Deirdre tinha sido pega de surpresa, afinal, seu motivo para devolver o casaco não era aquele. Ela ao menos tinha pensado naquilo, mas antes, que pudesse se explicar melhor, um novo vendaval os atingiu. As cidades litorâneas não eram estranhas aos ventos fortes e gelados. A jornada deles tinha apenas alguns quarteirões, mas parecia que eles haviam perdido metade do calor do corpo em menos da metade do caminho.O corpo da jovem estremeceu por conta própria e Brendan sentiu o arrepio seu braço. Então, puxou-a ainda mais para perto de seu peito e tranquilizou:― Falta só mais um quarteirão. ―Eles enfrentaram o clima e foi como a garçonete tinha previsto, a chuva voltou a ficar mais forte. Se tivessem optado por ficar dentro do restaurante, não teriam podido sair.O guarda-chuva fez um péssimo trabalho em manter os corpos secos. Quando chegaram ao carro, Deirdre estava molhada. Mas, a primeira coisa que Brendan fez, depois de entrar no veículo, foi ligar o aquecedor e, logo em seguida
A porta se abriu e Brendan entrou.Seus pés se arrastaram até uma parada abrupta, levando Deirdre a perguntar:― O que foi? ―O homem se virou, respondendo:― Nada. ―O quarto para casais certamente tinha uma decoração... instigante. A iluminação era sugestivamente suave. Havia um cheiro distinto no ar. O ambiente era óbvio para qualquer adulto normal. Como cortesia do hotel, roupas de um tipo específico foram colocadas na cama.Brendan não conseguia imaginar como Deirdre ficaria se ela usasse aquilo. Sem perceber o tipo de ambiente em que estava, a jovem entrou no quarto enquanto perguntava: ― Quantas camas há? ― Já era ruim o suficiente ficar presa em um quarto com o monstro. Ela teria que sofrer a dor de compartilhar a mesma cama também!? Entretanto, quando as coisas podiam piorar, eles costumavam piorar. A resposta de Brendan foi a prova disso.― Só tem uma. ―Deirdre agarrou a roupa em volta do peito, enquanto apertava. Ela sentiu a compulsão de lembrá-lo:― Não esqu
Brendan estava possuído e seus beijos queimavam como uma marca de ferro em brasa, demarcando o que era dele.Deirdre sabia que não conseguiria escapar, então... parou completamente de lutar. Apenas virou a cabeça para longe dele, enquanto uma lágrima escapou de seu olho e desapareceu no lençol. Desgosto encheu seus olhos, quando disse, em uma voz neutra:― Seja rápido. Então, amanhã de manhã, vamos pedir o divórcio, o mais cedo possível. Depois disso, nunca mais mostre sua cara nojenta na minha frente. ―Era como se tivesse derramado um balde de água gelada em cima do monstro e qualquer desejo que sentia foi subitamente apagado. Então, Brendan parou e a mulher abaixo dele entrou em seu foco.Eles estavam com os corpos colados e nem as roupas os separavam completamente. Entretanto, a distância entre eles era tão inescalável que não havia nada que ele pudesse fazer para atravessá-la. O desgosto e o desespero dela eram tão avassaladores que Brendan não conseguia nem se enganar e ignor
Por um momento, Deirdre até pensou que estava tocando um bloco de gelo e isso a fez perceber o que poderia ter acontecido. Alarmada, tentou sacudir Brendan para acordar o homem, enquanto falava, quase gritando:― Brendan Brighthall, acorde! Agora! ―Ele respondeu com um gemido doloroso e a jovem tocou seu rosto. Estava febril. Não, era mais que isso. O homem ardia em febre e já estava semiconsciente. Se ela o largasse ali, o pior poderia muito bem acontecer.Deirdre sentiu como se sua mente estivesse em branco. Levou um esforço para sair do pânico e tatear o caminho para fora do cômodo. Ela finalmente sentiu a porta de seu vizinho e a abriu.Um estranho abriu e murmurou algo, com notável aborrecimento.― Me desculpa! Não quero incomodar, mas sou cega e preciso de sua ajuda. Meu amigo está com uma febre terrível. Você pode me ajudar a ligar para a recepção, para que eles enviem um funcionário para o nosso quarto? ―Poucas pessoas poderiam se recusar a ajudar uma pessoa em necessid
