NINA
Quando estou prestes a sair da delegacia, Costas me avisa que Enrico ligou, pedindo que eu vá ao clube, desde que vim morar em Verona essa será a primeira vez que vou àquele lugar, não sei se vou gostar do que irei encontrar.
Assim que Pontes é liberado, Costas me leva para o clube, fico surpresa ao ver sua estrutura, para quem não sabe do que se trata, imagina ser uma fábrica abandonada. Costas caminha na frente, sigo seus passos. Ele toca o interfone e o velho portão de ferro é aberto. Do lado de dentro há um homem bem vestido e armado, ele aperta a mão do Costa e faz um pequeno gesto com a cabeça para mim.
Não consigo observar direito a decoração, porque meu segurança me leva para um corredor bem longo, no final dele à direita paramos em frente um grande e antigo elevador, sua porta é pantográfica, fazem ru&ia
NINAEstou no meu escritório, na empresa, quando meu celular toca, atendo sem saber de quem se trata, pois o número é desconhecido.— Alô — digo.— Olá, Nina, sou eu, Carla. — Em segundos, penso como ela conseguiu meu número, mas para quem descobriu onde eu moro, isso deve ser fácil.— Bom dia, Carla, tudo bem?— Tudo. Desculpa estar te ligando no horário de trabalho. — Nossa ela sabe tudo sobre minha vida, estou em total desvantagem. — Quero te convidar para almoçar comigo, estou bem perto, por isso, resolvi ligar.— Vou sair daqui a uma hora, tudo bem para você?— Perfeito. Te aguardo no La Griglia.Desligo o celular, pego o telefone e aviso ao meu malvado, que não gosta nada. Abro minha bolsa e pego meu batom vermelho, Carla sempre disse que eu ficava bem de vermelho. Ajeito meu
ENRICOOlho para meu relógio de ouro em meu pulso e vejo que já são oito horas. Depois que a Nina foi embora, vim para o clube, como faço todos os dias na parte da tarde. Pego minha carteira, chave, coloco uma arma no coldre e outra em minhas costas, visto meu paletó e sigo para casa. Estaciono meu carro e vejo só o da Nina, abro a porta e não vejo ninguém. Subo as escadas para meu quarto e encontro Nina sentada na poltrona. Ela me olha de uma forma que não consigo decifrar, meu instinto me diz que não vou gostar nenhum pouco do que está por vir.Retiro meu paletó, afrouxo minha gravata, pego minhas armas e coloco no criado-mudo. Nina continua em silêncio, a observo, com cautela. Ela se levanta e vem em minha direção, se aproxima e me abraça. A abraço de volta, posso sentir seu coração acelerado.— O que foi, amo
LORENZOPorra, que merda! Odeio brigar com minha irmã, odeio a ver sofrer. Peguei pesado com ela, tenho noção disso. Nina fez o que mais odeio na vida, mentiu. Viajou para Bahia, em um período muito conturbado, em que precisei lidar com muita merda. O problema com a família do Enrico e o assassinato da minha mãe, trouxeram uma carga muito grande para a famiglia, um verdadeiro caos.Meu pai era apenas uma sombra de um homem, perder minha mãe praticamente ao mesmo tempo que ele achava que tinha perdido o amigo, o tirou de si, ele estava longe de ser o Don Guiseppe que todos conheciam. Com isso, minhas responsabilidades triplicaram. Quando Nina disse que iria para Bahia, estudar, achei ideal que ela ficasse longe de toda confusão, longe de todo banho de sangue. Para mim, ela estaria protegida. Me sinto culpado por não ter percebido seu sofrimento, por não estar em Roma quando acusaram os F
