― Fique à vontade! ― Deirdre assentiu.Tobey saiu, mas voltou depois de um curto período de tempo. ― Deirdre. ― Ele parecia ansioso e severo, como a jovem nunca tinha visto. ― Tenho que voltar para a empresa imediatamente. ― ― Aconteceu algo ruim? ― Tobey soltou um suspiro de agitação.― Um dos projetos que estou lidando começou a enfrentar alguns problemas, então vou precisar lidar com isso de perto. Além disso, devo sair imediatamente porque não posso perder tempo. Não vou conseguir uma passagem de ônibus se me atrasar. ― ― Ah... ― Embora Deirdre não entendesse muito bem a situação, sabia que o trabalho era importante. ― Vá! Pode ir! Não se preocupe comigo. Madame Russell pode vir me buscar mais tarde. Tobey soltou um profundo suspiro, seus olhos ainda cheios de afeto.― Deirdre, tudo o que eu disse antes de você me rejeitar é válido. Quero estar com você para protegê-la e valorizá-la. Estou fazendo isso não apenas por causa de minha mãe ou para honrar Ophelia, mas t
Logo depois, o homem pareceu notar Deirdre e disse, em tom de surpresa:― Você é a... senhora Deirdre? dos Russell? ― Deirdre não pôde responder, pois só conseguia olhar para a área diante dela, com medo. Quem era a pessoa que Declan chamou antes? Kyran? Quem era ele? Declan passou a entender a situação e riu baixinho. Então, disse em tom de desculpas:― Sinto muito, senhora Deirdre. Meu amigo te assustou? Ele é mudo e não consegue se expressar com a fala. Ele sempre faz algo que causa mal-entendidos. No entanto, ele é uma pessoa legal. Por favor, não leve isso a sério. ― ― Mudo? ― Deirdre estava atordoada. ‘Este homem é mudo? Então... não era Brendan?’ Deirdre se acalmou gradualmente. Se aquele homem fosse Brendan, ele já teria esgotado todos os tipos de medidas ameaçadoras para lidar com ela. Como ele ficaria tão calmo e composto que nem mesmo falou ou respondeu depois que ela o atingiu com um tapa? ― Ele... ― Deirdre apontou para a testa e franziu as sobrancelhas
― Caramba... ― A expressão de Madame Russell era solene. ― Pelo telefone a voz dele soou muito contrariada e preocupada. Você acha que algo ruim aconteceu? ― ― Acho que não. ― Deirdre confortou Madame Russell dizendo: ― Tobey parecia ansioso porque estava preocupado em não conseguir pegar o último ônibus do dia, senão ficaria preso aqui até amanhã de manhã. No entanto, acredito que o assunto não é terrível porque Tobey disse que voltará quando terminar de resolver tudo por lá. ― ― Ufa. Que ótimo, então. ― Madame Russell abriu um sorriso. Ela perguntou em um tom estranhamente macio, enquanto segurava a mão de Deirdre para voltar para casa: ― Mas, e aí... Como foi? Como foi a apresentação? ― ― Foi bastante impressionante ― Deirdre respondeu com a cabeça baixa. Na verdade, ela só tinha ouvido a primeira metade da apresentação. ― E sobre Tobey e você? ― ― Hein? ― Deirdre foi pega de surpresa. ― Tobey e eu? ― Madame Russell sorriu maliciosamente.― Tobey me mandou de cuida
Deirdre ficou em silêncio. A resposta a surpreendera tanto que sua língua falhou e levou alguns segundos para finalmente recuperar a voz.― Tobey, eu... eu não valho a pena. ― A jovem tinha convicção de que não merecia a preocupação do rapaz. Ela era uma bomba-relógio hedionda, cega e fichada na polícia, cuja presença poderia significar problemas, a qualquer momento. Ela não merecia estar com um homem cuja vida estava em ascensão. O tom de Tobey se tornou mais duro:— Não ouse menosprezar a si mesma, Deirdre. Ou você fez uma piada sobre minhas preferências românticas? — Deirdre ficou em silêncio. ― Você quer que eu conte a verdade nua e crua? Tudo bem. ― Tobey acrescentou. ― A verdade é que estou tirando vantagem de você. Você está mais vulnerável e é uma alma solitária clamando por companhia e um lugar para pertencer. Estou apenas aproveitando este momento. Você sabe por quê? Porque sei que mesmo agora, mesmo quando parece que estou no auge da minha vida, não estou à altu
