— Irei formar grupos pra falarem dos temas, que estão listados na losa.
— Professor nós não podemos formar nossos próprios grupos?— como se não tivesse ouvido, o professor de história continua falando. Gregório típico professor barrigudo, carancuda que odeia os alunos mas dá aulas a mas de vinte anos.
— Vou nomear os respectivos membros e seus temas — sua voz é arrastada e baixa, como se suas cordas vocais tivessem se perdido ao decorrer dos anos. Ele não se importa se os alunos estão ou não o ouvindo, ele quer mesmo é dar sua aula e seguir com sua vida. Sun ignorava completamente as reclamações de seus colegas, para ela não fazia diferença, mesmo que não quisesse fazer prova em grupo. — ...Sun e Buba
— É Duda professor!— a turma riu, era sempre a mesma coisa. Passaram se dois anos e mesmo assim Gregório continuavam trocando as letras de seu nome.
Como se não tivesse ouvindo o professor continuou organizando os grupos.
— Professor, eu não conheço meu par — Duda voltou a pronunciar-se
— E qual é o seu par?
— Acho que é Solange ou Sul...algo assim — Sun revirou os olhos enquanto a turma ria.
— Sun Monteiro, é a estudante transferida — o professor leu na ficha — Sun levanta o braço pra te identificarmos!
Mesmo receosa ela o fez, a turma inteira virou-se pra encarar, o que fez seu rosto esquentar.
— Como é bonitinha.
— Tem um estilo engraçado, lembra animes.
— O olho vendado né?
A turma cochichava entre si a deixando ainda mas desconfortável. Quando Duda cruzou seu olhar com de Sun, ela sorriu e voltou a sentar-se devidamente. Sun abaixou a mão e virou o rosto, tentando esconder o rubor.
A professor continuou sua aula e no final dela a turma pode se dispersar. Sun, não saia os intervalos, preferia dormir na carteira e evitar se mostrar, quanto menos fosse notada melhor.
— Ei — Sun levantou sua cabeça sentindo alguém a cutucando. Seus olhos azuis eram lindos, lembravam o oceano, Sun não sabia que tanta beleza assim era possível. Mas ela não se iludia com as aparências. Manteu-se apática. — Como vamos fazer o trabalho? Só temos duas semanas pra entregar.
— Cada um faz uma parte, depois juntamos.
— O trabalho é em grupo não individual. Temos que marcar um dia pra fazer de uma vez, não gosto de deixar trabalhos pra últimos dias. — Sun não a respondeu, continuou fitando seus olhos — Sábado estás livre?
Vou te passar o endereço da minha casa, aí fazemos tudo de uma vez, podes vir de tarde, é mas prático — Duda sentia-se uma idiota falando sozinha, em nenhum momento Sun a respondeu, muito menos manifestou alguma reação perante suas palavras. — Aí! — grunhiu assim que sentiu um puxão em seu cabelo— Zebra, tô com fome!— sem esperar alguma resposta da irmã, Daniel a arrastou até sua pasta já que ela é quem ficava com o dinheiro de lanche. Por causa da indisciplina de seus amigos Daniel não deixava nada valioso na sua pasta, pôs sabia que sumiria.
— Estou ocupada não vês!
— Estou com fome, o intervalo não espera. Depois vocês falam — mesmo que Daniel fosse meio indiferente a beleza feminina, ele achou que tinha visto um anjo no primeiro instante que seu olhar caiu em Sun.
— Espera...— Duda pegou na caneta que se encontra na carteira — posso escrever aqui?— como não obteve resposta escreveu do mesmo jeito — esse é o meu endereço.
Depois disso permitiu ser se arrastada pelo irmão, em direção a cantina. Ethan está no último ano, diferente de seus irmãos que estão no terceiro do ensino médio.
Sun, olhou pra o endereço e não pode evitar dar um suspiro. Não gostava nada de ir a casa de estranhos.
(...)
A medida que caminhava de volta pra casa, Sun não podia deixar de observar as crianças brincando no parque com seus pais.
Sentia inveja e se perguntava, o que a vida estava fazendo com ela.
