Júlio
— Acontecimentos estranhos —A noite estava fria, mas, mesmo assim, podia ser sentido o calor do dia que terminou. A cidade em que morava ficava ao lado da praia. O vento quente era sempre mandado de volta para ela, fazendo o fim de tarde ficar com uma sensação térmica diferente a cada instante. O céu estrelado dava todo o diferencial, pois, além de ser considerado um dos pontos turísticos mais procurados por astrônomos, a cidade também era rica em minerais, fazendo-a ser uma das mais bem desenvolvidas do país.
Estava em minha cama já que meu trabalho tinha me esgotado por completo. Eu sabia que precisava descansar, pois no dia seguinte tudo se repetiria, mas o F******k e W******p me tiravam a atenção, não era a toa que todas as noites eu dormia sem ao menos ver a hora."Você não imagina o que acabou de acontecer..."A mensagem de minha irmã estava aparecendo no visor de meu celular. Esse tem era um dos motivos do adiamento do sono. Minha irmã sempre costumava me encher de mensagens enquanto saía do serviço para casa. Ela sabia como era perigoso dirigir e mexer no celular, mas era teimosa feito uma pedra. E a de mim fale um "a" se quer."Um retardado ficou parado na frente do carro quando saía do trabalho. Eu fiz de tudo, tentei desviar, mas ele enlouqueceu se atirou contra a janela. Aquele maldito fez um estrago no vidro... Estou apavorada, pois além de quebrar o vidro com sua cabeça ele simplesmente se atirou em direção ao carro em movimento e me perseguiu por um bom caminho até conseguir despistá-lo."A mensagem me deixou cabreiro, pois não era sempre que algo do tipo ocorria. O índice de criminalidade era baixíssimo onde morava e algo daquela magnitude ocorrer era realmente novidade.Em resposta, mandei:"Como você está?"E, em segundos, a resposta."Se bem for completamente assustada com o que aconteceu, sim, estou bem."Estava prestes a escrever outra mensagem, mas um estranho som me tirou a atenção. Era um som metálico que vinha do andar de baixo. Com a hipótese de loucos que se atiram em carro, alarmado com o pensamento que poderia ser uma possível invasão caminhei até a porta de meu quarto, que dava acesso a um grande corredor, onde havia três portas de madeira.A primeira delas à esquerda era o quarto da minha irmã; a segunda, ao fundo, um banheiro enorme; e a terceira, o meu quarto, que ficava de frente a uma escada (caracol) alumínio. No andar de baixo, havia dois cômodos. O primeiro, ao descer as escadas, era a sala, e, ao lado, a pequena cozinha. Caminhei meio metro até chegar à escada. Antes que pudesse colocar os pés nela, ouvi novamente o barulho. O som metálico ecoou por toda a casa, deixando-me assustado. Afinal, não era sempre que algo assim acontecia.O medo de ser um bandido estava me deixando apavorado. Quem em sã consciência ia de encontro ao estranho barulho? Estava começando a sentir o suor frio percorrer meu corpo como uma adrenalina infernal. Respirei enquanto olhava a escada caracol a minha frente. Só era descer e ver de onde vinha o som metálico. Com sorte deveria ser apenas alguns anima como por exemplo o gato da vizinha. Cheguei perto da escada sentindo o coração pulsar em meu peito ele deveria estar tentado me alertar que o que estava fazendo era uma tremenda burrice. Novamente o som metálico ecoou até meus ouvidos desta vez mais forte e nítido. Era certeza que vinha da cozinha. Respirei fundo criando coragem não sei de onde e me atrevi a descer as escadas em formato circular que ia de encontro a um buraco escuro e medonho. Tinha deixado as luzes dos andares a baixo desligada. Me arrependi plenamente de ter feito isso, mas já tinha feito a merda agora era só ir até lá e ver o que estava acontecendo. Desci as escadas tentado não fazer barulho caminhão em cada degrau nas pontinhas dos pés e fiz isso até chegar