Hoje é dia de educação física. Sun não podia estar mais frustrada do que já está. Todo o esforço que fez durante a semana pra não revelar sua heterocromia, foi em vão. As regras do Professor Carlos são bem claras e práticas.
1. Equipamento branco ( desde a camisa, calça, meias e sapatilhas )
2. Nada de brincos, pulseiras, colares e tudo que fizer parte desse grupo. Válido pra os dois genros.
3. Garotas prendam seus cabelos num rabo de cavalo bem alto. O cabelo dos garotos não pode passar da orelha.
4. Sem mimi, a não ser que tenha um atestado médico e a confirmação do encarregado de educação.
5. Eu mando, vocês obedecessem.
De cabelo preso, Sun se sentia um peixinho fora da água. Seus colegas a olhavam como se estivessem vendo Moisés. Não era pra menos, o nível de anomalia e estrangeiros em Malvo era muito baixo. Sun sentia a vontade de sair correndo, o professor estava demorando, seus colegas não escondiam sua curiosidade. Outros mas atrevidos até se aproximavam pra a olhar de perto.
— Isso não é lente de contacto?
— Tenho a certeza que é, é impossível alguém ter olhos tão diferentes.
— Se for o professor vai brigar com ela. Ele disse, nada de mimi.
Cochichavam, riam, especulação pra tudo que era canto. Sun estava ficando louca, quando achou que ia desabar. Duda que chegou atrasada por ter acordado tarde. Tendo a visto de costas, correu e saltou nós ombros dela. Não tinham nenhuma intimidade, mas ela não conseguia evitar. Sua espontaneidade fugia do controle.
— Oi, Sun. — deu um beijo em seu bochecha e ficou na sua frente — Você está linda.
Sun agradeceu internamente por ela ter ficando na frente dela, assim alguns de seus colegas focaram seu olhar em outra coisa e outros mas ousados continuaram as encarando.
— Menina, você tá transpirando, tá com febre?
— Não, eu estou bem.
— Não parece — desconfiada Duda olhou em volta e notou o clima tenso, bufando cuspiu — preconceituosos de merda. — desde cedo seus pais a educaram a saber respeitar os diferentes. Tem um tio com SD seus pais a sepultarião se ela demostra-se atitudes preconceituosas. Quem não respeita os diferentes. Não respeita a si mesmo. — Vamos aquecer!
— O que?
— Vamos aquecer, vamos se solta. O professor de educação física, gosta quando nos encontra já prontos pra o exercício — Duda disse começando os movimentos de alongamento
— DUDAAAAA — sua amiga Biatrís que também havia se atrasado a chamou assim que entrou na quadra.
— Atris bom dia — Duda respondeu com um sorriso sem parar de se exercitar. Seu irmão que também havia chegado com ela, está com o seu grupo. Apesar dela ficar com o dinheiro de lanche dele, nem sempre andavam colados.
— Sua irmã não se cansa ? — um dia amigos perguntou vendo ela incentivando suas amigas a se exercitar. Ela faz aquilo desde o fundamental.
— Lhe pergunta pessoalmente!— Daniel disse começando a se movimentar.
Sun apesar de ser desastrada e conter um corpo bem preenchido. Seios fartos, ancas e tudo mais. Ela conseguia muito bem dominar seu corpo, então com facilidade conseguia seguir o ritmo delas. Mas não podia exagerar se não teria um crise de asma.
Estava cada vez mas difícil ignorar as palavras de Duda. Ela é tão impertinente que ou você suporta ou sucumbe. Sem perceber havia soltado algumas gargalhadas. O professor de educação física ao ver seus olhos, entrou em choque, esfregou a cara. Mas tentou esconder suas expressões. Não queria parecer preconceituoso. Então somente ignorou o fato de uma de suas alunas ter heterocromia.
A conversa amistosa que havia se formando entre as três, fluía tão naturalmente que quando se deram por si estavam caminhando juntas pra casa. Só que Biatrís vivia no outro bairro. Sun e Duda no mesmo em quarteirão diferentes, o primeiro era da Duda e de seguida da Sun.
Sun se esqueceu de todas suas preocupações, na medida que fazia sua higiene, se alimentava pra voltar a escola. Mais sua harmonia foi abalada quando entrou a sua sala. Quando entrou, todos deixaram de conversar pra a encarar. Ela estava com o olho amarelo coberto. Mesmo assim seus colegas insistiam em a encarar. Fingindo não notar seu olhar, ela foi se sentar em sua carteira.
Na esperança que seus olhares reduzissem, ela sentou-se na carteira e não saiu nem pra o intervalo. Gostaria de poder sumir, ser devorada pelo tempo e espaço ou mesmo que a parede a enguli-se.
