A idosa não conseguia encontrar argumentos para fugir daquela situação, afinal, o que Deirdre e Eilis falavam era irrefutável. Então, começou a se desesperar:― P-Por que vocês... — De repente, um ritmo constante de passos se aproximou deles e o tom jocoso de Declan King soou:― Uau! O que está acontecendo aqui? Vocês estão dando uma festa e nem me chamaram? ― Deirdre cerrou os punhos, instintivamente. Ela não podia deixar de ficar preocupada. Kyran não poderia estar com ele, certo? Se ele estivesse Bobby poderia repentinamente mudar de alvo e culpar Kyran. Então, como o homem era mudo, a senhora Boebert o chantagearia ainda mais, afinal, ele não poderia rebater Para alívio de Deirdre, Declan acrescentou:― O que está acontecendo? Por que todo mundo parece tão tenso? É porque eu estou invadindo a festa ou algo assim? ― Ele disse 'eu', não 'nós'. Declan estava sozinho desta vez. Mas, a idosa havia aproveitado a chance de escapar da briga com Bobby a reboque. Talvez ela es
Mas, a jovem não sentia que tivesse aceitado o convite por ser algum tipo de santa querendo mostrar virtudes. Definitivamente não era pela compaixão que sentia por todos que, como ela, tinham alguma deficiência. Ela só aceitou entrar na festa como forma de agradecimento. Sim, definitivamente como forma de agradecimento pelas duas vezes em que Kyran a ajudou. Deirdre recebeu a ligação de Tobey assim que saiu do veículo. Parada na calçada, não pôde deixar de notar o cansaço na voz do rapaz, por mais gentil que ele fosse:― Você vai ao jantar de hoje à noite com minha mãe, Dee? ― Deirdre não ficou surpresa por ele saber, afinal, Madame Russell deveria ter contado:― Sim, sim. ― ― Ah, ótimo. Tenha cuidado por favor. Não beba. Se bem me lembro, você não é exatamente uma boa bebedora. Basta dizer a eles que você é alérgica ao álcool e eles definitivamente a deixarão em paz ― Tobey brincou. ― Vá para casa assim que acabar, por favor. ― — Eu sei, Toby. Eu sei. ― Ela gorjeou. Sua
As escadas provaram ser um pouco chiques demais. Às vezes era uma plataforma larga e plana. Às vezes, tinha uma série de degraus estreitos. E isso sem contar as voltas e curvas também! Deirdre não tinha esperança contra a estética imprevisível da escada. Ela finalmente calculou mal e errou o passo. Mas, antes de cair, porém, sentiu uma mão firme segurando-a com força, pela cintura. Era quente e forte, e ajudou-a a recuperar o equilíbrio. Deirdre soube imediatamente que pertencia a Kyran. Eilis entrou em pânico tanto que seu rosto ficou branco. Ela apenas suspirou de alívio quando viu que Deirdre estava bem. Batendo no peito, ela exclamou, soltando o ar:― Graças a Deus você está aqui, senhor Reed! Muito obrigada! Ela poderia ter se machucado seriamente se caísse daqui! ― Declan riu.― Bem, não é como se Kyran fosse famoso por ser seriamente meticuloso e observador... Ou que ele estivesse guardando silenciosamente um vacilo da jovem... Ou que ele se preparasse para pegá-la n
Um dos vizinhos superestimou a intimidade que tinha com Deirdre e, de forma indelicada, enfiou um copo de cerveja na mão da jovem:― Vamos! Vamos fazer um brinde. Se o turismo da colina crescer e construirmos algum tipo de resort, Alnwick ficará famoso! Por isso, vamos comemorar! ― Deirdre foi colocada em uma situação embaraçosa porque não queria beber e, como Eilis não estava por perto, Deirdre hesitou. Demorou um pouco antes que ela finalmente decidisse perguntar:― Sinto muito. eu não posso beber. Posso substituir a cerveja por chá? ― ― Substituir a cerveja por chá? ― O homem fez uma careta ao insistir: ― Como você pode não querer beber depois de ter ficado longe por tanto tempo? Você está tentando me desprezar? Acha que ficou superior a mim, por ter morado longe? ― ― Não, eu não quis dizer isso! ― ― Para que criar confusão por tão pouco? ― perguntou Archie. ― Do que você tem medo? É apenas meio copo de cerveja. Além disso, ninguém iria abusar de você se você estivesse
