A manhã estava nublada em Blackwood, mas uma brisa leve trazia o frescor que prenunciava o início da primavera. O castelo estava mergulhado em um silêncio reconfortante, quebrado apenas pelos passos ritmados de criados realizando suas tarefas matinais. Eleanor observava a cena do alto da varanda de seus aposentos, a mente inquieta. Desde que as turbulências recentes haviam cessado, seus pensamentos constantemente se voltavam para Alexander e o espaço incerto entre eles.Nos últimos dias, algo na maneira como ele a olhava havia mudado. Era como se ele quisesse dizer algo, mas sempre hesitasse, deixando palavras não ditas pairando no ar entre eles.Determinado a dissipar a tensão invisível que sentia, Eleanor decidiu procurá-lo. Encontrou-o no salão de reuniões, debruçado sobre mapas e relatórios, um traço de cansaço evidente na linha de seu maxilar.— Alexander — chamou suavemente, batendo na porta aberta.Ele ergueu os olhos, uma sombra de preocupação suavizando-se ao vê-la.— Eleanor
As manhãs em Blackwood sempre traziam consigo uma calma que contrastava com os dias turbulentos que tanto haviam marcado o passado de Alexander e Eleanor. Contudo, naquela manhã em particular, o céu parecia um reflexo das emoções que Eleanor carregava em seu peito: um misto de clareza e incerteza.Ela havia acordado mais cedo que o habitual, sua mente agitada com lembranças das palavras de Alexander na noite anterior. Suas confissões, tão carregadas de dor e esperança, ecoavam em sua cabeça como uma melodia persistente. Eleanor percebeu que, aos poucos, estava começando a entender as camadas que faziam de Alexander quem ele era. Cada nova revelação, cada troca de olhar ou toque compartilhado, aproximava-os ainda mais.Após o café da manhã, Eleanor decidiu caminhar pelo jardim, buscando ordenar seus pensamentos. Os aromas das flores recém-desabrochadas preenchiam o ar, e o som da água corrente da fonte central proporcionava um conforto quase terapêutico. Ela não esperava encontrar Alex
A manhã despontava preguiçosa no horizonte, e as primeiras luzes do sol invadiam os corredores do castelo de Blackwood com suavidade. Eleanor acordou com a mente inquieta, ainda sentindo o calor das palavras e do toque de Alexander na noite anterior. Ele estava se abrindo para ela de forma que nunca imaginara possível, e cada momento ao lado dele parecia ser uma nova peça no quebra-cabeça de sua relação.Após se vestir, decidiu ir ao salão de música. Era um lugar onde encontrava paz, e, embora as notas do piano ainda ecoassem em sua memória, hoje buscava o silêncio. No entanto, ao entrar na sala, deparou-se com Alexander. Ele estava parado junto à janela, o olhar perdido na paisagem lá fora.— Alexander? — chamou, a surpresa evidente em sua voz.Ele se virou lentamente, um sorriso suave surgindo em seus lábios.— Bom dia, Eleanor. Não esperava vê-la tão cedo.— Tampouco esperava encontrá-lo aqui — respondeu ela, aproximando-se. — Parece pensativo.Alexander soltou um suspiro e passou
O crepúsculo tingia o céu de tons dourados e avermelhados, refletindo-se no vasto lago que adornava os terrenos da propriedade Whitmore. Lady Eleanor observava a paisagem pela janela de seu quarto, com os dedos pálidos pousados no peitoril, como se o simples toque na madeira pudesse lhe trazer a força que faltava.A mansão, embora grandiosa, parecia pesada naquela tarde. O som abafado de passos ecoava nos corredores e se misturava ao tilintar das porcelanas do chá servido no salão principal. Havia algo de opressivo no ar, um presságio que apertava o coração de Eleanor.— Eleanor, querida. — A voz de Lady Margaret, sua mãe, soou baixa e hesitante atrás dela. — Seu pai deseja vê-la no escritório.Eleanor se virou lentamente, o olhar castanho carregado de incertezas. Sua mãe, sempre tão composta, parecia ainda mais rígida do que o habitual. O sorriso forçado nos lábios dela era apenas uma tentativa frágil de esconder a tensão que emanava de seu corpo.— Algum motivo para tanta urgência?
