Querido professor
Querido professor
Por: Darlla Vi
Prólogo

Hoje em dia, as pessoas primeiro perguntam onde você estudou e só depois querem saber seu nome. A faculdade que estudamos é crucial para determinar o nosso futuro, e hoje em especial, completa um ano que mudei para a Universidade de Washington, onde eu e minha amiga de infância, Emma Rose, dividimos o quarto.

Emma e eu somos completamente diferentes, o que é incrível já que detesto monotonia. Ela é calma e dedicada, enquanto eu sou um furacão. Gosto de festas e bebidas, e ela de edredom e livros. Somos super unidas, sempre nos incluindo nos nossos mundos opostos, mas sem se esquecer de ficar com o pé no chão.

As pessoas aqui eram muito divertidas, o que no início foi um tanto estranho para mim, já que antes da universidade eu era a filha perfeita, com notas perfeitas. Logo me tornei o que todas as vozes dentro de mim gritavam, implorando para se descobrir, e foi aí que estourei a bolha e deixei-me envolver completamente naquela fase maravilhosa da minha vida, até que conheci o Oliver Parker.

Oliver era simplesmente o garoto mais descolado na universidade, e também o mais babaca. Ainda não sei como me deixei atrair por ele, mas de algum modo cai na sua teia de sedução. O problema do Oliver não eram só seus olhos verdes irresistíveis, tinha sua altura intimidadora, rostinho de demônio pervertido, e óbvio, sua fortuna sem tamanho herdada dos seus pais bilionários.

Não me importava com a fortuna dos Parkers, só queria que o Oliver fosse um namorado gentil que não me visse como uma mercadoria que ele pudesse comprar. 

Tinha parado de me perguntar o porquê de ele não me trocar pelas universitárias gostosas no momento em que entendi que ele era atraído pelo difícil. Algo que percebi quando finalmente perdi minha virgindade com ele.

É um problema ser a namorada virgem e inocente ao ter um namorado experiente e maníaco por sexo. Se não dermos o que querem, eles tiram a força, ou até passam a procurar embaixo da saia da coleguinha. E a minha timidez na cama tornou-se um aborrecimento frequente entre nós, deixando Oliver tão agressivo que nem parecia ser o garoto que me apaixonei.

E foi em um desses dias malucos, em que saí chorando pelos corredores, com meu braço marcado pela fúria do meu namorado, que acabei, sem querer, esbarrando em um homem de jaqueta de couro. Daria tudo para ser invisível naquela hora, que fosse ignorada e deixada largada no chão, mas ao invés disso, mãos grandes e ásperas me ajudaram a ficar de pé, enquanto uma voz grave soava de preocupação.

— Nossa... você está bem? — O cara com jaqueta me levanta tão facilmente quanto faria com uma pena.

— Estou... — minha voz falha enquanto bato as mãos nas minhas roupas amarrotadas. — Sinto muito, eu... eu...

— Não tem que se desculpar, foi um acidente, e esses pisos são muito traiçoeiros.

Quando finalmente olho para cima, me deparo com um rosto que poderia ter sido esculpido em mármore. Um homem um pouco mais velho que eu, alto, ombros largos e forte, cabelo castanho, com fios lisos e jogados. Uma barba não muito cheia, acompanhando o formato da sua face desenhada.

— Caramba, o seu braço! — Suas vistas fixam-se no hematoma feito minutos atrás, acreditando que a razão daquilo tinha sido nossa batida no corredor.

— Está tudo bem, não se preocupe com isso. — tento tranquilizá-lo, rezando para que ele não aprofundasse. — É só colocar um gelo e logo vai sumir.

— Não mesmo! — sua voz é baixa e severa quando ele discorda de mim. — Vou te levar para enfermaria, você pode ter fraturado algum osso.

Enfermaria? Isso não é nada bom.

— Mas já está à noite e não tem ninguém na enfermaria.

— Daremos um jeito!

Ombros largos preenchem sua jaqueta de couro preta, enquanto seus bíceps se projetam sob as mangas. As mesmas mãos que me levantaram agora estão postas no dorso da minha coluna, levemente me guiando até a sala de medicação. Não fazia ideia de como sair daquela confusão, até me dar conta de que aquilo poderia chegar aos ouvidos da diretora, ou até pior, do meu pai.

— Vamos, entre! — Pediu, ligando a luz da sala.

Ele coloca seu capacete em uma das cadeiras e caminha até a maca, dando dois tapinhas no colchão, fixando seus olhos nos meus.

— Senta. — pediu, fazendo minhas bochechas esquentarem. — Deixa eu ver o seu braço.

Um choque passa pelo meu corpo enquanto me dirijo até a maca, me sentando no colchonete fofo. Ele se posiciona ao lado da minha coxa e, de pouco em pouco, afasto meus dedos de cima do meu braço, dando espaço para que ele pudesse examinar.

— O senhor... é médico?

Seus dedos são firmes e sua atenção estava toda no roxo que ele se julgava culpado.

— Fui das forças armadas por um tempo, então sei algumas coisas. — Respondeu apertando no pior lugar possível.

— Ai! — Queixo, deixando escapar um gemido exagerado.

É naquele segundo, externando meu sofrimento, que sua concentração se prende por completo no meu rosto, o levando a ficar cara a cara comigo, fazendo nossas vistas se prenderem.

Porra...

— Me desculpa... — murmurou. — Acabei de me dar conta de que ainda não sei o seu nome.

De repente, parece dez graus mais quente dentro da sala.

— Amber... — gaguejo nervosa. — Amber Petrova.

— É um prazer, Srta. Petrova, eu sou Nicholas Cooper! — Ele curva os lábios em um sorriso meigo, destacando o impressionante traço definido da sua mandíbula perfeita.

Quando enfim ele termina de passar a faixa no meu braço, desço da maca toda envergonhada, sem jeito de olhar para ele.

— Obrigada, Sr. Cooper, acho que isso vai ajudar bem mais que o gelo.

— Com certeza vai, mas isso não descarta outros cuidados como o raio-x.

— Posso fazer isso amanhã... — Digo, fazendo-o se virar para as janelas, onde ele encara a luz da lua.

— É verdade. — Concordou.

— É... é melhor eu ir...

Nicholas respira fundo, e só quando ele fala que sua voz emerge como um assobio atormentado.

— Verei a senhorita novamente?

Abro um sorriso tímido para ele, colocando os fios do meu cabelo loiro atrás da orelha.

— Talvez... — Mordo os lábios após responder e me viro de costas, vacilando meu olhar no dele quando volto a observá-lo bem rápido.

Queria tanto que as coisas mudassem que sequer me dei conta de que minha vida poderia nunca mais ser a mesma depois daquele tropeço no corredor.

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