Lara e Felipe
Após toda a loucura, o vômito e o sangue, voltamos a atenção para os remédios. Felipe, ainda assustado, terminava de encher sua bolsa com os últimos remédios de nomes complicados.O ferro afiado e encharcado de sangue bambeava em minhas mãos, que tremiam de ansiedade. Estava querendo, o mais rápido possível, sair do hospital.Olhei pela última vez para os corpos falecidos, que permaneciam imóveis, apodrecendo lentamente. Se uma alma corajosa e caridosa aparecesse, poderia dar um enterro digno às criaturas. Ainda olhando para elas, virei-me para Felipe e perguntei:— O que você vai fazer depois que sair deste inferno?Ele, a primeiro momento, não respondeu. Ficou parado, pensando em algo sensato para falar, e quando foi o suficiente, disse num tom pálido e triste:— Se o mundo todo estiver assim, não terei muito aonde ir. Penso que continuarei a seguir... Sei lá... Para ser sincero, eu não sei sobAs batidas foram tão fortes, que metade da porta veio abaixo. Mãos ensanguentadas brotavam do buraco, tentando agarrar algo invisível.— Venham, seus filhos de uma puta. — Gritou, tremendo, sentindo a adrenalina do momento. Estava pronta para morrer. Estava pronta para se sacrificar...Seria por uma boa causa...Quando a porta veio finalmente abaixo, tudo começou a se passar como em câmera lenta.Viu os dez primeiros zumbis se aproximarem tão lentamente, que pareciam irreais. Sentiu um deles agarrar seu braço, desequilibrando-a, e caíram os dois ao chão num baque estrondoso. Ainda em câmera lenta, viu o mesmo que a derrubara levar sua boca salivando algo preto até seu pescoço.Fechou os olhos, rezando para que tudo acabasse logo, que não sentisse tanta dor.Que fosse rápido como um tiro na cabeça.Enquanto estava com os olhos fechados, sentindo arranhões e puxões, pôde ouvir um zumbido que cha
Antes dos acontecimentos descritos no primeiro capítulo do livro "A Salvação"Cidade vizinha a costa da baía.Os pelos marrons claro da pequena vira lata se encheram de minúsculas gotas de chuva. A garoa fina do fim de tarde deu ao ambiente um ar hostil como o de Nova York. O frio fazia à respiração da vira lata ficar altamente visível a luz fraca da rua de numero sete. Os passos ligeiros sobre o asfalto negro e rachado fazia um estranho ruído repetitivo devido a suas patinhas. Seu nariz molhado com o vapor de seus pulmões escorria até o seu focinho levemente fino. Seu rabo comprido balançava a cada passo que a cadela dava. Os olhos atentos brilhavam a cada poste que passava. A língua rosada saia de sua boca, sinal de que estava andando por horas. E realmente estava. Sua dona uma senhora de idade avançada, co
Taty e Josi— O primeiro contato — Taty — Antes do apagão ——Tatty, o que estamos fazendo na escola a uma hora dessas? — Perguntou uma garota baixinha de cabelos lisos e loiros e olhos azuis. — Fica quieta. — Sussurrei, olhando brava para ela. — Vamos dar uma lição na diretora. A enorme escola da cidade estava escura e silenciosa como todo o resto dela. A lanterna que Josi e eu usávamos iluminava pouco o longo corredor que cheirava a pó e giz, além de estar mal iluminado. A sala com as portas fechadas produzia estranhos barulhos que faziam os pêlos de meus braços se eriçarem. — É melhor voltarmos para casa... Vamos ser expulsas... — Se você não calar a boca, sim... — Disse, encarando-a. Estava disposta a ensinar à diretora que ninguém mexe com
Josi— Eu Também te amo — Lá estava ela, deitada sobre seu próprio sangue, desacordada e com certeza morrendo. Não sabia o que fazer. Estava petrificada com tudo o que me acontecera. Ela não demonstrava reação, parecendo estar morta. Olhei por várias vezes para seu rosto pálido. Tentei inutilmente estancar o sangramento com as mãos, mas não funcionou. O sangue jorrava pela carne enegrecida do pescoço de Tatty, o cheiro de sangue me deixava enjoada. A diretora Cara de Dragão continuava imóvel. Se não fosse por ela, minha melhor amiga não estaria no estado que se encontrava. Por um lado, a culpa também fora da Tatty. Ela e sua mania de vingança, sempre tentando proteger seus amigos, sempre sendo a “The Rock” do grupo. Mas eu sabia que, no fundo, ela não era tão machona. Por trás daquele rosto moreno e chapéu de roqueira, escondia-se uma garota simples e amorosa, que tentava se