ao piso inferior que era a sala. Olhei para a parede para ver se avistava o interruptor por perto, mas me contive não podia simplesmente acender atendê-lo. Estava apavorado não queria dar de cara com um homem desconhecido roubando meus bens. Ia morrer do coração. A vontade de voltar correndo para cima e ligar para a polícia era enorme, mas já estava no meio do caminho. Eu realmente não sabia o que eu queria provar. Eu simplesmente estava me colocando em perigo por nada. Estava sozinho e apavorado, mas mesmo assim estava entrado de cabeça na escuridão.Caminhei pela sala sentido meu peito pular mais rápido até chegar finalmente até a cozinha. Num instinto de puro medo me joguei até o Interruptor que ficava perto da geladeira e acendi a luz, que me fez ficar desnorteado com seu brilho. Ao notar toda a burrada que tinha cometido fiquei surpreso ao ver que tudo estava em seu devido lugar e tranquilo.O barulho metálico poderia estar vindo de um galho de árvore que batia freneticamente na janela. Aliviado e tentado me acalmar fui até a torneira pegando um copo e me servindo com água. Precisava respirar e me acalmar, se minha irmã se soubesse o que tinha acabado de acontecer ela iria se matar de tanto rir. Enchi novamente o copo que tinha pego e me virei para subir novamente para o quarto só que o inesperado aconteceu.Uma senhora com uma terrível aparecia simplesmente se materializou em minha frente. Congelei deixando o copo cair fazendo que se partisse em centenas de pedaços ao chão branco. Por um breve momento fiquei parado sem esbanjar nenhuma reação, uma pessoa normal correria. Mas eu simplesmente fiquei a observá-la enquanto meu coração tentava assimilar o que estava acontecendo. Cabelos brancos, pele murcha, roupas surradas. Isso era o que compunha a senhora que se jogou pela porta. Eu não tinha percebido, mas o barulho metálico era da senhora tentado entrar e quando finalmente consegui o que queria me surpreendeu quase me matando de susto.Seus terríveis olhos brancos estavam vidrados em mim. Ela parecia cega e mesmo assim parecia saber da minha presença no ambiente.— A senhora está bem? — Perguntei, olhando fixamente em seu rosto. Ela não respondeu, seu corpo balançava para trás e para frente como se lhe faltasse equilíbrio ou como se estivesse embriagada.— Senhora... Você está bem?Nada...O que estava acontecendo? Primeiro, minha irmã manda uma mensagem para mim, dizendo que um homem atingiu a vidraça do carro. Agora, uma senhora entra em minha casa com aqueles olhos de dar medo e mesmo assim fica me encarando.A cozinha ficou em silêncio por um momento.Fiquei a pensar em como me livraria da senhora. Precisava tirar ela de minha casa o mais rápido possível já estava começando a sentir um mau pressentimento com ela ao meu lado. Pude ver o telefone sem fio que ficava sobre o armário. A ideia de ligar para a polícia veio rapidamente em minha mente.— Senhora, quer que ligue para alguém? — Perguntei tentado me acalmar.Ela novamente não disse uma palavra se quer. Já estava achando que ela também poderia ser surda. Peguei o telefone, ainda com os olhos grudados na senhora, e digitei o número da polícia."Todas as linhas estão congestionadas, por favor, tente mais tarde..."— Merda. — disse em um sussurro.Tentei o número do Corpo de Bombeiros."Todas as linhas..."Desliguei antes que a mensagem pudesse ser completada.— O que está acontecendo?O nervosismo estava me deixando com uma incontrolável tremedeira.— Larissa... — O nome veio imediatamente em minha cabeça.Larissa era minha melhor amiga, desde o primeiro ano. Somos inseparáveis, como irmãos, contamos tudo um para o outro. Ela com certeza iria me ajudar como me livrar da senhora. Digitei o número dela no pequeno telefone sem fio. E esperei duas chamadas até ela finalmente atender.