Martina
Eu me lembro do dia em que tudo começou a desmoronar. Não porque fosse um evento chocante ou extraordinário, mas pela frieza com que o destino selou o meu futuro. - Você vai se casar com ele - meu pai declarou, sua voz autoritária perfurando o silêncio da sala. Aquelas palavras carregavam um peso que esmagava o ar ao meu redor, deixando-me incapaz de respirar. Eu sabia que algo estava errado naquela manhã, mas jamais teria imaginado isso. - Com... quem? - A pergunta escapou dos meus lábios antes que eu pudesse me conter, embora a resposta já estivesse estampada no rosto impassível dele. Ele não precisou dizer o nome. O sobrenome Ruggeri circulava no nosso mundo como um veneno letal. Niccolò Ruggeri, o temido don da máfia italiana, o homem que controlava metade das operações no sul da Itália. Aquele que nunca perdoava. Aquele que ninguém ousava contrariar. Senti meu coração acelerar, minhas mãos suando de leve enquanto tentava assimilar a informação. Eu não posso me casar com ele. Esse pensamento ecoava na minha mente como um grito de socorro que ninguém estava disposto a ouvir. Meu destino estava selado. - Isso não é justo! - minha voz finalmente explodiu, carregada de frustração. - Não sou um objeto para ser entregue como parte de uma negociação. Meu pai me olhou com frieza. Seus olhos não demonstravam qualquer sinal de afeto ou compreensão. Para ele, tudo isso era uma simples transação. Eu, sua única filha, estava sendo vendida como um bem valioso para selar um pacto entre famílias. Ele achava que estava me protegendo, que o casamento com Ruggeri seria uma garantia de segurança. Mas e o que eu queria? - Isso não é uma escolha sua, Martina - ele disse calmamente, cruzando os braços. - Você sabia que esse dia chegaria. Não adianta lutar contra. Este é o nosso mundo. Nosso mundo. Aquelas palavras ecoaram dentro de mim como uma sentença. Eu cresci em meio à violência, às transações sujas, aos olhares de medo e respeito que seguiam meu pai por onde ele passava. Mas nunca me senti parte disso. Eu sempre pensei que, de algum jeito, encontraria uma saída. Sempre acreditei que teria a chance de construir minha própria vida, longe da sombra que cobria a nossa família. Mas agora, tudo isso era uma ilusão. - Don Ruggeri? - eu murmurei, a incredulidade ainda dançando na ponta da minha língua. - Ele é... ele é um monstro. - E ele será seu marido. Fui atingida por aquela frase como um soco no estômago. Meu pai sempre foi um homem duro, mas nunca imaginei que ele seria capaz de me entregar assim. Eu queria gritar, queria correr para longe, mas sabia que não tinha para onde ir. Ruggeri já havia reivindicado o que considerava seu, e eu não tinha escolha. Me virei, os olhos ardendo em lágrimas que me recusei a derramar. Eu não lhe daria a satisfação de ver minha fraqueza. - Quando? - perguntei, tentando manter a voz firme, apesar da dor que corria pelas minhas veias. - Daqui a um mês. A sentença foi dada. *** Os dias passaram como um borrão, cada segundo preenchido por uma mistura de medo e revolta. Eu evitava meu pai, evitava qualquer discussão sobre o futuro casamento, porque a verdade era que não conseguia encarar a realidade. Na manhã do encontro com Niccolò Ruggeri, senti meu estômago revirar. Meus olhos estavam inchados pelas noites mal dormidas. Vesti-me como uma boneca, nas mãos de empregadas que me preparam para o que seria uma das reuniões mais importantes da minha vida. Cada detalhe foi meticulosamente pensado, da escolha do vestido, discreto, porém elegante, até o penteado que sugeria uma simplicidade forçada. Eu me olhei no espelho e quase não me reconheci. Quem era aquela mulher que me encarava de volta? Ela parecia uma prisioneira vestida para sua própria execução. - Está pronta, signorina? - uma das empregadas