OTÁVIO
Bom, se você ainda não me conhece, o que eu duvido, meu nome é Otávio Toledo de Albuquerque Cristóvão. Tenho 27 anos e sou filho do cara que praticamente é o dono da cidade, ou melhor, da fábrica São Cristóvão. Ela produz peças para usinas, distribuídas por todo o Brasil e também para o exterior.
Desde que me conheço por gente, o povo dessa cidade tem um parente que trabalha na fábrica. Por isso, sempre fui tratado bem. Se tirarem um raio-x do meu saco, com certeza tem uns dois ou três caras pendurados ali.
Minha mãe, é claro, ama-me mais do que qualquer coisa nesse mundo.… Acho que a maioria das mulheres que conheço sente isso por mim. Bom, quem manda eu ser o fodão, né?
A questão é que ela manda no velho, fazendo com que as coisas sempre sejam fáceis quando eu sou o assunto.
Sendo filho único, acha que alguém me nega algo? Nunca.! Sempre fui atendido nos mínimos caprichos. Por conhecidos e desconhecidos. Por que possuir dinheiro é ter poder, como algo que te deixa invencível.
O lado ruim é viver nessa cidade pequena. Aqui não tem muito o que fazer e, um cara como eu, fica entediado com facilidade. Sempre preciso arrumar uma distração.
Foi assim com a Lilly.
Estava passeando de moto quando a vi e resolvi parar. O pai dela, era um dos muitos que trabalhava com o meu e nunca dei muita bola para aquela garota. Mas nunca tinha reparado como ela tinha ficado gostosinha.
Era uma garota tão tímida que a gente até esquecia dela, mas do jeito que eu gosto de provocar…
O que sabia mais dela mesmo? Lembrei-me da mãe doente. E aquilo deixava as coisas bem mais interessantes. Afinal, a menina estava passando a maior barra e seria quase um ato de bondade distraí-la.
Delicinha, com problemas e provavelmente virgem. Tudo que eu mais gostava.
Moça simples e sem grandes regalias, logo ficaria encantada com tudo que eu poderia lhe dar. Dinheiro sempre fascinou as mulheres.
A menininha estaria no papo antes do que pensava.
Saí com a galera e contei sobre o meu próximo “investimento”. Foi quando descobri que ela era virgem mesmo e, como um “bon vivant” que sou, aceitei imediatamente uma aposta. Para ganhar, deveria conquistar a donzela e tomar o que mais precioso ela possuía.
Preciso falar o que é?
A prova seria a camisinha usada na noite do crime. Teria que trazê-la para que todos vissem e, como recompensa, além de uma bocetinha apertada que não se via mais por essas redondezas, ganharia um mês de cerveja patrocinada pelos camaradas.
Claro que já tinha tudo planejado e devidamente encaminhado. Por isso, decidi aproximar-me cada vez mais, usando a seguinte estratégia: ser o típico namorado que qualquer garota do interior sonhava. Atencioso, preocupado com sua família, gentil e nada de forçar a barra. Para conseguir o que pretendia, passaríamos um tempo só na mão boba e, de repente, daria o tiro certeiro.
Depois que a conheci melhor, cheguei até a ficar com pena do que aconteceria. Lilly era sonhadora e tinha desistido de muita coisa para ajudar a família. Por um momento, pensei em desistir daquela palhaçada, m****r meus amigos à merda e ajudar a garota.
Ela era engraçada, cedia ao que eu queria e não era burra. Juntos tínhamos conversas interessantes. Até poderia ser minha namorada, se eu fosse outro cara.
Sou canalha, sem vergonha, é mais forte que eu. Gosto de ser assim.
Várias vezes, com o pessoal, tentei puxar o assunto e desistir da porra toda, mas o foda é que eu perderia a moral com os caras. Tinha dado a minha palavra e, sendo assim, acabei convencendo-me que não poderia recuar.
Passei um mês nesse dilema. Mas não podia adiar mais, já que meus amigos estavam me chamando de frouxo. Queriam que eu levasse logo o troféu.
Até que uma noite fui buscá-la para ir ao cinema e a filha da mãe estava maravilhosa. Gostosa pra caralho. Fiquei dividido ao ver aquilo tudo, a coisa toda começando a martelar na minha cabeça. Mas até quando eu ia “respeitá-la”?
Quer saber? Foda-se! Cairia matando, isso sim. No fim das contas, eu estava prestando um favor para ela. Se ficasse mais tempo virgem, o povo da cidade começaria a achar que a coitada tinha algum problema.
Por isso, depois de mais uns amassos, só restava em mim a certeza de que precisava meter naquela menina. E vamos combinar, ter a primeira vez com o garanhão aqui, era para poucas. No fim das contas, ela iria gostar.
Uma parada no motel da cidade e ela era a delícia que eu imaginava. Tudo no lugar. Peitinho empinado, com biquinho rosa. Coxas grossas e pele branquinha. Uma maravilha de menina. Pena que não rolaria repeteco.
