O som do último grito ecoou na campina ao redor de Blackwood, e a batalha finalmente chegou ao fim. O exército de Sir Edmund estava em retirada, deixando para trás um campo repleto de feridos e lembranças dolorosas. O sol, que se erguera sobre o caos, agora iluminava um cenário que misturava destruição e esperança.Alexander limpou o suor e o sangue do rosto, observando o campo de batalha com olhos cansados. Homens feridos gemiam, enquanto os guardas de Blackwood começavam a recolher os caídos, oferecendo ajuda aos sobreviventes, independentemente de qual lado haviam lutado.— Alexander! — chamou uma voz familiar.Ele virou-se e viu Eleanor correndo em sua direção. Sua expressão era uma mistura de alívio e preocupação, e ela não hesitou em abraçá-lo assim que o alcançou.— Você está bem? — perguntou ela, segurando o rosto dele entre as mãos e examinando os cortes e hematomas que ele havia acumulado.— Estou — respondeu ele, segurando as mãos dela. — E você?Eleanor assentiu.— Um pouc
O crepúsculo tingia o céu de tons dourados e avermelhados, refletindo-se no vasto lago que adornava os terrenos da propriedade Whitmore. Lady Eleanor observava a paisagem pela janela de seu quarto, com os dedos pálidos pousados no peitoril, como se o simples toque na madeira pudesse lhe trazer a força que faltava.A mansão, embora grandiosa, parecia pesada naquela tarde. O som abafado de passos ecoava nos corredores e se misturava ao tilintar das porcelanas do chá servido no salão principal. Havia algo de opressivo no ar, um presságio que apertava o coração de Eleanor.— Eleanor, querida. — A voz de Lady Margaret, sua mãe, soou baixa e hesitante atrás dela. — Seu pai deseja vê-la no escritório.Eleanor se virou lentamente, o olhar castanho carregado de incertezas. Sua mãe, sempre tão composta, parecia ainda mais rígida do que o habitual. O sorriso forçado nos lábios dela era apenas uma tentativa frágil de esconder a tensão que emanava de seu corpo.— Algum motivo para tanta urgência?
O som das rodas da carruagem ressoava contra as pedras da estrada, ecoando pelo campo aberto. Lady Eleanor Whitmore estava sentada em silêncio, os olhos fixos na paisagem que deslizava rapidamente pela janela. O vento suave agitava os campos de trigo e flores selvagens, mas sua mente estava longe daquela serenidade. Cada solavanco da carruagem parecia ecoar dentro dela, reforçando a incerteza que a acompanhava desde a conversa fatídica no escritório de seu pai.O destino era a propriedade Blackwood, lar do enigmático Duque Alexander Beaumont. Eleanor nunca o havia encontrado pessoalmente, mas as histórias sobre ele corriam livremente pelos salões da alta sociedade. Um homem frio, distante, envolto em mistérios. Um viúvo que, segundo boatos, jamais superara a perda de sua primeira esposa. Eleanor se perguntava como seria compartilhar sua vida com um homem que parecia incapaz de oferecer qualquer afeto.— Está tudo bem, minha lady? — perguntou sua criada pessoal, Mary, que viajava ao se
Os primeiros raios de sol invadiam o quarto de Eleanor na manhã seguinte, revelando os detalhes intricados da tapeçaria que adornava as paredes e os móveis meticulosamente entalhados. Apesar do ambiente luxuoso, ela havia dormido mal. A noite fora uma sucessão de pensamentos inquietantes sobre o homem que agora era seu futuro marido. Alexander Beaumont parecia tão distante, quase inatingível.Vestida com um traje elegante, mas simples, Eleanor desceu para o café da manhã no salão principal. O espaço era tão grandioso quanto o resto da propriedade, com um lustre de cristal pendendo do teto alto e janelas amplas que ofereciam uma vista deslumbrante dos jardins.Alexander já estava sentado à mesa, com um jornal nas mãos e uma xícara de chá ao lado. Ele ergueu os olhos quando Eleanor entrou, cumprimentando-a com um leve aceno de cabeça.— Bom dia, Lady Eleanor — disse ele, a voz profunda ecoando no salão quase vazio.— Bom dia, Vossa Graça — respondeu Eleanor, com a formalidade que pareci
