De tudo que passava em sua mente, Elisa estava apavorada com a possibilidade de reencontrar Fernando. Felizmente, não se viram durante o jantar, os servos disseram que ele estava indisposto e por isso não esteve presente. Ela sabia que encontrar com ele não seria algo fácil, pois seu corpo ainda queimava com a lembrança do beijo que haviam trocado. Além do mais, ter seu atual marido e a megera da mãe dele à mesa não facilitava em nada as coisas.Elisa sentiu falta das meninas, elas também não estavam presentes. Quando perguntou por elas, Edna mudou de assunto imediatamente. Elisa tentou insistir, mas foi bruscamente reprimida por Manuel, que deixava claro que era o assunto de sua mãe e que não deveria insistir. Porém, não pôde deixar de notar o semblante triste em Mazé, que acompanhava o jantar em pé junto aos outros criados. Sentiu um nó na garganta, por algum motivo sabia que algo estava errado.Elisa se alimentou muito mal naquela noite, talvez devido à sua ansiedade com tantas coi
Dormir era algo impossível desde o momento em que os olhos de Fernando viram Elisa pela primeira vez. E ele nunca havia sentido nada parecido por mulher alguma. Elisa era uma mistura angelical e sedutora ao mesmo tempo, possuía um longo cabelo castanho cheio de cachos que se destacavam em sua pele rosada e olhos cor de mel. Sua boca era bem desenhada, lábios grossos e macios, e agora ele sabia o quanto deliciosos eram, pois os havia experimentado. Fernando sabia que era muito errado o que tinha feito, e quase a beijou novamente no quarto de suas irmãs. Ele se sentia um mau-caráter por isso, além do mais, aquela era a esposa de seu irmão. Se ela ao menos não tivesse se entregado a Manuel, talvez houvesse uma chance de anular o casamento, assim Fernando não se sentiria tão condenado ao inferno. Porém, restava apenas um desejo desenfreado que sentia por sua cunhada, e precisava se manter longe dela o máximo que conseguisse, ou não saberia se controlar.Naquela manhã, Fernando deu ordens
Antônia ficou eufórica quando recebeu a notícia de que iria à cidade com Elisa. Ambas estavam animadas, pois quem as acompanharia seria a senhora Mazé.Naquele dia, Fernando organizou suas coisas e, após a discussão com Manuel e Edna, partiu para a cidade com dois propósitos antes de ir para Vargem. Precisava procurar um amigo que lhe devia um favor, o major Gregório Sonata. Queria saber quais eram as chances de encontrar o irmão de Elisa, e sabia que Gregório seria útil. Também se encontraria com o senhor Menezes, seu advogado. Ele estava empenhado em busca de respostas, e Fernando precisava urgentemente de um argumento legal para tentar parar Manuel e Edna, aqueles dois à frente dos negócios da família eram capazes de levá-los à falência em pouco tempo. Seu meio-irmão não entendia nada de administração, e sua querida mãe era descontrolada nos gastos.A visita ao Major lhe rendeu alguma notícia, ele havia lhe dito sobre um grupo de soldados que tinha sido enviado à trincheira de Sant
Logo, Antônia e Elisa chegaram à fazenda. Assim que adentraram a casa grande, se depararam com a imagem de Edna com sua postura imponente. Ela estava incomodada com algo, e ao ver Antônia, parecia mais ter visto o diabo. Ficou completamente surpresa com a aparência da filha, e logo a dureza de sua expressão se tornou ainda mais visível que antes. Ela não gostou nenhum pouco da transformação da jovem. Antônia se encolheu, visivelmente temerosa diante da reação da mãe.— Mas que absurdo é esse, o que fizeram com minha filha? — Sua voz saiu em um tom de raiva e indignação.Antônia engoliu seco e abaixou o rosto.Ela estava vestida de um belo vestido de mangas compridas e rendas delicadas, em tom verde que combinava muito bem com seus olhos. Seus cabelos não tinham mais aquelas fitas horrorosas e sim um belo penteado que Elisié, a filha de Monique, havia feito na amiga, animada com a transformação.Edna se aproximou e tocou a filha com descaso, como se ela não estivesse bela de verdade.
