Deirdre abriu os olhos com o barulho e congelou.Brendan também ouviu, mas nenhum dos dois se mexeu. Alguém batia na porta, mas não no quarto de Deirdre e sim no de Brendan. Não era preciso ser um gênio para imaginar quem poderia ser a nada misteriosa batedora, dado o horário tarde da noite.Um pouco depois, a confirmação veio espontaneamente.― Bren? Você está dormindo? ― Charlene insistiu.― E agora? ― Deirdre perguntou, em voz baixa. Brendan não poderia atender, pois estava no quarto de Deirdre. Se Charlene continuasse a bater, perceberia que não havia ninguém lá dentro. ― Você não deveria ter vindo aqui! ―― Vai ficar tudo bem ― Brendan respondeu calmamente, antes de acenar para Deirdre se aproximar.Charlene continuou batendo por um tempo, apesar de ninguém responder, e ela começou a resmungar consigo mesma. Brendan era famoso por ter sono leve e geralmente não dormia tão cedo. Mesmo que conseguisse dormir, todo aquele barulho que ela fazia deveria tê-lo acordado! Assim, por
Brendan beliscou a ponta do nariz como se estivesse tentando lutar contra o cansaço.― Acabei cochilando na banheira. Qual o problema de vocês duas? ―― Oh, não é nada ― Charlene sorriu. ― Eu estava apenas conversando com Deirdre. ―― Conversando, essa hora? ― rosnou Deirdre, claramente sem humor para jogar junto. ― Não estou com vontade de me envolver em conversas que apodrecem o cérebro, no meio de uma noite gelada. Charlene, porém, passou alguns bons cinco minutos batendo na sua porta, tentando acordar a casa toda. ― Antes que alguém respondesse, a jovem entrou no quarto e bateu a porta.Brendan voltou a atenção para Charlene. Seu rosto estava marcadamente desprovido de raiva, impaciência ou qualquer emoção. Ainda assim, sua atenção permaneceu no corpo da mulher, por muito mais tempo do que normalmente.― Você não está com frio? ― ele finalmente comentou.É claro que Charlene estava com frio, seu traje não cobria quase nada. Ela também não esperava que Brendan tomasse banho tã
Estranhamente, Charlene não estava nem um pouco irritada. Ela refutou Deirdre com um sorriso alegre:― Vou considerar o comportamento teimoso e Deirdre como um bom e velho desabafo e seguir em frente. ―Seu humor estava radiante e ensolarado. Ela se sentou ao lado da jovem e tomou o café da manhã, animada, até ouvir uma comoção do lado de fora.Para surpresa de Charlene, Madame Brighthall entrava com Brendan atrás dela.Ela se levantou.― Bren, é cedo! Por que você não está no escritório? ―Brendan lançou um olhar de advertência na direção de Charlene.Madame Brighthall ignorou a mulher e foi direto para Deirdre. Então, pegou a mão da jovem e a examinou, comentando:― Você parece bem, mas precisa ganhar mais uns quilinhos... ― Uma pontada atingiu Madame Brighthall. ― Aquela delegacia é apenas um viveiro de práticas desumanas! Como as pessoas que trabalham lá não te alimentaram melhor? Especialmente porque você está grávida! ―Uma onda de emoções tomou conta de Deirdre. Ela sab
Charlene se sentia um pouco orgulhosa da posição que ocupava. Afinal, enquanto Deirdre ficara relegada ao banco traseiro do automóvel, ela estava no passageiro. Isso significava algo sobre o status dela no coração de Brendan.Sendo a família da elite da cidade, a médica não ousou atrasar um segundo sequer e Deirdre foi atendida imediatamente após chegar. O exame correu bem e a criança se desenvolvia saudável. A doutora passou todas as recomendações para Deirdre, mas, quando saíram do consultório, Brendan se aproximou e fez algumas perguntas. Foi então que Charlene interveio:― Já dá para saber o sexo da criança? ―Como nem Deirdre, nem o magnata, tinham perguntado, a médica não tinha falado espontaneamente, afinal, cada família tem seu costume. Entretanto, como aquela mulher, que parecia ser próxima do casal, fez a pergunta de maneira direta, a obstetra não viu razão para esconder:― É uma menina. Vocês terão uma doce princesinha em breve ― respondeu, com naturalidade.Charlene de
