( Nicholas Cooper )
Então aquela era a Amber. A famosa Amber. Não teria flertado com ela se soubesse que era ela. Além de ser minha aluna, também era parte da minha missão. Tinha que consertar a merda que fiz na noite passada para não ficar esse clima estranho que tinha se instalado entre nós dois.
O som dos seus saltos batendo no chão me seguiam enquanto caminhávamos até a minha sala.
— Sente-se Srta. Petrova! — Peço assim que entramos na sala, vendo-a mexer seus dedos finos e delicados, arrancando o esmalte rosa das suas unhas grandes.
— Fiz algo de errado? — Perguntou inquieta, sentando-se na cadeira.
— Por que acha isso?
— Porque aqui só se é chamado na sala de um professor quando somos advertidos, ou expulsos! — ela é rápida na explicação mostrando o quão estava nervosa. — e então, vai me advertir por ontem à noite?
— Te advertir? — digo surpreso. — Te chamei aqui para te pedir desculpas, não para te dar uma advertência, ou coisa do tipo!
Seus ombros de porcelana relaxam diante minhas palavras, enquanto sua face assume um olhar curioso, de quem não compreendeu bem minhas ações.
— Mas fui eu quem atropelei o senhor no corredor.
— Não me refiro aquilo, e sim ao que aconteceu na enfermaria. — Sou direto, fazendo as bochechas brancas dela corarem com a minha ousadia.
— Entendo... — murmurou tímida. — Não vou contar para ninguém. Não se preocupe. A última coisa que faria é prejudicar o seu trabalho, depois que me ajudou.
— Obrigado!
E melhor me livrar logo dela, antes que algum outro mal-entendido aconteça.
— A senhorita está liberada, já pode ir.
— Certo... é... obrigada! — Gaguejou.
Assim que Amber sai da sala, minhas vistas despencam sobre o contrato que tinha deixado aberto na minha mesa, que por coincidência estava aberto na última página que li, onde citavam as "regras" de conduta. Se era acaso, eu não sei, mas com certeza era um sinal de que eu tinha que ficar focado na razão pela qual eu realmente estava aqui.
(...)
( Amber Petrova )
— Só isso, ele não falou mais nada? — Emma não parava de me questionar enquanto aproveitávamos os últimos minutos de intervalo.
— O que você esperava que acontecesse? Ele é nosso professor, Emma!
— Eu sei, mas se era só um pedido de desculpas ele poderia ter feito isso na sala de aula, não?
— Sim, mas alguém podia ouvir e achar estranho...
— Mais estranho que você sozinha na sala dele? Eu duvido!
— Sozinha com quem? — De repente uma estrutura alta e com cheiro de perfume caro, impregnam o ambiente.
Oliver!
— Ninguém merece... — Sussurrou Emma.
— O que você quer aqui? — levanto meu bumbum do degrau, ecoando meu tom brutesco. — Nós terminamos, lembra? E você prometeu ficar a dez passos longe de mim.
Com seu sorrisinho de garoto mal, ele cinicamente dá dez passos para trás, abrindo seus braços longos em uma falsa reverência, zombando da situação.
— Dez passos, minha linda, assim como prometido! — falou sem tirar o sorriso do rosto. — Eu só vim ver como você estava, e —
— Vai embora, Oliver, já não foi suficiente o que fez com ela? — Minha amiga o interrompe, nitidamente zangada.
— Eu sinto muito por isso, se não tivesse corrido de mim ontem à noite, teria visto o quão arrependido eu fiquei. Me desculpa, amor.
Por acaso eu virei uma espécie de padre? Hoje todo mundo deu para vir falar de arrependimentos comigo.
— Não, ela não vai te perdoar! — Gritou Emma.
— Emma, por favor... — Aperto sua mão, para que ela perceba a multidão que seus gritos estavam juntando a nossa volta.
Fofoqueiros de plantão começam a nos encarar, levando minha amiga a recuperar a postura. Oliver, que adorava ser o centro das atenções, quebra o limite entre nós dois, voltando a avançar dez passos para perto de mim, me surpreendendo quando toca a parte inferior do meu queixo, elevando meu rosto na direção do dele, apenas com seu indicador.
— Hoje é a inauguração da minha boate... — soou seu hálito de menta a centímetros de mim. — e eu espero que a minha namorada esteja lá ao meu lado, aproveitando a festa, e me acompanhando nas fotos.
— Então espere sentado! — retruco, agarrando seus dedos, e o empurrando para longe de mim. — Eu já disse antes e vou repetir. Entre nós acabou! — Concluo me virando de costas, deixando-o bufar com os dedos se apontando para ele.
Emma dá um sorriso de vitória e corre me acompanhando, enquanto os fuxicos crescem ao nosso redor.
— Nossa, você viu a cara dele, amiga? — Ela estava mais feliz que eu.
E eu sentia tudo naquele minuto, menos felicidade.