Tatty e Josi— Final — — Eu também te amo... Meio tonta, abri os olhos. Pude sentir sangue seco em meu ombro. Uma queimação estranha vinha do local que antes era uma mordida. Levei a mão a ele e notei que a ferida já não existia. Olhei para Josi, que parecia perplexa com o todo o ocorrido. Sem dizer uma palavra,fui em sua direção e beijei sua boca. Senti suas lágrimas quentes se adensarem aos beijos. Ela me agarrou em um aperto inesperado, e, após alguns segundos, ela descolou os lábios dos meus e disse, olhando em meus olhos. — Eu achei... Eu achei que você tinha morrido. Você parou de respirar e... — Ela disse muito rapidamente. Mais um beijo. — Eu não estou entendendo,Tatty. Não queria saber de mais nada, só queria seus lábios colados aos meus. — Tatty? - Chamou. - Você está bem? Olhei para
— Mortalmente Morto —Júlio C. WidellDois policiais patrulhavam uma das ruas da cidade. Aquela noite para eles estava sendo entediante e sem graça. Seu chefe ou Boss, como chamavam carinhosamente, estava cheio de trabalho, pois várias chamadas estranhas estava deixando os telefones congestionados, até que uma hora simplesmente tudo parou. Rádios, telefones celulares e tevês. Tudo parou assim que as luzes apagaram como se algum ser tivesse sugado cada gota de energia possível, mergulhando a cidade toda em um mar negro.Thayane e Igor estavam há horas rondando o perímetro com a viatura. As sirenes vermelhas iluminavam boa parte das ruas, que no momento permaneciam vazias e silenciosas.— Só pode está de brinc
A vastidão branca já estava deixando Rose maluca. Ela deveria estar andando por horas ou talvez hora alguma. Tudo o que consegui ver ao seu redor era apenas a cor branca como se estivesse presa dentro de uma caixa sem fim. Perguntava-se a todo instante onde é que estava. Se estivesse realmente morta, aquele deveria ser o seu inferno pessoal, mas jamais imaginou que seria tão vazio e silencioso. Já tinha gritado até perder a voz pedindo ajuda a alguém invisível. Estava exausta da falta de informações, exausta de tudo. Com a paciência se esgotando se jogou ao "chão" fechando os olhos, seus pensamentos a estava a consumindo. Perguntava-se como sua amiga estava no muno fora do que estava? Ela conhecia Paloma o suficiente para saber que ela não ficaria bem sozinha com um bando de desconhecidos ao seu redor. Respirei fundo pesando em uma maneira inútil de sair daquele cubículo branco infinito, mas nada que passasse daria certo. Apenas ficou a reviver os últimos
— Ele esta morrendo. - Gritou a garota desesperada, pressionando a seria ferida no pescoço de um rapaz desconhecido, que á poucos minutos foi mordido por um garotinho de aparência deplorável.— Não podemos fazer mais nada Mika. — Gritou de volta à senhora de idade avançada. Que no momento tentava arrastar a garota que não parava de pressionar a ferida no pescoço do rapaz.Seus olhos encharcados de lágrimas olhavam tristemente para o corpo de um jovem rapaz, que se encontrava caído sobre a fria causada de paralelepípedo. A fina garoa da gelada manhã caia em pequenas gostas contra o rosto pálido do jovem. – Dez minutos antes – As pernas de Jonas queimavam enquanto corria em direção à cidade. Também não era para menos, estava a minutos - talvez horas - correndo pelas ruas vazias. Sem falar no desespero que sentia. Seu filho de apenas cinco anos, se encontrava desacordado em seu colo. Jonas não sabia o motivo, mas seu