Alice estava ali, toda linda usando um vestido parecido com o de Liana. O que diferenciava um do outro, era que o seu possuía transparência e uma fenda exageradamente grande na lateral. Álvaro passou a mão na cabeça, não entendendo o que estava acontecendo. "Minha mãe está realmente louca." Ele pensou. —Essa é a mulher que eu tanto desejei ser minha nora. Alice é de uma família renomada, do Norte da cidade. Todos aqui a conhecem, e eu nem preciso apresentar. Ao perceber o rosto confuso dos demais, pelo fato de Alice não ter sido a mulher que se casou com Álvaro, ela voltou a falar no microfone. — Entendo os rostos de surpresa. Um pequeno engano ocorreu, aquela mulher que se casou com meu filho foi somente uma impostora. Logo ele irá se divorciar e se casar com Alice e ficarão juntos de uma vez por todas. O salão foi repleto pelo som de aplausos. Álvaro estava incomodado com aquela cena patética, e ao mesmo tempo estranhando a sua própria preocupação por saber como Liana estava. Ao
Liana não sabia onde estava com a cabeça em retribuir o beijo do lobo. Isso era evidente. Eles eram companheiros, predestinados um para o outro. A forma com que se tocavam, revelava a necessidade mútua. Álvaro segurou a cintura da mulher e a puxou para si. Com um aperto demorado, ela arfou. Entre o toque dos lábios, ela se perguntava por que não tinha beijado aquela boca antes. —Você está louco só pode. Disse assim que pausaram. — Me sujou toda de sangue, olha o meu vestido!Ele sorriu. Em seus olhos, achava graça pela espontaneidade da mulher. Ela olhou com raiva, e ao mesmo tempo com leveza. Entendeu, que era fácil acalmá-lo com beijos, ou uma histeria momentânea.— O que lhe deu na cabeça em iniciar uma briga com seu irmão? — Vocês estavam muito próximos, eu não gostei nada disso. Aliás, eu não aceito que fique com outro homem. Nesse momento seu olhar ficou escuro, ganhando um tom diferente de segundos atrás. — Enquanto estiver comigo, você é minha propriedade, de mais ninguém.N
Seria cedo demais ou tarde demais para consumir aquele ato, e finalmente se acertarem? Não tinha o que pensar, a vontade de se unir era muito maior do que qualquer atrito ou qualquer insegurança que poderiam ter. Os lobos estavam no comando, não tinha seres humanos à vista. Na literatura aqueles corpos eram comandados pelos seres sobrenaturais que eram, a forma com que arranharam a pele, sentiam o cheiro mais profundo da alma, o suor dos corpos ao se unirem, evidenciava o mais profundo companheirismo. — Não sabe quanto tempo eu te esperei. Aquela palavra saiu suavemente dos lábios de Álvaro. — Eu andei pelo vale da sombra por muito tempo, vagando em flores erradas, em lírios sem fragrância, até chegar em você. A pele de Liana se arrepiou por completo. Não sabia do lado poético do marido, aliás, muitas coisas ela não sabia dele. — Minha companheira... Disse ao retirar a peça de cima em seu fino traje. Desceu o seu tronco cheirando o percurso dentre seus seios. — Minha mulher.Aquel
Na pacata cidade de Felington, a cidade dos lobos cinzas, o maior casamento de todos os tempos iria ocorrer. Liana estava feliz por finalmente casar-se com o amor da sua vida Enzo Williams. A jovem sempre foi terrivelmente apaixonada, e tudo se intensificou quando no mês anterior, embaixo de um pinheiro ele a pediu em casamento. O seu coração mal coube no peito e o "sim" saiu suavemente. Correndo, ela quase arrebentou a porta para contar a novidade para Amélia, sua meia irmã com traços idênticos ao dela. Com as sobrancelhas arqueadas observou a felicidade que Liana trazia aos lábios. Ela não gostou. "— Enzo, o maior e o melhor partido dessa cidade, me pediu em casamento. E você será minha madrinha irmã. Estou tão feliz por finalmente ele me aceitar. "Amélia rodeou os braços na cintura da irmã. Com um sorriso falso nos lábios, mostrou sua alegria forçada, enquanto seus olhos avaliaram cada detalhe da felicidade de Liana. "— Isso é… maravilhoso, irmã. Você realmente merece ser feli
