Naquela manhã, a atmosfera em Blackwood estava carregada de expectativa e tensão. O diário encontrado por Charlotte não apenas trouxe à tona segredos sobre o passado da família, mas também forneceu pistas cruciais para entender a mente de Sir Edmund.Eleanor caminhava pelos jardins, tentando organizar seus pensamentos. O confronto iminente com Sir Edmund parecia mais próximo a cada dia, e ela sabia que seria uma batalha não apenas de força, mas de inteligência.Ela não estava sozinha em sua caminhada; Alexander apareceu pouco depois, os passos firmes ressoando pelo caminho de pedras.— Como está? — ele perguntou, aproximando-se.— Preocupada — admitiu Eleanor, sem rodeios. — Este diário... as coisas que seu pai escreveu... é assustador pensar que Sir Edmund tem planos tão calculados contra sua família há tanto tempo.Alexander suspirou, olhando para o horizonte.— Meu pai sempre foi um homem reservado, mas agora vejo que havia muito mais em seus silêncios do que eu imaginava. Ele sabi
A noite que se seguiu ao retorno de Alexander, Eleanor e Lorde William de Redwood Hall foi inquieta. O trio trouxe consigo os documentos que expunham os planos de Sir Edmund, mas o peso de tudo que descobriram impedia qualquer sensação de alívio.Eleanor estava no salão principal, analisando as cartas uma a uma. Seus olhos se detinham nos nomes que surgiam com frequência: barões e lordes que ela sabia serem influentes, mas que agora eram cúmplices de Sir Edmund.— Eleanor, está tarde — disse Alexander, entrando no salão. Ele estava descalço, sem o casaco formal, e parecia tão cansado quanto ela.— Não consigo dormir, Alexander — respondeu ela, sem desviar o olhar dos papéis. — Cada nome aqui representa uma ameaça. São homens ricos e poderosos. Como podemos enfrentá-los?Alexander se aproximou, sentando-se ao lado dela.— Não estamos sozinhos — disse ele, a voz baixa. — Blackwood tem aliados também. Vamos convocá-los.Eleanor assentiu, mas havia uma dúvida em sua mente.— E se nossos a
A alvorada trouxe uma calma enganosa à propriedade Blackwood. O canto dos pássaros misturava-se ao som de botas apressadas no pátio, onde guardas se preparavam para a batalha iminente. Alexander e Eleanor estavam na biblioteca, que se tornara o centro estratégico da resistência.— As defesas estão prontas? — perguntou Eleanor, enquanto observava o mapa detalhado da propriedade.— Estamos o mais preparados que podemos estar com o tempo que tivemos — respondeu Alexander. — Posicionamos sentinelas nos pontos mais altos, e os homens de Lorde Hawthorne estão reforçando o portão principal.— E quanto aos civis? — indagou Eleanor, a preocupação evidente em sua voz. — Não podemos permitir que os criados e suas famílias sejam pegos no fogo cruzado.Alexander assentiu, sua expressão sombria.— Já os movemos para os corredores subterrâneos, sob a propriedade. É o lugar mais seguro para eles. Mary e alguns dos criados mais velhos estão ajudando a organizá-los.Eleanor respirou aliviada, mas sabia
O amanhecer chegou coberto por uma densa névoa, criando um véu quase etéreo ao redor de Blackwood. No entanto, a beleza natural da cena logo foi quebrada pelo som ensurdecedor de tambores rítmicos e o som de armaduras em marcha. Sir Edmund havia iniciado seu ataque.Do alto das torres, os sentinelas gritavam avisos, e Alexander liderava os preparativos finais. Ele estava vestido para a batalha, uma armadura de couro reforçado que permitia mobilidade sem sacrificar a proteção. Ao seu lado, Eleanor também estava pronta, com uma determinação inabalável gravada em suas feições.— Está tudo pronto? — perguntou ela, ajustando o arco e a aljava nas costas.— Está — respondeu Alexander. — E quanto a você? Tem certeza de que quer estar aqui?Eleanor ergueu o queixo.— Não vou me esconder enquanto luto pelo que é meu.Alexander sorriu, admirando a força dela.— Então, vamos mostrar a Sir Edmund que ele subestimou Blackwood.***O cerco começou com um estrondo. Sir Edmund ordenara que seus arque
