De imediato, desceu até a recepção do hotel, pediu o telefone emprestado e ligou para o seu fornecedor cancelando a reunião. Em seguida, desceu até o estacionamento, manobrou seu carro e dirigiu em alta velocidade, retornando atordoado à casa da tia de sua esposa. Ele bateu ligeiramente na porta. Dona Amália atendeu, preocupada quando viu que era o marido da sobrinha. “Boa tarde, engenheiro! Aconteceu alguma coisa?” “Boa tarde, Dona Amália! Preciso falar com minha esposa, ela se encontra?” “Claro que se encontra, você deixou ela aqui hoje.” Ele suspirou aliviado com as mãos na cintura. “Entre, vou chamá-la.” Felícia desceu desconfiada e suspeitando o motivo da visita inusitada do marido. “O que houve? O que procura?” “Preciso falar com você, venha.” Eles se dirigiram até o jardim da frente. “Felícia, preciso saber se você pegou dinheiro na minha mala.” Ela esforçou o cenho demostrando surpresa, logo revelando aborrecida: “Agora vai me acusar de ladra? Acha mesmo que s
Felícia respondeu toda jogada, quase deitada no banco do carro: “Estou feliz!” “Posso saber o porquê?” “Não vou precisar aturar a chata da sua irmã, Catarina. Ainda bem que ela casou e foi morar bem longe. Tomara que leve aquela megera da amiga para morar com ela e o marido.” Conforme a mulher conversava, Raul observa suas pernas grossas expostas. “Nunca te vi com esse vestido. De onde tirou essa peça de roupa tão extravagante?” Ela respondeu ligeiro: “Ganhei da minha tia.” Na verdade, ela havia comprado com o dinheiro que pegou escondido dele. “Quando chegarmos quero que arrume suas coisas e retorne para o nosso aposento. Sou um homem casado e preciso cumprir com minhas obrigações na cama.” “Você só pensa em sexo, não é mesmo? Parece que só meu corpo te interessa.” “Se isso fosse verdade eu não teria casado. Sairia com qualquer mulher e não teria uma exclusiva. E se eu só pensasse em sexo, não estaria quase um mês sem manter relações íntimas com você.” “Verdade
“Achei que já me conhecia o suficiente.” “Pelo menos tem algo útil para ajudar nos meus negócios. Venha acompanhar a tradução dos contratos e veja se encontra alguma divergência antes que eu assine.” “Não sou tão fluente assim.” “Não importa, fique aqui.” Felícia acompanhou o marido no meio dos homens. Ela sentou ao lado do tradutor e acompanhou a tradução. “Agradeço a parceria, Sr. Trajano. Nosso próximo encontro será na França, quando abrirmos nossa filial da marca de café.” “Com certeza estarei lá.” No final, acertaram todos os acordos e Raul fechou negócio com o investidor Fontaine. O empresário se despediu e voltou para a França com sua comitiva. “Se prepare, em breve irá para a França comigo.” Felícia se sentiu fascinada com a expectativa da viagem e correu para o quarto para ver suas roupas. Ela se entristeceu ao perceber que não tinha nada no nível de Camille Durant. [...] No domingo de manhã, Raul foi com a esposa, a mãe e a irmã Bibiana para a missa em S
Ele arregalou os olhos e perguntou: “Tem certeza?” “Sim.” Ele a beijou com carinho, colocando a mão sobre sua barriga. Acreditou piamente na história da esposa. “E agora, como iremos à Paris?”, ela perguntou. “Qual o problema? A gente viaja e pronto. Você vai de avião, não de jumento.” Ela não teve outra alternativa a não ser criar uma falsa gravidez para convencê-lo a ajudar a família. No desespero, também parou de tomar pílula e não queria viajar depois de descobrir a situação precária da família. “Não fale nada da gravidez ainda para sua família, espere voltamos de Paris”, sugeriu ela. “Tudo bem, também acho melhor assim.” Eles viajaram para a capital e permaneceram uma semana por lá. Dessa vez, Raul deu atenção à mulher e lhe comprou roupas de frio. Depois, viajaram para França e desembarcaram em Paris em uma viagem à negócios. Lá, Raul levou Felícia às melhores lojas de Paris e comprou joias para presentear a mãe de seu filho. Ele lhe deu um delicado colar com pe