— Alô! - disse ela com voz de sono.— Miga? Graças a Deus, você atendeu.Minha voz estava trêmula.— Júlio?— Larissa, preciso de sua ajuda...— Não me diga que colocou fogo na casa outra vez.De onde ela tirou esta ideia? Eu nunca coloquei fogo na casa. Isso tá mais com cara da irmã dela fazer do que a mim.— Não, não é isso. — falei, tentando explicar o que estava acontecendo.— Então você ficou entalado de novo na bacia do banheiro.Cara, de onde ela tira estas besteiras?— NÃO!— ENTÃO O QUE É? — O grito que ela deu quase fez com que derrubasse o telefone.— Tem uma senhora aqui em casa. — disse, falando o mais baixo possível. Não queria que ela ouvisse, mesmo achando-a surda.— O que eu tenho a ver com isso? — disse num tom irônico.— Desculpa se estou atrapalhando o teu sono. Mas ela não parece nada bem. Ela invadiu minha casa. Só queria sua ajuda para se livrar dela. Ela está aqui para feito um poste sem esbanjar nenhuma reação. O que eu faço?— Se a velha está passando mal, chama uma ambulância...Como se isso fosse funcionar.— Já tentei. Diz que as linhas estão congestionadas...— Aí Júlio me liga quando a sua casa estiver pegando fogo...O quê? Ela desligou na minha cara... Coloquei o telefone no gancho olhei para a senhora eu tinha que fazer algo foi então que olhei em seus olhos leitosos e disse:— Você precisa sa...Fui atacado antes que pudesse terminar a frase. Ela se jogou em minha direção como um animal, o peso de seu corpo me fez cair.Escutei um estalo vindo acima de meu peito, e, logo em seguida, a dor insuportável. Eu com certeza tinha fraturado uma das minhas costelas. Não sabia o motivo, ou o porquê da senhora estar me atacando.O mais incrível era o que ela tentava fazer. Por duas ou mais vezes, ela tentou me abocanhar em uma forte mordida que era possível ouvir o estalo de seus dentes. Era como se estivesse com raiva, pois saía de sua boca um estranho liquido branco, que caiu diretamente em meu rosto. Àquilo não era raiva e sim ódio. O som que ela produzia era muito parecido com o de um cão raivoso. Livrei-me de duas ou mais mordidas que quase acertaram o meu nariz e pescoço. Podia sentir seu amigo pútrido e sua saliva espalhar por meu rosto como uma chuva gélida e viçosa. Precisava, de alguma maneira livrar-me das garras da senhora. Era isso ou teria um pedaço do meu rosto arrancado. Naquele momento não estava pensando em mas nada. Só queria que ela parasse de se forçar contra mim. Já estávamos a minutos rolando ao chão. Ela não parecia cansada e eu completamente exausto. De relance não muito longe de onde estava, pude ver uma lata de lixo de alumínio, estava a alguns centímetros lote de mim. Com rapidez antes que conseguisse realizar uma certeira mordida no pescoço, consegui alcançar mesmo com a canseira já chegando ao limite. Assim que é o que alcancei a lata de lixo, efetuei um golpe certeiro em seu rosto. Ela foi arremessada para o lado com o impacto. Pude notar sangue escorrendo por um corte em sua testa. Mesmo cambaleante e com dor, arrastei-me até o armário. Retirei de dentro da primeira gaveta uma faca. Com os dedos suados e mãos trêmulas, a segurei em pose de defesa e disse notando que a senhora estava se levantado como se nada a tivesse atingido.— Senhora...Ela estava louca, não era possível. Aquilo não podia ser normal. Ela deveria estar apagada com a força que acertei a lata de lixo. Não estava entendendo o que estava acontecendo só tinha em mente o medo e a dor que me fazia tremer e suar. Estava apavorado o choro já transbordava em meu rosto.— Porque está fazendo isso?Ela não disse uma se quer palavra apenas rosnou e se afastou em minha direção lentamente.