LAURAOs dias foram indo e a tão esperada festa estava sendo organizada com todo cuidado. Eu estava sentada no banco do jardim e Lorenzo deitado com a cabeça apoiada nas minhas pernas. Eu contava para ele a história de A Casa Sonolenta. Lorenzo estava adorando a história e ria alto enquanto eu acariciava os seus cabelos com uma mão e segurava o livro com a outra.— E fim — disse ao terminar a leitura.— Eu gostei dessa história.— Eu também gosto dela. Você está com fome? Quer comer alguma coisa? Tem salada de frutas lá dentro.— Uhum!Levantamos e seguimos para dentro de casa.— Tia Laura.— Sim.— Você pode me ensinar a rezar para a mamãe hoje?— Posso sim.Depois de dar o lanche ao Lorenzo e ajudá-lo no seu dever de casa na biblioteca, fui ensiná-lo o que me pediu com olhinhos tão doces.— É sempre bom ficar de joelhos para rezar e você pode fazer isso todos os dias antes de ir dormir.— Tudo bem. O que eu digo para o Papai do Céu?Colocamo-nos de joelho, um de frente para o outro.
ENZOA semana foi passando e eu estava me sentindo mais cansado do que nunca. Estava voltando para casa no fim de tarde, esgotado. O que eu mais queria era um bom banho quente e a minha cama. Deitei a minha cabeça para trás no apoio do banco e fechei os meus olhos. Comecei a pensar em um milhão de coisas, até que a minha mente chegou naquela lembrança que vinha me enlouquecendo há várias noites. O corpo com características tão brasileiras.Tinha me perguntado como seria degustar daquele corpo. Provar do seu beijo. Ter o seu cheiro impregnado nos meus lençóis. Ao contrário das mulheres com quem já havia transado, Laura tinha seios para encher as minhas mãos e boca, uma bunda grande e redonda para marcar com as palmas das minhas mãos. Deus! Aquela cena dela no banho me deixava duro apenas de recordar. Algo em mim gritava por ela com urgência. Depois daquela cena no corredor, passei a observá-la com mais atenção. Não só ficando de olho nela, mas também na sua relação com Lorenzo. Eles s
LAURANo dia seguinte, estava preparando um bolo de nozes com Lorenzo na cozinha. Ele estava se divertindo e todo sujo de farinha. Aproveitamos que Biancca havia saído para resolver os detalhes finais da festa do dia seguinte e fizemos essa proeza.— Mexa devagar, Lorenzo. Está jogando farinha para fora da tigela — disse rindo.— Boa tarde. — A voz do Enzo atraiu a nossa atenção ao entrar na cozinha.— Oi, papai! Estamos fazendo um bolo de nozes.— Hmmm... Vou querer um pedaço. — Sorriu e aproximou-se, escorando no balcão. — Preciso falar com você, Laura.— Comigo? O que houve?— Nada. Só gostaria de saber se você pode ficar para a festa amanhã e cuidar do Lorenzo. Será muita gente e eu estarei envolvido com os convidados.— Não tenho roupa para a ocasião...— Não se preocupe quanto a isso — interrompeu-me. — Já resolvi essa questão. Você vai ficar no mesmo quarto de hóspedes que ficou da última vez. A roupa que irá usar amanhã está lá em cima. Dê uma olhada mais tarde. Se for necessá
LAURADeixei o salão indo para a área externa coberta e aproximei-me do parapeito. Fechei os meus olhos e respirei fundo, sentindo a brisa fria da noite entrar por minhas narinas, resfriando-as.Eu queria muito desistir do trabalho, mas tinha medo de deixar Lorenzo com aquele ser humano desprezível. Ele era só um menino. Mas eu não sabia até onde eu poderia aguentar aquilo. Na minha garganta, havia um nó e nos meus olhos, um queimor provocado pelas lágrimas que insistiam em cair. Não podia permitir que aquela mulher me afastasse do Lorenzo ou que me alvejasse com o seu veneno. Já passei por coisas piores e as enfrentei. Ela é só uma pedra pequena!— Você está bem? — perguntou uma voz grossa atrás de mim, provocando-me um leve arrepio nos braços.Olhei por cima do ombro e vi Enzo parado atrás de mim.— Estou. Desculpe por deixar o Lorenzo, já estou voltando. — Virei-me para ele.— Eu vi você conversando com a minha mãe. O que ela te disse?— Só espalhou mais um pouco do seu veneno. — S