LORENZOVer o Enrico querendo tirar a própria vida, foi um soco no meu estômago. Sua dor, seu sofrimento partiu meu coração. Testemunhar um homem como ele daquele jeito, foi muito difícil. O pior é que a causadora de tudo isso é a minha irmã, minha garotinha, que cuidei como filha.Enrico apagou, foram muitas doses de uísque. Meu amigo estava tentando aplacar sua dor através da bebida. A vinda do Pietro para Verona foi em boa hora, ele vai ficar fazendo companhia ao Enrico e eu vou para casa, preciso ver minha mulher. Essa merda toda foi muito intensa, estou preocupado com ela e com o bebê. Também preciso ver como Nina está.Chego à mansão Ferri ela está silenciosa, subo e vou direto para o quarto que estou hospedado e minha Perla não está, sigo para o quarto da Nina e encontro as duas dormindo. Sento-me na beira da cama, minh
ENRICOChego em casa, acompanhado de Pietro, a família está reunida na sala de visitas. Eles conversam como se não tivesse acontecido nada, Nina não está presente. Meus pais, meu tio Guiseppe e Enzo se aproximam de mim.— Filho, você está tão abatido — minha mãe diz.As marcas negras em meus olhos são evidentes. Diferente das outras vezes, Enzo não diz nenhumas das suas habituais piadas, ele me abraça, percebo que ele suspeita que a situação seja grave. Lorenzo segura meu rosto e diz que vamos superar, juntos. Tento evitar expor minha fragilidade, mas é inútil, a porra da lágrima teima em cair.— Que porra é essa, Enrico? — meu pai diz, me advertindo.Olho para ele, bem sério, não digo nada, viro-me para Perla e pergunto sobre a Nina. Perla diz que ela está no quarto.
NINAAntes de chegar ao topo da escada, Enrico desaba.— Socorro! — grito.Meus irmãos, que estavam apenas o apoiando, seguram antes que seu corpo vá ao chão, por pouco não rolamos as escadas. Enzo e meu pai sobem correndo, ajudam a levá-lo para o quarto. Meu sogro está nervoso, falando ao telefone, ele está chamando o médico da família.Eles colocam Enrico na cama, meu corpo treme de tanto nervoso. Sento-me ao seu lado. Estou tão nervosa que grito, pedindo que eles façam alguma coisa. Seguro seu rosto e peço para ele acordar.Enzo retira seus sapatos e meias, minha sogra e Perla se sentam do outro lado da cama, eles pedem para que me acalme, que o médico está vindo.— Enrico não comeu nada o dia todo, acordou tarde, não quis tomar café nem almoçar. Ele só tomou o rem&eacut
CARLAEstou com tanta raiva do maldito do Enrico.Que ideia é essa de viagem surpresa?Logo agora que estou me aproximando da Nina, o desgraçado quer levá-la para longe de mim. Tento por diversas vezes falar com o idiota do Sandro, seu celular só cai na caixa de mensagem, nem para carregar o celular ele presta.Não sei como descobrir para aonde eles irão viajar. Não posso me arriscar em ir até a casa, já me arrisquei uma vez, quando Sandro não atendia minhas ligações. Neste momento é perigoso, pois sua família está toda lá.Coloca a cabeça para funcionar, Carla — repito essa frase várias vezes para mim mesma, tenho que agir antes que Enrico leve minha Nina para longe de mim. Tenho certeza que longe daquele pedante, ela vai voltar a si, se lembrar do quanto somos boas juntas, o quanto nos amamos.Qu
NINA— Meu amor por você, Carla? Sinceramente não te entendo. — Puxo uma cadeira e me sento, minha bolsa coloco sobre a pequena mesa. — Então, essa história sobre o Dimitri é mentira?— Queria sua atenção, você tem rejeitado meus convites. — Bufo.— Não sei mais o que fazer para você entender que minha vida mudou, que “você e eu” não existe mais, na verdade, nunca existiu. — Seus olhos escurecem— Você aceita um pouco de água? — Faço que sim com a cabeça, sua voz doce não combina com seu olhar.Observo seus movimentos, ela caminha até um pequeno móvel. Retiro o celular da minha bolsa e encaminho o endereço para o Enrico. Carla pega dois copos que estão sobre uma bandeja, depois a jarra.Propositalmente seu corpo