— Senho... Ela não pararia se não fizesse alguma coisa. Eu precisava me defender, não aguentaria outra batalha ela daquela vez ganharia. Ela novamente se jogou contra mim, mas desta vez nada aconteceu.Abri os olhos e vi o que ocorreu: a faca que antes estava em minhas mãos, agora permanecia enfiada na cabeça da senhora. O sangue escorria pelo cabo da faca, descendo diretamente aos meus dedos. Os olhos da senhora se fecharam, e, com eles, veio o tombo estrondoso.Ela estava morta!Ao notar o que havia acontecido, retirei a faca de sua massa cefálica e me sentei sobre o chão de cerâmica branca que se pintava lentamente de vermelho.E lá fiquei.Faca e sangue sobre as mãos. Coração palpitando, olhos vermelhos de tanto chorar. A garota olhava para mim com cara de espanto. Os olhos castanhos claros, mais vermelhos que os meus, olhavam o cadáver da senhora caída sobre o chão. Não sabia no que ela estava pensando sobre mim. Poderia estar me achando um louco, ou até mesmo fora de mim. — Júlio… porque você fez isso? — A voz estava nitidamente trêmula. — Eu já te falei. Jéssica, eu já contei tudo… Sim, a garota que presenciou a cena se tratava de minha irmã. A vergonha que sentia dela era o que estava me matando, vergonha pelo que fiz. — Tem algo acontecendo… — disse, olhando em seu rosto. — Eu sei, mas isso o que fez é demais. — disse, olhando sério para mim. O choro continuava, as lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, limpando delicadamente o sangue seco que estava impregnado em minha pele. — Como iremos explicar isto à polícia? Não estava acreditando que havia
Paloma — O Pedido de Rose —“Doutora Paloma, comparecer à ala de espera. Doutora Paloma, comparecer à ala de espera.”A mensagem repetitiva atingiu os meus ouvidos de uma forma inesperada. Não era sempre que me chamavam. O hospital estava lotado, nunca havia visto tantas e tantas pessoas se aglomerando para serem atendidas. Não sabia o motivo da balbúrdia. Julguei que um surto se espalhou pelos arredores da cidade ou deveria ter sido um grave engarrafamento. A última vez em que uma situação destas aconteceu foi há dois anos, quando o surto da gripe suína matou milhares de pessoas em todo o mundo. Centenas de pessoas formaram filas do lado de fora alegando estarem com o vírus. No fim apenas 50 das centenas tinham a doença e menos de 20 foram caso de óbito. As pess
Jéssica — Quando chegamos ao hospital — O grande hospital parecia um monumento histórico. Sua grandiosidade encantava quem o olhava. Eram 13 andares de pura seriedade. As luzes davam forma ao local, que se mostrava retangular com janelas dos pés à cabeça, juntamente com paredes brancas. Em sua entrada, podia ser facilmente visto o imenso letreiro que estampava a frente do grandioso hospital. “San Miguel”. E, embaixo, uma grande cruz vermelha, simbolizando a marca mundial da saúde. — Vamos estacionar... — disse Larissa olhando para mim parecendo ansiosa. Deixamos o carro estacionado de qualquer forma na entrada do hospital que parecia silencioso e medonho. O vento frio soprava fazendo com que o vidro escuro do “Uno” ficasse cada vez mais embasado. Saímos do carro, deixando Júlio sobre os bancos. — Não é melhor um de nós ficarmos? — Perguntei olhando para a face pálida de m
Rose — Caída, mas não derrotada! — Assim que Paloma subiu com as crianças as coisas ficaram muito mais complicada. Todas as centenas de pessoas começaram a se descontrolar como em uma manifestação demoníaca. Os guardas que tentavam acalmar a multidão enfurecida por falta de atendimento simplesmente foram engolidos e desarmados com socos e pontapés. A gritaria parecia não ter fim. Muitas mulheres gritavam como se estivesse loucas e homens davam socos no vidro de proteção da bancada. Eles queriam ferir os médicos, podíamos ver isso em seus olhares. Era um exército de pessoas insatisfeitas e malucas que se aproximavam cada vez mais da insanidade. Se alguém não fizesse algo para controlar tudo aquilo seria com certeza o meu fim. A maioria dos enfermeiros estavam parados sem esbanjar reação alguma. Estavam paralisados com a onde de violência. Foi em um momento qualquer que um homem surgiu apontado um revól