As crianças sorriam, recebiam carinho de seus pais. Sun abaixava o olhar com vontade de chorar, mas sem lágrimas pra derramar. Não se sentia só, isso era fato, tinha sua mãe e pra ela isso era mas que o bastante. Quando se lembrava de seu pai e das pessoas que um dia chamou de amigos, não sabia se sentia tristeza ou ódio. Mas de todas as pessoas que podiam arruinar sua vida, seu pai ocupava um lugar especial.
Sun não é fraca, pode ser desastrada e frágil, mas não é fraca. Já passou fome, já apanhou calada, já se sentiu sozinha. Sun já viu a morte perto, numa cama de hospital. Já teve que correr pelas ruas por sua vida. Já invejou ter um pai, como seus colegas, Sun já viu quase tudo e pra ela, nada podia a surpreender mas.
— Droga, me desculpe! — falou assim que esbarrou num moço.
— Não faz mal, só olhe pra cima quando estiver andando.
— Vou me lembrar disso!— Sun disse se distanciando do grupo de estudantes parados na rodoviária, fazendo selfie.
Ethan é o tipo de jovem que não fica em relacionamentos sérios. Ou seja, fica e não se apega. E a pesar de ser um grande mulherengo ele tem uma ótima fama. Algumas de suas vítimas tem plena noção de seu comportamento, enquanto outras ainda se iludem pensando que conseguem algo sério.Só lindo de mas pra uma só!— pensou consigo olhando no espelho. O jovem tem uma autoestima invejável, ele cuida de seu corpo como seu fosse um rubi, tem plena noção de sua beleza e suas capacidades sedutoras.Como sua mãe e irmã costuma dizer. Ele cuida mas de sua pele e aparecia, do que elas duas juntas. Ethan é lindo de natureza, até Kiara se orgulho do trabalho que fez!— Você não o produziu sozinha — Kiara revira os olhos, para o comentário do marido.Sua beleza sedutora, além de lhe gerar va
— Ethan você nem liga pra mim, ontem ti liguei não atendeste porquê?— Não gosto de ficar próximo do celular linda, mas querias me dizer algo? — e outro fator era seu irmão. Duda considerava seu irmão um canalha por iludir aquelas pobres almas. Ethan tinha o poder de fazer cada garota se sentir especial e depois as descartava quando perdia o interesse.— Larissa, como está?— quando estava interessado numa garota, Ethan não desistia até alcançar seu objetivo.— O que isso ti interessa?— mas algumas estavam bem cientes de sua malandrice. Por mas que admitissem sua beleza, sabia que com ele não teriam um relacionamento sério.— Me perdoe, só procurei saber de sua saúde. Mas se isso ti incomoda me desculpe por perguntar — como ator Ethan merecia um óscar, seu semblante era de uma ovelha inofensiva
Hoje é dia de educação física. Sun não podia estar mais frustrada do que já está. Todo o esforço que fez durante a semana pra não revelar sua heterocromia, foi em vão. As regras do Professor Carlos são bem claras e práticas.1. Equipamento branco ( desde a camisa, calça, meias e sapatilhas )2. Nada de brincos, pulseiras, colares e tudo que fizer parte desse grupo. Válido pra os dois genros.3. Garotas prendam seus cabelos num rabo de cavalo bem alto. O cabelo dos garotos não pode passar da orelha.4. Sem mimi, a não ser que tenha um atestado médico e a confirmação do encarregado de educação.5. Eu mando, vocês obedecessem.De cabelo preso, Sun se sentia um peixinho fora da água. Seus colegas a olhavam como se estivessem vendo Moisés. Não era pra menos, o nível de
Por volta da década de noventa.Por volta deste tempo, alguns pais africanos começaram a manifestar-se contra os colonos, manifestações diretas e indiretas, vias pacíficas e armadas... Algures na África, um país havia conseguido sua independência. Mas devido as fortes guerras, a fome, epidemia, corrupção se alastrava pra aqueles que achavam que viveriam em paz, depois de se libertar dos colonos.Sem saber como foi parar ali, Sun se viu como filha de um branco e uma negra, e "misteriosamente" havia nascido Albina. Sun só notou que era ela, quando viu que seus olhos continuam os mes