O som do último grito ecoou na campina ao redor de Blackwood, e a batalha finalmente chegou ao fim. O exército de Sir Edmund estava em retirada, deixando para trás um campo repleto de feridos e lembranças dolorosas. O sol, que se erguera sobre o caos, agora iluminava um cenário que misturava destruição e esperança.Alexander limpou o suor e o sangue do rosto, observando o campo de batalha com olhos cansados. Homens feridos gemiam, enquanto os guardas de Blackwood começavam a recolher os caídos, oferecendo ajuda aos sobreviventes, independentemente de qual lado haviam lutado.— Alexander! — chamou uma voz familiar.Ele virou-se e viu Eleanor correndo em sua direção. Sua expressão era uma mistura de alívio e preocupação, e ela não hesitou em abraçá-lo assim que o alcançou.— Você está bem? — perguntou ela, segurando o rosto dele entre as mãos e examinando os cortes e hematomas que ele havia acumulado.— Estou — respondeu ele, segurando as mãos dela. — E você?Eleanor assentiu.— Um pouc
O crepúsculo tingia o céu de tons dourados e avermelhados, refletindo-se no vasto lago que adornava os terrenos da propriedade Whitmore. Lady Eleanor observava a paisagem pela janela de seu quarto, com os dedos pálidos pousados no peitoril, como se o simples toque na madeira pudesse lhe trazer a força que faltava.A mansão, embora grandiosa, parecia pesada naquela tarde. O som abafado de passos ecoava nos corredores e se misturava ao tilintar das porcelanas do chá servido no salão principal. Havia algo de opressivo no ar, um presságio que apertava o coração de Eleanor.— Eleanor, querida. — A voz de Lady Margaret, sua mãe, soou baixa e hesitante atrás dela. — Seu pai deseja vê-la no escritório.Eleanor se virou lentamente, o olhar castanho carregado de incertezas. Sua mãe, sempre tão composta, parecia ainda mais rígida do que o habitual. O sorriso forçado nos lábios dela era apenas uma tentativa frágil de esconder a tensão que emanava de seu corpo.— Algum motivo para tanta urgência?
O som das rodas da carruagem ressoava contra as pedras da estrada, ecoando pelo campo aberto. Lady Eleanor Whitmore estava sentada em silêncio, os olhos fixos na paisagem que deslizava rapidamente pela janela. O vento suave agitava os campos de trigo e flores selvagens, mas sua mente estava longe daquela serenidade. Cada solavanco da carruagem parecia ecoar dentro dela, reforçando a incerteza que a acompanhava desde a conversa fatídica no escritório de seu pai.O destino era a propriedade Blackwood, lar do enigmático Duque Alexander Beaumont. Eleanor nunca o havia encontrado pessoalmente, mas as histórias sobre ele corriam livremente pelos salões da alta sociedade. Um homem frio, distante, envolto em mistérios. Um viúvo que, segundo boatos, jamais superara a perda de sua primeira esposa. Eleanor se perguntava como seria compartilhar sua vida com um homem que parecia incapaz de oferecer qualquer afeto.— Está tudo bem, minha lady? — perguntou sua criada pessoal, Mary, que viajava ao se
Os primeiros raios de sol invadiam o quarto de Eleanor na manhã seguinte, revelando os detalhes intricados da tapeçaria que adornava as paredes e os móveis meticulosamente entalhados. Apesar do ambiente luxuoso, ela havia dormido mal. A noite fora uma sucessão de pensamentos inquietantes sobre o homem que agora era seu futuro marido. Alexander Beaumont parecia tão distante, quase inatingível.Vestida com um traje elegante, mas simples, Eleanor desceu para o café da manhã no salão principal. O espaço era tão grandioso quanto o resto da propriedade, com um lustre de cristal pendendo do teto alto e janelas amplas que ofereciam uma vista deslumbrante dos jardins.Alexander já estava sentado à mesa, com um jornal nas mãos e uma xícara de chá ao lado. Ele ergueu os olhos quando Eleanor entrou, cumprimentando-a com um leve aceno de cabeça.— Bom dia, Lady Eleanor — disse ele, a voz profunda ecoando no salão quase vazio.— Bom dia, Vossa Graça — respondeu Eleanor, com a formalidade que pareci