Pérola Dourada— Série Comoção 3
Pérola Dourada— Série Comoção 3
Por: Nicolle
Prólogo.

Sun encostava sua cabeça na janela da camionete. Enquanto sua mãe matinha uma conversa aleatória com o seu amigo, que está as ajudando na mudança. Sendo que elas, não tem dinheiro pra pagar um carro de mudanças. A camionete é usada pra trabalhos duros como, carregar área, cimento, matérias de construção, entre outros. O barulho vindo das engrenagens do velho carro ( Canter ) causam um desconforto auditivo a jovem que tenta sem sucesso dormir.

— Vou sentir saudades vossas, espero que corra tudo bem nessa nova cidade.

— Eu também vou sentir as suas, do bairro e da minha família não digo o mesmo!— Mercy deu um sorriso de lado, diferente de seu amigo que explodiu numa gargalhada.

O sentimento de Sun, quanto a mudança é apático, não sentia nada, não iria sentir falta de ninguém – talvez dos seus primos menores – pra ela era um alívio, estava feliz por finalmente sua mãe te terminado de construir a casa Delas. Ninguém voltaria a humilha-las, não viveriam de favor, não teriam que engulir todas as farpas de seus tios, finalmente algo só delas.

Não só mudou de casa, como mudou de escola. Sua mãe se negava a deixar sua filha continuar estudando naquela escola. Por sua mãe, ser professora na instituição, alguns alunos diziam que Sun era favorecida, que a mãe sempre acrescentava as notas dela. Sun é frágil de nascença, não pode fazer grandes esforços físicos, mais não foi desse modo que seus colegas entendiam. Sem falar na anomalia que está cravada em seu rosto, até o fim de sua vida. A HT antiga escola em que ela estudava, fechava os olhos pra o bullying. Isso fez sua mente viajar, ao dia em que...

— Sol, Sol acorda já chegamos — sua mãe a chamava de Sol, pra Mercy, Sun é o Sol de sua vida. O Sol que vem depois da tempestade, o Sol que aquece seu coração, o Sol que ilumina seus dias, a astra rainha de sua vida. Sun afasta seus cabelos loiros, tão amarelos como a luz do Sol, afasta seus cabelos do rosto, e desce da camionete num pulo. Ajeita as calças.

— Uau, é quase alguma coisa — disse se referindo ao bairro, ao quarteirão em si onde vivem as famílias de classe baixa – não são ricas, nem miseravelmente pobres, somente tem o suficiente pra se sustentar – se esticou pra se sentir acordada.

— É melhor que lá, você sabe!

— Eu sei mãe, já não posso elogiar o bairro?! — disse retórica, a mãe revirou os olhos indo pegar as malas

— Onde deixo?

— Sol, leva as chaves e vai abrir a porta pra ele.

— Certo.

Ao todo seriam dois dias de arrumação. Não tinham nem muita roupa, nem muitos objetos.

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

Mercy De Souza, conheceu Calisto Monteiro quando tinha apenas 20 anos. Mercy vem de uma família humilde e de língua afiada, nos seus irmãos ninguém concluiu o ensino secundário, as condições não permitiram. Na época em que se conheceram, Calisto, tinha seus 42 anos caracterizado por ser um homem sério e modesto. No início houve uma certa divergência entre ele e a família dela, que não o aceitavam como genro, devido a sua diferença de idade. Sem se importar com os olhares julgadores, eles noivaram. Diferente de Mercy, Calisto vem de uma família bem sucedida e renomada, mesmo que nem todos tenham concluído a faculdade. Não chegaram a casar se, pois no ano em que marcaram, Mercy acabou ficando grávida.

Nove meses depois nasceu, uma bebezinha heterocromica. Uma bebezinha de olhos diferentes, onde já se viu? Ao menos em Malvo, esse tipo de anomalia ainda é nova e pouco conhecida, pessoas pouco cultas acabam achando que isso é algo relacionado a espíritos ou maldição!

As brigas começaram, a família de Calisto aconselhava-o a terminar o noiva com ela e se separar.  Alegado que a pequena criança heteocromica era fruto de traição. Pra pessoas cultas que é a família de Calisto, naquela situação se comportaram como iletrados e primatas. A verdade aquela família não gostava de Mercy, muito menos queria que ela fizesse parte da família. Por isso, aproveitaram se dá situação.

Com cinco anos a garotinha via a relação de seus pais decair, Calisto exigiu um teste de DNA. Sem delongas foi feito e deu positivo, Mercy não conseguia suportar mais tamanhas humilhações. Ser acusada de adultério pra uma mulher que amou de corpo e alma um único homem é o ápice da epifania. Não a maior dor que ver o homem que você ama, o pai de sua filha. Olhando pra criança como se fosse uma aberração. Mercy arrumou suas coisas, pegou sua pequena e foi se embora.

Calisto até tentou se redimir depois de receber a confirmação do teste. Veio com uma conversa mal construída pra justificar seus atos. Tarde demais. Era tarde demais pra isso. A ferida já tinha sido criada, e só Deus sabe cicatriza-la.

Quando voltou pra suas origens, Mercy já tinha plena noção do que lhe esperava. Não seria recebida de braços abertos, sim facadas, farpas e baldes de água fria. Só não a mandavam embora, pois seu falecido pai tinha um grande carinho por ela, e graças a ele conseguiu dar um teto pra sua filha. Cinco anos de humilhação dentro de sua própria família, durante cinco anos ouviu sua filha sendo acusada por tudo e por nada, qualquer coisa que se estragasse a culpa seria de Sun. Só não a batiam por que isso Mercy não admitia. Podia estar vivendo de favor na fazenda de seus pais, mais ninguém tocaria em sua filha, alguns dias dormiam sem comer pois seus irmãos faziam de propósito que a comida não service pra elas.

— Se fez de esperta, foi se relacionar com um coroa esperava que o que? Que ia ter uma vida de rainha e viver num condomínio super luxuoso? Se ferrou irmãzinha, de volta ao campo.

Quando seu pai morreu, ela já tinha conseguido juntar uma certa quantia em dinheiro. O mesmo que usou pra alugar um condomínio que ficava no mesmo quarteirão que seus parentes viviam. Para Mercy nada caí do céu, além de chuva e granizo.

Com onze anos Sun sofreu uma pneumonia aguda. Foi um ano de pleno sufoco pra Mercy, pois Calisto havia entrado na justiça querendo a guarda da pequena, alegando que Mercy não tinha condições nem capacidades de cuidar da filha. Sendo que a menina estava num estado crítico, a audiência foi adiada e perdeu um ano de escola. Com 14 anos, na HT ( antiga escola ) Sun foi espancada por um grupo de alunos devido a peculiaridade de seus olhos e a raiva que sentiam, por ela ser a filha da professora. Como não estava ninguém na sala de aula, até mesmo as garotas que diziam ser amigas dela, não fizeram nada pra a ajudar. Devido as gritarias e objetos se quebrando, os professores foram até a sala onde acontecia o tumulto. Mercy teve de engulir as lágrimas pra acudir sua filha...e desse modo perdeu mais um ano de escola.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo