Parte 47...ElenaEu ainda estou me sentindo meio que fora de mim depois da tarde agitada que tive ao lado de Marta. E me sentindo outra também.Quando chegamos ao salão, uma equipe já nos esperava. Marta conversou em particular com a mulher que parecia ser a dona de tudo, o que me deixou um pouco tímida.— Bem, pode deixar que nós vamos cuidar bem dela - a mulher disse mexendo em meu cabelo — Pode ir tranquila. Quando retornar, ela estará pronta para ir.— Vai me deixar sozinha aqui, Marta? - olhei para ela pelo espelho, com preocupação.— Sim, mas volto no máximo em uns quarenta minutos. É que tenho outro serviço para concluir - ela sorriu e apertou meu ombro — E não fique preocupada, aqui são todos amigos - bateu de leve em meu ombro — Suzy, cuide bem dela e tire toda beleza dela pra fora.Eu dei uma risadinha, apertando os lábios.— Deixe com a gente. Já vejo de longe que temos muito potencial aqui.Eu respirei fundo. Ainda bem que ela vê, porque pra mim, eu continuo a mesma.Quan
Parte 48...ElenaEu senti uma pontada de dor irradiar de meu braço, mas tentei manter a compostura. Ergui o queixo, tentando encarar aqueles olhos frios com firmeza.— Eu sou Elena - respondi da forma mais séria que deu — Marta me deixou aqui porque Vlad... - minha voz vacila ligeiramente, mas eumantive o tom firme. Mais ou menos.— Vlad? - ele solta uma risada seca e debochada. — Não acredito em uma palavra do que você diz. Meu irmão é esperto demais para cair nas garras de qualquer aventureira que aparece!— Marta me trouxe pra cá para...— Ah, mentira! - ele falou alto — De alguma forma você entrou aqui, com essa carinha e está tentando roubar algo de meu irmão.— Não, eu não sou...Ele me empurra contra a parede, me fazedo bater com força e o som surdo ecoa pela sala enquanto sinto o impacto nas costas. Senti uma pontada de dor nas costelas, mas não queria gritar ali.— Olha só... - eu apertei os lábios sentindo ainda a dor — Eu não sou ladra. Já disse, foi a Marta quem me troux
Parte 49...ElenaO tal maluco ficou me olhando com cara de bunda agora, enquanto Vlad me ajudava a levantar. Ele segurou meu rosto e pela sua cara, eu estava de novo toda lascada.— Poderia ter me dito que estava com uma vadia nova.Eu olhei feio pra ele.— Vai se foder, seu bosta! - soltei.Ele deu um passo para mim e Vlad olhou feio pra ele, que parou.— Você está ficando paranóico, irmão.— Sei lá... Com tudo o que vem ocorrendo - ele abriu os braços — Eu entrei e a vi aqui e...— E sua primeira reação foi atacá-la? - Vlad se aproxima lentamente — Você quase destruiu tudo, Sorin. E se você tivesse se enganado? E se ela estivesse realmente aqui para ajudar?A sala mergulhou em um silêncio pesado, enquanto ele tentava processar o que aconteceu, e eu tentava recuperar meu fôlego.— Então, ela é o que sua, realmente?— Ela é minha - foi tudo o que Vlad disse — E você agiu como um louco.— Um filho da puta, isso sim!— Elena... Não repita isso - Vlad me olhou de cara fechada — Ele é me
Parte 50...ElenaDepois da confusão no escritório, Vlad decidiu me levar em um restaurante. Eu, que nunca passei da calçada de nenhum deles enquanto vendia as flores junto com a Vicky.— Agora que estou toda suada por causa de seu irmão idiota, você quer que eu vá em um restaurante?— Olha a língua.— Vai à merda! - respondi com um resto de raiva ainda — Eu fui agredida, não percebeu? Só porque é seu irmão, você não tem que passar pano para o que ele fez. Por acaso ele tem problema mental? - levantei de seu colo — Isso lá é jeito de entrar em um lugar e já ir agredindo alguém que nem conhece?— Meu irmão tem problemas sim, mas não mentais - ele ergueu a sobrancelha — Sorin é muito arredio e desconfiado. E tivemos alguns problemas sérios nas últimas semanas.— Eu também! - cruzei os braços.— Mas agora está livre.— Estou mesmo? - rodei a língua pelos lábios — Se eu quiser ir embora agora, vai me deixar ir?— Não! - eu girei os olhos — Você fez um acordo comigo. Eu ainda quero saber o
