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Capítulo 1: O Início de uma Nova Jornada

O som das rodas da carruagem ressoava contra as pedras da estrada, ecoando pelo campo aberto. Lady Eleanor Whitmore estava sentada em silêncio, os olhos fixos na paisagem que deslizava rapidamente pela janela. O vento suave agitava os campos de trigo e flores selvagens, mas sua mente estava longe daquela serenidade. Cada solavanco da carruagem parecia ecoar dentro dela, reforçando a incerteza que a acompanhava desde a conversa fatídica no escritório de seu pai.

O destino era a propriedade Blackwood, lar do enigmático Duque Alexander Beaumont. Eleanor nunca o havia encontrado pessoalmente, mas as histórias sobre ele corriam livremente pelos salões da alta sociedade. Um homem frio, distante, envolto em mistérios. Um viúvo que, segundo boatos, jamais superara a perda de sua primeira esposa. Eleanor se perguntava como seria compartilhar sua vida com um homem que parecia incapaz de oferecer qualquer afeto.

— Está tudo bem, minha lady? — perguntou sua criada pessoal, Mary, que viajava ao seu lado.

Eleanor desviou os olhos da janela e ofereceu um sorriso forçado.

— Estou bem, Mary. Apenas... pensativa.

Mary, uma mulher de meia-idade com cabelos grisalhos presos em um coque apertado, conhecia Eleanor desde que esta era uma criança. Apesar de sua postura sempre formal, havia algo de maternal em sua preocupação.

— É natural estar ansiosa, minha lady. Mas dizem que o Duque é um homem justo. Talvez não seja tão ruim quanto imaginamos.

— Justo? — Eleanor repetiu, com uma pitada de sarcasmo. — Ele aceitou esse casamento com a mesma relutância que eu. Não parece muito promissor, não é?

Mary hesitou antes de responder, ciente de que qualquer palavra poderia piorar o humor de sua jovem senhora.

— Às vezes, as circunstâncias forçam nossos caminhos, mas isso não significa que não possamos encontrar algo de bom neles.

Eleanor ponderou sobre as palavras de Mary, mas o desconforto permaneceu. Ela sabia que seu casamento não era uma escolha, mas uma necessidade imposta. Ainda assim, era difícil abandonar o sonho de um dia encontrar alguém que a amasse pelo que era, e não pelo que poderia oferecer.

***

Do outro lado da propriedade Blackwood, Alexander Beaumont caminhava pelos corredores de sua imponente mansão. As paredes eram adornadas com retratos de gerações de Beaumonts, mas ele raramente parava para observá-los. Cada rosto parecia carregar o peso das responsabilidades familiares, um peso que agora recaía sobre seus ombros.

No escritório, seu tutor e conselheiro de longa data, Albert Beaumont, aguardava pacientemente com uma taça de conhaque em mãos.

— Então, ela está a caminho — disse Albert, quebrando o silêncio.

Alexander parou diante da lareira, encarando as chamas como se pudesse encontrar respostas ali.

— Sim, está — respondeu ele, a voz grave e controlada.

Albert observou o homem à sua frente. Alexander sempre fora reservado, mas desde a tragédia que o marcara anos atrás, ele parecia ainda mais inacessível.

— Sei que você não deseja isso, Alexander, mas este casamento é necessário. Blackwood precisa de estabilidade, e a aliança com os Whitmore garantirá isso.

— Não me importa a estabilidade — Alexander respondeu, a voz carregada de amargura. — O que me importa é que estou prestes a me casar com uma mulher que não conheço. Como isso pode trazer qualquer tipo de paz?

Albert suspirou, colocando a taça sobre a mesa.

— Às vezes, o que precisamos não é o que queremos. Talvez ela o surpreenda.

Alexander riu, mas não havia humor em seu riso.

— Surpresas, Albert, são a última coisa que desejo na minha vida.

***

Quando a carruagem finalmente parou em frente à propriedade Blackwood, Eleanor sentiu o coração acelerar. A mansão era ainda mais imponente do que ela imaginara, com suas torres góticas e jardins cuidadosamente esculpidos. Era o tipo de lugar que inspirava respeito, mas também um certo medo.

Os portões foram abertos por um criado uniformizado, que ajudou Eleanor a descer da carruagem. Mary seguiu logo atrás, carregando uma bolsa com os pertences essenciais de sua senhora.

— Bem-vinda a Blackwood, Lady Eleanor — disse o criado, curvando-se ligeiramente. — O Duque a aguarda no salão principal.

Eleanor assentiu, ajustando o chapéu elegante que usava. Suas mãos tremiam ligeiramente, mas ela se obrigou a manter a compostura. Sabia que qualquer sinal de fraqueza seria notado.

Ao entrar no salão principal, ela se deparou com Alexander pela primeira vez. Ele estava parado ao lado da lareira, vestido impecavelmente em um terno preto que acentuava sua postura rígida e imponente. Seus olhos castanho-escuros a analisaram por um breve momento, antes que ele se curvasse em um cumprimento formal.

— Lady Eleanor, seja bem-vinda — disse ele, a voz baixa e controlada.

Eleanor fez uma leve reverência, tentando ignorar a intensidade do olhar dele.

— Obrigada, Vossa Graça.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Eleanor sentiu o olhar de Alexander fixo nela, como se ele estivesse tentando decifrá-la. Por fim, ele indicou um dos sofás próximos.

— Por favor, sente-se.

Ela obedeceu, alisando o tecido de seu vestido enquanto se acomodava. Alexander permaneceu de pé, o que só aumentava a tensão.

— Espero que sua viagem tenha sido confortável — ele disse, em um tom que soava mais como um dever do que uma verdadeira preocupação.

— Foi... aceitável, considerando a distância — respondeu Eleanor, mantendo o tom educado.

— Fico aliviado em saber — disse ele, embora sua expressão permanecesse inalterada.

Antes que a conversa pudesse continuar, Albert entrou no salão, quebrando a tensão.

— Alexander, Lady Eleanor, acredito que seria prudente discutirmos os preparativos para o casamento.

Eleanor sentiu o estômago revirar. Tudo parecia tão rápido, tão impessoal. Mas ela sabia que não tinha escolha.

Enquanto Albert detalhava os planos para a cerimônia, Eleanor desviou o olhar para Alexander. Ele estava com a expressão fechada, os olhos fixos no conselheiro. Era difícil decifrar o que ele sentia. Havia algo de intrigante nele, uma complexidade que parecia escondida sob camadas de reserva.

Quando a reunião terminou, Eleanor foi conduzida a seus aposentos. O quarto era luxuoso, mas tinha uma atmosfera fria, como se faltasse vida ali. Mary começou a desfazer as malas, mas Eleanor permaneceu junto à janela, olhando para os jardins lá fora.

— Ele é... diferente do que imaginei — murmurou ela, mais para si mesma do que para Mary.

— Diferente, minha lady? — Mary perguntou, parando por um momento.

— Sim. Há algo nele... algo que não consigo entender.

Mary não respondeu, mas observou a jovem com preocupação.

Eleanor sabia que aquela era apenas a primeira de muitas noites em Blackwood. O que viria a seguir era incerto, mas uma coisa era clara: sua vida jamais seria a mesma.

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