O som das rodas da carruagem ressoava contra as pedras da estrada, ecoando pelo campo aberto. Lady Eleanor Whitmore estava sentada em silêncio, os olhos fixos na paisagem que deslizava rapidamente pela janela. O vento suave agitava os campos de trigo e flores selvagens, mas sua mente estava longe daquela serenidade. Cada solavanco da carruagem parecia ecoar dentro dela, reforçando a incerteza que a acompanhava desde a conversa fatídica no escritório de seu pai.O destino era a propriedade Blackwood, lar do enigmático Duque Alexander Beaumont. Eleanor nunca o havia encontrado pessoalmente, mas as histórias sobre ele corriam livremente pelos salões da alta sociedade. Um homem frio, distante, envolto em mistérios. Um viúvo que, segundo boatos, jamais superara a perda de sua primeira esposa. Eleanor se perguntava como seria compartilhar sua vida com um homem que parecia incapaz de oferecer qualquer afeto.— Está tudo bem, minha lady? — perguntou sua criada pessoal, Mary, que viajava ao se
Os primeiros raios de sol invadiam o quarto de Eleanor na manhã seguinte, revelando os detalhes intricados da tapeçaria que adornava as paredes e os móveis meticulosamente entalhados. Apesar do ambiente luxuoso, ela havia dormido mal. A noite fora uma sucessão de pensamentos inquietantes sobre o homem que agora era seu futuro marido. Alexander Beaumont parecia tão distante, quase inatingível.Vestida com um traje elegante, mas simples, Eleanor desceu para o café da manhã no salão principal. O espaço era tão grandioso quanto o resto da propriedade, com um lustre de cristal pendendo do teto alto e janelas amplas que ofereciam uma vista deslumbrante dos jardins.Alexander já estava sentado à mesa, com um jornal nas mãos e uma xícara de chá ao lado. Ele ergueu os olhos quando Eleanor entrou, cumprimentando-a com um leve aceno de cabeça.— Bom dia, Lady Eleanor — disse ele, a voz profunda ecoando no salão quase vazio.— Bom dia, Vossa Graça — respondeu Eleanor, com a formalidade que pareci
Os dias em Blackwood começaram a seguir um padrão. Eleanor passava as manhãs explorando os jardins ou lendo em seu quarto, enquanto Alexander permanecia ocupado com a administração da propriedade. À tarde, eles se encontravam ocasionalmente para refeições ou breves conversas. Ainda assim, havia algo em suas interações que sugeria um progresso, ainda que lento.Eleanor tentava não pensar demais em sua situação. Não era incomum para mulheres de sua posição se casarem por conveniência, mas havia algo em Alexander que a intrigava. Ele não era apenas um homem reservado; parecia alguém que carregava um fardo invisível, algo que o afastava das pessoas ao seu redor.Certa manhã, enquanto Eleanor passeava pelos jardins, Mary a encontrou com um semblante preocupado.— Minha lady, o senhor Harold pediu para lhe avisar que o Duque estará supervisionando os estábulos hoje. Talvez seja uma oportunidade para encontrá-lo.Eleanor arqueou uma sobrancelha.— Ele mencionou algo sobre isso ontem, mas não
Os dias que se seguiram foram marcados por uma convivência cada vez mais confortável entre Eleanor e Alexander. Embora suas interações ainda fossem formais em muitos momentos, os pequenos gestos de gentileza e as conversas ocasionais criavam uma ponte entre eles. No entanto, a calma foi interrompida quando uma mensagem chegou anunciando a visita da família Ashcroft, vizinhos de longa data dos Beaumont.Eleanor estava no jardim quando Mary veio informá-la.— Minha lady, a senhora Ashcroft e sua filha chegarão esta tarde para uma visita.— Uma visita? Não sabia que tínhamos vizinhos tão próximos.— Não são tão próximos, mas os Ashcroft costumam visitar Blackwood algumas vezes ao ano. Lady Clarisse, a filha deles, é uma conhecida antiga do Duque.Eleanor percebeu a leve hesitação na voz de Mary ao mencionar Clarisse.— E o que devo saber sobre Lady Clarisse?Mary sorriu, mas havia algo forçado em sua expressão.— Ela é... encantadora. Muito amigável com o Duque, dizem.Eleanor sentiu uma