Parte 50...ElenaDepois da confusão no escritório, Vlad decidiu me levar em um restaurante. Eu, que nunca passei da calçada de nenhum deles enquanto vendia as flores junto com a Vicky.— Agora que estou toda suada por causa de seu irmão idiota, você quer que eu vá em um restaurante?— Olha a língua.— Vai à merda! - respondi com um resto de raiva ainda — Eu fui agredida, não percebeu? Só porque é seu irmão, você não tem que passar pano para o que ele fez. Por acaso ele tem problema mental? - levantei de seu colo — Isso lá é jeito de entrar em um lugar e já ir agredindo alguém que nem conhece?— Meu irmão tem problemas sim, mas não mentais - ele ergueu a sobrancelha — Sorin é muito arredio e desconfiado. E tivemos alguns problemas sérios nas últimas semanas.— Eu também! - cruzei os braços.— Mas agora está livre.— Estou mesmo? - rodei a língua pelos lábios — Se eu quiser ir embora agora, vai me deixar ir?— Não! - eu girei os olhos — Você fez um acordo comigo. Eu ainda quero saber o
Parte 51...Vlad Estou ao telefone com Sorin, tentando manter a conversa discreta enquanto desfruto de um jantar ao lado de Elena. É interessante ver como ela está curiosa, deslocada e animada ao mesmo tempo. Mas a voz de Sorin está carregada de preocupação.— Vlad, preciso que você fique de olho naquela área. Os Petrov estão tentando tomar nossos pontos- ele diz — Eu ia falar isso com você quando peguei aquela vaquinha em sua sala e...— Sorin, menos exagero está bem? - olhei para Elena em minha frente, mordendo o lábio e tentando adivinhar os pratos no cardápio — Eu entendo. Mantenha-se seguro e continue com o trabalho. Confio em você! - respondo, desligando o telefone. De repente, noto um movimento na entrada. Andrei Petrov, um dos homens mais leais da família Petrov, entra no restaurante. Ele percorre o local com um olhar frio até encontrar o meu. Com um sorriso sinistro, Andrei começa a caminhar em nossa direção.Levanto-me lentamente, meus olhos fixos nos dele. Elena percebe a
Parte 52...Vlad— Vamos - digo quando o carro para na vaga — Podemos resolver isso depois. Pense bem no que tem a me contar, antes que eu descubra sozinho.O motorista abre a porta e ela desce com o corpo tenso e os ombros caídos. É bom que esteja mesmo preocupada, pois isso pode me ajudar a não perder tempo tentando saber o que está me escondendo.Entramos no elevador privado e ela se encolhe no canto.— Não entendo como você pode me julgar se nem me conhece - reclama com a voz baixa, quase se falasse para ela mesma.— Eu apenas colho informações e faço o julgamento de acordo - olhei de cara fechada para ela e a puxei pelo braço — Não pense que eu tenho alguma ilusão sobre você, pequena - toquei seu rosto — Apesar de sua situação delicada, não acredito em santidade.Ela torce a boca e tenha puxar o braço. Em troco eu ergo a mão e tomo seu seio, apertando de leve. Ela ergue o olhar pra mim e seu peito sobe e desce com a respiração funda.Pressiono mais seu seio e aperto seu mamilo en
Parte 53...Vicky Deus nos ajude, Deus nos ajude!As memórias do armazém ainda me atormentam, em cada canto escuro, cada barulho metálico. A estrutura parecia um labirinto de pesadelos. Entre as paredes de metal enferrujado e as tábuas quebradas, cada dia se arrastava como uma tortura. Sinto tanta falta de Elena e me preocupo tanto com o que deve estar acontecendo com ela durante esses dias em que nos separaram.Eu e outras duas garotas éramos mantidas em uma sala pequena, sem ventilação e com uma única janela coberta por grades enferrujadas. O calor era sufocante, e o medo, constante.As noites eram as piores pra mim. Os homens que nos mantinham lá pareciam ter uma crueldade inata. Suas mãos eram ásperas, seus olhares vazios. O abuso físico e psicológico era uma rotina. Eu sempre ficava muito assustada quando ouvia algum som do lado de fora do quartinho onde nos mantinham. Nunca pensei que alguém pudesse ser tão perverso dessa forma para outra pessoa que nunca vira antes.Eu me v
