Gregório SmithO telefone caiu da minha mão e o som de vidro quebrando ecoou pelo chão do escritório. O grito de Maitê ainda estava na minha cabeça, repetindo como um eco torturante:— Eu não consigo frear!Meu coração estava disparado e minhas pernas pareciam não querer obedecer. Peguei o telefone novamente, tremendo, tentando ligar de volta. Não havia resposta depois do barulho do acidente.— Mason! — gritei, minha voz ecoando pelo escritório.Eu tinha deixado Ana Clara na casa dos avós e depois de tudo, Mason tinha vindo ao Brasil para me ajudar e também para que eu pudesse assinar alguns papéis pendentes antes de resolvermos de vez a situação, afinal, eu pretendia transformar ele no CEO das empresas Smith, no meu lugar.Ele entrou na sala em segundos, assustado com o tom da minha voz.— O que houve, senhor?— Chama uma ambulância! Agora! — berrei, enquanto já me dirigia para a porta.— Para onde?Parei no meio do corredor, tentando organizar meus pensamentos. Ela estava dirigindo
Gregório SmithAcordei cedo naquela manhã, ou pelo menos achei que tinha acordado. A verdade é que nem me lembrava da última vez que realmente dormi. Desde o acidente de Maitê, o tempo parecia ser um borrão de esperas intermináveis e momentos sufocantes de pânico.Ela ainda estava lá, conectada a fios e monitores, sua respiração constante sendo a única coisa que me mantinha minimamente estável. Mas hoje parecia diferente. Havia algo no ar, uma sensação que não sabia se era esperança ou medo.Estava sentado ao lado da cama dela, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos juntas em um gesto quase de oração. Desde que nos trouxeram para este hospital, eu não conseguia sair do lado dela. Ana Clara estava com os avós, bem cuidada, mas meu coração estava inteiro aqui.Olhei para o rosto dela, tão calmo, tão pacífico. Era quase cruel vê-la assim depois de tudo o que tinha acontecido.Por favor, Maitê, pensei, segurando sua mão com cuidado. Acorde. Fique comigo.Então, como se minhas pal
Maitê BellOs dias no hospital foram longos, mas finalmente eu estava em casa. Era estranho como algo tão simples, como o cheiro familiar do meu travesseiro ou o som dos passarinhos na varanda, podia me trazer tanta paz depois de tudo que aconteceu.Gregório estava sempre por perto, cuidando de mim com uma dedicação que eu nunca tinha visto antes. Ana Clara corria pela sala, sempre trazendo um sorriso para o meu rosto, e agora, com a notícia de que nosso pequeno milagre estava a caminho, eu sentia que a vida estava se ajeitando novamente.Levou algum tempo para que meu corpo começasse a se recuperar por completo. Eu ainda sentia algumas dores e me cansava facilmente, mas, aos poucos, as coisas voltavam ao normal. Mais importante do que isso, minha mente estava finalmente tranquila. Ou pelo menos, foi o que pensei até a polícia ligar.Gregório estava na cozinha, fazendo uma bagunça com Ana Clara enquanto tentava preparar um almoço improvisado, quando o telefone tocou.— Alô? — atendi,
Gregório SmithO sol brilhava com força naquele dia especial. O céu limpo, sem nuvens, parecia ser um bom presságio. Tudo tinha sido cuidadosamente planejado, cada detalhe ajustado para que o casamento fosse perfeito. E agora, aqui estávamos, no ponto culminante de uma história que começou de forma inesperada, mas que nos levou a um amor que desafiou todas as probabilidades.Eu estava em pé no altar, ajustando minha gravata pela terceira vez, mesmo que ela já estivesse perfeitamente alinhada. A ansiedade não vinha do medo, mas de uma emoção tão intensa que parecia estar transbordando.Meus olhos percorriam a igreja decorada com elegância. As cadeiras estavam enfeitadas com laços de seda branca e flores em tons pastel. O aroma das rosas preenchia o ar, misturando-se com o murmúrio suave dos convidados.À frente, a mãe de Maitê estava sentada com expressão de puro orgulho. Sua avó, que parecia mais saudável do que nunca, estava sorrindo de forma tranquila, segurando as mãos de uma das c
