LÉO
Antes de tudo, como vai? Eu me chamo Leonard Campos de Barros, mas todos me chamam de Léo. Desculpa dar o nome completo, é costume devido à profissão. Tenho 28 anos e vivo em São Paulo, cidade onde nasci.
Meus pais sempre trabalharam muito para conseguirem tudo o que desejavam. Iniciaram o comércio de vinhos em uma pequena vinícola, na região de São Roque, no interior paulista. Poucos anos depois já ampliavam os negócios e exportavam alguns dos produtos para América do Norte e parte da Europa. Atualmente, compraram uma vinícola em Trento, na Itália, e começam a mandar vinhos de lá para cá, conquistando um novo público.<
Voltamos para o hospital, conversando com a mesma animação anterior. Léo e eu estamos relaxados, um diante do outro, como se já fôssemos amigos há anos. Essa sensação é maravilhosa, a de ter alguém que sabe de tudo que estou passando e dispõe-se a apoiar-me. É nesse momento que viramos a esquina, logo avistando o hospital. Mas algo faz com que eu paralise.— O que houve, mocinha? Porque parou?Ele fica olhando para mim sem entender.— Está vendo a moto? É o Otávio, ele está aqui no hospital. Meu Deus, o que esse cretino veio fazer aqui?Juro ter ouvido em seguida Léo xingar. Olho para ele, espantada com aquela reação, mas e
LÉOA água do chuveiro cai quente nas minhas costas. Faz uma semana que não falo com Lilly. Achei melhor manter-me afastado, sem me envolver nessa enrascada para a minha própria segurança.O duro é que ela parece principiante demais nessa coisa de relacionamento. Como naquele dia. Foi só o babaca aparecer e algum tempo depois, lá ia ela para o estacionamento com ele. Claro que fiquei irritadíssimo quando os vi saindo. Tantos conselhos e conversa para nada? Dava cinco minutos e saía com o pentelho.Tenho de admitir que a acho linda e gostosa pra caralho. Ela de calcinha e sutiã é… Ai, caramba! Talvez um banho frio seja a melhor opção.
LILLYEle não quer me ouvir.Solto a respiração e caminho para fora do prédio. Preciso andar, distrair o pensamento, ou tomar um banho gelado porque, apesar de tudo, aquela imagem dele de toalha não vai sair da minha cabeça tão cedo. Apesar dele tentar disfarçar, vi que se excitou quando o olhei.Milhares de coisas passam pela minha cabeça, a mente vagando do Otávio ao Léo e vice-versa. Um é o bronco cafajeste do interior, que vai te pegar de jeito, mas partir seu coração. O outro vem da cidade grande e possui um ar mais sério, sorri menos e tem certo ar romântico, mas jura evitar qualquer tipo de relacionamento. Até tenta disfarçar, mas quando olha deixa claro que aprecia o que vê. Como ser&aa
OTÁVIOMeu lugar preferido é esse bar. Aqui literalmente sou o rei. A mulherada vem até de outras cidades atrás de mim. Eu já recebi proposta de tudo quanto é tipo por aqui e mesmo que alguns digam que isso é só por causa da minha grana, garanto-me no movimento do quadril. Sempre me cuido para deixar o corpinho no ponto e meu amigo disposto a nunca negar fogo.— E aí, gatinha, tudo bem? Papai está de novo na área — falo assim que chego, abrindo meus braços e abraçando a gostosa da Fátima. Cara, eu amo esses peitos. Abraço-a e já dou uma apalpada naquela bela bunda.— Por onde andou, Tavinho?Sabe, uma das coisas que mais o
LILLYComo minha vida pode ter virado de cabeça para baixo assim, num estalar de dedos? Tinha tudo: uma família perfeita, a mãe saudável que andava e podia cuidar de si mesma, meus sonhos e planos.Otávio poderia ter sido a melhor coisa que aconteceu, se não fosse cretino. Tão imbecil… Num único momento, conseguiu ser o melhor e o pior na minha vida. Não posso negar que até descobrir a verdade ele fez-me feliz, como uma história perfeita de amor, até tudo vir à tona.E eu senti-me a mais idiota das mulheres.Mas Léo veio para mudar tudo isso. Ele é o amigo que sempre quis ter por perto. Alguém que me escuta, faz-me sorrir, que me sinta eu mesma.<
LILLYAssim que chego em casa vejo meu pai chorando, algo que não lembro de ter visto muitas vezes. Imediatamente o coração aperta e penso na minha mãe.Ela não pode ter nos deixados.— Pai, o que houve? — O tom da minha voz estava mais para desesperada do que preocupada.— Ah, Lilly… Uma coisa terrível, minha filha.— Pelo amor de Deus, o senhor está me assustando. Aconteceu alguma coisa com a mamãe?— Eu fui demitido, Lilly. Depois de tantos anos… Não sei o que fiz, mas agora pouco o doutor Richard disse que precisava me dispensar. Argumentei, mas ele não quis saber.
LILLYDepois de passar a noite em claro, com inúmeros problemas na cabeça, decido que vou resolver um assunto por vez.A primeira coisa a fazer é encontrar o doutor Richard. Devo isso ao meu pai, preciso consertar isso. Não posso mudar a maldade de Otávio, mas cortar suas raízes? Com certeza.E quanto ao Léo? Bem, esse nem sei por onde começar. Nosso beijo fez morada na minha cabeça, mas a maneira que ele deixou-me ir embora também. Talvez algo real exista entre nós, mas acho que o destino nos aproximou na época errada. Tenho uma grande bagunça para resolver dentro de mim.Agora é hora de voltar ao foco.Como as pessoas me c
Há dias eu me pergunto como fui meter-me nessa encrenca. O pior é que não consigo sair dela. Mudei-me para Motuca com uma intenção clara: pesquisas, relatórios, doutorado concluído e, num futuro próximo, ajudar as pessoas a diminuir o sofrimento. Até que uma garota se joga no lago e acaba enrolando-me até o pescoço.Definitivamente odeio quando algo acontece e atrapalha tudo. Só que dessa vez sinto que quem faz isso sou eu mesmo. Essa menina está bagunçando meus pensamentos e deixando-me cheio de tesão. Caralho, talvez eu deva transar com ela e acabar logo com isso.Mas a questão é bem diferente de quando estava com a Fabiana, por exemplo. A outra está sempre presente, aprovada pela minha mãe, e tenta forçar um relaci