“Achei que já me conhecia o suficiente.” “Pelo menos tem algo útil para ajudar nos meus negócios. Venha acompanhar a tradução dos contratos e veja se encontra alguma divergência antes que eu assine.” “Não sou tão fluente assim.” “Não importa, fique aqui.” Felícia acompanhou o marido no meio dos homens. Ela sentou ao lado do tradutor e acompanhou a tradução. “Agradeço a parceria, Sr. Trajano. Nosso próximo encontro será na França, quando abrirmos nossa filial da marca de café.” “Com certeza estarei lá.” No final, acertaram todos os acordos e Raul fechou negócio com o investidor Fontaine. O empresário se despediu e voltou para a França com sua comitiva. “Se prepare, em breve irá para a França comigo.” Felícia se sentiu fascinada com a expectativa da viagem e correu para o quarto para ver suas roupas. Ela se entristeceu ao perceber que não tinha nada no nível de Camille Durant. [...] No domingo de manhã, Raul foi com a esposa, a mãe e a irmã Bibiana para a missa em S
Ele arregalou os olhos e perguntou: “Tem certeza?” “Sim.” Ele a beijou com carinho, colocando a mão sobre sua barriga. Acreditou piamente na história da esposa. “E agora, como iremos à Paris?”, ela perguntou. “Qual o problema? A gente viaja e pronto. Você vai de avião, não de jumento.” Ela não teve outra alternativa a não ser criar uma falsa gravidez para convencê-lo a ajudar a família. No desespero, também parou de tomar pílula e não queria viajar depois de descobrir a situação precária da família. “Não fale nada da gravidez ainda para sua família, espere voltamos de Paris”, sugeriu ela. “Tudo bem, também acho melhor assim.” Eles viajaram para a capital e permaneceram uma semana por lá. Dessa vez, Raul deu atenção à mulher e lhe comprou roupas de frio. Depois, viajaram para França e desembarcaram em Paris em uma viagem à negócios. Lá, Raul levou Felícia às melhores lojas de Paris e comprou joias para presentear a mãe de seu filho. Ele lhe deu um delicado colar com pe
Felícia chamou a atenção de todos no local. Estava deslumbrante, parecendo uma típica mulher francesa. Ela olhava ao redor atenta à procura do marido. Raul, sentado em uma mesa no canto, cercado por pessoas elegantes, ficou paralisado com a ousadia da mulher. Os homens não tiravam os olhos dela. Ele pediu licença e se dirigiu em sua direção, colocou a mão na cintura dela e cochichou em seu ouvido: “O que faz aqui? O que deu na sua cabeça, ficou louca?” “Vim jantar, você prometeu que iria jantar comigo hoje à noite.” “Porque não esperou no quarto?” “Você demorou, eu estava com muita fome.” Para não chamar atenção e nem ser deselegante, ele a conduziu até a mesa que estava com os investidores, que a cumprimentaram. Raul se encarregou de finalizar a reunião. Os investidores se retiraram e ele solicitou a comida. “Você quer chamar a atenção de quem com esse vestido?” “De ninguém. Estou em Paris e todas as mulheres se vestem assim aqui, não reparou?” Eles discutiam e
“Por gentileza, preciso falar com a senhorita Ludmila.” “Quem é você? O que você quer com a minha filha? Por acaso é o pai do filho dela?” “Não senhora, só preciso falar com ela.” Ludmila apareceu com uma barriga de sete meses. “O que você quer, Vicente?” “Meu patrão está ali dentro da caminhonete, ele está esperando você para conversar. Vá e entre discretamente, aproveite que não tem ninguém na rua.” Ludmila colocou seu cardigan e seguiu as ordens do homem, saiu de casa e entrou na caminhonete. Sem dizer nada, ele deu partida e dirigiu em alta velocidade, conduzindo a caminhonete para fora da cidade. Por fim, estacionou em uma estrada de chão. Ele mirou a barriga enorme dela e perguntou: “É verdade que essa criança é meu filho?” “Sim, Raul, é verdade.” “Então por que mentiu para mim naquela noite? Você falou que não aconteceu nada entre a gente.” Ela gaguejou nervosa e disse: “Desculpe, eu menti.” “Por que você fez isso, Ludmila? Eu sou casado. O que vai ser de mim?