perguntou, a voz baixa e respeitosa. Não respondi, mas me levantei. Eu estava sendo levada como um cordeiro para o sacrifício. Fui conduzida até a sala de estar onde o encontro aconteceria. Quando entrei, senti o peso dos olhares sobre mim. Meu pai estava lá, mas não era ele quem me interessava. No centro da sala, parado ao lado de uma janela alta, estava o homem que destruiria a minha vida. Don Niccolò Ruggeri. Ele era mais alto do que eu imaginava, com ombros largos e uma postura que exalava poder. Seus olhos negros me observaram com intensidade, como se pudessem ver além da minha pele, lendo meus pensamentos, minhas fraquezas. Ele era jovem, provavelmente na casa dos trinta, mas seus olhos carregavam uma escuridão que nenhuma idade poderia explicar. - Martina Conti - sua voz era rouca, profunda, e fez meu estômago se revirar. - Finalmente nos encontramos. Eu não disse nada. Apenas o encarei, tentando segurar minha expressão. Ele não merecia ver o medo em mim. - Don Ruggeri - respondi, finalmente, meu tom gélido. Houve um breve silêncio enquanto ele me estudava. Era quase como se estivéssemos jogando um jogo de xadrez silencioso, onde cada movimento precisaria ser calculado com precisão. - Você parece contrariada - ele disse, um sorriso leve e perigoso surgindo no canto de seus lábios. - Claro que estou - respondi de imediato. - Ser forçada a um casamento não é exatamente o sonho de toda mulher. Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós, mas ainda mantendo uma aura de controle absoluto. - A questão, Martina, não é o que você quer. - Sua voz soou firme. - É o que você precisa. Suas palavras me atingiram como um tapa. O que eu preciso? Quem ele pensa que é para decidir o que eu preciso? Eu lutei para manter a calma, mas dentro de mim, o fogo da revolta começava a queimar. - E o que você acha que eu preciso, Don? - perguntei, minha voz carregada de ironia. Ele sorriu, um sorriso frio que não chegava aos olhos. - De mim. Eu não pude evitar o riso amargo que escapou dos meus lábios. A pretensão daquele homem era inacreditável. Ele falava como se fosse o centro do universo, como se eu não tivesse escolha senão ceder a tudo o que ele quisesse. Mas se ele achava que eu seria apenas mais uma peça no seu jogo, estava muito enganado. - Você acha que é tudo o que eu preciso? - Eu o encarei diretamente nos olhos, tentando mostrar a ele que não tinha medo, mesmo que uma parte de mim quisesse sair correndo. - Sinto muito, Don, mas você não é nada para mim. Seu sorriso desapareceu lentamente, substituído por uma expressão séria. Seus olhos, antes frios e calculistas, agora mostravam algo mais profundo, algo que eu não conseguia decifrar. - Talvez eu não seja o que você quer agora - ele disse, sua voz baixa, quase como um sussurro. - Mas você vai perceber com o tempo que, no nosso mundo, não se trata de querer. Se trata de poder. E eu tenho o poder de te proteger, de garantir que você sobreviva a tudo isso. - Sobreviver? - perguntei, sentindo um calafrio subir pela minha espinha. - O que você acha que vai acontecer comigo? Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, deu um passo para o lado, olhando pela janela com uma expressão distante, como se estivesse considerando algo muito maior do que aquela conversa. Quando finalmente falou, sua voz estava mais fria do que antes. - Você está entrando em um jogo muito perigoso, Martina. Não porque escolheu, mas porque é assim que funciona. Eu sou o único que pode garantir que você não se perca no caminho. Senti a raiva borbulhar dentro de mim novamente. Ele falava como se eu fosse uma criança, como se eu não soubesse o que estava acontecendo ao meu redor. - Eu não preciso de você. Eu nunca precisei. E se você acha que vou simplesmente aceitar tudo isso de cabeça