Deirdre pegou o bolo com um guardanapo. Mas, quando estava prestes a colocar na boca, uma força repentina atingiu sua mão, fazendo seu coração bater mais forte e o bolo rolar para o chão. Madame Russell ficou estupefata.― Qual é o problema? ― Kyran não disse nada, enquanto, retirava os pratos com o bolo de perto. Entretanto, por mais que tivesse sido um incidente pequeno, a comoção acabou atraindo a atenção das pessoas mais próximas. ― O que está acontecendo? ― perguntou alguém. Até Deirdre ficou perplexa. Era óbvio que Kyran não queria que ela comesse aquele bolo, mas ela não entendia o porquê. Mas, um sentimento inexplicável de suspeita brotou do fundo de seu coração. Todos fizeram caretas com o acontecimento e, brincando, disseram que Kyran amava tanto aquele bolo que levou para longe, para comer tudo sozinho. ― Nah, você acha que o senhor Reed é como você? ― Um homem zombou. ― Você viu o relógio no pulso dele? É um relógio que custa uma nota preta. Como uma pess
No final do jantar na casa de Madame Brighthall, Deirdre subiu para seu quarto e vasculhou a bolsa, em busca de seu remédio para alergia, enquanto suportava um crescente desconforto. No entanto, não havia levado o remédio porque nunca comia amendoim. Portanto, só podia suportar a náusea e a tontura. Enquanto estava deitada na cama, sentindo dor. Mesmo naquele momento, teve medo de ser vista por Madame Brighthall e se cobriu com um cobertor. Entretanto, ouviu o som da porta se abrindo e a voz desgostosa de Brendan, que acompanhara o ato. ― Deirdre, você acha que eu trouxe você aqui para descansar? Saia já da cama! ― Vendo que Deirdre não respondia, ele levantou o cobertor com um gesto rude e viu que a pele da jovem estava coberta de erupções cutâneas. Ela estava deitada enrolada, ofegando como se estivesse à beira da morte. ― Que merda é essa! ― Brandan ficou chocado. Então, largou o cobertor e agarrou o ombro de Deirdre, enquanto dizia, com pânico nos olhos: ― O que está
A resposta era óbvia para Deirdre. Caso contrário, o ato de Kyran de bater em sua mão para derrubar a fatia e retirar todo o bolo de amendoim da mesa não fazia sentido algum. No entanto, ela não conseguia explicar por que Brendan ficaria ao seu lado como um estranho e não faria mais nada... Portanto, ainda no banheiro, lavou as mãos várias vezes até ficar calma e sentir a gastrite emocional incomodar menos. Então, secou as mãos e o rosto, suspirou, buscando paz de espírito e saiu.Mas, assim que deixou o banheiro, reconheceu a voz do líder da comunidade, que a chamava:— Deirdre, o que você está fazendo aqui? ― ― Estou aqui para descansar um pouco. ― ― Sério? ― O chefe da aldeia ponderou. ― De qualquer forma, é ótimo que você esteja aqui. Tenho me perguntado como conseguiria conversar com você em particular. ― Ao ouvir o tom do homem, Deirdre teve um palpite de que algo estava errado. Ela fez uma pausa antes de perguntar:― O que aconteceu? ― ― Você discutiu com a se
Entretanto, Deirdre era cega e Kyran era mudo. Portanto, o julgamento superficial não funcionaria. Com isso na cabeça, quando as duas voltaram para Alnwick, virou para Madame Russell e perguntou:― Tia, como é o Kyran? ― ― Por quê? ― Eilis se assustou, como se sua futura nora fosse levada embora. Depois disso, ela suspirou resignada. ― Bem, eu não posso impedir você de ficar junto do homem, se você quiser, de qualquer maneira. Embora eu saiba que vou sentir sua falta, posso ver que ele é realmente bom para você. ― ― Não, apenas sinto que ele é muito parecido com alguém que conheci ― explicou Deirdre. Ela não esperava que Eilis a entendesse mal. ― Você acha que já conhece ele? ― Eilis estava estendendo o cobertor na cama e não conseguiu entender o que Deirdre queria dizer. ― O que você quer dizer? Por que ele não lhe contaria nada se fosse alguém que você conhece? ― ― Talvez tenha passado tanto tempo que ele se esqueceu. Mas preciso confirmar se ele é quem eu imagino, porque