— Eu não vou me casar com ele! Após a cerimônia, todos estavam em uma sala reservada no fundo da igreja. Henrique, o pai das irmãs, estava nervoso. Afinal havia prometido Amélia para o filho do homem mais rico da cidade, a família Belmont, reconhecida por seus atos impiedosos. Ele ajeitou a gravata, imaginando o seu pescoço fora da cabeça no exato momento que dissesse que o acordo estava cancelado. — Entenda, a sua irmã me implorou para se casar com Enzo. O que eu iria fazer? Interromper o romance deles em troca de um casamento que ela não queria?Henrique indagou. Ela estava indignada, claramente o seu pai preferia Amélia e não escondia de ninguém. Seus olhos, no exato momento encheram de água, seu peito esquentou com a remota possibilidade de se casar com um homem por obrigação. — Então o senhor encobriu a traição da sua filha preferida, me escondeu todo esse lixo, e agora quer que eu substitua a minha irmã nesse casamento arranjado? Nunca! Eu não irei fazer isso. — Nem para sal
Uma criança fragilizada, como se seus pais a houvessem esquecido na escola. Era assim que Liana estava. Com os joelhos dobrados sobre o estofado, deixou a testa descansar neles, enquanto as lágrimas caíam incessantes. Seus pensamentos eram rápidos e confusos. Preocupava-se com a vida de sua avó, com o sacrifício que ela havia feito e, principalmente, com o fato de estar sentada ao lado de um homem desconhecido. O simples pensamento de que ele pudesse tocá-la lhe causava arrepios, mais ainda do que olhar para sua cicatriz enorme. Ele não era um homem feio; pelo contrário. Talvez a cicatriz causasse espanto à primeira vista, mas Álvaro era um dos homens mais bonitos da cidade. Todas as mulheres o desejavam, até que, em uma batalha, uma marca foi deixada em seu rosto, transformando o homem cobiçado em um monstro enjaulado. — Não quero mais ouvir seus lamentos. Comprei você do seu pai, não para que chorasse como uma criança rebelde, mas para que estivesse ao meu lado na posição de min
Liana foi conduzida até o seu quarto e preparada como as mulheres se preparam para o casamento. Com um banho prolongado, foi massageada e coberta por pétalas de flores. Ela revirou os olhos inúmeras vezes. Não entendia o motivo daquela palhaçada, já que o casamento não passava de um arranjo. Tudo era uma farsa. — Betânia. — Sim? — Por que ele está se casando comigo? Eu não consigo entender. Entre tantas mulheres no mundo, arranjar compromisso com a minha meia-irmã não seria uma ideia mais inteligente? Com um sorriso gentil, Betânia sentou-se ao seu lado na cama. — Álvaro sempre foi o filho rejeitado, deixado de lado. O bilionário Eduardo Belmont nunca o reconheceu como filho de verdade. Tudo piorou quando a cicatriz se formou em sua face. Álvaro foi tratado como um monstro, e até hoje isso distorce os sentimentos dele. — Você ainda não me respondeu. Por que se casar? Por acaso ele tem medo de ficar só? Hm. Com certeza é isso. Ninguém se casaria com um monstro... com uma ci
Álvaro era um menino tímido que cresceu em um orfanato em Washington. Sua mãe o havia deixado para trás, pois, para ela, essa era a única alternativa para fugir com seu grande amor, o milionário César Strong. Estar em um ambiente onde todos o observavam o deixava constrangido. As inúmeras visitas de famílias que poderiam adotá-lo apenas aumentavam sua dor. O êxtase de acreditar que seria escolhido e, posteriormente, ser deixado de lado fez com que o pequeno Álvaro criasse uma armadura que o impedia de sentir amor e empatia. Afinal, ele sequer sabia o que era isso. Somente aos 16 anos foi adotado pela família Belmont. Ester, sua mãe adotiva, precisava de um herdeiro. Não conseguia engravidar, e esse fardo estava acabando com ela. Então, junto de seu marido, decidiu adotar Álvaro. O bilionário Eduardo Belmont aceitou, pois não via outra alternativa. Até que, inesperadamente, Ester engravidou, e finalmente o filho legítimo nasceu. ---Ele a encarava como se quisesse feri-la. Liana