baixa, está muito enganado. Ele me encarou novamente, e pela primeira vez, vi uma leve faísca de algo nos olhos dele. Talvez fosse curiosidade, ou talvez fosse o reconhecimento de que eu não era tão fácil de dobrar quanto ele pensava. - Veremos, Martina - disse ele, a voz baixa e perigosa. - Veremos. *** Eu deixei aquela reunião sentindo uma mistura de alívio e medo. Niccolò Ruggeri não era apenas o homem imponente que todos diziam ser; ele era muito mais. Havia algo nele que me deixava inquieta, algo que eu não conseguia identificar. E mesmo assim, por mais que quisesse negar, havia uma parte de mim que não podia ignorar o poder que ele emanava. Ao chegar em casa, eu não consegui segurar mais. Me tranquei no meu quarto e deixei as lágrimas caírem. Lágrimas de frustração, de medo, de raiva por estar presa a esse destino que eu não escolhi. Eu não era uma mulher fraca, e odiava me sentir assim. Mas naquele momento, eu era apenas uma pessoa lidando com um fardo pesado demais para carregar. A porta do meu quarto se abriu sem aviso, e minha mãe entrou, sua expressão carregada de preocupação. Ela me olhou por um momento, vendo minhas lágrimas, antes de se aproximar lentamente e sentar-se ao meu lado na cama. - Martina... - Ela começou, sua voz suave e reconfortante. - Eu sei que isso não é o que você queria. - Não, você não sabe - respondi, limpando as lágrimas rapidamente. - Você sempre aceitou tudo o que esse mundo impôs a você. Eu não sou assim. Ela suspirou, baixando o olhar. - Eu também resisti, uma vez. Mas aprendi que, às vezes, a resistência só traz mais dor. Este casamento pode não ser o que você sonhou, mas é a sua realidade agora. E, acredite em mim, você é mais forte do que pensa. Você vai encontrar uma maneira de sobreviver a isso. A palavra "sobreviver" ecoou de novo. Todo mundo parecia pensar que eu estava prestes a ser engolida por um buraco negro, que minha única opção era aguentar e torcer para sair viva. Mas eu me recusava a aceitar isso. Não queria apenas sobreviver - queria viver. *** O dia do segundo encontro com Niccolò chegou antes que eu tivesse tempo de processar tudo. Desta vez, o cenário era diferente. Não seria uma reunião formal com meu pai supervisionando cada palavra. Eu estava sendo levada diretamente ao território dele, a mansão Ruggeri, para conhecê-lo em um ambiente mais... "íntimo", como meu pai havia descrito. A palavra me fez estremecer. Entrei no carro que me esperava em frente à casa e observei enquanto a paisagem da cidade mudava gradualmente para áreas mais afastadas e exclusivas. Eu nunca havia estado na propriedade dos Ruggeri, mas sempre ouvira histórias. Era mais do que apenas uma casa; era um símbolo de poder, o centro de controle de um império. Quando finalmente chegamos, a visão que me recebeu era intimidadora. A mansão era uma fortaleza, cercada por muros altos e guardas armados, cada detalhe da arquitetura projetado para intimidar qualquer um que ousasse se aproximar. Quando saí do carro, fui recebida por um homem corpulento que me conduziu para dentro. - Signorina Conti, o senhor Ruggeri está esperando na sala de jantar - disse ele com uma reverência discreta, como se eu fosse alguém importante. Eu sabia que não era. Não ainda. Caminhei pelo longo corredor de mármore, cada passo ecoando no silêncio, e finalmente entrei na sala de jantar. Lá estava ele, sentado na cabeceira de uma mesa impressionante, com uma taça de vinho na mão. Seus olhos me observaram cuidadosamente, e por um breve segundo, senti como se ele pudesse ver além da minha fachada, enxergando minhas dúvidas, meus medos. - Sente-se - ele disse, sem se levantar, apenas apontando para a cadeira oposta à sua. Obedeci, tentando manter uma expressão impassível enquanto me sentava. Ele continuou a me observar por