🚨ALERTA DE GATILHO🚨(Este capítulo contém uma cena de violência doméstica e tentativa de abuso sexual).....⚜️Elisa foi se deitar cedo, estava exausta, havia passado a tarde com Joana e Antônia, já que Edna e Manuel tinham saído.No jantar, Manuel não esteve presente, Edna parecia preocupada com algo, ela já tinha se retirado da mesa rapidamente e mal tocou na comida. Elisa aproveitou e se retirou mais cedo também. Já estava vestida com suas roupas de dormir e lia um livro tranquilamente quando Elisa se assustou ao ver sua porta sendo aberta. Ela saltou da cama e sentiu cada parte do seu corpo estremecer com a presença de Manuel. Suas roupas estavam desalinhadas e ele parecia muito bêbado.Ele se aproximou sem encará-la enquanto retirava seu casaco.Elisa se sentiu como uma presa próxima de seu predador.— Retire... suas roupas, temos um... assunto pendente. — falou de forma automática, como se tivesse ensaiado aquela fala. Pelo tom usado e as palavras entrecortadas, Elisa t
POR VOLTA DE 1810...— Preciso... falar com... minha filha... — lamentou João Alvares Carvalho com bastante dificuldade. O homem estava num estágio avançado de uma doença desconhecida e misteriosa.— Sua filha não pode se aproximar, ninguém de sua família, senhor João, pode ser muito perigoso — afirmou o doutor, pela quarta ou quinta vez naquele dia, desde que João insistira em falar com a filha. Ele parecia pressentir que estava morrendo, pois a aflição do homem tão fraco e esquelético sobre a cama era intensa.A filha, que aguardava ao lado de fora nos braços de sua mãe, estava muito angustiada. Elisa temia que aqueles fossem os últimos minutos de vida de seu pai e desejava ansiosamente estar ao seu lado.O vento balançava as frestas das janelas, anunciando uma forte tempestade. Era uma noite assustadora, e toda a angústia presenciada naquela casa anunciava que o pior estava por vir.Após momentos terríveis de espera, Elisa e a mãe ouviram gritos vindo de dentro do quarto. A dor que
Dias se passaram após a morte do pai de Elisa e lá estava ela novamente usando seu vestido preto, sobre mais lágrimas e angústia. Sua mãe não havia suportado a dor da perda de João e supostamente do filho Joaquim. Teresa esteve mal nos dias que se seguiram, a mulher não saía mais da cama e recusava se alimentar, ficando fraca, e tanta tristeza a sufocou, a ponto de seu coração não aguentar. Sofrendo com sua perda, Elisa terminava de se despedir dos conhecidos que haviam estado no funeral. A maioria se tratava apenas de curiosos, ela sabia que todos faziam conversas sobre o quanto desamparada estava, afinal se tratava apenas de uma jovem de vinte anos, solteira e sem família. Muitos estavam certos de que ela cairia na vida fácil, já que rondava outro boato de que o grande fazendeiro João Álvares havia deixado apenas dívidas, e esta parte Elisa sabia muito bem que não eram apenas mexericos. Ela e sua mãe ficaram assustadas com a quantidade de promissórias que haviam encontrado no escri
O escrivão confirmou a autenticidade do documento, aquilo deixou Elisa devastada. Sentia-se sentenciada por algum crime não cometido. Apenas pôde ir até sua casa e buscar um vestido que não fosse de luto. O casamento aconteceria ali naquele mesmo dia. Era isso ou ir presa pelas altas dívidas acumuladas por seu pai, e a família Valença não estava de brincadeira quando prometeu fazê-lo se não aceitasse.Como qualquer jovem da sua idade, Elisa sonhava em ter um casamento incrível, com doces caseiros servidos e feitos em sua casa, escolhidos com muito carinho por ela e sua mãe. Um vestido bordado com pedras e rendas escolhidas a dedo, flores colhidas nos seus próprios jardins. Mas seu sonho havia se tornado um grande pesadelo, e subir ao altar com um desconhecido, tendo apenas a mãe dele como testemunha, foi tudo o que lhe restou. Então se casou, uniu-se em matrimônio a um completo estranho. Elisa desejava desesperadamente que tudo isso se tratasse de um pesadelo.A viagem até a cidade de