Nuvens de tempestade se agruparam em torno do rosto de Brendan, quase instantaneamente. Então cravou os olhos no rosto de Deirdre, rosnando:― Por quanto tempo você vai agir como uma criança mimada!? ―A comoção convocou a Engel para fora da cozinha. Ao ver peças de cerâmica no centro de uma poça de sopa de abóbora, a governanta tratou logo de desescalar a situação.― Senhor Brighthall, por favor, me ouça! Dee nunca gostou de sopas de abóbora! Eu posso garantir isso! É por isso que fiz outra coisa para ela. Ela não está tentando dificultar as coisas para você, eu prometo! ―O rosto de Deirdre estava pálido e inflexível.― Você não precisa explicar nada para esse cabeça dura, Anna. Parece que, para ele, eu sempre estou errada! ― Ela ficou emburrada.Brendan fez uma careta. Sua paciência estava se esgotando.― É você quem está agindo como uma idiota petulante, desde que saiu do centro de detenção! ― ele trovejou. ― Se você não gosta de alguma coisa, haja como uma pessoa adulta! Ni
Terminando a refeição, Charlene começou a pensar: ‘Se tudo com o que Brendan se importa é com o filho que Deirdre carregava em seu ventre, o que aconteceria se eu também engravidasse?’ A mulher pensou muito sobre isso, enquanto saboreava o risoto e, quando terminou, levantou-se e foi tomar banho.No outro quarto, pronta para dormir, Deirdre se deitou de barriga para cima e, pela enorme janela aberta observou o céu ficar cada vez mais escuro. O sono chegou como uma cascata, mas um segundo depois que ela adormeceu, ouviu ruídos suaves vindos de sua varanda.Parecia que alguém tentava pular sua janela. Assustada, a jovem levantou o tronco, bem a tempo de ver uma figura massiva se aproximando e a envolvendo em um abraço tão apertado que era sufocante.Deirdre ficou perplexa e o choque espantou completamente seu sono. Então, finalmente conseguiu reclamar:― Você enlouqueceu? ―O primeiro andar não era tão alto, mas ainda era uma altura considerável para cair. O fato de esse homem deseq
Deirdre abriu os olhos com o barulho e congelou.Brendan também ouviu, mas nenhum dos dois se mexeu. Alguém batia na porta, mas não no quarto de Deirdre e sim no de Brendan. Não era preciso ser um gênio para imaginar quem poderia ser a nada misteriosa batedora, dado o horário tarde da noite.Um pouco depois, a confirmação veio espontaneamente.― Bren? Você está dormindo? ― Charlene insistiu.― E agora? ― Deirdre perguntou, em voz baixa. Brendan não poderia atender, pois estava no quarto de Deirdre. Se Charlene continuasse a bater, perceberia que não havia ninguém lá dentro. ― Você não deveria ter vindo aqui! ―― Vai ficar tudo bem ― Brendan respondeu calmamente, antes de acenar para Deirdre se aproximar.Charlene continuou batendo por um tempo, apesar de ninguém responder, e ela começou a resmungar consigo mesma. Brendan era famoso por ter sono leve e geralmente não dormia tão cedo. Mesmo que conseguisse dormir, todo aquele barulho que ela fazia deveria tê-lo acordado! Assim, por
Brendan beliscou a ponta do nariz como se estivesse tentando lutar contra o cansaço.― Acabei cochilando na banheira. Qual o problema de vocês duas? ―― Oh, não é nada ― Charlene sorriu. ― Eu estava apenas conversando com Deirdre. ―― Conversando, essa hora? ― rosnou Deirdre, claramente sem humor para jogar junto. ― Não estou com vontade de me envolver em conversas que apodrecem o cérebro, no meio de uma noite gelada. Charlene, porém, passou alguns bons cinco minutos batendo na sua porta, tentando acordar a casa toda. ― Antes que alguém respondesse, a jovem entrou no quarto e bateu a porta.Brendan voltou a atenção para Charlene. Seu rosto estava marcadamente desprovido de raiva, impaciência ou qualquer emoção. Ainda assim, sua atenção permaneceu no corpo da mulher, por muito mais tempo do que normalmente.― Você não está com frio? ― ele finalmente comentou.É claro que Charlene estava com frio, seu traje não cobria quase nada. Ela também não esperava que Brendan tomasse banho tã
