Felícia travou, engoliu em seco e perguntou após um breve suspense: “O que você leu?” “Porque está tão abalada? Tem algum segredo no seu diário que eu não deveria saber?” “Sim, tenho segredos que não te dizem respeito.” “Depois conversamos sobre seus segredos, agora faça as malas.” Felícia o ignorou, pegando sua mala no armário. Raul a deixou e foi para o seu quarto também fazer suas malas. Ela desceu e encontrou o marido conversando com a mãe tomando um café na cozinha. “Estou pronta!” “Então vamos.” Eles se despediram de Dona Quitéria e dos empregados. Raul ligou seu Monza preto e partiu enigmático, sem dizer nada até metade do caminho. Ela o interrompeu perguntando: “Onde está o meu diário?” “Está muito bem guardado, não se preocupe.” “Você leu tudo?” “Sim.” Ela sentiu calafrios, soltou um profundo suspiro e fez silêncio. Ele, sem resistir, interrogou-a: “Quer dizer que você gostava daquele imbecil?” Ela respondeu, sem hesitar e com sinceridade: “Sim e ainda
Ele saiu com sua pasta, deixando a mulher pensativa. Ela avaliava a postura e o comportamento do homem após descobrir o segredo em seu diário. Felícia permaneceu no quarto assistindo tv até adormecer. Ela acordou três horas depois e procurou o marido, ele não tinha voltado. Ela colocou um vestido e um cardigan vermelho de tricô, penteou o cabelo e desceu para procurá-lo. Criou coragem e arriscou entrar no elevador. Acertou o botão do térreo e procurou o espaço de reuniões do hotel que Raul havia comentado. Porém aquele espaço estava fechado. Já era quase meia-noite. Felícia vagou por aquele imenso hotel com paredes de mármore e colunas espalhadas. Ela também observava o visual estiloso dos outros hóspedes, tudo era fascinante. Admirava as vestimentas modernas e saltos enormes das mulheres que entravam e saiam do local. Aproximou-se de um restaurante que estava fechado, andou por um corredor extenso e entrou no espaço barulhento. Virou à esquerda e desceu alguns degraus. Era o
Raul estremeceu de susto, seus olhos escureceram, levantou-se enfurecido e jogou violentamente a mesa de café para longe. Como uma fera, dirigiu-se até a mulher. Ele a puxou pelos braços e a sacudiu, vociferando: “Está louca?! Não me faça perder a paciência com você, sua rabugenta selvagem.” Ela inclinou a cabeça e chorou quando escutou a palavra selvagem, pois era exatamente assim que se sentia naquele lugar. Ele a prendia com truculência à parede enquanto sibilava, enfatizando cada palavra: “Nunca mais te trago comigo.” “Me solta!” Ele continuou a segurá-la, exprimindo com a voz carregada de furor: “O que você quer? Que tenhamos um casamento feliz depois de tudo que aconteceu?” Ela respondeu enfezada: “Eu quero o desquite! Não quero continuar casada com você.” Raul a soltou surpreso. “É isso mesmo que quer?” “Sim!” “E acha que vai conseguir se livrar de mim fácil assim?” “Eu não sou sua escrava, não sou obrigada a viver com você.” Ela pegou sua mala e caminhou
De imediato, desceu até a recepção do hotel, pediu o telefone emprestado e ligou para o seu fornecedor cancelando a reunião. Em seguida, desceu até o estacionamento, manobrou seu carro e dirigiu em alta velocidade, retornando atordoado à casa da tia de sua esposa. Ele bateu ligeiramente na porta. Dona Amália atendeu, preocupada quando viu que era o marido da sobrinha. “Boa tarde, engenheiro! Aconteceu alguma coisa?” “Boa tarde, Dona Amália! Preciso falar com minha esposa, ela se encontra?” “Claro que se encontra, você deixou ela aqui hoje.” Ele suspirou aliviado com as mãos na cintura. “Entre, vou chamá-la.” Felícia desceu desconfiada e suspeitando o motivo da visita inusitada do marido. “O que houve? O que procura?” “Preciso falar com você, venha.” Eles se dirigiram até o jardim da frente. “Felícia, preciso saber se você pegou dinheiro na minha mala.” Ela esforçou o cenho demostrando surpresa, logo revelando aborrecida: “Agora vai me acusar de ladra? Acha mesmo que s