A febre de Brendan havia levantado uma névoa cerebral e o homem começou a envolver os braços em volta da cintura de Deirdre enquanto um sorriso fácil e alegre surgia em seu rosto. Ele estava livre e não precisava mais fingir ser um bastardo de terno.― Estou com fome. ― Ele murmurou entre suspiros ofegantes. ― Você pode me fazer outro espaguete vegetariano, como da última vez que você me fez? Foi tão bom! Eu sinto falta. ―O rosto de Deirdre ficou branco. O que ele quis dizer com 'a última vez?' Desde quando ela fazia algo assim para ele? A última vez que ela fez isso foi há dois anos! Por que Brendan se importaria com aquilo, do nada? E a maneira como ele se dirigia a ela, o tom que usava, por que parecia tão familiar?Deirdre sentiu todo o corpo tremer. Seus olhos pareciam estar tremendo nas órbitas. A figura de um homem surgiu em sua mente, contra seus desejos mais profundos... Mas aquilo era impossível. Simplesmente ridículo. Absurdo.Ela mordeu os lábios para manter a calma. N
A indiferença esmagou a tempestade emocional que ele mesmo havia criado em Deirdre. Fechando os punhos, ela se esforçou para suprimir a vontade de não soltar a mão no rosto de Brendan.― Sua consciência? Depois de todos os pecados que você cometeu? Depois de todas as vidas que você arruinou? E tudo o que você consegue é sua consciência fraca queimando um buraco em sua alma inexistente!? Sua consciência não vale nada! ―Havia algo ilegível e nebuloso nos olhos negros de Brendan, mas ele conseguiu manter a língua cáustica guardada dentro da boca.― Tudo isso é passado, então você pode parar de falar sobre isso? O que você quer que eu faça? Rale meus joelhos. implorando por perdão? Cresça! ―― Crescer? ― Deirdre quase podia ver manchas pretas dançando diante de seus olhos de tanta raiva. Ela não pôde deixar de zombar. ― Acho que você está certo. Eu preciso crescer e parar de ser tão ingênua. Como eu poderia exigir que o grande e poderoso Brighthall implorasse pelo meu perdão? Como eu
Segurando o celular contra o ouvido, era como se Deirdre tivesse submergido em água gelada.Não obtendo nenhuma resposta, a voz continuou:― Bren? Você está aí? ―Ainda gentil e amigável como sempre. A única coisa que mudava em seu tom era o leve toque de confusão causado pelo silêncio prolongado de Deirdre. Ela sentiu como se seu peito tivesse explodido e seus olhos estavam vermelhos, enquanto continha as lágrimas.Era Declan. Aquela voz, sem dúvidas, era a voz de seu amigo, Declan.Na primeira vez que falou, Deirdre pensou ter confundido a voz dele com a de outra pessoa, mas a segunda vez dissipou qualquer incerteza. Seu cérebro deu um branco e, em um ataque de ansiedade, a jovem acidentalmente deslizou a tela e fez com que a ligação fosse encerrada.O aquecedor ainda funcionava com força total, mas a jovem sentiu seu corpo devastado por solavancos de frio. Seus dentes batiam e, agachada, sentia como se um ninho de vespas voasse no interior de seu crânio, tamanho era o zumbido.
― Eu sei que o chamei de Bren, mas foi apenas um estratagema para cair nas boas graças dele. Acontece quando você realmente precisa da ajuda de alguém. Antes de pedir um favor, você não pode soar como um desgraçado arrogante. Você se lembra do que eu disse agora, certo? Eu perguntei se ele ainda guarda rancor de mim. Esse é realmente o cerne da nossa discordância. Eu odiava sua coragem, então eu saí. Não tentei me explicar ou resolver qualquer conflito entre nós, o que o deixou ainda mais ressentido comigo. Eu até pensei que ele tinha desligado na minha cara porque se recusou a me ajudar. ―Deirdre estava pregada em seu lugar. Ela se lembrava das palavras que Declan havia usado. Se ela estivesse certa sobre o relacionamento de Brendan e Declan, então o último não teria dito algo como ‘você ainda guarda rancor’, não é? Por isso, sua expressão relaxou. Pressionando os lábios com força, ela perguntou:― Então ... você está em apuros, hein? ―― Sim. ―― É muito sério? ― perguntou Deird