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Capítulo 3: Sementes de Confiança

Os dias em Blackwood começaram a seguir um padrão. Eleanor passava as manhãs explorando os jardins ou lendo em seu quarto, enquanto Alexander permanecia ocupado com a administração da propriedade. À tarde, eles se encontravam ocasionalmente para refeições ou breves conversas. Ainda assim, havia algo em suas interações que sugeria um progresso, ainda que lento.

Eleanor tentava não pensar demais em sua situação. Não era incomum para mulheres de sua posição se casarem por conveniência, mas havia algo em Alexander que a intrigava. Ele não era apenas um homem reservado; parecia alguém que carregava um fardo invisível, algo que o afastava das pessoas ao seu redor.

Certa manhã, enquanto Eleanor passeava pelos jardins, Mary a encontrou com um semblante preocupado.

— Minha lady, o senhor Harold pediu para lhe avisar que o Duque estará supervisionando os estábulos hoje. Talvez seja uma oportunidade para encontrá-lo.

Eleanor arqueou uma sobrancelha.

— Ele mencionou algo sobre isso ontem, mas não me pareceu um convite explícito.

— Talvez não, mas o Duque não é um homem de muitas palavras. Pode ser que ele esteja esperando por sua presença de forma implícita.

Eleanor ponderou por um momento. Havia algo reconfortante em estar entre os cavalos, longe do peso das formalidades. Decidida, ela agradeceu a Mary e seguiu em direção aos estábulos.

***

Os estábulos de Blackwood eram impecáveis. As baias eram amplas e limpas, e os cavalos eram magníficos, cada um deles refletindo o cuidado que recebiam. Eleanor encontrou Alexander ao lado de um enorme garanhão preto, conversando com um dos cavalariços. Ele parecia mais relaxado ali do que em qualquer outro lugar que ela o vira.

— Lady Eleanor — ele cumprimentou, percebendo sua presença.

— Vossa Graça — ela respondeu com um sorriso discreto. — Pensei que talvez pudesse me juntar a você hoje.

Alexander assentiu, e seu olhar suavizou um pouco.

— Fico feliz que tenha vindo. Este é Orion, meu cavalo favorito.

Eleanor se aproximou, estendendo a mão para acariciar o focinho do animal.

— Ele é magnífico — disse ela, admirada.

— E temperamental — Alexander acrescentou, com uma pitada de humor.

Eleanor riu suavemente, surpresa com o tom descontraído dele.

— Parece que compartilham uma característica, então.

Alexander ergueu uma sobrancelha, claramente pego de surpresa pela ousadia dela. Mas, para seu alívio, ele sorriu.

— Talvez compartilhemos mais do que eu gostaria de admitir.

Eles passaram a próxima hora caminhando pelos estábulos, conversando sobre os cavalos e as terras ao redor. Alexander parecia mais acessível ali, e Eleanor aproveitou a oportunidade para conhecê-lo melhor. Descobriu que ele tinha um profundo respeito pelos trabalhadores da propriedade e que se dedicava a manter Blackwood como um lugar próspero e justo.

Quando finalmente deixaram os estábulos, o sol já estava alto no céu. Eleanor sentiu-se revigorada, como se aquela pequena interação tivesse dissipado parte da tensão que pairava entre eles.

***

Naquela tarde, Alexander foi ao escritório para revisar os relatórios financeiros, mas sua mente estava longe. Ele se pegou pensando na conversa com Eleanor, algo que não acontecia com frequência.

— Parece que está começando a apreciar a companhia de sua futura esposa — comentou Albert, entrando sem aviso, como de costume.

Alexander franziu a testa, mas não negou.

— Ela é... diferente do que imaginei.

— Diferente pode ser bom, Alexander. Talvez este casamento não precise ser apenas um contrato.

Alexander suspirou, esfregando a têmpora.

— Não estou certo de que posso oferecer mais do que isso.

Albert o observou por um momento antes de responder.

— Talvez não precise oferecer tudo de uma vez. Às vezes, confiança e afeto crescem com o tempo.

Alexander não respondeu, mas as palavras de Albert ficaram em sua mente.

***

Mais tarde, Eleanor estava no salão de música, praticando ao piano. A melodia suave preenchia o espaço, criando um contraste com a atmosfera frequentemente austera da mansão. Alexander, atraído pelo som, parou na entrada, observando-a em silêncio.

Eleanor parecia perdida na música, os dedos deslizando com graça pelas teclas. Havia uma leveza nela, uma naturalidade que ele não esperava encontrar.

Quando terminou, Eleanor notou sua presença e corou ligeiramente.

— Espero não tê-lo incomodado, Vossa Graça.

— De forma alguma. Foi... agradável — respondeu ele, sinceramente.

Eleanor ficou surpresa com o elogio.

— Gosto de tocar. Ajuda-me a organizar os pensamentos.

— Entendo. Às vezes, cavalgar tem o mesmo efeito para mim.

Eles ficaram em silêncio por um momento antes de Alexander se aproximar.

— Há algo que gostaria de pedir, Lady Eleanor.

— O que seria? — perguntou ela, intrigada.

— Quando estivermos casados, espero que continue tocando. Blackwood precisa de mais... vida.

Eleanor sorriu, tocada pela observação.

— Ficarei feliz em fazê-lo.

A conversa foi breve, mas Eleanor sentiu que algo havia mudado. Pela primeira vez, ela viu um vislumbre de vulnerabilidade em Alexander, algo que a encorajou a acreditar que talvez houvesse esperança para eles.

***

Mais tarde, enquanto Eleanor se preparava para dormir, Mary entrou em seu quarto com uma expressão satisfeita.

— Parece que o Duque está começando a se abrir, minha lady.

— Talvez. Mas ele ainda é um homem difícil de decifrar.

— Mesmo assim, já é um começo. E um bom começo pode levar a algo ainda melhor.

Eleanor assentiu, mas não respondeu. Em seu coração, ela sabia que havia muito trabalho pela frente. Mas, naquela noite, pela primeira vez, sentiu que talvez valesse a pena tentar.

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