— Emma... eu... eu não sei se posso ir para a aula hoje, preciso —
Então, inesperadamente, eu perco toda a gravidade quando um puxão me faz virar com tudo, em uma velocidade absurda, que faz meus pés perderem o equilíbrio, até que duas palmas geladas se grudam nas laterais dos meus braços, circulando meus poucos músculos, me colando com força na parede. Só quando os fios do meu cabelo saem das minhas vistas que me deparo com a fúria e persistência do meu ex-namorado.
— Você está louco? — Grito com o coração a mil.
Eu nunca tinha gritado com o Oliver, nunca tinha tido nem tempo de protestar contra suas ações ferozes.
— Você vai me acompanhar na porra daquela inauguração, Amber, ou eu juro que vai se arrepender!
Era importante para o Oliver que ele tivesse um relacionamento estável com uma garota "apresentável", e desde que todas as mídias sociais passaram a "chipar" nós dois, Oliver fez questão de insistir no nosso relacionamento arruinado.
Sua obsessão partiu do seu pai, já que o velho o ameaçou dizendo que ele só herdaria as ações da empresa, se o Oliver tivesse uma boa namorada, e ficasse longe de problemas com a imprensa.
E uma separação agora seria um escândalo.
( Amber Petrova )— Me solta, está me machucando, Oliver!Eu tentava fazê-lo me soltar, mas ele era alto, e não tinha como ter ajuda quando todos estavam empenhados em segurar seus celulares na nossa direção nos filmando.— Se eu cair, você cai comigo! — Ameaçou.Logo quando menos esperamos, Emma retorna com o professor de mitologia, fazendo-me pensar quando exatamente ela tinha saído do meu lado e corrido até o Cooper. Minha mente colidia com a astúcia dela, enquanto meus braços latejavam, e o Oliver berrava, até ser pego pelas costas, sem entender quem era o homem forte com jaqueta de couro, que tinha o puxado pelo ombro, com imensa severidade.— Está louco, porra?! Quem você pensa que é? — Parker vira com tudo para o professor, como um canhão se arma para seus oponentes.— Como é que é? — Nicholas deixa um ar zombeteiro escapar, e todos os presentes ali arregalam seus olhos.Ele com certeza não sabia quem era o Oliver, pois se soubesse jamais teria tocado nele, ou sequer levantado
( Nicholas Cooper )— Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?Tinha que ser algo muito importante para ela bater na minha sala as dez da noite.— Desculpe incomodar o senhor a essa hora... — falou me encarando de um jeito desconcertante. — eu só queria agradecer o que fez por mim, hoje mais cedo...Ah, então é isso. Ela só veio prestar os agradecimentos. — Penso com um suspiro aliviado.— Sente-se! — peço convidando-a a entrar. — Aceita um café?— Não, não, eu... eu tomei um agora há pouco. É o que me ajuda a ficar acordada e estudar para as provas. — Contou, sentando-se no pequeno sofá disponível na sala.Amber estava aflita, conseguia ver que seus peitos subiam e desciam numa velocidade não muito comum, mesmo que fosse impossível não olhar para eles, enquanto ela arrancava os esmaltes das unhas, como fez aquela noite na enfermaria.Com o pouco de experiência que eu tinha, poderia dizer que isso é algo relacionado à TPM, mas como fuzileiro, posso assegurar que esse é um dos vários sin
( Nicholas Cooper )— Amber? — queixou cruzando os braços na frente dos seios. — O que está fazendo aqui?— Eu? — arqueou as sobrancelhas. — É você quem deveria dizer o que está fazendo aqui.— Vim falar com o professor ué!— A essa hora? — Debateu a loira.— Olha quem fala. Você já estava aqui quando cheguei!Se eu não der um jeito de parar isso agora, em poucos segundos toda a universidade vai aparecer aqui.— Sim, vim aqui apenas para agradecer o que o senhor Cooper, fez por mim, mais cedo!— Agradecer, é? E como exatamente você pretendia retribuir o favor?Porra!Aquelas insinuações são o que me fazem entrar no meio.— Senhoritas, por favor! — peço. — Nenhuma das duas deveriam estar aqui, então se me dão licença. — digo seguindo até a porta. — Eu preciso terminar o meu trabalho, e as duas precisam ir para as suas camas.Dois olhares ferozes, e uma única vítima. EU!— Okay! — Amber passa direto por mim como um trem soltando fumaça.Inferno!Ela sequer olha para trás, quando vira à
