Rose
— Caída, mas não derrotada! —Assim que Paloma subiu com as crianças as coisas ficaram muito mais complicada. Todas as centenas de pessoas começaram a se descontrolar como em uma manifestação demoníaca. Os guardas que tentavam acalmar a multidão enfurecida por falta de atendimento simplesmente foram engolidos e desarmados com socos e pontapés. A gritaria parecia não ter fim. Muitas mulheres gritavam como se estivesse loucas e homens davam socos no vidro de proteção da bancada. Eles queriam ferir os médicos, podíamos ver isso em seus olhares. Era um exército de pessoas insatisfeitas e malucas que se aproximavam cada vez mais da insanidade. Se alguém não fizesse algo para controlar tudo aquilo seria com certeza o meu fim. A maioria dos enfermeiros estavam parados sem esbanjar reação alguma. Estavam paralisados com a onde de violência. Foi em um momento qualquer que um homem surgiu apontado um revól
Paloma — Amigos! — — Você só pode está brincando comigo. — Falei, deixando a boca aberta. — Não... Isso não pode estar acontecendo... Estava assustada, indignada e perplexa com a historia que Rose me contara. Não podia ser verdade. Olhei para Rose, ainda com a boca aberta, e disse, encarando seus olhos verdes: — Você sabe que não podemos ficar aqui. Ela olhou paras as sete crianças que estavam na mesma posição há minutos e falou, num sussurrando para que elas não ouvissem: — Sei... Mas... É perigoso sair com elas pelo hospital... — Ela parou, olhou com os olhos marejados de lágrimas para as crianças e logo continuou. — Temos que esperar ajuda, ou, melhor, chamar ajuda... Aquelas crianças já haviam sofrido demais. Não podíamos sofrer o risco de serem atacadas por uma das coisas que Rose mencionou. — Escutei uma garota, há poucos minutos, pedindo ajuda na recepção. Ela parec
Rose — Graças a Deus... A voz chata de uma menina soou pelo autofalante. Seu nome era Lara, e estava junto a Jéssica, a menina que pediu por ajuda. Ela parecia um pouco abalada e ofegante, mas tentava esbanjar autoridade. Num tom um tanto grosso, ela perguntou quem era que estava falando. — Me chamo Rose, estou aqui com uma amiga e sete crianças. Estamos precisando de ajuda. Olhei para Paloma, que parecia paralisada com todo o ocorrido. — Por Favor, venha nos ajudar. Podemos fazer algo pelo seu irmão ou amigo. Só venha nos ajudar. A garota parecia confusa. Foi quando outra voz foi ouvida ao fundo. “Quem é?” — É uma garota chamada Rose. Ela quer nossa ajuda. — respondeu Lara. As vozes chiavam em meu ouvido. Estava esperando por um milagre, e esperava que elas se sentissem tocadas e viessem nos ajudar. — Onde ela está? — Perguntou novamente a voz ao fundo. “Você está louca?” Uma nova voz b
Lara — Acho que o fim está próximo — Sempre me perguntei como seria estar presa em uma história de terror. Mas, quando descobri, não via a hora de pôr um fim em tudo. Estava dentro de um pesadelo. O criador do roteiro em que estava participando devia ser um filho da puta. Com um mau gosto horrível. Como poderia nos deixar presos em um hospital rodeado de mortos? Se ele soubesse os arrepios que sentia a cada passo que dava e o cheiro de podre no ar, quem sabe, ele mudaria o rumo da história? Bom ou mau, o fim estava próximo. Era o que todos nós esperávamos. Procurávamos por armas, pois tentaríamos salvar a tal de Rose. Larissa, Jéssica e Felipe procuravam armas pelo local, mas tudo o que encontraram foram vassouras, baldes, seringas e aparatos cirúrgicos. Como havia dito há um tempo: armas em um hospital são escassas. Eu, por exemplo, continuava com as duas Barbies que encontrei por acaso esquecidas po
