Sun encostava sua cabeça na janela da camionete. Enquanto sua mãe matinha uma conversa aleatória com o seu amigo, que está as ajudando na mudança. Sendo que elas, não tem dinheiro pra pagar um carro de mudanças. A camionete é usada pra trabalhos duros como, carregar área, cimento, matérias de construção, entre outros. O barulho vindo das engrenagens do velho carro ( Canter ) causam um desconforto auditivo a jovem que tenta sem sucesso dormir.
— Vou sentir saudades vossas, espero que corra tudo bem nessa nova cidade.
— Eu também vou sentir as suas, do bairro e da minha família não digo o mesmo!— Mercy deu um sorriso de lado, diferente de seu amigo que explodiu numa gargalhada.
O sentimento de Sun, quanto a mudança é apático, não sentia nada, não iria sentir falta de ninguém – talvez dos seus primos menores – pra ela era um alívio, estava feliz por finalmente sua mãe te terminado de construir a casa Delas. Ninguém voltaria a humilha-las, não viveriam de favor, não teriam que engulir todas as farpas de seus tios, finalmente algo só delas.
Não só mudou de casa, como mudou de escola. Sua mãe se negava a deixar sua filha continuar estudando naquela escola. Por sua mãe, ser professora na instituição, alguns alunos diziam que Sun era favorecida, que a mãe sempre acrescentava as notas dela. Sun é frágil de nascença, não pode fazer grandes esforços físicos, mais não foi desse modo que seus colegas entendiam. Sem falar na anomalia que está cravada em seu rosto, até o fim de sua vida. A HT antiga escola em que ela estudava, fechava os olhos pra o bullying. Isso fez sua mente viajar, ao dia em que...
— Sol, Sol acorda já chegamos — sua mãe a chamava de Sol, pra Mercy, Sun é o Sol de sua vida. O Sol que vem depois da tempestade, o Sol que aquece seu coração, o Sol que ilumina seus dias, a astra rainha de sua vida. Sun afasta seus cabelos loiros, tão amarelos como a luz do Sol, afasta seus cabelos do rosto, e desce da camionete num pulo. Ajeita as calças.
— Uau, é quase alguma coisa — disse se referindo ao bairro, ao quarteirão em si onde vivem as famílias de classe baixa – não são ricas, nem miseravelmente pobres, somente tem o suficiente pra se sustentar – se esticou pra se sentir acordada.
— É melhor que lá, você sabe!
— Eu sei mãe, já não posso elogiar o bairro?! — disse retórica, a mãe revirou os olhos indo pegar as malas
— Onde deixo?
— Sol, leva as chaves e vai abrir a porta pra ele.
— Certo.
Ao todo seriam dois dias de arrumação. Não tinham nem muita roupa, nem muitos objetos.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
Mercy De Souza, conheceu Calisto Monteiro quando tinha apenas 20 anos. Mercy vem de uma família humilde e de língua afiada, nos seus irmãos ninguém concluiu o ensino secundário, as condições não permitiram. Na época em que se conheceram, Calisto, tinha seus 42 anos caracterizado por ser um homem sério e modesto. No início houve uma certa divergência entre ele e a família dela, que não o aceitavam como genro, devido a sua diferença de idade. Sem se importar com os olhares julgadores, eles noivaram. Diferente de Mercy, Calisto vem de uma família bem sucedida e renomada, mesmo que nem todos tenham concluído a faculdade. Não chegaram a casar se, pois no ano em que marcaram, Mercy acabou ficando grávida.
Nove meses depois nasceu, uma bebezinha heterocromica. Uma bebezinha de olhos diferentes, onde já se viu? Ao menos em Malvo, esse tipo de anomalia ainda é nova e pouco conhecida, pessoas pouco cultas acabam achando que isso é algo relacionado a espíritos ou maldição!
As brigas começaram, a família de Calisto aconselhava-o a terminar o noiva com ela e se separar. Alegado que a pequena criança heteocromica era fruto de traição. Pra pessoas cultas que é a família de Calisto, naquela situação se comportaram como iletrados e primatas. A verdade aquela família não gostava de Mercy, muito menos queria que ela fizesse parte da família. Por isso, aproveitaram se dá situação.
Com cinco anos a garotinha via a relação de seus pais decair, Calisto exigiu um teste de DNA. Sem delongas foi feito e deu positivo, Mercy não conseguia suportar mais tamanhas humilhações. Ser acusada de adultério pra uma mulher que amou de corpo e alma um único homem é o ápice da epifania. Não a maior dor que ver o homem que você ama, o pai de sua filha. Olhando pra criança como se fosse uma aberração. Mercy arrumou suas coisas, pegou sua pequena e foi se embora.