( Nicholas Cooper )— Posso ajudá-la com alguma coisa? — Pergunto, enquanto minhas vistas tentam fugir para observar a Amber, vacilando entre ela e a ruiva na minha frente.— O senhor não vai conseguir se livrar de mim tão fácil! — Falou com uma risada sínica.— O-o quê?Como alguém pode ser tão insuportável assim? — Eu sei o que você e um certo alguém estavam fazendo ontem, mas eu posso esquecer o que vi se me fizer um favor...— Como é?Que porra é essa? Algum tipo de chantagem?— Srta. Swan, eu não sei do que está falan —— Já ouviu falar da "Pink Fest", professor? — ela me interrompe com um tipo de assunto aleatório. — É a maior festa anual da universidade, onde um único aluno é sorteado para organizar tudo, ficando responsável por dar a melhor e maior festa de todos os tempos. E, como ano passado foi a Amber a sorteada, esse ano eu preciso dar uma festa ainda melhor que ela, por isso —— Um momento! — faço ela parar de falar. — O que exatamente eu tenho a ver com isso?Sei que e
( Nicholas Cooper )Eu não sabia o que dizer, até porque eu tinha acabado de ser pego desprevenido.É aí que ela se levanta, pega a mochila e some das minhas vistas, deixando tudo mais confuso.Qual o meu problema? Por que essa menina me deixa tão nervoso?— Oi! — Amber surge no mesmo corredor que eu, caminhando na minha direção.— Srta. Petrova... — Respondo.— Acho que devo desculpas ao senhor, pelo inconveniente de ontem à noite. Espero que isso não tenha gerado um conflito entre nós dois...— De forma alguma! — Tranquilizo-a.Engraçado como nossos encontros são sempre para se redimir.— O que é isso que está lendo? — Pergunto para quebrar o gelo.— Romeu e Julieta. Já leu?— Já sim! Mas por que estava escondida entre as estantes, sentada no chão?— Ah é... — ela fica acanhada com a minha queixa. — não gosto de ler romances assim, em público...Ela é tímida, e aparentemente atraída pelo proibido.Automaticamente, sem eu controlar, meus pés avançam três passos para perto dela, fican
( Amber Petrova )— A cada oito horas, pelos próximos três dias, ouviu bem, Srta. Petrova?Estava trancada na enfermaria com a pior das médicas. Nunca vou entender porque essa mulher escolheu essa profissão quando a faz com puro desgosto.— Ouvi!— E na próxima vez não demore tanto tempo para procurar por um médico.— Sabe porque não vim antes... — Comento de cabeça baixa.— Pela quantidade de vezes que já veio aqui, já deveria ter aprendido que não podemos expor os quadros clínicos.Não era a minha primeira vez aqui, talvez fosse a nona, ou décima. A equipe médica de fato era bem sigilosa, mas eu sabia que esse sigilo só ocorria porque envolvia o famoso Oliver Parker. E aqui ninguém ousaria manchar a reputação dele.— Obrigada, doutora! — Digo seguindo para saída.— Até a próxima, Amber! — Despediu-se fazendo minhas pegadas travarem.Próxima?Me viro para ela e pronuncio o finalizar de um ciclo doentio.— Não terá uma próxima!(...)— AMBER! — No corredor a caminho do meu quarto, um
( Nicholas Cooper )— Acharam ela?Trancado na minha sala com meus fones de ouvido, eu interrogava meus homens, esperando por informações.— Sim, senhor! — respondeu. — Ela e a amiga acabaram de entrar numa loja de roupas.— Foram vistos?— Não, senhor!— Ótimo, ela não pode suspeitar de nada. Agora, prossigam com a missão e não tirem os olhos dela.— Certo. Desligando!Ter a Amber e a amiga fora da universidade era o que eu precisava para entrar no quarto delas, mas como estava encarregado de seguir seus passos, precisei de reforços para vigiá-la na cidade, já que eu tinha que colher mais informações sobre a missão.Poucos minutos depois após roubar a chave reserva na secretaria, dentro do dormitório começo procurando pelas coisas da Emma, visto que ela é a amiga cuidadosa que sem dúvidas guarda alguma evidência contra o senhor Parker, esperando que um dia precise proteger a amiga, como fez no dia que me chamou para socorrer Amber.— Livros... e mais livros... — Bufo frustrado.Sei q
( Nicholas Cooper )A lua já estava no topo do céu enquanto eu me aborrecia na sala de arquivo da enfermaria, procurando pelos relatórios de Amber e Oliver. Tudo sobre eles parecia ocultado, até o registro com a data que Emma citou no diário, não está aqui. Tinha inúmeros papéis de inúmeros estudantes, mas nada da Amber, o que me levava a pensar que os funcionários daqui guardavam a ficha dela em outro lugar.Como de praxe, bato no fundo das gavetas procurando um fundo falso. Uma batida, duas batidas, e na terceira um som diferente.Achei!(...)( Amber Petrova )Como um rato rápido e cuidadoso, cruzo a faculdade escura entrando na enfermaria. Procurava por algo que ajudasse Emma a lidar com as consequências de hoje mais cedo, e como tinha sido a responsável, nada mais justo que eu me encarregar de roubar os remédios para ela.— Cadê... — Fuço as prateleiras, irritada com a possibilidade de ser pega por alguém.Analgésicos, laxantes, mas nada para enjoo, até que a minha direita atrás