Início / Lobisomem / Prometida ao lobo errado / Capítulo 2- Casamento arranjado
Capítulo 2- Casamento arranjado

— Eu não vou me casar com ele! 

Após a cerimônia, todos estavam em uma sala reservada no fundo da igreja. Henrique, o pai das irmãs, estava nervoso. Afinal havia prometido Amélia para o filho do homem mais rico da cidade, a família Belmont, reconhecida por seus atos impiedosos. Ele ajeitou a gravata, imaginando o seu pescoço fora da cabeça no exato momento que dissesse que o acordo estava cancelado. 

— Entenda, a sua irmã me implorou para se casar com Enzo. O que eu iria fazer? Interromper o romance deles em troca de um casamento que ela não queria?

Henrique indagou. Ela estava indignada, claramente o seu pai preferia Amélia e não escondia de ninguém. Seus olhos, no exato momento encheram de água, seu peito esquentou com a remota possibilidade de se casar com um homem por obrigação. 

— Então o senhor encobriu a traição da sua filha preferida, me escondeu todo esse lixo, e agora quer que eu substitua a minha irmã nesse casamento arranjado? Nunca! Eu não irei fazer isso. 

— Nem para salvar a sua avó? 

Ela minimizou os olhos. A única pessoa que a faria mudar de ideia seria Elizabeth. Henrique sabia disso, e usaria de todos os artifícios para que esse pescoço não fosse degolado pela família Belmont. 

— O que o senhor disse? 

— Eles são uma das famílias mais ricas do país, senão a mais rica. Com um ou duas ligações, a sua avó será curada. É simples querida, você se casa com ele e depois de um ano está livre. A sua avó estará sem doença nenhuma e você poderá voltar para casa. 

— Eu nunca voltaria para você. 

O silêncio na sala ficou pesado. Liana sentiu o coração apertar no peito. Seu pai a vendia como uma peça de xadrez, movendo-a conforme sua conveniência. Ela olhou para Henrique, depois para Amélia, que estava de mãos dadas com Enzo.  

O olhar de sua meia-irmã era de pura satisfação. Como se tivesse vencido um jogo cruel.  

Mas nada poderia tê-la preparado para o que veio a seguir.  

Amélia puxou Enzo pela gola do terno e o beijou, sem pudor, sem receio, bem diante de seus olhos.  

O estômago de Liara se revirou, e um gosto amargo subiu à garganta. Cada fibra do seu corpo implorava para sair correndo dali, para fugir daquela cena humilhante. O homem que ela amava, aquele que lhe prometera o futuro dos sonhos, agora a descartava sem o menor remorso.  

— Vocês não precisam esfregar isso na cara — sua voz saiu trêmula, mas firme.  

Enzo riu de canto, passando os dedos pelo queixo de Amélia.  

— Não seja dramática, Liana. Isso só mostra que esse casamento nunca foi para você.  

Ela quis gritar. Quis destruí-los com palavras afiadas. Mas antes que pudesse reagir, sentiu uma mão fria em seu ombro.  

— Querida, você sabe que seu pai só quer o melhor para você.  

A voz falsa e melosa de Beatriz, sua madrasta, a fez estremecer. Liana se afastou com um passo brusco, olhando nos olhos daquela mulher.  

Beatriz fingia preocupação, mas seu desprezo por Liara sempre fora evidente.  

— Você não se importa comigo, Beatriz — disse, a raiva queimando em sua voz. — Nunca se importou.  

A madrasta apenas suspirou, fingindo paciência.  

— Você está desperdiçando uma grande oportunidade. Álvaro Belmont pode não ser… tradicionalmente bonito, mas ele tem poder. e dinheiro.  

— Eu não me importo com dinheiro! — Liana gritou.  

— Se importe com sua avó? — Henrique esbravejou, sua voz soando como um golpe.  Henrique não era um bom filho. Estava usando a doença de sua mãe para chantagear a própria filha. Era nítido o amor da jovem pela avó, e isso a impactou.

O silêncio caiu novamente.  

Elizabeth. A única pessoa que sempre esteve ao seu lado. O desespero tomou conta de Liana. Seu pai sabia exatamente onde atingi-la. Sabia que ela não hesitaria em dar a própria vida para salvar a avó.  

— O tempo está passando. Faça sua escolha.  

Ela fechou os olhos com força. Seu peito subia e descia em agonia. Casar-se com um homem que não conhecia.  Casar-se com um estranho com uma reputação assombrosa. Mas salvar sua avó.  

Suas mãos tremeram ao pegar a caneta. As letras do contrato pareciam dançar diante de seus olhos marejados.  Uma lágrima escorreu pelo seu rosto quando ela assinou seu nome no papel.  

Era oficial.  

Ela agora pertencia a Álvaro Belmont.  

Quando terminou, um silêncio frio tomou conta da sala. Então, uma risada baixa e rouca ecoou no ambiente.  

— Eu já estava impaciente.

Liana levantou os olhos e sentiu o ar escapar de seus pulmões.  

Álvaro 

Sua presença dominava a sala, sugando todo o ar. Ele era alto, imponente, vestia um terno negro impecável. Mas o que mais chamava atenção era a enorme cicatriz que atravessava seu rosto. Uma linha grotesca, partindo do canto da sobrancelha até a mandíbula.  

Os olhos dele eram ainda mais sombrios do que sua cicatriz. Ainda mais quando percebeu o seu olhar de nojo para ele. Seus olhos se estreitaram, ganhando um tom assombroso.

Liana engoliu em seco.  

Ela queria desviar o olhar, mas não conseguia.  Álvaro se aproximou lentamente, pegando o contrato com mãos firmes e analisando sua assinatura.  

— Perfeito — murmurou.  

Sem aviso, ele segurou o pulso de Liana, fazendo-a estremecer.  

— Vamos.  

— O quê? Agora? — sua voz saiu trêmula.  

— Não há motivo para esperar. Você é minha esposa agora. Vamos para casa.  

Ela olhou para o pai, para sua madrasta, para Enzo e Amélia. Nenhum deles parecia se importar com sua partida. Seu coração pesou como chumbo. era inacreditável que depois de anos, com a sua família, isso poderia acontecer. O amor Se esfriou, juntamente com o contrato de casamento.

Sem escolha, Liana foi puxada para fora da igreja e levada até um carro preto luxuoso. O frio do metal da porta em suas mãos fez seu corpo inteiro gelar. Quando entrou no carro e a porta se fechou, um arrepio percorreu sua espinha.  

Ela estava indo embora.  

Com Álvaro Belmont.

E não havia mais volta.

Vote!

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App