Maitê BellO casamento tinha sido maravilhoso e a lua de mel tinha sido deixada para depois por conta da gravidez. Stayce, que tinha vindo direto para o Brasil para ser minha dama de honra e madrinha, foi embora uma semana depois. Eu queria muito ter tido mais tempo com a minha amiga, mas eu entendia que ela tinha seu próprio tempo... e só de saber que ela já havia acabado com aquele babaca que ela namorava antes, eu me senti infinitamente melhor. Agora, a luz suave do sol invadia o quarto enquanto eu olhava para meu reflexo no espelho. Minha barriga, grande e redonda, parecia ser o centro do universo naquele momento. O bebê estava quase chegando, e com ele, uma nova fase da nossa vida.Passei a mão suavemente pela barriga, sorrindo ao sentir o pequeno movimento do meu filho. Era uma sensação única, indescritível. A emoção de saber que logo ele estaria em meus braços misturava-se com o turbilhão de pensamentos sobre tudo o que tinha acontecido nos últimos anos.O casamento havia sid
Mason LionO som do motor do meu carro era a única coisa que quebrava o silêncio enquanto eu dirigia pela estrada. As árvores passavam em um borrão verde, mas minha mente estava fixada em algo — ou melhor, alguém.Stayce.Já fazia meses desde o casamento de Maitê e Gregório, e embora tudo parecesse perfeito na vida deles agora, eu não conseguia me afastar do pensamento de que havia algo inacabado na minha própria vida.Tudo começou naquela noite, no casamento. Eu e Stayce havíamos bebido demais, e o resultado foi algo que eu nunca tinha planejado, mas que não conseguia tirar da cabeça. Nós dois nos entregamos a um momento de paixão que parecia tão certo, mas desde então, ela vinha me evitando como se aquilo nunca tivesse acontecido.Ela havia terminado com o ex dela alguns anos antes do casamento, e eu sabia o quanto aquilo tinha sido difícil. Ele era um completo idiota, alguém que a fazia se sentir pequena, como se ela não fosse digna de algo melhor. Só de pensar no que aquele cara f
Maitê BellMorar em Baltimore. Nunca imaginei como seria fazer isso sozinha. Quer dizer, a cidade tem seu charme, mas me deixou com a sensação de estar em um mundo diferente desde que tive que encará-la de outra forma, principalmente depois de São Paulo. Minha vida virou de cabeça para baixo por causa da mudança repentina dos meus pais para o Brasil, e agora sou só eu aqui. Dona Estela, minha vózinha, adoeceu e eu sabia que não tínhamos muita opção nesse quesito, não podíamos deixá-la sozinha no Brasil e trazer ela para Baltimore? Por Deus... fora de questão. Nós estávamos bem, não me entenda errado, mas a minha família nunca foi rica e a saúde pública fora do Brasil era inexistente, ainda mais... quando se tratava dos EUA. Eu amo a minha vózinha, claro. Gosto dela demais, mas, caramba, ninguém se prepara para uma mudança assim. Só não pirei de verdade porque eu tinha Stayce. Ela é a minha amiga mais leal, daquelas que te faz rir no meio do caos e nunca solta a sua mão.Depois de algu
Maitê BellNo dia seguinte, eu acordei com o som insistente das notificações no celular. Uma parte de mim queria ignorá-las, voltar para o sono tranquilo que parecia me prometer um pouco de paz. Mas, ao ver o nome da minha mãe piscando na tela, percebi que não dava para adiar. Respirei fundo e abri a mensagem, porque eu sabia que se minha mãe tivesse me enviado uma mensagem a essa hora, era porque era importante.[Mamãe]: Filha, sua avó precisa de uma cirurgia no coração. A situação aqui não está fácil, mas vamos dar um jeitoMeu coração apertou quando li aquelas palavras. Minha avó sempre foi uma fortaleza na nossa família. A ideia de que agora ela estava vulnerável, precisando de ajuda e eu tão longe, me deixava aflita. Era nessas horas que a distância parecia um abismo. Pensei em responder imediatamente, mas as palavras não vinham. O que eu poderia dizer? Que estava preocupada? Que sentia culpa por estar aqui enquanto eles lidavam com tudo sozinhos?Em vez disso, fechei os olhos po