Calisto até tentou se redimir depois de receber a confirmação do teste. Veio com uma conversa mal construída pra justificar seus atos. Tarde demais. Era tarde demais pra isso. A ferida já tinha sido criada, e só Deus sabe cicatriza-la.
Quando voltou pra suas origens, Mercy já tinha plena noção do que lhe esperava. Não seria recebida de braços abertos, sim facadas, farpas e baldes de água fria. Só não a mandavam embora, pois seu falecido pai tinha um grande carinho por ela, e graças a ele conseguiu dar um teto pra sua filha. Cinco anos de humilhação dentro de sua própria família, durante cinco anos ouviu sua filha sendo acusada por tudo e por nada, qualquer coisa que se estragasse a culpa seria de Sun. Só não a batiam por que isso Mercy não admitia. Podia estar vivendo de favor na fazenda de seus pais, mais ninguém tocaria em sua filha, alguns dias dormiam sem comer pois seus irmãos faziam de propósito que a comida não service pra elas.
— Se fez de esperta, foi se relacionar com um coroa esperava que o que? Que ia ter uma vida de rainha e viver num condomínio super luxuoso? Se ferrou irmãzinha, de volta ao campo.
Quando seu pai morreu, ela já tinha conseguido juntar uma certa quantia em dinheiro. O mesmo que usou pra alugar um condomínio que ficava no mesmo quarteirão que seus parentes viviam. Para Mercy nada caí do céu, além de chuva e granizo.
Com onze anos Sun sofreu uma pneumonia aguda. Foi um ano de pleno sufoco pra Mercy, pois Calisto havia entrado na justiça querendo a guarda da pequena, alegando que Mercy não tinha condições nem capacidades de cuidar da filha. Sendo que a menina estava num estado crítico, a audiência foi adiada e perdeu um ano de escola. Com 14 anos, na HT ( antiga escola ) Sun foi espancada por um grupo de alunos devido a peculiaridade de seus olhos e a raiva que sentiam, por ela ser a filha da professora. Como não estava ninguém na sala de aula, até mesmo as garotas que diziam ser amigas dela, não fizeram nada pra a ajudar. Devido as gritarias e objetos se quebrando, os professores foram até a sala onde acontecia o tumulto. Mercy teve de engulir as lágrimas pra acudir sua filha...e desse modo perdeu mais um ano de escola.
Tenho sangrado demaisTenho chorado pra cachorroAno passado eu morriMas esse ano eu não morroEmicida.Com o seu olho amarelo coberto pelas mechas amarelas de seu cabelo, Sun pegou sua pasta em cima da cama, usou suas sandálias brancas que cobrem seus dedos do pé e saiu de seu quarto. Pegou a chave da casa em cima da mesa, saindo da casa pra o caminho da escola percorrer.Não teve muito tempo pra desfrutar com sua mãe, foram só duas semanas, míseras semanas até que sua mãe recebesse uma proposta de emprego. Não ia dar mudar de profissão, só daria aulas em outro distrito de Benvil. Não iria cometer o mesmo erro, dar aulas na mesma escola que sua filha estuda. Mesmo que sentisse seu coração apertando com ess
— Irei formar grupos pra falarem dos temas, que estão listados na losa.— Professor nós não podemos formar nossos próprios grupos?— como se não tivesse ouvido, o professor de história continua falando. Gregório típico professor barrigudo, carancuda que odeia os alunos mas dá aulas a mas de vinte anos.— Vou nomear os respectivos membros e seus temas — sua voz é arrastada e baixa, como se suas cordas vocais tivessem se perdido ao decorrer dos anos. Ele não se importa se os alunos estão ou não o ouvindo, ele quer mesmo é dar sua aula e seguir com sua vida. Sun ignorava completamente as reclamações de seus colegas, para ela não fazia diferença, mesmo que não quisesse fazer prova em grupo. — ...Sun e Buba— É Duda professor!— a turma riu, era sempre a mesma coisa. Passa
Ethan é o tipo de jovem que não fica em relacionamentos sérios. Ou seja, fica e não se apega. E a pesar de ser um grande mulherengo ele tem uma ótima fama. Algumas de suas vítimas tem plena noção de seu comportamento, enquanto outras ainda se iludem pensando que conseguem algo sério.Só lindo de mas pra uma só!— pensou consigo olhando no espelho. O jovem tem uma autoestima invejável, ele cuida de seu corpo como seu fosse um rubi, tem plena noção de sua beleza e suas capacidades sedutoras.Como sua mãe e irmã costuma dizer. Ele cuida mas de sua pele e aparecia, do que elas duas juntas. Ethan é lindo de natureza, até Kiara se orgulho do trabalho que fez!— Você não o produziu sozinha — Kiara revira os olhos, para o comentário do marido.Sua beleza sedutora, além de lhe gerar va