Se soubesse o que lhe esperava no dia seguinte, Sun teria aproveitado sua noite de sono. A imagem dos olhos heterecromicos de Sun havia vazado pela escola. Como? Ela não sabe. Só sabia que agora todo a escola a encarava com diferença. Ethan também que ainda não tinha visto seus olhos heterecromicos, ficou surpreso quando a mensagem entrou e a foto apareceu em seu celular. Junto da foto, continham informações falsas acerca dela.Bullying.Outra vez não meu Deus, outra vez não. Saiu da sala em disparada e foi ao banheiro, Duda e Biatrís a seguiram. Estavam ultrajadas pelo comportamento dos colegas.— Sun, não fica assim!— sem aviso prévio Duda abraçou. Sun não queria chorar, não queria demostrar suas fraquezas mais estava cada vez mais difícil, o mundo a queria ver no chão. O abraço triplo fez ela desabar, e sem perceber e
— Como você não presta garota. Como se não bastasse o Daniel, agora está dando o rabo pra Ethan. Porque não se coloca em seu lugar.— Deve ser o efeito da heterocromia, ouvi dizer que pessoas com anomalia tem dificuldade de entender o óbvio.Rosa não se sentia satisfeita pelo já havia feito. Ainda estava com ódio pelo puxão que recebeu de Daniel, e mas agora quando viu Ethan e ela abraçados, enquanto a acompanhava pra casa. Sun, estava saindo do banheiro, estava no último degrau ouvido cada insulto que elas diziam a seu respeito, enquanto Rose e suas fies escudeiras estavam no penúltimo degrau.Só que Sun tem um problema. Um problema que geralmente todos as pessoas excessivamente calmas tem. Quando perdem a paciência, elas ficam insanas. Definitivamente Sun não sabia definir o que estava correndo por suas veias. Seus pesadelos, noite mal dormidas, as fotos espalhadas de seus olhos, tudo isso culpa daquela garota, tinha certez
Ethan não conseguia comer durante o jantar e consequentemente não conseguiria dormir, por culpa de seus pensamentos perturbadores. Ele estava receoso. Após o que aconteceu na escola, ele se sentia inquieto. Ele sabia que bullying, não era certo e tinha consequência drásticas. Seus pais sempre os alertam acerca disso. Sua mãe dava exemplos vivos, de pacientes que sofriam por bullying, alguns recuperados, outros desistindo do processo e outros ainda pior, cometiam suicídio.Mesmo que fosse raro de acontecer, quando um dos pacientes de sua mãe, não conseguia lidar com a depressão. Acabava suicidando. Ele via sua mãe arrasada, como se tivesse tirado a vida deles. Mesmo que raro. A família ficava sem jeito quando a mãe, perdia um de seus pacientes.— Ethan, não vai comer?— seu pai perguntou estranhando seu silêncio. Ethan é muito tagarela e não faz cerimônia com a comida. Mesmo doente. Só que, essa noite ele estava, estranhamente quieto.
— O que se passa com ela?— Kiara perguntou assim que a viu se contorcendo na cadeira.— Está tendo uma crise de gastrite!— Duda respondeu aflita.Sun estava focada na dor e em sua respiração. Não podia ter uma crise de asma junto da de gastrite. Pouco a pouco a dor foi reduzindo. Neste meio termo Kiara havia se retirado pra estufa em busca da espinheira-santa.— Quer algo pra comer?— Ethan— Não obrigada. Já estou bem. — disse fazendo uma careta, a dor tinha reduzido, mas ainda sentia um pouco de queimação no estômago.Discordando dela, Ethan e Duda sugiram que ela comesse algo. Mesmo ela protestando dizendo que já estava bem.— Beba isso. — Kiara se aproximou dela com uma xícara, contendo chá de espinheira-santa— vai aliviar a dor.Ethan e Duda sorriram pra ela. Não havia como ela recusar a oferta. O chá já estava servido.— Obrigada, senhora. —