Rose — Tolice — Armei-me novamente com o bisturi manchado de sangue e fiquei parada à frente da porta. O coração parecia que sairia pela boca, podia sentir o suor se formando em minha testa e mãos, fazendo o ferimento latejar. Estava prestes a explodir em um misto de ansiedade e medo, mas não queria criar alarde, muito menos olhar para Paloma, que parecia chorar às minhas costas. Se transparecesse medo, ela não me deixaria sair da sala. Respirei fundo, e subitamente, sem pensar, abri a porta. — Boa sorte. — Sussurrou ela ao fechar a porta. O corredor parecia vazio, o silêncio me abalou, o alívio fluiu de uma maneira inexplicável. Respirei fundo pela milésima vez e disse para mim mesma que me acalmasse. Olhei para todas as direções possíveis, não queria ser pega de surpresa, por isso estava atenta a qualquer barulho. Alguns ruídos eram ouvidos como gritos, e alguns rosnados pareciam vir dos and
Lara e Felipe Após toda a loucura, o vômito e o sangue, voltamos a atenção para os remédios. Felipe, ainda assustado, terminava de encher sua bolsa com os últimos remédios de nomes complicados. O ferro afiado e encharcado de sangue bambeava em minhas mãos, que tremiam de ansiedade. Estava querendo, o mais rápido possível, sair do hospital. Olhei pela última vez para os corpos falecidos, que permaneciam imóveis, apodrecendo lentamente. Se uma alma corajosa e caridosa aparecesse, poderia dar um enterro digno às criaturas. Ainda olhando para elas, virei-me para Felipe e perguntei: — O que você vai fazer depois que sair deste inferno? Ele, a primeiro momento, não respondeu. Ficou parado, pensando em algo sensato para falar, e quando foi o suficiente, disse num tom pálido e triste: — Se o mundo todo estiver assim, não terei muito aonde ir. Penso que continuarei a seguir... Sei lá... Para ser sincero, eu não sei sob
As batidas foram tão fortes, que metade da porta veio abaixo. Mãos ensanguentadas brotavam do buraco, tentando agarrar algo invisível.— Venham, seus filhos de uma puta. — Gritou, tremendo, sentindo a adrenalina do momento. Estava pronta para morrer. Estava pronta para se sacrificar...Seria por uma boa causa...Quando a porta veio finalmente abaixo, tudo começou a se passar como em câmera lenta.Viu os dez primeiros zumbis se aproximarem tão lentamente, que pareciam irreais. Sentiu um deles agarrar seu braço, desequilibrando-a, e caíram os dois ao chão num baque estrondoso. Ainda em câmera lenta, viu o mesmo que a derrubara levar sua boca salivando algo preto até seu pescoço.Fechou os olhos, rezando para que tudo acabasse logo, que não sentisse tanta dor.Que fosse rápido como um tiro na cabeça.Enquanto estava com os olhos fechados, sentindo arranhões e puxões, pôde ouvir um zumbido que cha
Antes dos acontecimentos descritos no primeiro capítulo do livro "A Salvação"Cidade vizinha a costa da baía.Os pelos marrons claro da pequena vira lata se encheram de minúsculas gotas de chuva. A garoa fina do fim de tarde deu ao ambiente um ar hostil como o de Nova York. O frio fazia à respiração da vira lata ficar altamente visível a luz fraca da rua de numero sete. Os passos ligeiros sobre o asfalto negro e rachado fazia um estranho ruído repetitivo devido a suas patinhas. Seu nariz molhado com o vapor de seus pulmões escorria até o seu focinho levemente fino. Seu rabo comprido balançava a cada passo que a cadela dava. Os olhos atentos brilhavam a cada poste que passava. A língua rosada saia de sua boca, sinal de que estava andando por horas. E realmente estava. Sua dona uma senhora de idade avançada, co
Taty e Josi— O primeiro contato — Taty — Antes do apagão ——Tatty, o que estamos fazendo na escola a uma hora dessas? — Perguntou uma garota baixinha de cabelos lisos e loiros e olhos azuis. — Fica quieta. — Sussurrei, olhando brava para ela. — Vamos dar uma lição na diretora. A enorme escola da cidade estava escura e silenciosa como todo o resto dela. A lanterna que Josi e eu usávamos iluminava pouco o longo corredor que cheirava a pó e giz, além de estar mal iluminado. A sala com as portas fechadas produzia estranhos barulhos que faziam os pêlos de meus braços se eriçarem. — É melhor voltarmos para casa... Vamos ser expulsas... — Se você não calar a boca, sim... — Disse, encarando-a. Estava disposta a ensinar à diretora que ninguém mexe com