Assumo que bateu certo remorso quando acabou. Gozei. Foi só o tempo de recompor-me e levantar para vestir. Já tinha feito a merda, então que fosse completa. Tinha só de sair dali.
Juro que por um tempo, desejei satisfazê-la. Por mim, passava a noite inteira deixando-a louca naquela cama. Mas isso me deixaria com mais vontade e se eu bobeasse ficaria de quatro por ela. Melhor ser do jeito escroto mesmo, sem me importar se ela estava satisfeita, se também havia chegado lá, se a machuquei ou qualquer coisa desse tipo.
Minha missão ali tinha acabado. Valeu a pena.
Nem dei bola para a garota depois. Tratei-a daquele jeito para que ficasse com raiva. Assim sumiria logo, e ficaria livre daquela palhaçada, sem ter de olhar para a cara dela de novo.
Parei em frente do espelho e sorri, deixando toda essa frescura de lado. Lilly teve sua dose disso tudo. Ela nem poderia reclamar.
Ela ficou decepcionada? Lógico. Fez cara de choro e já parecia totalmente arrependida do que fizemos. Bem, a ideia era essa mesma, paciência!
A ideia dela correndo atrás de mim, dava-me arrepios. Eu não estava a fim de ouvir lamúrias.
Mas aí um pensamento veio-me à cabeça. Imaginei por um momento se aquela notícia caísse no ouvido do pai dela e, consequentemente, no do meu. Essa história poderia render-me problemas, dar muita merda.! Perderia tudo.
Da última vez que aprontei, ele foi bem direto: ficaria sem nada se fizesse mais alguma. É claro que minha mãe podia ficar do meu lado, mas correria esse risco? Melhor não.
Então será que podia ganhar dos dois lados?
Gostosa do jeito que a Lilly era, sempre poderia aliviar a tensão pela vida sofrida que tinha naquele corpinho gostoso. Poderíamos ter outras noites como essa.… Bem, melhor para ela agir conforme as minhas regras do que não ter nada do Tavinho aqui. Só precisava ver como fazer isso.
Levei-a de volta para casa, sem trocarmos nenhum olhar. A garota ficou o percurso todo me encarando no retrovisor da moto e eu só desviando. Deixei-a lá e fui encontrar a galera no bar, um lugar só para quem estava a fim de se divertir. Cheguei e já pedi uma rodada de cerveja.
— Ei, galera, olha pro papai aqui. Essa rodada de cerveja será a última que pago durante um mês. Sabe por quê? Eu consegui, meus caros.
Joguei a camisinha em cima da mesa e fui ovacionado. As meninas fizeram cara de nojo e os caras me deram parabéns, perguntando como ela era na cama. Na realidade, senti-me meio mal por expor a Lilly daquela maneira, então inventei algumas coisas só para não deixar a imagem da garota na lama.
Depois de algumas rodadas de cerveja, fiquei meio bêbado. Peguei a peituda da Fátima em um dos carros e demos uma boa foda. Ela não era tão gostosa como a Lilly, nem tão apertada, isso era verdade. Inteligência, então, nem podia falar, mas era o que tinha no momento.
Deixei a vagabunda no carro e saí na intenção de ir para casa de moto, mas quando dei por mim, estava em frente à casa da Lilly, do outro lado da rua. Nem passou dois minutos e vi uma movimentação lá dentro. Em seguida, chegou uma ambulância.
Pelo que entendi estavam levando a mãe dela de maca. Caralho! Vi-a sair chorando, acompanhada do pai. Eles seguiram caminhando até o único hospital da cidade, que ficava há algumas quadras dali. Outra vantagem de cidade pequena.
Com certeza ela não me viu, mas a moto parada já não sei. Mas estou sem coragem de ir ao hospital dar uma força.
Tinha de colocar juízo na cabeça e fugir daquela encrenca. Ela não era mais problema meu. Fui embora antes que mudasse de ideia.
Nunca fui o cara que uma garota fosse capaz de mudar. Apesar disso, nos dias que vieram depois, fiquei pensando como sou um bosta. Tive vontade de vê-la e até de pedir desculpas. O que essa garota fez comigo eu não sei, mas teve algo ali que mexeu.