Quando menos Deirdre esperava, uma pedra solitária percorreu um arco, atravessando a cerca, e bateu em sua testa. Uma pontada aguda a sacudiu. Deirdre moveu a mão e sentiu sangue quente em seus dedos. Sua cabeça girava em um mar vertiginoso de dor ao ouvir os comentários das crianças. ― Nós sabemos que você está aí dentro, aberração! Não finja que não nos ouve! São seus olhos que não funcionam, não seus ouvidos! Ela acha que pode ficar dentro de casa e não falar nada, pessoal! Então vamos brincar de 'tentar acertar a aberração' com essas pedras! — As crianças fizeram exatamente o que disseram que fariam. As rochas começaram a cair sobre a jovem e o fato de que cada uma caiu sobre ela rapidamente removeu a possibilidade de coincidências. Seu rosto ficou pálido. Bastava. Deirdre estava prestes a se levantar quando ouviu que a brincadeira maldosa das crianças começava a dar errado.― Ei! Quem diabos é você? O que você está fazendo!? ― Houve um barulho de um baque quando alg
Deirdre levantou a cabeça e franziu os lábios macios em um sorriso educado. Ela era hipnotizante. Apesar das dezenas de cicatrizes que rasgavam seu rosto e da ausência de vida em seus olhos danificados, algo em seu rosto irradiava. Isso convocou uma onda dentro do peito de Kyran tão violenta que ele teve que apertar os lábios para lutar contra o desejo. Ele estendeu a ponta do dedo e escreveu na palma da mão dela:'Não precisa agradecer'. Então, um momento depois, escreveu:'Desculpe, pela última vez.' Deirdre enrijeceu um pouco, então o entendeu. Ele estava falando sobre o encontro deles durante o musical quando machucou a testa dela. ― Está tudo bem ― Deirdre respondeu, sorrindo. ― Eu não entendi o que você queria e isso foi tudo. Você só queria ajudar. Além disso, minha testa estava praticamente curada à noite. — O homem não respondeu por um longo momento antes de escrever:' Mesmo assim, ainda sinto muito.' Ele sabia como Deirdre ficava desconfortável quando u
Quanto à aparência do homem… A ansiedade borbulhando em sua mente fez Madame Russell franzir a testa. A mulher sempre acreditou que seu filho era bonito, tão atraente que poderia se sentar confortavelmente entre os galãs típicos de uma novela da televisão. Mas aquele tal de Kyran? Ele superava qualquer conceito de beleza estabelecido por Madame Russell, era praticamente um deus andando entre mortais. Eilis rapidamente pegou a mão de Deirdre e chamou ao homem:― Senhor Kyran? O homem não respondeu. Mas, pegou a outra mão de Deirdre e escreveu alguma coisa, então, Deirdre falou em seu nome: ― Ele não pode falar, tia. Ele é mudo. Disse que o sobrenome dele é Reed. — ― Mudo? ― A mulher mais velha repetiu. Uma nova pitada de pena coloriu seu olhar. Ela não pôde evitar, pois tinha imaginado que um homem tão lindo quanto aquele falaria com uma voz doce. ― Sim. Ele me ajudou, hoje, tia. Algumas das crianças da aldeia jogaram pedras aqui no quintal, enquanto eu trabalhava e foi
― Bem, aí está! ― Deirdre riu. ― Ele é bonito e amigo do senhor King, o que significa que também é rico, não é? Por que alguém assim iria gostar de uma cega qualquer em um bairro de periferia? É simplesmente estranho! Quero dizer, duvido que sua deficiência prejudique sua desejabilidade. Eu não alcançaria seu padrão mesmo que ele o rebaixasse! ― ― Deus, eu juro... ― Madame Russell vacilou. Como ela deveria contar a ela sobre a carranca tempestuosa de Kyran, no momento em que ela enfatizou que Deirdre era dela? E que belo e rico príncipe encantado se dignaria a fazer trabalhos braçais para uma mulher que acabou de conhecer? Aristocratas como esses provavelmente viveram suas vidas inteiras sem nunca tocar em qualquer tipo de ferramenta de trabalho! — Vamos, tia. — Deirdre balbuciou, de forma tranquilizadora. Então passou o braço em volta da mulher mais velha. ― O senhor Reed acidentalmente machucou minha testa ontem à noite, então hoje ele veio se desculpar e ajudar a me compensar.