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Capítulo 2: Revelações e Primeiras Impressões

Os primeiros raios de sol invadiam o quarto de Eleanor na manhã seguinte, revelando os detalhes intricados da tapeçaria que adornava as paredes e os móveis meticulosamente entalhados. Apesar do ambiente luxuoso, ela havia dormido mal. A noite fora uma sucessão de pensamentos inquietantes sobre o homem que agora era seu futuro marido. Alexander Beaumont parecia tão distante, quase inatingível.

Vestida com um traje elegante, mas simples, Eleanor desceu para o café da manhã no salão principal. O espaço era tão grandioso quanto o resto da propriedade, com um lustre de cristal pendendo do teto alto e janelas amplas que ofereciam uma vista deslumbrante dos jardins.

Alexander já estava sentado à mesa, com um jornal nas mãos e uma xícara de chá ao lado. Ele ergueu os olhos quando Eleanor entrou, cumprimentando-a com um leve aceno de cabeça.

— Bom dia, Lady Eleanor — disse ele, a voz profunda ecoando no salão quase vazio.

— Bom dia, Vossa Graça — respondeu Eleanor, com a formalidade que parecia ser a norma entre eles.

Alexander indicou a cadeira à sua frente, e ela se sentou, alisando a saia do vestido. Uma criada se aproximou para servi-la, mas o silêncio entre eles permaneceu quase tangível. Eleanor observou Alexander por alguns instantes enquanto ele lia o jornal. Sua postura era impecável, mas havia algo nos traços de seu rosto que sugeria cansaço.

— Espero que tenha descansado bem — ele comentou, sem tirar os olhos das páginas à sua frente.

— Foi uma noite... tranquila, obrigada — respondeu Eleanor, hesitando por um momento.

Ele assentiu, mas não disse mais nada, mergulhando novamente na leitura. Eleanor sentiu a irritação crescer. A formalidade dele não era apenas desconfortável; era exasperante.

— Parece que está ocupado, mesmo durante o café da manhã — ela comentou, com um toque de sarcasmo.

Alexander baixou o jornal e a encarou, a expressão séria.

— A administração de uma propriedade como Blackwood exige atenção constante, Lady Eleanor. Não é algo que possa ser negligenciado.

— Entendo. Mas talvez pudesse reservar um momento para conhecer melhor a pessoa com quem está prestes a se casar.

As palavras saíram antes que ela pudesse contê-las, e um silêncio pesado se seguiu. Alexander a observou com uma intensidade que a fez corar, mas, para sua surpresa, ele não respondeu com frieza. Em vez disso, seus lábios esboçaram um leve sorriso.

— Tem razão. Fui descortês — ele admitiu, colocando o jornal de lado. — Então, Lady Eleanor, o que gostaria de saber?

Eleanor não esperava que ele cedesse tão facilmente e levou alguns segundos para responder.

— Talvez possamos começar com algo simples. Qual é o seu passatempo favorito, Vossa Graça?

Alexander arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso com a pergunta.

— Meu passatempo favorito? Bem, gosto de cavalgar. E você?

— Gosto de ler. E de caminhar ao ar livre.

— Uma combinação interessante — comentou ele, parecendo genuinamente interessado.

A conversa continuou, ainda que hesitante. Eleanor percebeu que, apesar da fachada rígida de Alexander, havia momentos em que ele demonstrava um vislumbre de humanidade.

***

Mais tarde, Eleanor decidiu explorar os jardins da propriedade. Os caminhos de cascalho serpenteavam entre canteiros de flores impecavelmente cuidadas, enquanto fontes ornamentadas ofereciam um som suave de água corrente. Ela se sentiu momentaneamente em paz ali, longe das pressões que a aguardavam dentro da mansão.

Enquanto caminhava, encontrou uma estufa de vidro, parcialmente escondida por uma cerca viva. Curiosa, ela entrou e foi saudada pelo aroma de flores exóticas e ervas frescas. No centro da estufa estava um homem mais velho, curvado sobre um vaso de barro.

— Ah, Lady Eleanor! — ele exclamou ao vê-la. — Seja bem-vinda à minha humilde oficina.

— E quem seria o senhor? — perguntou ela, intrigada pela figura simpática à sua frente.

— Sou Harold, o jardineiro-chefe de Blackwood. Cuido de tudo que vê lá fora — disse ele, gesticulando em direção aos jardins. — Mas esta estufa é o meu refúgio.

Eleanor sorriu, sentindo-se imediatamente à vontade com o homem.

— É um lugar encantador, Harold. Parece que há uma alma aqui, diferente do resto da propriedade.

Harold riu.

— O Duque não gosta de frivolidades, mas permitiu que eu mantivesse este espaço. Acho que ele tem um coração mais mole do que admite.

Eleanor ficou surpresa com a observação.

— Um coração mole? Não é exatamente a impressão que ele passa.

Harold inclinou a cabeça, pensativo.

— Ele sofreu muito, minha lady. E a dor tem uma forma cruel de endurecer as pessoas. Mas, quem sabe? Talvez você seja a pessoa que consiga quebrar essa barreira.

***

Naquela mesma tarde, Alexander estava em seu escritório, revisando documentos financeiros quando Albert entrou sem bater.

— Alexander, creio que você está começando a assustar sua futura esposa — disse o conselheiro, com um tom de brincadeira.

— Não tenho tempo para frivolidades, Albert — respondeu Alexander, sem desviar o olhar dos papéis.

— Talvez devesse criar tempo. A dama merece ao menos sua atenção.

Alexander suspirou e colocou os documentos de lado.

— O que sugere que eu faça?

Albert sorriu.

— Um passeio pelos jardins, talvez. Ou mostre-lhe os estábulos. Ela parece apreciar a natureza, pelo que observei.

Depois de uma breve hesitação, Alexander decidiu seguir o conselho. Eleanor era sua responsabilidade agora, gostasse ou não.

Ele encontrou-a nos jardins, conversando animadamente com Harold na estufa. A visão de sua risada leve e descontraída o pegou desprevenido. Por um momento, ele a viu sob uma nova luz, menos como a mulher imposta a ele e mais como alguém que talvez pudesse trazer algo diferente para sua vida.

— Lady Eleanor — ele chamou, atraindo a atenção dela.

Ela se virou, parecendo surpresa.

— Vossa Graça.

— Gostaria de acompanhá-la em um passeio pelos estábulos?

Eleanor hesitou, mas o convite parecia genuíno.

— Seria um prazer.

Enquanto caminhavam juntos, Alexander começou a mostrar partes da propriedade que raramente eram vistas pelos convidados. Ele falava com uma calma que surpreendia Eleanor, explicando detalhes sobre os cavalos, as terras e até mesmo histórias da família Beaumont.

Aos poucos, a tensão entre eles diminuiu. Eleanor percebeu que, embora Alexander fosse reservado, ele não era indiferente. Havia momentos em que sua voz traía uma paixão pelo que fazia, uma paixão que ela nunca imaginara encontrar nele.

Quando voltaram à mansão, o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e dourado. Eleanor sentiu uma leveza que não esperava naquele dia. Talvez Harold estivesse certo. Talvez houvesse algo no Duque que valesse a pena explorar.

Alexander, por sua vez, observou Eleanor enquanto ela desaparecia em direção aos seus aposentos. Pela primeira vez, ele se perguntou se poderia haver mais nesse casamento do que apenas dever.

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