Parte 51...Vlad Estou ao telefone com Sorin, tentando manter a conversa discreta enquanto desfruto de um jantar ao lado de Elena. É interessante ver como ela está curiosa, deslocada e animada ao mesmo tempo. Mas a voz de Sorin está carregada de preocupação.— Vlad, preciso que você fique de olho naquela área. Os Petrov estão tentando tomar nossos pontos- ele diz — Eu ia falar isso com você quando peguei aquela vaquinha em sua sala e...— Sorin, menos exagero está bem? - olhei para Elena em minha frente, mordendo o lábio e tentando adivinhar os pratos no cardápio — Eu entendo. Mantenha-se seguro e continue com o trabalho. Confio em você! - respondo, desligando o telefone. De repente, noto um movimento na entrada. Andrei Petrov, um dos homens mais leais da família Petrov, entra no restaurante. Ele percorre o local com um olhar frio até encontrar o meu. Com um sorriso sinistro, Andrei começa a caminhar em nossa direção.Levanto-me lentamente, meus olhos fixos nos dele. Elena percebe a
Parte 52...Vlad— Vamos - digo quando o carro para na vaga — Podemos resolver isso depois. Pense bem no que tem a me contar, antes que eu descubra sozinho.O motorista abre a porta e ela desce com o corpo tenso e os ombros caídos. É bom que esteja mesmo preocupada, pois isso pode me ajudar a não perder tempo tentando saber o que está me escondendo.Entramos no elevador privado e ela se encolhe no canto.— Não entendo como você pode me julgar se nem me conhece - reclama com a voz baixa, quase se falasse para ela mesma.— Eu apenas colho informações e faço o julgamento de acordo - olhei de cara fechada para ela e a puxei pelo braço — Não pense que eu tenho alguma ilusão sobre você, pequena - toquei seu rosto — Apesar de sua situação delicada, não acredito em santidade.Ela torce a boca e tenha puxar o braço. Em troco eu ergo a mão e tomo seu seio, apertando de leve. Ela ergue o olhar pra mim e seu peito sobe e desce com a respiração funda.Pressiono mais seu seio e aperto seu mamilo en
Parte 53...Vicky Deus nos ajude, Deus nos ajude!As memórias do armazém ainda me atormentam, em cada canto escuro, cada barulho metálico. A estrutura parecia um labirinto de pesadelos. Entre as paredes de metal enferrujado e as tábuas quebradas, cada dia se arrastava como uma tortura. Sinto tanta falta de Elena e me preocupo tanto com o que deve estar acontecendo com ela durante esses dias em que nos separaram.Eu e outras duas garotas éramos mantidas em uma sala pequena, sem ventilação e com uma única janela coberta por grades enferrujadas. O calor era sufocante, e o medo, constante.As noites eram as piores pra mim. Os homens que nos mantinham lá pareciam ter uma crueldade inata. Suas mãos eram ásperas, seus olhares vazios. O abuso físico e psicológico era uma rotina. Eu sempre ficava muito assustada quando ouvia algum som do lado de fora do quartinho onde nos mantinham. Nunca pensei que alguém pudesse ser tão perverso dessa forma para outra pessoa que nunca vira antes.Eu me v
Parte 54...VickyQuando o primeiro raio de sol atravessou o horizonte, decidimos que era hora de continuar. A gente só conseguiu dormir depois de um tempo e foi pelo cansaço mesmo.Nossos corpos doíam e nossos estômagos rugiam, mas a necessidade de escapar era mais forte. Quando saímos do cativeiro nem lembramos de pegar algo para trazer. Não dava tempo de pensar direito, eu só queria sair dali.— Acho que deveríamos seguir na direção do sol - sugeri, apontando para um lado, sem nem saber se isso fazia sentido — Devemos encontrar uma estrada ou algum tipo de ajuda.Caminhamos em silêncio, a areia sob nossos pés criando um ritmo constante. A paisagem era desoladora, sem nenhuma indicação de civilização. O calor do dia começou a nos castigar, e cada passo se tornava um desafio maior. A sede queimava nossas gargantas, e a fome nos deixava fracas, mas a determinação de sobreviver nos mantinha em movimento. A todo momento a gente olhava para trás e em volta, com muito medo de aparecer al