mais alguns segundos antes de falar. - Você está nervosa. - Não estou - menti, mantendo a voz firme. Ele riu baixinho, um som que não combinava com a imagem de um homem tão perigoso. - Você é uma péssima mentirosa, Martina. Aquele comentário me irritou. Eu não queria que ele pensasse que tinha controle sobre mim, que podia ler meus pensamentos e me manipular. Mas ele estava certo. Eu estava nervosa. Não porque tinha medo dele - pelo menos era o que eu me dizia - mas porque sabia que, de alguma forma, a partir daquele momento, minha vida mudaria para sempre. E eu não estava pronta.NiccolòEu a observei do outro lado da mesa enquanto ela mantinha aquela postura desafiadora, quase como uma armadura. A maioria das pessoas tremia ao me encarar, ao saber que estavam diante do don da máfia. Mas não Martina. Ela era diferente. Havia algo nos olhos dela, uma chama que eu não via em mais ninguém. Mesmo que estivesse tentando disfarçar, eu podia sentir o desconforto em cada movimento que ela fazia. Seu corpo estava tenso, e ela mordia levemente o lábio inferior, talvez sem perceber. Era algo que me deixava curioso.Eu tinha visto muitas mulheres como ela antes - filhas de capos, criadas em um mundo de poder e violência, acostumadas a viver como prisioneiras de suas próprias famílias, sempre com um sorriso falso e uma obediência forçada. Mas Martina... Ela não era como as outras. Ela resistia. E essa resistência me fascinava.- Então, - comecei, apoiando o cotovelo na mesa e inclinando-me levemente para frente. - Você vai continuar fingindo que não está desconfortável, ou
MartinaEu nunca me imaginei na posição em que estava. Sentada ali, naquela vinícola afastada, com Niccolò Ruggeri à minha frente, falando de alianças e poder como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele parecia tão certo de que eu, eventualmente, cederia. Que eu enxergaria as vantagens de estar ao lado dele. E o mais irritante de tudo era que, em um canto obscuro da minha mente, havia uma parte de mim que começava a entender o que ele dizia.Mas eu ainda não estava pronta para admitir isso. Não para ele. E definitivamente não para mim mesma.- E o que te faz pensar que eu vou querer esse tipo de poder, Niccolò? - minha voz soou firme, mas o desconforto que eu sentia era inegável. - Eu não sou como você. Nunca quis esse mundo.Ele me encarou por alguns segundos, os olhos penetrantes, como se estivesse tentando ver além das minhas palavras. Isso me deixava inquieta. A intensidade com que ele me olhava sempre me fazia sentir que ele sabia de algo que eu não sabia. Como se, de alguma
NiccolòA noite estava carregada de tensão quando saímos da vinícola. O que começou como uma tentativa de fazer Martina enxergar o futuro que poderia ter ao meu lado se transformou em uma virada brusca nos eventos que eu não podia ignorar. Não agora. Eu ainda sentia as palavras dela ecoando na minha mente, a resistência implacável que ela exibia e a raiva mal contida em sua voz. Mas o que estava por vir exigia minha atenção imediata.— O que está acontecendo? — Martina perguntou, a voz firme, mas com uma leve hesitação.Eu olhei para ela de relance enquanto dirigia pelas estradas estreitas. A luz dos faróis refletia em seu rosto, mostrando a inquietação nos olhos. Ela era perspicaz o bastante para perceber que algo grave havia surgido, mas ainda não entendia completamente o quão perigoso era.— Um dos meus rivais cometeu um erro — respondi com um tom controlado, mantendo a concentração na estrada. — Algo que precisa ser resolvido antes que se torne um problema maior.Ela ficou em silê