Parte 54...VickyQuando o primeiro raio de sol atravessou o horizonte, decidimos que era hora de continuar. A gente só conseguiu dormir depois de um tempo e foi pelo cansaço mesmo.Nossos corpos doíam e nossos estômagos rugiam, mas a necessidade de escapar era mais forte. Quando saímos do cativeiro nem lembramos de pegar algo para trazer. Não dava tempo de pensar direito, eu só queria sair dali.— Acho que deveríamos seguir na direção do sol - sugeri, apontando para um lado, sem nem saber se isso fazia sentido — Devemos encontrar uma estrada ou algum tipo de ajuda.Caminhamos em silêncio, a areia sob nossos pés criando um ritmo constante. A paisagem era desoladora, sem nenhuma indicação de civilização. O calor do dia começou a nos castigar, e cada passo se tornava um desafio maior. A sede queimava nossas gargantas, e a fome nos deixava fracas, mas a determinação de sobreviver nos mantinha em movimento. A todo momento a gente olhava para trás e em volta, com muito medo de aparecer al
Parte 55...VladEu prefiro conversar com Sorin aqui no escritório, por ser reservado e também porque posso aproveitar e saber como está indo a boate. O chão é coberto por um carpete caro, de cor vinho escura. As paredes são revestidas em madeira nobre, decoradas com quadros de antigos mafiosos em preto e branco. A mesa de madeira maciça, grande e robusta, domina o centro da sala. Atrás dela, há uma enorme janela de vidro que me dá uma visão privilegiada da pista de dança abaixo, onde as luzes piscam como uma tempestade elétrica.Aqui o movimento é vinte e quatro horas, quase os sete dias na semana. Não tem horário para fechar.Sentado atrás da mesa, com os olhares fixos de meu seguranças, estou dando uma geral nos papéis dispostos à minha frente. Há uma elegância letal em seus movimentos. Ao meu lado, na outra ponta da sala, o cofre de aço está entreaberto e dentro dele brilham fileiras de lingotes de ouro e várias maletas com pilhas de dinheiro. No ar, o aroma da fumaça de um cha
Parte 56...ElenaMinha ansiedade está a mil. Do jeito que estou nervosa com os próximos acontecimentos, daqui a pouco meu coração vai falhar.Não ouvi nada por aqui, só o movimento lá fora e olhei pelo olho mágico da porta da cozinha. Vi que tem dois homens parado, conversando. Com certeza seguranças para me impedirem de sair, mas aqui dentro estou sozinha. E porra, esse lugar é enorme.Abri a geladeira alta de inox e peguei uma garrafinha de água. Daqui posso ver a rua lá embaixo. Se eu pudesse sair, talvez conseguisse me afastar antes que ele voltasse, mas isso não me ajudaria em nada.Não tenho para onde voltar e nem iria voltar para o trabalho porque isso poderia colocar os Carter em perigo.A merda é minha e quem tem que resolver sou eu. E além disso, eu fiz um acordo com o Vlad. Se eu sair, ele pode desistir de procurar por Vicky ou até pior. Não estou a fim de descobrir.Andando pelo corredor, vou olhando os móveis e quadros. Tudo muito bonito e caro. Passo a mão em cima da ma
Parte 57...Elena— Vem cá, você estava mexendo na mesa de Vlad quando Sorin entrou?— Não, eu só estava olhando em volta...Reconhecendo o lugar...— Estranho... - ela fez um bico, batendo a unha grande no tampo de granito — Ele disse que achou um pendrive caído perto da mesa do irmão e achou que você estivesse xeretando os negócios deles.— Eu vi que ele pegou... - ergui a mão e me expliquei — Mas eu não mexi em nada, juro. Só fui notar o pendrive depois que ele surtou pra cima de mim.— Eu fiquei sabendo - ela mordeu o lábio.— Marta... Você foi bem legal comigo antes... Será que pode me ajudar de novo?— Até posso, mas isso vai depender do que você vai me pedir. Eu trabalho para os dois e minha lealdade é com eles - respondeu séria.— Eu não vou pedir nada fora disso.— E seria o que, então?— Você sabe que... - torci a boca de um lado para outro, meio sem jeito de falar — É... Que... Vlad tem um quarto aqui que eu não...— Ah, sim! - ela deu uma risadinha — O quarto da diversão...