Capítulo 3 - Ansiedade

( Nicholas Cooper )

Então aquela era a Amber. A famosa Amber. Não teria flertado com ela se soubesse que era ela. Além de ser minha aluna, também era parte da minha missão. Tinha que consertar a merda que fiz na noite passada para não ficar esse clima estranho que tinha se instalado entre nós dois.

O som dos seus saltos batendo no chão me seguiam enquanto caminhávamos até a minha sala.

— Sente-se Srta. Petrova! — Peço assim que entramos na sala, vendo-a mexer seus dedos finos e delicados, arrancando o esmalte rosa das suas unhas grandes.

— Fiz algo de errado? — Perguntou inquieta, sentando-se na cadeira.

— Por que acha isso?

— Porque aqui só se é chamado na sala de um professor quando somos advertidos, ou expulsos! — ela é rápida na explicação mostrando o quão estava nervosa. — e então, vai me advertir por ontem à noite?

— Te advertir? — digo surpreso. — Te chamei aqui para te pedir desculpas, não para te dar uma advertência, ou coisa do tipo!

Seus ombros de porcelana relaxam diante minhas palavras, enquanto sua face assume um olhar curioso, de quem não compreendeu bem minhas ações.

— Mas fui eu quem atropelei o senhor no corredor.

— Não me refiro aquilo, e sim ao que aconteceu na enfermaria. — Sou direto, fazendo as bochechas brancas dela corarem com a minha ousadia.

— Entendo... — murmurou tímida. — Não vou contar para ninguém. Não se preocupe. A última coisa que faria é prejudicar o seu trabalho, depois que me ajudou.

— Obrigado!

E melhor me livrar logo dela, antes que algum outro mal-entendido aconteça.

— A senhorita está liberada, já pode ir.

— Certo... é... obrigada! — Gaguejou.

Assim que Amber sai da sala, minhas vistas despencam sobre o contrato que tinha deixado aberto na minha mesa, que por coincidência estava aberto na última página que li, onde citavam as "regras" de conduta. Se era acaso, eu não sei, mas com certeza era um sinal de que eu tinha que ficar focado na razão pela qual eu realmente estava aqui.

(...)

( Amber Petrova )

— Só isso, ele não falou mais nada? — Emma não parava de me questionar enquanto aproveitávamos os últimos minutos de intervalo.

— O que você esperava que acontecesse? Ele é nosso professor, Emma!

— Eu sei, mas se era só um pedido de desculpas ele poderia ter feito isso na sala de aula, não?

— Sim, mas alguém podia ouvir e achar estranho...

— Mais estranho que você sozinha na sala dele? Eu duvido!

— Sozinha com quem? — De repente uma estrutura alta e com cheiro de perfume caro, impregnam o ambiente.

Oliver!

— Ninguém merece... — Sussurrou Emma.

— O que você quer aqui? — levanto meu bumbum do degrau, ecoando meu tom brutesco. — Nós terminamos, lembra? E você prometeu ficar a dez passos longe de mim.

Com seu sorrisinho de garoto mal, ele cinicamente dá dez passos para trás, abrindo seus braços longos em uma falsa reverência, zombando da situação.

— Dez passos, minha linda, assim como prometido! — falou sem tirar o sorriso do rosto. — Eu só vim ver como você estava, e —

— Vai embora, Oliver, já não foi suficiente o que fez com ela? — Minha amiga o interrompe, nitidamente zangada.

— Eu sinto muito por isso, se não tivesse corrido de mim ontem à noite, teria visto o quão arrependido eu fiquei. Me desculpa, amor.

Por acaso eu virei uma espécie de padre? Hoje todo mundo deu para vir falar de arrependimentos comigo.

— Não, ela não vai te perdoar! — Gritou Emma.

— Emma, por favor... — Aperto sua mão, para que ela perceba a multidão que seus gritos estavam juntando a nossa volta.

Fofoqueiros de plantão começam a nos encarar, levando minha amiga a recuperar a postura. Oliver, que adorava ser o centro das atenções, quebra o limite entre nós dois, voltando a avançar dez passos para perto de mim, me surpreendendo quando toca a parte inferior do meu queixo, elevando meu rosto na direção do dele, apenas com seu indicador.

— Hoje é a inauguração da minha boate... — soou seu hálito de menta a centímetros de mim. — e eu espero que a minha namorada esteja lá ao meu lado, aproveitando a festa, e me acompanhando nas fotos.

— Então espere sentado! — retruco, agarrando seus dedos, e o empurrando para longe de mim. — Eu já disse antes e vou repetir. Entre nós acabou! — Concluo me virando de costas, deixando-o bufar com os dedos se apontando para ele.

Emma dá um sorriso de vitória e corre me acompanhando, enquanto os fuxicos crescem ao nosso redor.

— Nossa, você viu a cara dele, amiga? — Ela estava mais feliz que eu.

E eu sentia tudo naquele minuto, menos felicidade.

— Emma... eu... eu não sei se posso ir para a aula hoje, preciso —

Então, inesperadamente, eu perco toda a gravidade quando um puxão me faz virar com tudo, em uma velocidade absurda, que faz meus pés perderem o equilíbrio, até que duas palmas geladas se grudam nas laterais dos meus braços, circulando meus poucos músculos, me colando com força na parede. Só quando os fios do meu cabelo saem das minhas vistas que me deparo com a fúria e persistência do meu ex-namorado.

— Você está louco? — Grito com o coração a mil.

Eu nunca tinha gritado com o Oliver, nunca tinha tido nem tempo de protestar contra suas ações ferozes.

— Você vai me acompanhar na porra daquela inauguração, Amber, ou eu juro que vai se arrepender!

Era importante para o Oliver que ele tivesse um relacionamento estável com uma garota "apresentável", e desde que todas as mídias sociais passaram a "chipar" nós dois, Oliver fez questão de insistir no nosso relacionamento arruinado.

Sua obsessão partiu do seu pai, já que o velho o ameaçou dizendo que ele só herdaria as ações da empresa, se o Oliver tivesse uma boa namorada, e ficasse longe de problemas com a imprensa.

E uma separação agora seria um escândalo.

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