LILLYCheguei em casa com a sensação de que tinha feito a pior burrice da minha vida. Entreguei-me a alguém que, ao que tudo indicava, só queria sexo de uma noite. Minha virgindade devia ser apenas um motivo a mais para conquistar-me.Assim, consegui apenas um coração em frangalhos porque ter me apaixonado pelo cara mais ordinário que já conheci. Nossa, como fui estúpida.O pior de tudo é que, por mais que tivesse consciência de que o Otávio só tinha me usado, meu amor não entendia muito bem isso. Isso sim é ter o “dedo podre”. Antes dele, eu nunca tinha visto e enfiado as mãos dentro da cueca de um homem.Acorda, Lilly! O cara te comeu e de
Fico tanto tempo lá plantada que a cabeça volta para Otávio, como se já não bastassem os problemas que tenho.Será que havia me enganado tanto assim sobre ele? Talvez ele só não soubesse lidar com a situação ou nunca tivesse transado com uma virgem. Quem sabe estivesse com medo de estar apaixonado por mim. Será? Otávio apaixonado por mim? Mas será que antes só eu estava e ele não?São inúmeras as perguntas. Tantos “achismos” que, por um instante, a decepção dá lugar a paixão novamente. De repente, sinto-me mal por tê-lo julgado como cafajeste. Na verdade, agora me dou conta que ele não
Um mês se passa e minha mãe continua internada.Minha vida está uma completa loucura, sem tempo para mais nada. Cuido do meu pai, da casa, fico no hospital e estresso-me com o médico engraçadinho. Quanto ao Otávio, esse simplesmente sumiu. Nunca mais me procurou. Até deixei alguns recados. Na verdade, muitos, mas o desgraçado não retornou.Mas isso deixou de ser prioridade. Tenho de pensar na melhora da minha mãe e arrumar um emprego. O do meu pai cobre as despesas médicas e a casa, mas pela quantidade de remédios que eu a via tomar no hospital, é evidente que com o quanto ganhamos, não daremos conta quando ela receber alta. Eu preciso ajudar.Passo então por diversos estabelecimentos distribuindo meu curr&i
Aquele instante foi o começo do fim. Percebe agora, coração? Entendeu porque não era para ter esperanças?Que droga.Depois de presenciar aquilo, todas as suposições que pensei ser o meu lado dramático entrando em ação estavam ali, esfregadas na minha cara.Otávio e a peituda. O beijo que mais parecia um filme de sexo explícito e o jeito como ele deixou a garota sentar no colo dele, como se fosse livre, leve e solto.Por mais que eu corra, ele me alcança. Tem a petulância de segurar-me pelo braço. Olho para ele com tanta raiva e desprezo. Ele parece assustado, talvez não esperasse ver-me ali. Mas
Aquele instante foi o começo do fim. Percebe agora, coração? Entendeu porque não era para ter esperanças?Que droga.Depois de presenciar aquilo, todas as suposições que pensei ser o meu lado dramático entrando em ação estavam ali, esfregadas na minha cara.Otávio e a peituda. O beijo que mais parecia um filme de sexo explícito e o jeito como ele deixou a garota sentar no colo dele, como se fosse livre, leve e solto.Por mais que eu corra, ele me alcança. Tem a petulância de segurar-me pelo braço. Olho para ele com tanta raiva e desprezo. Ele parece assustado, talvez não esperasse ver-me ali. Mas
Passamos a tarde ali, conversando. Léo conta-me um pouco sobre a carreira, os desafios em ser médico, os sonhos e planos. Engraçado que em nenhum momento fala sobre a família, mas como ainda falta intimidade, fico na minha. Mas para quem é do interior como eu, isso soa estranho, porque por aqui todo mundo sabe sobre a vida familiar do outro.Muito mais calma, consigo explicar porque havia deixado a universidade de lado, mas adianto que um dia quero muito ir embora daqui. Nem preciso falar a vergonha que carregarei pela cidade inteira, assim que a sacanagem do Otávio cair na boca do povo.Quando damos conta, está quase no horário dele assumir o plantão no hospital. Sinto frio, porque apesar de termos ficado no sol, hoje está um dia fresco. As roupas nem mesmo secaram completamente.
LÉOAntes de tudo, como vai? Eu me chamo Leonard Campos de Barros, mas todos me chamam de Léo. Desculpa dar o nome completo, é costume devido à profissão. Tenho 28 anos e vivo em São Paulo, cidade onde nasci.Meus pais sempre trabalharam muito para conseguirem tudo o que desejavam. Iniciaram o comércio de vinhos em uma pequena vinícola, na região de São Roque, no interior paulista. Poucos anos depois já ampliavam os negócios e exportavam alguns dos produtos para América do Norte e parte da Europa. Atualmente, compraram uma vinícola em Trento, na Itália, e começam a mandar vinhos de lá para cá, conquistando um novo público.<
Voltamos para o hospital, conversando com a mesma animação anterior. Léo e eu estamos relaxados, um diante do outro, como se já fôssemos amigos há anos. Essa sensação é maravilhosa, a de ter alguém que sabe de tudo que estou passando e dispõe-se a apoiar-me. É nesse momento que viramos a esquina, logo avistando o hospital. Mas algo faz com que eu paralise.— O que houve, mocinha? Porque parou?Ele fica olhando para mim sem entender.— Está vendo a moto? É o Otávio, ele está aqui no hospital. Meu Deus, o que esse cretino veio fazer aqui?Juro ter ouvido em seguida Léo xingar. Olho para ele, espantada com aquela reação, mas e