Duda por vezes trocava algumas palavras com ela. Mas como se tivesse voltado a estaca zero. Suas respostas eram curtas e vagas.
— Sun mostra pra elas — não pensou que o assunto da sua heterecromia duraria, até o dia seguinte. Ela já tinha vivido isso uma fez, podia até detalhar como aconteceu. A sensação de déjà vù era tão forte que ela se sentia sufocada.
Sun não respondeu a garota parada a sua frente, que queria mostrar pra suas amigas de outra classe o olho diferente dela.
— Não custa nada tirar a mecha né? Se quiser eu ti ajudo — era um grupo de três garotas, liderados por Rosa sua colega de classe
— Não toque em mim.
— Viram, o bichinho fala — elas riram — parece um experimento de laboratório com essa voz de brinquedo partido. — voltaram a rir.
— Acho que ela precisa de ajuda pra tirar — trocaram olhares maliciosos. Sun é calma de mas pra armar um barraco. Ela tem uma baixa autoestima que a impede de se defender.
— Opa! Tô aqui pra isso — Rosa esticou sua mão. Sun estava com o olhar baixo, queria que ela acabasse com isso logo, com o passar dos anos ela descobriu que resistir era dar ânimo pra seus abusadores. — Aí — Rosa grunhiu, sua mão estava a centímetros do cabelo dela. Ela choramingou quando sentiu seu cabelo sendo puxado. — Quem fez isso...— ficou em palavras quando viu Daniel com um olhar assombroso a encarando.
— O que pensa que está fazendo?— Daniel voltou a puxar o cabelo dela pra trás. É de mencionar que ele não é muito gentil nem cortes. A regra de que não se b**e em mulheres não se aplica pra ele. Se for uma vadia, vai levar porrada.
— Aí, você está me machucando.
— Dani para com isso — uma das garotas tentou intervir mas ele segurou no braço dela e apertou. A outras outras conhecendo a fama dele deram fuga. Duda havia saindo com Biatrís da sala, Daniel estava de papo furado com seus amigos. Ele viu quando Rosa intimidou Sun. Apertando o cabelo de uma e o braço da outra. Deu uma rápida olhada pra Sun que mesmo perplexa estava de cabeça baixa. Puxou as duas garotas pra fora.
— Se voltarem a tocar nela, vão se arrepender entendem? — as duas já estavam com lágrimas nos olhos. Daniel não maneira nós seus apertos. Parece que sua gentileza era contabilizada.
— Seu estúpido.
— Idiota.
— Diz isso de novo se tiver coragem.
Choramingando elas se retiraram jurando vingança em seu íntimo. Por um estante os que estavam na sala, ficaram em silêncio observando aquilo. Na sua volta ele pensou em falar com Sun, mas ela estava tão encolhida que parecia ter medo dele. Bufando voltou-se pra seu assento.
Por volta da década de noventa.Por volta deste tempo, alguns pais africanos começaram a manifestar-se contra os colonos, manifestações diretas e indiretas, vias pacíficas e armadas... Algures na África, um país havia conseguido sua independência. Mas devido as fortes guerras, a fome, epidemia, corrupção se alastrava pra aqueles que achavam que viveriam em paz, depois de se libertar dos colonos.Sem saber como foi parar ali, Sun se viu como filha de um branco e uma negra, e "misteriosamente" havia nascido Albina. Sun só notou que era ela, quando viu que seus olhos continuam os mes
Se soubesse o que lhe esperava no dia seguinte, Sun teria aproveitado sua noite de sono. A imagem dos olhos heterecromicos de Sun havia vazado pela escola. Como? Ela não sabe. Só sabia que agora todo a escola a encarava com diferença. Ethan também que ainda não tinha visto seus olhos heterecromicos, ficou surpreso quando a mensagem entrou e a foto apareceu em seu celular. Junto da foto, continham informações falsas acerca dela.Bullying.Outra vez não meu Deus, outra vez não. Saiu da sala em disparada e foi ao banheiro, Duda e Biatrís a seguiram. Estavam ultrajadas pelo comportamento dos colegas.— Sun, não fica assim!— sem aviso prévio Duda abraçou. Sun não queria chorar, não queria demostrar suas fraquezas mais estava cada vez mais difícil, o mundo a queria ver no chão. O abraço triplo fez ela desabar, e sem perceber e
