade que ameaçava os atingir.
Tinha pânico desse tipo de tempo. Pois quando era criança, o barraco em outro bairro pobre onde morou com a mãe, foi invadido pela água, e as duas por pouco não morrem afogadas.
Cada sinal de raio ou trovões, atingia o corpo estremecido de Jen, enquanto flashes daquele fatídico dia inundavam sua mente, fazendo com que suas expressões fossem de dor.
Ao saírem do carro já na porta da frente da mansão, outro relâmpago cortou o céu em um feixe de luz forte ultrapassando as nuvens escuras.
Jeniffer parecia em choque com tamanha demonstração de soberania da natureza. Leon percebe sua dificuldade em reagir diante de algo que parece ser seu maior medo, e a conduz gentilmente pra dentro.
Enquanto Xavier leva o carro de v
Tudo aconteceu tão rápido. Uma hora estávamos nos divertindo comentando sobre uma novela qualquer que não perdíamos um capítulo, e no minuto seguinte aquela chuva lá fora que parecia inofensiva, ganha uma força inesperada e a usa para invadir nosso barraco levando tudo que encontra pelo caminho. A única coisa de que consigo me lembrar com clareza, é da água beirando o meu pescoço, minha mãe diante de mim desesperada, implorando pra que mantivesse o rosto fora d’água, e uma força que vinha de baixo me sugando pra escuridão. Não era como se a morte nunca tivesse estado diante de mim, mas foi até então a primeira vez que acreditei não ser capaz de sobreviver a ela...- Mãe! – Jen acorda assustada.Leon estava ao seu lado parecendo preocupado, e antes que qualquer outra coisa pudesse ser d
- Então o Sr. Sempre oferece sua camisa pra toda mulher que acha que conquistou? – Jeniffer comenta tentando disfarçar seu embaraço.- Na realidade não – Leon responde com um tom mais duro, e a expressão se fechando de repente – Uma vez ofereci essa camisa a Zara, mas ela se recusou a usar. Preferia ficar sem uma única peça, do que por algo que não valorizasse suas curvas. E olhando por esse lado, até que dou razão a ela.Jen se sentiu humilhada ao ser comparada a outra depois de ter se entregado a ele da maneira que fez. Não via a menor necessidade daquilo, a menos que quisesse de propósito magoá-la.- Assim que sair da lavanderia, vou colocar sua camisa no lugar – responde em um tom baixo e meio embargado.- Não precisa se preocupar, não vou querer de volta – diz se erguendo sem nenhum pudor, exibindo da forma que veio a
Jeniffer havia conseguido com muito esforço, tirar um pouco de dinheiro do pai, ela e a mãe estavam sem se alimentar desde a hora do almoço, pretendia comprar pão e leite pra fazerem um lanche antes de dormir, quando Gusmão, seu senhorio, apareceu…- Pensei que você e a moribunda da sua mãe já estavam mortas faz tempo, cadê meu dinheiro?- Sr. Gusmão, só me dê mais uma semana, eu juro que arrumo o dinheiro pra lhe pagar.- Promessa de morto de fome não vale um tostão furado, por que não deixa de ser orgulhosa, já disse que perdoo dois meses de aluguel se deixar eu me divertir com o seu corpo sempre que eu quiser – Jennifer apenas se afasta, se encolhendo em um canto onde outras casas de madeira se encontravam.Estava em um beco deserto e escuro com um homem perigoso, a quem boa parte da vizinhança humilde devia dinheiro, se gritasse ninguém sairia em seu socorro.- Tá passando fome porque quer, prefere ficar o dia inteiro embaixo de sol tentando vender essas rosas murchas, do que ga
Agora Jeniffer estava sentada em um carro de luxo, indo de encontro ao seu futuro marido, seu pai havia lhe dado alguns poucos minutos pra jogar uma água no corpo e colocar a melhor roupa que tivesse, era um vestido florido meio largo que havia ganho de Natal da igreja, era simples, não estava devidamente ajustado as suas curvas, mas a estampa era bonita e a cor realçava seus olhos, não tinha dinheiro pra maquiagem mas todos sempre elogiaram sua beleza natural, amarrou o cabelo um pouco ressecado em um coque alto e colocou brincos de bijuteria em formato de pérola. Nem se lembrava de quando havia se arrumado pela última vez, sempre dando prioridade a trabalhar muito pra trazer o máximo que conseguisse pra casa, o carro para bruscamente a tirando de seus devaneios. - Chegamos – Victor diz quando a porta do lado de Jeniffer se abre, e ela sai se deparando com a fachada de um motel. Ela dá um passo pra trás, mas o pai a puxa pelo braço a arrastando pra dentro do local. Chegando lá dep