LAURAMelissa perdeu o sorrisinho despeitado e encarou-me com fúria e olhos marejados. O seu olhar voltou para Enzo, antes de se afastar sem olhar para trás. Até eu temi a sua ameaça.— Desculpe por isso — pediu-me ainda de costas.— Acho que esse emprego, definitivamente, não é para mim. Achei que teria que lidar somente com uma criança, mas estou lidando com questões emocionais demais.— Não vai, Laura. — Virou-se para mim. — Vou dar um jeito nessa situação, mas não vai. Não só por meu filho, mas por mim. Você cuida dele como jamais outra pessoa cuidou. Ele irá sofrer e nunca vou me perdoar por ter a deixado ir. Também não ficarei feliz se partir.— Não cuidarei mais dele nessa casa. Não enquanto a sua mãe estiver aqui. Posso fazer isso no meu apartamento, se permitir. Fique à vontade para mandar quantos seguranças quiser para lá.— Claro. Ótimo! — Sorriu fraco.Passei por ele e voltei para a festa, indo à procura do Lorenzo, que já não estava mais onde o deixei. Procurei-o por cada
LAURASubi com Lorenzo vendo a sua tristeza, que o deixava em silêncio e cabisbaixo. Entramos no seu quarto e sentei-o na cama. Tirei o seu sapato e depois as suas roupas.— O que mais ela disse a você? — perguntei erguendo o seu rosto para me olhar.— Que sou uma criança amaldiçoada. Eu sei o que isso quer dizer. É uma coisa ruim.— Ela está errada, isso não é verdade. Você é uma criança abençoada, Lorenzo. Foi concebido em uma família que o ama muito. Fruto do amor lindo dos seus pais. — Acariciei as suas bochechas rosadas.— Você me ama, tia Laura?— Amo sim. Amo como se fosse da minha família.— Então não deixe ela me mandar para longe quando se casar com o meu pai. Me leva para morar com você. Por favor! Eu prometo ser um menino bom. — Fungou e secou os olhinhos cheios de lágrimas com o dorso das mãozinhas.O meu coração estava comprimido no peito. Queria poder levá-lo embora comigo para sempre.— Isso não vai acontecer, filho — falou Enzo, parado na porta entreaberta. — Nos dê um
LAURAA semana seguiu conforme a exigência do Enzo. Lorenzo estava amando ir para a minha casa, não ter mais as aulas extras e ficar de bobeira a tarde toda comigo. Depois da sua lição de casa, nós assistimos a filmes antigos infantis até às cinco da tarde. Descobri que ele adorava dançar, então afastei os sofás e a mesa de centro para os cantos, e liguei o som no volume mais alto permitido pelo síndico do prédio. Dançamos e ele disse gostar dos rocks brasileiros dos anos 80.— Está com fome? — perguntei, enquanto nós arrumávamos a sala.— Estou sim. E você?— Morrendo.Ele riu.— Sabe fazer macarrão?— Sei. É o que quer comer? Sabe que não faz parte da sua alimentação da semana, não é? Hoje ainda é sexta e massa só aos domingos.— Por favor — pediu manhoso, fazendo uma carinha de cachorrinho abandonado que me fez rir e não me deixou resistir.— Tudo bem. Vou fazer, mas você vai já para o banho.— Está bem. — Correu para o banheiro sumindo pelo corredor.— E se lave direito, Lorenzo.
LAURA— Quer ajuda? — perguntou Enzo da sala.— Não precisa — disse envergonhada. Tinha certeza de que estava os admirando com cara de boba e ele percebeu.Ele deixou Lorenzo sentado no sofá e veio até mim. Mesmo recusando a sua ajuda, ele tomou a iniciativa e colocou na lava-louças os pratos e as panelas sujas. Não impedi ele, recusando novamente. Queria-o perto de mim.— Posso te perguntar algo? — perguntou ele fechando a lava-louças.— Claro. O que quer saber?— Antes mesmo que Melissa dissesse ao Lorenzo que a sua mãe é falecida, ele já sabia. Eu o ouvi há algumas noites rezar pela alma dela. Você contou a ele?— Não! — respondi e olhei para o menino deitado no sofá, prestes a adormecer. — Lorenzo me disse achar que você estivesse mentindo sobre a mãe estar viajando. Ele já imaginava que ela já não estivesse mais entre nós, mas o que deu a ele essa certeza... foi você mencionar a palavra “viúvo” naquele dia. Uma das professoras explicou o significado desta palavra.— Eu nunca tive