Capítulo 3

 Eles iriam de carro até a outra ponta da propriedade onde se encontrava a entrada principal, assim que a porta do veículo se fechou, a voz intensa de Leon cobriu o espaço.

- Quando chegarmos, exijo que tire esse vestido ridículo!

- E o que devo colocar?

- E eu que sei? Só tira essa monstruosidade da minha frente, me recuso a cumprimentar qualquer pessoa que eu conheça com você do meu lado usando isso. Vou descer na entrada principal, você entra pelos fundos, algum funcionário vai te levar até o andar dos quartos, lá com certeza vai achar algo melhor, nem que seja um lençol. Você ficará no quarto, não quero lembrar da sua existência até a hora da valsa e depois o bolo, assim podemos acabar de vez com essa palhaçada – o carro para, e Leon sai sem olhar pra trás, batendo com violência a porta atrás de si.

Jeniffer se encolhe instintivamente com seu ato tão agressivo, e seca rapidamente as lágrimas que já teimavam a descer descontroladas dos seus olhos.

Ao entrar pelos fundos, se deparou com uma cozinha a todo vapor pra dar conta de centenas de convidados. Jeniffer nunca tinha estado naquela casa antes, não conhecia ninguém e nem tinha a menor ideia de pra onde ir, apesar de vestida como um bolo, todos ao redor pareciam ignorar sua presença. Nunca havia se sentido tão insignificante e sozinha em toda sua vida.

- A senhora deve ser a dona Jeniffer, prazer, me chamo Maria, sou a copeira da casa, em que posso ajudar? – diz uma senhora baixinha com um sorriso amável no rosto.

- Teria algum lugar onde eu pudesse ficar até a valsa?

- A senhora vai deixar de aproveitar sua própria festa?

- Eu não estou me sentindo muito bem.

- Entendi, vem comigo, vou te levar no andar dos quartos.

Chegando no andar superior, havia um corredor ricamente decorado com várias portas, mas todo o luxo havia perdido o seu brilho.

- O seu Leon não chegou a dizer se vocês iam mudar pro quarto dele, ou pra outra suíte, por isso não preparamos nada.

- No quarto dele não, por favor, ele pode se zangar.

- Como que a esposa não tem permissão pra entrar no quarto do marido?

- Talvez eu não devesse te contar, mas vai ficar difícil de me ajudar sem saber, esse meu casamento com o Leon, é um tipo de acordo...

- Um casamento por conveniência! Eu sei, os empregados sempre sabem de tudo.

- Sendo assim ele não tem nenhuma consideração por mim, eu até achei que tivesse, mas eu estava enganada, é só mais um negócio, e eu sou uma mera moeda de troca – Jeniffer confessa, agora se deixando tomar por toda tristeza, angústia e desesperança que a rondavam já a algum tempo.

- Não fica assim dona Jeniffer, eu vou ajudar a senhora, vamos, sei exatamente onde a senhora vai ficar.

Maria levou Jen a um cômodo um pouco mais distante dos demais, mais precisamente a última porta no corredor, o tamanha era mediano, os móveis mais modestos e um pequeno banheiro.

- Me sinto até mais a vontade em um lugar mais simples.

- Eu sei que a senhora vai ficar bem aqui.

- Obrigado por tudo Maria, eu nem sei o que seria de mim sem a sua ajuda.

- Vou estar sempre às ordens, o que precisar, é só pedir.

- Precisava trocar de roupa, mas não trouxe nada comigo.

Maria coça o queixo pensativa por uns instantes – já sei! Aguarde uns instantinhos por favor.

Depois que Maria sai, Jen da uma boa olhada ao redor, até dar de cara com seu reflexo em um espelho de penteadeira, aquela maquiagem forte agora um pouco borrada pelo tanto de choro, Jeniffer decide ir ao banheiro e colocar o rosto embaixo da pia de água corrente, ela esfrega a pele com sabão de um jeito meio desajeitado formando um borrão de cores escuras.

Não deveria ter sido tão fraca e se sujeitando a mais uma armadilha cruel da madrasta. Quando Maria voltou Jeniffer sai do banheiro com o cabelo desfeito, a maquiagem borrada, e o rosto vermelho de tanto esfregar.

- Isso, não ficou bom não, hein, dona Jeniffer.

- Pior do que estava, não pode ficar

- Eu não tenho mais idade pra usar maquiagem, mas conheço umas meninas que trabalham aqui que com certeza vão poder te ajudar, deixa que do seu cabelo eu cuido, e quanto ao vestido, a um tempo atrás uma sirigaita passou a noite aqui atrás do seu Leon, ela manchou o vestido caro e achou que não tinha mais jeito, me mandou jogar no lixo mas não tive coragem, consegui tirar a mancha e guardei, hoje ele ah de servir.

Era um vestido longo de alças finas, na cor pérola.

- Ele é lindo!

Meia hora depois, Jen tinha agora uma maquiagem leve no rosto, o cabelo novamente em um coque discreto, e o vestido meio colado ao corpo, melhor ajustado as suas curvas.

- A senhora tá a coisa mais linda! Parece uma princesa, seu Leon vai ficar doido quando te ver.

- Você acha?

- Qualquer homem seria louco de ignorar a senhora, e o seu Leon não tem nada de louco. As meninas avisaram que está perto da hora da valsa, se eu fosse a senhora, já ficava pelo salão, vai chamar muito mais a atenção se alguém tiver que vir até aqui te buscar.

Jeniffer da um longo suspiro ainda incerta se conseguiria encarar todas aquelas pessoas novamente.

- A senhora consegue, eu vou estar do seu lado mesmo de longe, pro o que precisar.

Jen desce a escadaria em caracol que decorava a entrada principal. Se chamava atenção, não saberia, pois manteve a cabeça baixa durante todo percurso, agora só precisava dançar a valsa e cortar o bolo pra todo esse pesadelo chegar ao fim.

- Senhora De Leon? Me chamo Vera, sou amiga da família, tenho um centro de Beleza na capital, esse é o meu cartão, venha nos fazer uma visita qualquer dia – uma mulher de meia idade, loira de cabelo curto e pele bronzeada dizia.

Jeniffer só soube agradecer, e pegando o cartão, seguiu até outro salão bastante cheio, homens de Black tie e mulheres elegantes ocupavam praticamente todos os espaços, por sorte nem sinal de Eva ou Victor, mais tarde teria que entrar em contato pra se certificar de que tinham cumprido a sua parte no acordo.

Caminhando um pouco mais, pode ver uma animada roda em torno de uma mesa, o vestido vermelho da morena da cerimônia se destacava entre vários homens de terno que a cercavam, um deles se levanta da cadeira, vai até ela e colocando a mão em sua cintura, sussurra algo no seu ouvido, que j**a a cabeça pra trás em uma gargalhada.

Ao homem erguer a cabeça, Jen se depara com os olhos verdes intensos de Leon, que muda sua postura no mesmo instante a reconhecendo, a mulher percebe e vira o corpo em sua direção, nos seus lábios um sorriso vitorioso. Quem era aquela mulher? E qual seria a relação dela com o seu marido? Leon teria tido coragem de levar a amante pro próprio casamento?

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