Estranhamente, Charlene não estava nem um pouco irritada. Ela refutou Deirdre com um sorriso alegre:― Vou considerar o comportamento teimoso e Deirdre como um bom e velho desabafo e seguir em frente. ―Seu humor estava radiante e ensolarado. Ela se sentou ao lado da jovem e tomou o café da manhã, animada, até ouvir uma comoção do lado de fora.Para surpresa de Charlene, Madame Brighthall entrava com Brendan atrás dela.Ela se levantou.― Bren, é cedo! Por que você não está no escritório? ―Brendan lançou um olhar de advertência na direção de Charlene.Madame Brighthall ignorou a mulher e foi direto para Deirdre. Então, pegou a mão da jovem e a examinou, comentando:― Você parece bem, mas precisa ganhar mais uns quilinhos... ― Uma pontada atingiu Madame Brighthall. ― Aquela delegacia é apenas um viveiro de práticas desumanas! Como as pessoas que trabalham lá não te alimentaram melhor? Especialmente porque você está grávida! ―Uma onda de emoções tomou conta de Deirdre. Ela sab
Charlene se sentia um pouco orgulhosa da posição que ocupava. Afinal, enquanto Deirdre ficara relegada ao banco traseiro do automóvel, ela estava no passageiro. Isso significava algo sobre o status dela no coração de Brendan.Sendo a família da elite da cidade, a médica não ousou atrasar um segundo sequer e Deirdre foi atendida imediatamente após chegar. O exame correu bem e a criança se desenvolvia saudável. A doutora passou todas as recomendações para Deirdre, mas, quando saíram do consultório, Brendan se aproximou e fez algumas perguntas. Foi então que Charlene interveio:― Já dá para saber o sexo da criança? ―Como nem Deirdre, nem o magnata, tinham perguntado, a médica não tinha falado espontaneamente, afinal, cada família tem seu costume. Entretanto, como aquela mulher, que parecia ser próxima do casal, fez a pergunta de maneira direta, a obstetra não viu razão para esconder:― É uma menina. Vocês terão uma doce princesinha em breve ― respondeu, com naturalidade.Charlene de
Após a conversa privada, Deirdre e Madame Brighthall saíram da sala da maternidade, apenas para ver Brendan encostado na parede próxima com Charlene serpenteando o braço em volta dele.No passado, Brendan teria evitado qualquer tipo de contato físico. O fato de ela poder segurá-lo por tanto tempo era uma afirmação que Madame Brighthall não podia ignorar, e a deixa para sua expressão escurecer imediatamente, enquanto conduzia Deirdre para fora do caminho.Brendan e Charlene as seguiram de perto. Quando a matriarca e a jovem grávida estavam prestes a entrar no carro, Brendan disse:― Mãe, espere. Você e Deirdre vão voltar com Sam. Eu não pretendo ir para a mansão. ―Com a deixa, o segurança apareceu e abriu a porta do banco traseiro do carro ao lado.A mão da matriarca, que segurava a maçaneta da porta do veículo do magnata ficou congelada no mesmo lugar. Sua ira finalmente explodiu.― Dee acabou de fazer o pré-natal, Brendan! Para onde você vai se não vai ficar em casa com ela? ―
Charlene queria ignorar o telefone do magnata, mas uma olhada na tela a fez mudar de ideia e, com um sorriso sinistro no rosto, atendeu.A voz de Deirdre era tão fraca que parecia um murmúrio:― Quando você volta para casa, Brendan? Eu... estou tendo alguma dificuldade para respirar. Por favor, leve-me a um hospital. ―‘Dificuldade para respirar?’ Charlene riu para si mesma. ‘Deus, que desculpa patética essa vadia inventou. Deirdre age como se não se importasse, esperando que eu baixe a guarda para poder conquistar o coração de Brendan usando esse truque sujo. Que merda.’― Fico muito triste em te decepcionar, chuchu, mas sou eu. Infelizmente, Bren não está em condições de atender sua ligação. ―Houve silêncio do outro lado. Então, Deirdre falou friamente.― Por que ele não atendeu? O que ele está fazendo, ainda com você? ―― Bem... ― Charlene deu uma risada que valia mais do que mil palavras. ― Você realmente quer que eu soletre, o que estamos fazendo? ―― Onde está Brendan!?