Felícia chamou a atenção de todos no local. Estava deslumbrante, parecendo uma típica mulher francesa. Ela olhava ao redor atenta à procura do marido. Raul, sentado em uma mesa no canto, cercado por pessoas elegantes, ficou paralisado com a ousadia da mulher. Os homens não tiravam os olhos dela. Ele pediu licença e se dirigiu em sua direção, colocou a mão na cintura dela e cochichou em seu ouvido: “O que faz aqui? O que deu na sua cabeça, ficou louca?” “Vim jantar, você prometeu que iria jantar comigo hoje à noite.” “Porque não esperou no quarto?” “Você demorou, eu estava com muita fome.” Para não chamar atenção e nem ser deselegante, ele a conduziu até a mesa que estava com os investidores, que a cumprimentaram. Raul se encarregou de finalizar a reunião. Os investidores se retiraram e ele solicitou a comida. “Você quer chamar a atenção de quem com esse vestido?” “De ninguém. Estou em Paris e todas as mulheres se vestem assim aqui, não reparou?” Eles discutiam e
“Por gentileza, preciso falar com a senhorita Ludmila.” “Quem é você? O que você quer com a minha filha? Por acaso é o pai do filho dela?” “Não senhora, só preciso falar com ela.” Ludmila apareceu com uma barriga de sete meses. “O que você quer, Vicente?” “Meu patrão está ali dentro da caminhonete, ele está esperando você para conversar. Vá e entre discretamente, aproveite que não tem ninguém na rua.” Ludmila colocou seu cardigan e seguiu as ordens do homem, saiu de casa e entrou na caminhonete. Sem dizer nada, ele deu partida e dirigiu em alta velocidade, conduzindo a caminhonete para fora da cidade. Por fim, estacionou em uma estrada de chão. Ele mirou a barriga enorme dela e perguntou: “É verdade que essa criança é meu filho?” “Sim, Raul, é verdade.” “Então por que mentiu para mim naquela noite? Você falou que não aconteceu nada entre a gente.” Ela gaguejou nervosa e disse: “Desculpe, eu menti.” “Por que você fez isso, Ludmila? Eu sou casado. O que vai ser de mim?
Ela escondeu o dinheiro, pensando em um plano para entregá-lo à família. Quando o marido voltou do campo, ela o cercou enquanto ele lavava as mãos e, mais uma vez, insistiu: “Raul, preciso visitar minha família.” “Iremos em breve, tenha paciência. Ando muito ocupado, você sabe.” Felícia deu um suspiro de preocupação, imaginando os perrengues que a sua família estava passando em consequência da seca. Ela mexia sem ânimo no prato, sem apreciar o delicioso jantar. Observava a fartura exposta na mesa e ouvia a família do marido exibir histórias de vanglória e vaidade. Antes mesmo de finalizar a refeição, ela saiu triste e desanimada. Estava vivendo razoavelmente bem enquanto a família vivia na miséria. Ela sempre teve uma vida boa na fazenda de seu pai e se perguntava como sua família caiu em uma decadência tão cruel. À noite, Raul entrou no quarto e ela já estava deitada, mas não dormia. Seus cabelos castanhos, longos e sedosos se esparramavam pela cama. Ele a obse
Com o notável prestígio que Raul vinha conquistando, ele recebeu um convite de honra da câmara dos vereadores de Santa Rita para ser homenageado. Na segunda-feira, ele voltou de Santa Rita e contou para a mãe, porém esqueceu de falar para a mulher. A homenagem seria na quarta-feira. Raul continuou ocupado com os seus trabalhos. Na terça-feira, Dona Quitéria e as filhas saíram para a capital comprar roupas novas para a ocasião. Elas voltaram com várias sacolas, unhas e cabelos feitos. No outro dia, enquanto todos se arrumavam, Felícia perguntou para Iolanda: “Onde todos estão indo tão bem arrumados?” “Você não está sabendo?” “Não, sabendo o quê?” “Hoje terá uma homenagem para o Barão na câmara de vereadores e todos estão se arrumando para a ocasião. A senhora não vai se arrumar também?” “Obrigada por me avisar, Iolanda.” Felícia se sentiu rejeitada e triste por ninguém ter contado sobre o evento. A todo momento, pensava em como se livrar daquele casamento e daquela f