Após a conversa privada, Deirdre e Madame Brighthall saíram da sala da maternidade, apenas para ver Brendan encostado na parede próxima com Charlene serpenteando o braço em volta dele.No passado, Brendan teria evitado qualquer tipo de contato físico. O fato de ela poder segurá-lo por tanto tempo era uma afirmação que Madame Brighthall não podia ignorar, e a deixa para sua expressão escurecer imediatamente, enquanto conduzia Deirdre para fora do caminho.Brendan e Charlene as seguiram de perto. Quando a matriarca e a jovem grávida estavam prestes a entrar no carro, Brendan disse:― Mãe, espere. Você e Deirdre vão voltar com Sam. Eu não pretendo ir para a mansão. ―Com a deixa, o segurança apareceu e abriu a porta do banco traseiro do carro ao lado.A mão da matriarca, que segurava a maçaneta da porta do veículo do magnata ficou congelada no mesmo lugar. Sua ira finalmente explodiu.― Dee acabou de fazer o pré-natal, Brendan! Para onde você vai se não vai ficar em casa com ela? ―
Charlene queria ignorar o telefone do magnata, mas uma olhada na tela a fez mudar de ideia e, com um sorriso sinistro no rosto, atendeu.A voz de Deirdre era tão fraca que parecia um murmúrio:― Quando você volta para casa, Brendan? Eu... estou tendo alguma dificuldade para respirar. Por favor, leve-me a um hospital. ―‘Dificuldade para respirar?’ Charlene riu para si mesma. ‘Deus, que desculpa patética essa vadia inventou. Deirdre age como se não se importasse, esperando que eu baixe a guarda para poder conquistar o coração de Brendan usando esse truque sujo. Que merda.’― Fico muito triste em te decepcionar, chuchu, mas sou eu. Infelizmente, Bren não está em condições de atender sua ligação. ―Houve silêncio do outro lado. Então, Deirdre falou friamente.― Por que ele não atendeu? O que ele está fazendo, ainda com você? ―― Bem... ― Charlene deu uma risada que valia mais do que mil palavras. ― Você realmente quer que eu soletre, o que estamos fazendo? ―― Onde está Brendan!?
‘Então, a dondoca está no Hospital de Neve?’ Charlene abriu as cortinas, revelando o prédio bem em frente ao bar em que estavam hospedados. ‘Mas, que coincidência! Como eu poderia perder essa chance de foder Deirdre um pouquinho mais?’Sem responder Engel, Charlene desligou a ligação e decidiu mandar uma mensagem, fingindo ser o magnata:“Estou no hotel em cima do Nyx’s Pub. Bebi demais ontem à noite. Estou com dor de estômago. Se houver algum remédio de alívio, por favor, traga um pouco para mim. Acho que é hora de conversarmos.”Depois de garantir que o endereço estava correto, Charlene enviou a localização para o número de Engel e excluiu todo o histórico de conversas e mensagens de texto de Brendan.Então, colocou o telefone de volta onde estava.Acompanhando pela janela, observou a governanta e Deirdre saindo do hospital.Enquanto isso, a porta do banheiro se abriu e Brendan emergiu com o cabelo preto molhado e desgrenhado. O empresário vestia a mesma camisa do dia anterior
― Você está insinuando que ter enchido a cara é justificativa para não cuidar de uma mulher grávida!? Me poupe! ― Engel se irritou. ― E este é um assunto entre o senhor Brighthall e a mãe do filho dele! Não é da sua conta! ―― Senhora Engel, você se esqueceu para quem trabalha? ― disse Brendan, com a voz perigosamente baixa. ― Não me faça ouvir isso de novo. ―A governanta congelou, sem saber como reagir.Deirdre apertou os dedos com tanta força que as unhas ficaram brancas. Então levantou a cabeça.― E daí se é você quem paga o salário dela, hein? Só porque você é o dono do mundo acha que todo mundo tem que aceitar seu disparates de cabeça baixa e se fingir de mudo? ―As sobrancelhas de Brendan franziram e Charlene riu. ‘Deirdre, sua vadia insolente e estúpida. Você acha que Brendan vai deixar você ir, depois de responder assim a ele?’Charlene previu a reação de Brendan. Uma camada de gelo cobriu o rosto do magnata quando ele disse friamente:― Eu não acho. É assim que o mundo