Os dias em Blackwood começaram a seguir um padrão. Eleanor passava as manhãs explorando os jardins ou lendo em seu quarto, enquanto Alexander permanecia ocupado com a administração da propriedade. À tarde, eles se encontravam ocasionalmente para refeições ou breves conversas. Ainda assim, havia algo em suas interações que sugeria um progresso, ainda que lento.Eleanor tentava não pensar demais em sua situação. Não era incomum para mulheres de sua posição se casarem por conveniência, mas havia algo em Alexander que a intrigava. Ele não era apenas um homem reservado; parecia alguém que carregava um fardo invisível, algo que o afastava das pessoas ao seu redor.Certa manhã, enquanto Eleanor passeava pelos jardins, Mary a encontrou com um semblante preocupado.— Minha lady, o senhor Harold pediu para lhe avisar que o Duque estará supervisionando os estábulos hoje. Talvez seja uma oportunidade para encontrá-lo.Eleanor arqueou uma sobrancelha.— Ele mencionou algo sobre isso ontem, mas não
Os dias que se seguiram foram marcados por uma convivência cada vez mais confortável entre Eleanor e Alexander. Embora suas interações ainda fossem formais em muitos momentos, os pequenos gestos de gentileza e as conversas ocasionais criavam uma ponte entre eles. No entanto, a calma foi interrompida quando uma mensagem chegou anunciando a visita da família Ashcroft, vizinhos de longa data dos Beaumont.Eleanor estava no jardim quando Mary veio informá-la.— Minha lady, a senhora Ashcroft e sua filha chegarão esta tarde para uma visita.— Uma visita? Não sabia que tínhamos vizinhos tão próximos.— Não são tão próximos, mas os Ashcroft costumam visitar Blackwood algumas vezes ao ano. Lady Clarisse, a filha deles, é uma conhecida antiga do Duque.Eleanor percebeu a leve hesitação na voz de Mary ao mencionar Clarisse.— E o que devo saber sobre Lady Clarisse?Mary sorriu, mas havia algo forçado em sua expressão.— Ela é... encantadora. Muito amigável com o Duque, dizem.Eleanor sentiu uma
A visita da família Ashcroft trouxe consigo uma onda de inquietação que Eleanor não pôde ignorar. Embora Alexander tenha se mostrado respeitoso e atento, a presença de Clarisse era um lembrete constante de que Eleanor ainda não ocupava o espaço que lhe cabia como futura Duquesa de Blackwood.Foi então que Alexander anunciou, durante o café da manhã, que organizaria um baile em Blackwood para recepcionar oficialmente Eleanor na sociedade local.— Será uma oportunidade de conhecer nossos vizinhos e reforçar alianças importantes — explicou ele, enquanto folheava uma correspondência.Eleanor ficou surpresa com a decisão, mas percebeu que era uma chance de se firmar como parte integrante daquela nova vida.— Um baile? — perguntou ela, tentando esconder a ansiedade que sentia. — Não é algo um tanto apressado?Alexander levantou os olhos, oferecendo um sorriso quase imperceptível.— Blackwood é conhecida por sua hospitalidade. É importante que todos saibam que você faz parte dessa tradição.
Os dias que se seguiram ao baile em Blackwood foram um turbilhão de comentários e expectativas. As cartas chegaram em abundância, parabenizando Alexander pela recepção impecável e, principalmente, elogiando Eleanor. Muitas delas vinham de mulheres da região, algumas sinceras, outras nem tanto, mas todas reconheciam a jovem como uma figura central no círculo social local.No entanto, por trás do brilho das danças e das conversas, havia uma tensão silenciosa que Eleanor sentia, mas ainda não compreendia completamente. Algo na forma como algumas pessoas a observavam, especialmente Clarisse, fazia-a questionar o que realmente esperavam dela.***Na manhã seguinte ao baile, Eleanor decidiu explorar mais da propriedade. Os vastos jardins de Blackwood ofereciam uma fuga necessária das formalidades do salão. Caminhando entre as roseiras e fontes, sentiu-se pela primeira vez realmente conectada ao lugar.Enquanto andava, encontrou Alexander ao longe, conversando com um homem de aparência disti