Paloma — Amigos! — — Você só pode está brincando comigo. — Falei, deixando a boca aberta. — Não... Isso não pode estar acontecendo... Estava assustada, indignada e perplexa com a historia que Rose me contara. Não podia ser verdade. Olhei para Rose, ainda com a boca aberta, e disse, encarando seus olhos verdes: — Você sabe que não podemos ficar aqui. Ela olhou paras as sete crianças que estavam na mesma posição há minutos e falou, num sussurrando para que elas não ouvissem: — Sei... Mas... É perigoso sair com elas pelo hospital... — Ela parou, olhou com os olhos marejados de lágrimas para as crianças e logo continuou. — Temos que esperar ajuda, ou, melhor, chamar ajuda... Aquelas crianças já haviam sofrido demais. Não podíamos sofrer o risco de serem atacadas por uma das coisas que Rose mencionou. — Escutei uma garota, há poucos minutos, pedindo ajuda na recepção. Ela parec
Rose — Graças a Deus... A voz chata de uma menina soou pelo autofalante. Seu nome era Lara, e estava junto a Jéssica, a menina que pediu por ajuda. Ela parecia um pouco abalada e ofegante, mas tentava esbanjar autoridade. Num tom um tanto grosso, ela perguntou quem era que estava falando. — Me chamo Rose, estou aqui com uma amiga e sete crianças. Estamos precisando de ajuda. Olhei para Paloma, que parecia paralisada com todo o ocorrido. — Por Favor, venha nos ajudar. Podemos fazer algo pelo seu irmão ou amigo. Só venha nos ajudar. A garota parecia confusa. Foi quando outra voz foi ouvida ao fundo. “Quem é?” — É uma garota chamada Rose. Ela quer nossa ajuda. — respondeu Lara. As vozes chiavam em meu ouvido. Estava esperando por um milagre, e esperava que elas se sentissem tocadas e viessem nos ajudar. — Onde ela está? — Perguntou novamente a voz ao fundo. “Você está louca?” Uma nova voz b
Lara — Acho que o fim está próximo — Sempre me perguntei como seria estar presa em uma história de terror. Mas, quando descobri, não via a hora de pôr um fim em tudo. Estava dentro de um pesadelo. O criador do roteiro em que estava participando devia ser um filho da puta. Com um mau gosto horrível. Como poderia nos deixar presos em um hospital rodeado de mortos? Se ele soubesse os arrepios que sentia a cada passo que dava e o cheiro de podre no ar, quem sabe, ele mudaria o rumo da história? Bom ou mau, o fim estava próximo. Era o que todos nós esperávamos. Procurávamos por armas, pois tentaríamos salvar a tal de Rose. Larissa, Jéssica e Felipe procuravam armas pelo local, mas tudo o que encontraram foram vassouras, baldes, seringas e aparatos cirúrgicos. Como havia dito há um tempo: armas em um hospital são escassas. Eu, por exemplo, continuava com as duas Barbies que encontrei por acaso esquecidas po
Rose — Tolice — Armei-me novamente com o bisturi manchado de sangue e fiquei parada à frente da porta. O coração parecia que sairia pela boca, podia sentir o suor se formando em minha testa e mãos, fazendo o ferimento latejar. Estava prestes a explodir em um misto de ansiedade e medo, mas não queria criar alarde, muito menos olhar para Paloma, que parecia chorar às minhas costas. Se transparecesse medo, ela não me deixaria sair da sala. Respirei fundo, e subitamente, sem pensar, abri a porta. — Boa sorte. — Sussurrou ela ao fechar a porta. O corredor parecia vazio, o silêncio me abalou, o alívio fluiu de uma maneira inexplicável. Respirei fundo pela milésima vez e disse para mim mesma que me acalmasse. Olhei para todas as direções possíveis, não queria ser pega de surpresa, por isso estava atenta a qualquer barulho. Alguns ruídos eram ouvidos como gritos, e alguns rosnados pareciam vir dos and