— Como você não presta garota. Como se não bastasse o Daniel, agora está dando o rabo pra Ethan. Porque não se coloca em seu lugar.— Deve ser o efeito da heterocromia, ouvi dizer que pessoas com anomalia tem dificuldade de entender o óbvio.Rosa não se sentia satisfeita pelo já havia feito. Ainda estava com ódio pelo puxão que recebeu de Daniel, e mas agora quando viu Ethan e ela abraçados, enquanto a acompanhava pra casa. Sun, estava saindo do banheiro, estava no último degrau ouvido cada insulto que elas diziam a seu respeito, enquanto Rose e suas fies escudeiras estavam no penúltimo degrau.Só que Sun tem um problema. Um problema que geralmente todos as pessoas excessivamente calmas tem. Quando perdem a paciência, elas ficam insanas. Definitivamente Sun não sabia definir o que estava correndo por suas veias. Seus pesadelos, noite mal dormidas, as fotos espalhadas de seus olhos, tudo isso culpa daquela garota, tinha certez
Ethan não conseguia comer durante o jantar e consequentemente não conseguiria dormir, por culpa de seus pensamentos perturbadores. Ele estava receoso. Após o que aconteceu na escola, ele se sentia inquieto. Ele sabia que bullying, não era certo e tinha consequência drásticas. Seus pais sempre os alertam acerca disso. Sua mãe dava exemplos vivos, de pacientes que sofriam por bullying, alguns recuperados, outros desistindo do processo e outros ainda pior, cometiam suicídio.Mesmo que fosse raro de acontecer, quando um dos pacientes de sua mãe, não conseguia lidar com a depressão. Acabava suicidando. Ele via sua mãe arrasada, como se tivesse tirado a vida deles. Mesmo que raro. A família ficava sem jeito quando a mãe, perdia um de seus pacientes.— Ethan, não vai comer?— seu pai perguntou estranhando seu silêncio. Ethan é muito tagarela e não faz cerimônia com a comida. Mesmo doente. Só que, essa noite ele estava, estranhamente quieto.
— O que se passa com ela?— Kiara perguntou assim que a viu se contorcendo na cadeira.— Está tendo uma crise de gastrite!— Duda respondeu aflita.Sun estava focada na dor e em sua respiração. Não podia ter uma crise de asma junto da de gastrite. Pouco a pouco a dor foi reduzindo. Neste meio termo Kiara havia se retirado pra estufa em busca da espinheira-santa.— Quer algo pra comer?— Ethan— Não obrigada. Já estou bem. — disse fazendo uma careta, a dor tinha reduzido, mas ainda sentia um pouco de queimação no estômago.Discordando dela, Ethan e Duda sugiram que ela comesse algo. Mesmo ela protestando dizendo que já estava bem.— Beba isso. — Kiara se aproximou dela com uma xícara, contendo chá de espinheira-santa— vai aliviar a dor.Ethan e Duda sorriram pra ela. Não havia como ela recusar a oferta. O chá já estava servido.— Obrigada, senhora. —
— Boa tarde Sir. Diretor, desculpe o incomodo mas trago uma queixa. — o Diretor endireitou os óculos, pousou a esferográfica. Encarando o estudante que raramente vinha ao seu gabinete. — Uma estudante do terceiro ano, sofre bullying na escola por parte de alguns estudantes. Primeiro vieram as vaias na sala, seguida pelas fotos dela terem sido publicadas sem sua permissão por toda escola. E ainda, tem alguns estudantes que cismam em continuar com as provocações.Poucas vezes os estudantes faziam queixam por bullying. Por certos motivos que serão mencionados a baixo.1. Medo. Ameaças.2. Falta de coragem.3. Casos raros em que a vítima não tem noção de que sofre bullying ( parece impossível mas acontece)4. Quando os dirigentes da escola, não se importam com a saúde mental de seus alunos. Fechando os olhos pra o bullying, o preconceito.
Ás vezes você acha bondade no meio do inferno.Charles BukowskiA notícia acerca da punição das três – junto de mas um grupo que elas alegaram ter participado com elas nas provocações – deixou a escola em choque. Fênix, é conhecida por ser uma escola muito rígida que não admite atos de vandalismo. A escola é reconhecida a nível nacional, é pra fazer jus a seu título...Rose, Ana Maria e Raquel, estão encarregadas de fazer uma campainha a nível, distrital acerca do bullying. Com direto é quatro palestras dirigidas por elas durante um mês, obras comunitárias – especificamente, ajuda aos mais necessitados– isso sobre a supervisão de um inspetor e psicólogo. Seu comportamento e acções serão avaliadas e julgadas, e caso não correspon
Ela sorriu para você, um sorriso que diz ' eu sei que você é louco, mas para mim está tudo bem'Charles BukowskiFoi na segunda semana do regresso as aulas que o grupo combinou de ir pra piscina. Sun no início ficou duvidosa se deveria ir ou não. Mas após a chantagem emocional que recebeu de Duda.— Se você não ir comigo eu vou ficar sozinha, você sabe como Biatrís é, mal chegarmos ela vai começar a pescar. Ethan, Daniel e Hunt já nem falo, você sabe como eles são. Três dias com ela repetindo o mesmo discurso, deu um can