Finalmente chegou o dia da cerimônia. Não teve mais notícias de Leon desde a noite no beco, e por incrível que pareça estava com saudades dele, ansiosa pra encontrá-lo novamente, e dessa vez seriam marido e mulher, dividiriam a mesma casa, e a mesma cama...Ao pensar nisso, Jeniffer sentia um misto de medo e excitação. Ficou mais tranquila quando foi informada que alguém viria algumas horas antes da cerimônia, trazendo seu vestido e pra lhe ajudar a se arrumar, já que não tinha a menor ideia do que deveria fazer. Jeniffer saía do banho quando o barulho da porta se abrindo a deteve.- Pode colocar o vestido sobre a cama, e saia!Só havia ouvido aquela voz uma única vez, mais seria eternamente incapaz de esquecer. Eva, sua madrasta, estava agora no recinto, os longos e lisos cabelos negros, os olhos verdes frios, a expressão dura, havia mudado bem pouco ao longo de todos esses anos, apenas parecendo ainda mais cruel que da última vez, quando Jen era apenas uma criança.- Muito bem! –
Eles iriam de carro até a outra ponta da propriedade onde se encontrava a entrada principal, assim que a porta do veículo se fechou, a voz intensa de Leon cobriu o espaço.- Quando chegarmos, exijo que tire esse vestido ridículo!- E o que devo colocar?- E eu que sei? Só tira essa monstruosidade da minha frente, me recuso a cumprimentar qualquer pessoa que eu conheça com você do meu lado usando isso. Vou descer na entrada principal, você entra pelos fundos, algum funcionário vai te levar até o andar dos quartos, lá com certeza vai achar algo melhor, nem que seja um lençol. Você ficará no quarto, não quero lembrar da sua existência até a hora da valsa e depois o bolo, assim podemos acabar de vez com essa palhaçada – o carro para, e Leon sai sem olhar pra trás, batendo com violência a porta atrás de si.Jeniffer se encolhe instintivamente com seu ato tão agressivo, e seca rapidamente as lágrimas que já teimavam a descer descontroladas dos seus olhos.Ao entrar pelos fundos, se deparou
A voz da cerimonialista preenche o ambiente de repente, tirando Jen dos seus pensamentos.- Senhoras e senhores, é a hora da valsa dos noivos, e em seguida partiremos pra cortar o bolo.Após uma salva de palmas, o salão vai se esvaziando formando um círculo. Leon caminha até o centro de onde Jen não havia se retirado. Pensava que agora sim ela lembrava a moça que o deixou inquieto quando se conheceram. Em compensação Jeniffer estava desgostosa demais pra esboçar qualquer reação.- Melhorou – ele diz passando a mão pela sua cintura, e aproximando seu corpo do dela.Por mais magoada que estivesse, Jen não resistia a presença dele, e se via desmanchar ao menor toque, ou calor que emanava do seu corpo quando estavam tão próximos. A música começa, nunca tinha dançado com alguém na vida, e não tinha a menor ideia do que fazer, sem falar no sapato apertado que foi obrigada por Eva, a usar. Sem querer ela pisa no seu pé, voltando seu olhar pro dele assustada, os dois se encaram por um momento
Maria percebendo que Jennifer não desceu pra tomar seu café, decide levar uma bandeja até ela. Ao chegar no quarto se depara com a jovem em prantos sob a cama, e se aproxima devagar.- O que houve dona Jeniffer? Jen apenas se ergue, e da um abraço apertado na mulher sem dizer uma única palavra. A senhora aceita permanecendo com ela assim por alguns minutos.- Dona Jeniffer do céu. O que que aconteceu?- Aquela Zara, foi no meu quarto ontem. Vestindo só a camisa dele, veio me pedir proteção, disse que eles usaram todas.- Que mulherzinha descarada! E a senhora fez o quê?- Bati com a porta na cara dela.- Fez muito bem, quem essa mulher pensa que é, pra destratar a senhora desse jeito? - A Zara é a mulher que ele ama, sem falar que ela combina muito mais com ele do que eu, além de eles trabalharem juntos, ela sabe se vestir, se maquiar e dançar. Ele nunca deve ter se envergonhado com ela do lado.- Mas no fim, não foi com ela que ele se casou, foi com a senhora.- Hoje eu descobri