Ela escondeu o dinheiro, pensando em um plano para entregá-lo à família. Quando o marido voltou do campo, ela o cercou enquanto ele lavava as mãos e, mais uma vez, insistiu: “Raul, preciso visitar minha família.” “Iremos em breve, tenha paciência. Ando muito ocupado, você sabe.” Felícia deu um suspiro de preocupação, imaginando os perrengues que a sua família estava passando em consequência da seca. Ela mexia sem ânimo no prato, sem apreciar o delicioso jantar. Observava a fartura exposta na mesa e ouvia a família do marido exibir histórias de vanglória e vaidade. Antes mesmo de finalizar a refeição, ela saiu triste e desanimada. Estava vivendo razoavelmente bem enquanto a família vivia na miséria. Ela sempre teve uma vida boa na fazenda de seu pai e se perguntava como sua família caiu em uma decadência tão cruel. À noite, Raul entrou no quarto e ela já estava deitada, mas não dormia. Seus cabelos castanhos, longos e sedosos se esparramavam pela cama. Ele a obse
Com o notável prestígio que Raul vinha conquistando, ele recebeu um convite de honra da câmara dos vereadores de Santa Rita para ser homenageado. Na segunda-feira, ele voltou de Santa Rita e contou para a mãe, porém esqueceu de falar para a mulher. A homenagem seria na quarta-feira. Raul continuou ocupado com os seus trabalhos. Na terça-feira, Dona Quitéria e as filhas saíram para a capital comprar roupas novas para a ocasião. Elas voltaram com várias sacolas, unhas e cabelos feitos. No outro dia, enquanto todos se arrumavam, Felícia perguntou para Iolanda: “Onde todos estão indo tão bem arrumados?” “Você não está sabendo?” “Não, sabendo o quê?” “Hoje terá uma homenagem para o Barão na câmara de vereadores e todos estão se arrumando para a ocasião. A senhora não vai se arrumar também?” “Obrigada por me avisar, Iolanda.” Felícia se sentiu rejeitada e triste por ninguém ter contado sobre o evento. A todo momento, pensava em como se livrar daquele casamento e daquela f
“Não. Sou um homem casado, fica feio sair sem você. Ainda mais para uma ocasião tão importante. Minha mãe e minhas irmãs foram me representar.”“Deveria ter ido e criado uma desculpa, falado que eu estava doente.”Ele pegou um pouco de jabuticaba, colocou na boca e respondeu:“Não costumo mentir, você casou com um homem íntegro.”Felícia se calou.“Quero que saiba de algo importante: as coisas materiais não importam tanto, o mais importante na vida é o que a gente carrega dentro de si. A compostura, elegância, educação, inteligência e gentileza. E você tem tudo isso. É a mulher perfeita para um barão. Além disso, é linda, charmosa e tem bons modos mesmo com suas roupas chumbregas.”Felícia se surpreendeu, sentindo-se especial com as declarações do marido. Soltou um leve sorriso com uma doce expressão na face. Ele continuou a lisonjeá-la:“Fico observando a forma como você se comporta. O jeito de andar, de falar, de sentar, de comer... Essas jabuticabas, por exemplo, você colheu, lavou
Como em todos os domingos, a família partiu para a missa na igreja matriz de Santa Rita. Nesse dia, também era o batizado da filha de Catarina. Pela manhã, enquanto Felícia e o marido se arrumavam, ela escolhia uma roupa com desgosto. Esvaziou o guarda-roupa e não se agradou com nenhuma. “O que está procurando? Já estamos saindo.”“Não encontrei uma roupa ideal para sair”, ela comentou triste e aborrecida.“Tantas roupas aí e você reclamando.”“Tudo feia e sem graça.”“Escolha qualquer uma, na próxima semana iremos para a capital e compro as roupas que você desejar.”Ela vestiu uma calça jeans e uma camiseta branca de renda com forro branco de seda.Felícia viu a oportunidade de levar o dinheiro que pegou do cofre do marido para Dolores, sua antiga empregada, entregar para sua mãe.Ela colocou os dois bolos de dinheiro em um saco de papel, enfiou no fundo da bolsa e partiu tensa e receosa com a família para a cidade, sentada ao lado do marido em seu Monza.Ao chegar na igr