Felícia respondeu toda jogada, quase deitada no banco do carro: “Estou feliz!” “Posso saber o porquê?” “Não vou precisar aturar a chata da sua irmã, Catarina. Ainda bem que ela casou e foi morar bem longe. Tomara que leve aquela megera da amiga para morar com ela e o marido.” Conforme a mulher conversava, Raul observa suas pernas grossas expostas. “Nunca te vi com esse vestido. De onde tirou essa peça de roupa tão extravagante?” Ela respondeu ligeiro: “Ganhei da minha tia.” Na verdade, ela havia comprado com o dinheiro que pegou escondido dele. “Quando chegarmos quero que arrume suas coisas e retorne para o nosso aposento. Sou um homem casado e preciso cumprir com minhas obrigações na cama.” “Você só pensa em sexo, não é mesmo? Parece que só meu corpo te interessa.” “Se isso fosse verdade eu não teria casado. Sairia com qualquer mulher e não teria uma exclusiva. E se eu só pensasse em sexo, não estaria quase um mês sem manter relações íntimas com você.” “Verdade
“Achei que já me conhecia o suficiente.” “Pelo menos tem algo útil para ajudar nos meus negócios. Venha acompanhar a tradução dos contratos e veja se encontra alguma divergência antes que eu assine.” “Não sou tão fluente assim.” “Não importa, fique aqui.” Felícia acompanhou o marido no meio dos homens. Ela sentou ao lado do tradutor e acompanhou a tradução. “Agradeço a parceria, Sr. Trajano. Nosso próximo encontro será na França, quando abrirmos nossa filial da marca de café.” “Com certeza estarei lá.” No final, acertaram todos os acordos e Raul fechou negócio com o investidor Fontaine. O empresário se despediu e voltou para a França com sua comitiva. “Se prepare, em breve irá para a França comigo.” Felícia se sentiu fascinada com a expectativa da viagem e correu para o quarto para ver suas roupas. Ela se entristeceu ao perceber que não tinha nada no nível de Camille Durant. [...] No domingo de manhã, Raul foi com a esposa, a mãe e a irmã Bibiana para a missa em S
Ele arregalou os olhos e perguntou: “Tem certeza?” “Sim.” Ele a beijou com carinho, colocando a mão sobre sua barriga. Acreditou piamente na história da esposa. “E agora, como iremos à Paris?”, ela perguntou. “Qual o problema? A gente viaja e pronto. Você vai de avião, não de jumento.” Ela não teve outra alternativa a não ser criar uma falsa gravidez para convencê-lo a ajudar a família. No desespero, também parou de tomar pílula e não queria viajar depois de descobrir a situação precária da família. “Não fale nada da gravidez ainda para sua família, espere voltamos de Paris”, sugeriu ela. “Tudo bem, também acho melhor assim.” Eles viajaram para a capital e permaneceram uma semana por lá. Dessa vez, Raul deu atenção à mulher e lhe comprou roupas de frio. Depois, viajaram para França e desembarcaram em Paris em uma viagem à negócios. Lá, Raul levou Felícia às melhores lojas de Paris e comprou joias para presentear a mãe de seu filho. Ele lhe deu um delicado colar com pe
Felícia chamou a atenção de todos no local. Estava deslumbrante, parecendo uma típica mulher francesa. Ela olhava ao redor atenta à procura do marido. Raul, sentado em uma mesa no canto, cercado por pessoas elegantes, ficou paralisado com a ousadia da mulher. Os homens não tiravam os olhos dela. Ele pediu licença e se dirigiu em sua direção, colocou a mão na cintura dela e cochichou em seu ouvido: “O que faz aqui? O que deu na sua cabeça, ficou louca?” “Vim jantar, você prometeu que iria jantar comigo hoje à noite.” “Porque não esperou no quarto?” “Você demorou, eu estava com muita fome.” Para não chamar atenção e nem ser deselegante, ele a conduziu até a mesa que estava com os investidores, que a cumprimentaram. Raul se encarregou de finalizar a reunião. Os investidores se retiraram e ele solicitou a comida. “Você quer chamar a atenção de quem com esse vestido?” “De ninguém. Estou em Paris e todas as mulheres se vestem assim aqui, não reparou?” Eles discutiam e