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Capítulo 5- O passado de Álvaro

Álvaro era um menino tímido que cresceu em um orfanato em Washington. Sua mãe o havia deixado para trás, pois, para ela, essa era a única alternativa para fugir com seu grande amor, o milionário César Strong. Estar em um ambiente onde todos o observavam o deixava constrangido. As inúmeras visitas de famílias que poderiam adotá-lo apenas aumentavam sua dor.  

O êxtase de acreditar que seria escolhido e, posteriormente, ser deixado de lado fez com que o pequeno Álvaro criasse uma armadura que o impedia de sentir amor e empatia. Afinal, ele sequer sabia o que era isso. Somente aos 16 anos foi adotado pela família Belmont.  

Ester, sua mãe adotiva, precisava de um herdeiro. Não conseguia engravidar, e esse fardo estava acabando com ela. Então, junto de seu marido, decidiu adotar Álvaro. O bilionário Eduardo Belmont aceitou, pois não via outra alternativa. Até que, inesperadamente, Ester engravidou, e finalmente o filho legítimo nasceu.  

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Ele a encarava como se quisesse feri-la. Liana estava furiosa com a pressão imposta sobre seus braços. Álvaro era forte demais e não percebia o quanto sua força a machucava. Por outro lado, ele, incendiado pela raiva, sequer notava o estrago que causava. Até que as palavras dela o fizeram despertar:  

— Você está me machucando.  

No mesmo instante, ele a soltou. Engoliu em seco e baixou os olhos para os punhos de Liana. Eles estavam extremamente vermelhos, as marcas de seus dedos ainda evidentes.  

Liana massageou os pulsos doloridos, encarando-o com um olhar sofrido, carregado de fúria e mágoa.  

— Nunca mais encoste em mim.  

O peito de Álvaro subia e descia em uma respiração descompassada. Seus olhos fixaram-se nas marcas vermelhas nos punhos de Liana.  

Ele não queria machucá-la. Mas havia machucado.  

Sem dizer mais nada, saiu do escritório com passos pesados, ignorando o chamado distante de Ágata.  

A dor latejava dentro dele, queimando como fogo sob a pele. Ele sabia o que aconteceria. Sabia que, se não se afastasse, perderia o controle. Correu pelo jardim até que a floresta surgiu diante dele.  

A luz da lua brilhava intensa no céu escuro, iluminando as sombras das árvores. O corpo de Álvaro começou a tremer. Os ossos estalaram, os músculos se contraíram, e um rugido profundo escapou de sua garganta quando seu lobo tomou o controle.  

Sua forma humana desapareceu, dando lugar à criatura que ele mantinha oculta da sociedade. O lobo negro ergueu o focinho para a lua, uivando para a deusa Luna.  

"Será ela?"

"Será Liana minha luna?"

O vento soprou forte, como se o universo estivesse respondendo.  

Mas não havia resposta. Apenas silêncio.  

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Liana fechou a porta do quarto e deslizou até o chão, abraçando os próprios joelhos.  

Seu corpo tremia de raiva. De medo. Mas, acima de tudo, de confusão. Por que Álvaro era assim? Por que ele a afastava e, ao mesmo tempo, parecia incapaz de deixá-la ir?  

As lágrimas caíram sem que ela pudesse contê-las. O cansaço tomou conta de seu corpo, e, sem perceber, ela adormeceu ali mesmo, com os olhos inchados e o coração pesado.  

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Antes do amanhecer, Liana despertou com um sobressalto. O quarto ainda estava mergulhado na penumbra, mas seu coração batia forte. Ela precisava entender quem era Álvaro Belmont.  

Com passos silenciosos, desceu as escadas. O casarão estava quieto, exceto pelo leve farfalhar das cortinas dançando ao vento.  

O escritório. Se havia respostas, elas estavam lá.  

Liana entrou no cômodo e fechou a porta atrás de si. O cheiro amadeirado do lugar misturava-se ao aroma sutil de tabaco.  

Respirando fundo, começou a revirar as gavetas.  

Pastas. Contratos. Números.  

Então, encontrou algo diferente.  

Relatórios médicos.  

Nomes de remédios que ela já ouvira falar. Outros que nunca tinha visto antes. Havia também documentos sobre importação e exportação de substâncias controladas.  

Um desses medicamentos era exatamente o que sua avó precisava para sobreviver.  

Levou as mãos à boca, sentindo o choque percorrer seu corpo.  

Liara franziu o cenho.  

O que era aquilo?  

Continuou folheando os papéis até encontrar uma lista de nomes. Pessoas influentes. Políticos. Empresários. Seus dedos tremiam enquanto pegava um envelope preto, lacrado com um selo dourado.  

Mas, antes que pudesse abrir, um barulho na porta fez seu coração saltar. Ela se enfiou rapidamente debaixo da mesa, segurando a respiração.  

A porta se abriu, e passos firmes entraram no escritório.  

— A próxima remessa já está a caminho? — Álvaro perguntou, sua voz baixa e cortante.  

— Sim, senhor. Tudo sairá conforme o planejado — um outro homem respondeu.  

— Muito bem. Há muitas pessoas envolvidas nessa transação que vale milhões de dólares. Exijo sigilo absoluto de você e dos seus homens.  

O capanga concordou, ciente de que, com Álvaro, não havia espaço para falhas.  

— Não pode haver erros. Esses medicamentos valem fortunas no mercado negro.  

Liana arregalou os olhos.  

O choque percorreu sua espinha como uma corrente elétrica.  

Álvaro Belmont era o responsável pelo tráfico de medicamentos ilegais.  

E agora, ela sabia demais.  

Continuou ouvindo a conversa. Quanto mais eles falavam, mais seu estômago se revirava.  

Era por pessoas como ele que sua avó não conseguia os remédios de que precisava. Enquanto eles eram desviados, milhares de pessoas perdiam suas vidas esperando por algo que jamais chegaria.  

Liana entrelaçou os dedos nos cabelos, puxando os fios com indignação. A vontade de sair debaixo daquela mesa e estapear Álvaro era quase irresistível. Acusá-lo de golpista e criminoso.  

Mas isso só pioraria sua situação.  

— Ah… a avó de sua esposa necessita de um desses medicamentos, não é verdade? — o capanga perguntou.  

— Você está muito bem informado. Um dos acordos era que eu fornecesse o remédio de que ela tanto precisa — Álvaro respondeu.  

— O senhor sabe muito bem que o nome dela não poderia constar na lista.  

Com um sorriso irônico, Álvaro concordou.  

— Eu sei disso.  

Liana franziu as sobrancelhas.  

Ele não iria cumprir com o combinado.  

*Desgraçado!* 

No mesmo instante, bateu a cabeça no tampo da mesa, fazendo um pequeno barulho.  

— O que foi isso? — a voz de Álvaro ecoou no silêncio.  

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