MartinaAs ruas de Milão passavam como borrões à minha volta, mas minha mente estava a milhares de quilômetros de distância. As luzes da cidade, que normalmente me traziam uma sensação de familiaridade, agora pareciam diferentes, carregadas de um peso que eu não sabia descrever. Eu não conseguia tirar da cabeça o que havia acabado de presenciar. As palavras de Niccolò, suas ações, a violência fria com a qual ele lidava com seus inimigos.Eu sempre soube que meu pai estava envolvido nesse mundo, mas havia uma diferença imensa entre saber de algo e vivê-lo em primeira mão. Ver com meus próprios olhos como os homens da máfia resolviam suas diferenças era outra coisa completamente. Meu corpo ainda estava tenso, cada músculo preparado para uma luta ou fuga que nunca veio. Eu me sentia pequena, sufocada.Niccolò estava ao meu lado, dirigindo em silêncio, e mesmo que ele parecesse completamente à vontade, eu podia sentir a intensidade que emanava dele. Ele não havia dito uma palavra desde qu
NiccolòO olhar de Martina estava fixo em mim, um misto de curiosidade e desafio. Eu sabia que o que estava prestes a compartilhar não apenas revelaria quem eu realmente era, mas também moldaria o futuro que planejávamos juntos. Era hora de abrir as portas do meu passado, mesmo que isso significasse expor as fraquezas que eu cuidadosamente mantive ocultas.— Antes de tudo isso — comecei, tentando encontrar as palavras certas —, eu era apenas um garoto comum, de uma família comum. Mas a vida nunca é tão simples, não é? Meu pai sempre foi um homem de honra, respeitado, mas envolvido em coisas que eu não entendia completamente até mais tarde. Ele me ensinou sobre o poder, o respeito e, acima de tudo, sobre a lealdade.Martina me ouviu atentamente, seus olhos brilhando com uma mistura de compaixão e apreensão. Havia uma conexão entre nós que crescia a cada momento que compartilhávamos.— O que aconteceu? — ela perguntou, a voz baixa, quase como um sussurro.Respirei fundo, lembrando dos d
MartinaA tensão pairava no ar como um manto pesado. O aviso sobre os Rivelli ecoava em minha mente. O mundo em que eu estava me metendo não era apenas um jogo de poder; era uma questão de sobrevivência. Eu olhei para Niccolò, sua determinação brilhando em seus olhos, mas também vi a sombra da preocupação que o envolvia. Ele sabia que o que estava por vir era sério, e eu não podia me dar ao luxo de ser uma observadora. Precisava estar ao lado dele, mesmo que isso significasse enfrentar meus próprios medos.— O que vamos fazer? — perguntei, tentando manter a voz firme, apesar da inquietação que crescia dentro de mim.Ele respirou fundo, a mandíbula cerrada.— Precisamos reunir nossos aliados e nos preparar. Os Rivelli não vão atacar sem razão; eles têm um objetivo em mente. E eu não vou deixar que eles coloquem você em perigo.Eu sabia que ele estava preocupado, mas não queria ser vista como alguém que precisava ser protegida. Eu era mais forte do que isso, e estava determinada a prova
NiccolòCom as preparações em andamento, eu precisava de um momento de paz. A pressão pesava sobre meus ombros, e, por um instante, eu só queria afastar os pensamentos que giravam na minha cabeça como tempestades. Quando olhei para Martina, ela estava focada, determinada a contribuir. Isso me deixava orgulhoso, mas também preocupado. A vida dela estava em risco, e eu não podia permitir que ela fosse ferida.— Precisamos de um refúgio — disse eu, decidindo que era hora de encontrar um lugar onde pudéssemos nos concentrar um no outro, longe da pressão e do caos. — Um lugar seguro, onde possamos nos conhecer melhor.Ela olhou para mim, um sorriso se formando em seus lábios.— O que você tem em mente?— Conheço um lugar afastado, um antigo chalé da família. É isolado e não muito longe daqui. Lá poderemos relaxar e planejar o que vem a seguir sem distrações.Martina concordou rapidamente, e em pouco tempo, estávamos a caminho do chalé. O carro percorreu estradas sinuosas, cercadas por árvo