— Ethan você nem liga pra mim, ontem ti liguei não atendeste porquê?— Não gosto de ficar próximo do celular linda, mas querias me dizer algo? — e outro fator era seu irmão. Duda considerava seu irmão um canalha por iludir aquelas pobres almas. Ethan tinha o poder de fazer cada garota se sentir especial e depois as descartava quando perdia o interesse.— Larissa, como está?— quando estava interessado numa garota, Ethan não desistia até alcançar seu objetivo.— O que isso ti interessa?— mas algumas estavam bem cientes de sua malandrice. Por mas que admitissem sua beleza, sabia que com ele não teriam um relacionamento sério.— Me perdoe, só procurei saber de sua saúde. Mas se isso ti incomoda me desculpe por perguntar — como ator Ethan merecia um óscar, seu semblante era de uma ovelha inofensiva
Hoje é dia de educação física. Sun não podia estar mais frustrada do que já está. Todo o esforço que fez durante a semana pra não revelar sua heterocromia, foi em vão. As regras do Professor Carlos são bem claras e práticas.1. Equipamento branco ( desde a camisa, calça, meias e sapatilhas )2. Nada de brincos, pulseiras, colares e tudo que fizer parte desse grupo. Válido pra os dois genros.3. Garotas prendam seus cabelos num rabo de cavalo bem alto. O cabelo dos garotos não pode passar da orelha.4. Sem mimi, a não ser que tenha um atestado médico e a confirmação do encarregado de educação.5. Eu mando, vocês obedecessem.De cabelo preso, Sun se sentia um peixinho fora da água. Seus colegas a olhavam como se estivessem vendo Moisés. Não era pra menos, o nível de
Por volta da década de noventa.Por volta deste tempo, alguns pais africanos começaram a manifestar-se contra os colonos, manifestações diretas e indiretas, vias pacíficas e armadas... Algures na África, um país havia conseguido sua independência. Mas devido as fortes guerras, a fome, epidemia, corrupção se alastrava pra aqueles que achavam que viveriam em paz, depois de se libertar dos colonos.Sem saber como foi parar ali, Sun se viu como filha de um branco e uma negra, e "misteriosamente" havia nascido Albina. Sun só notou que era ela, quando viu que seus olhos continuam os mes
Se soubesse o que lhe esperava no dia seguinte, Sun teria aproveitado sua noite de sono. A imagem dos olhos heterecromicos de Sun havia vazado pela escola. Como? Ela não sabe. Só sabia que agora todo a escola a encarava com diferença. Ethan também que ainda não tinha visto seus olhos heterecromicos, ficou surpreso quando a mensagem entrou e a foto apareceu em seu celular. Junto da foto, continham informações falsas acerca dela.Bullying.Outra vez não meu Deus, outra vez não. Saiu da sala em disparada e foi ao banheiro, Duda e Biatrís a seguiram. Estavam ultrajadas pelo comportamento dos colegas.— Sun, não fica assim!— sem aviso prévio Duda abraçou. Sun não queria chorar, não queria demostrar suas fraquezas mais estava cada vez mais difícil, o mundo a queria ver no chão. O abraço triplo fez ela desabar, e sem perceber e
— Como você não presta garota. Como se não bastasse o Daniel, agora está dando o rabo pra Ethan. Porque não se coloca em seu lugar.— Deve ser o efeito da heterocromia, ouvi dizer que pessoas com anomalia tem dificuldade de entender o óbvio.Rosa não se sentia satisfeita pelo já havia feito. Ainda estava com ódio pelo puxão que recebeu de Daniel, e mas agora quando viu Ethan e ela abraçados, enquanto a acompanhava pra casa. Sun, estava saindo do banheiro, estava no último degrau ouvido cada insulto que elas diziam a seu respeito, enquanto Rose e suas fies escudeiras estavam no penúltimo degrau.Só que Sun tem um problema. Um problema que geralmente todos as pessoas excessivamente calmas tem. Quando perdem a paciência, elas ficam insanas. Definitivamente Sun não sabia definir o que estava correndo por suas veias. Seus pesadelos, noite mal dormidas, as fotos espalhadas de seus olhos, tudo isso culpa daquela garota, tinha certez