O alvorecer em Blackwood trouxe uma calmaria que parecia quase ilusória após os dias de tensão e batalha. O céu começava a se tingir de dourado, e as primeiras aves do dia cantavam suavemente nos jardins. Apesar disso, o castelo ainda estava imerso em um ar de vigilância.Eleanor estava na biblioteca, revisando os mapas da região e os relatórios trazidos pelos espiões de Alexander. Sua mente estava ocupada com os detalhes das negociações em Greystone e as possíveis próximas ações de Sir Edmund. A paz era frágil, e ela sabia que qualquer descuido poderia ser fatal.— Posso entrar? — perguntou Alexander, aparecendo à porta.Eleanor ergueu os olhos e assentiu.— Sempre.Ele entrou, carregando uma bandeja com duas canecas fumegantes de chá.— Achei que você precisasse de uma pausa — disse ele, colocando a bandeja na mesa e empurrando uma caneca em direção a ela.Eleanor sorriu levemente.— Obrigada. Acho que você sabe que eu nunca recuso chá.Alexander sentou-se na cadeira ao lado dela, o
O sol ainda não havia nascido quando os preparativos para a partida começaram no castelo de Blackwood. Guardas armavam suas espadas, arqueiros verificavam seus arcos, e os cavalos eram preparados para a jornada que se seguiria. A tensão no ar era palpável, uma mistura de antecipação e incerteza.Eleanor vestiu uma túnica prática e botas de couro, apropriadas para a missão que tinham pela frente. Enquanto ajustava seu cinto, ouviu uma batida na porta.— Entre — disse ela, sem desviar o olhar de sua tarefa.Alexander entrou, parecendo pronto para a batalha, com sua armadura de couro e um olhar determinado.— Está pronta? — perguntou ele.Eleanor ergueu os olhos para ele e assentiu.— Estou.Alexander a observou por um momento, como se quisesse dizer algo mais, mas acabou apenas assentindo.— Então vamos.***A caravana de suprimentos estava a cerca de meio dia de distância de Blackwood, em uma estrada que atravessava um vale estreito e cercado por colinas. Era o local perfeito para uma
O retorno a Blackwood foi marcado por um misto de exaustão e alívio. A pequena vitória contra os homens de Sir Edmund trouxe algum conforto, mas a batalha havia cobrado um preço elevado em termos físicos e emocionais. Enquanto os guardas conduziam os sobreviventes e os suprimentos para o castelo, Eleanor e Alexander permaneceram em silêncio, refletindo sobre os eventos do dia.Quando finalmente atravessaram os portões de Blackwood, foram recebidos por Mary, que correu para cumprimentá-los.— Graças a Deus vocês voltaram sãos e salvos! — exclamou ela, seus olhos brilhando com preocupação e alívio.Eleanor desmontou do cavalo, sentindo cada músculo do corpo protestar contra o movimento.— Tivemos sorte desta vez, mas Sir Edmund não vai desistir tão facilmente — disse ela.Alexander assentiu, descendo de seu cavalo com um movimento ágil, apesar do cansaço visível.— Precisamos reforçar nossas defesas e nos preparar para o que vier. Mas, por agora, todos merecem descanso.Ele olhou para E
Os dias que se seguiram à emboscada foram mais calmos, mas não menos tensos. Embora a vitória na batalha tivesse sido significativa, todos sabiam que era apenas uma questão de tempo até Sir Edmund fazer sua próxima jogada. O castelo de Blackwood parecia respirar alívio por fora, mas, por dentro, a atmosfera era de preparação constante.Eleanor passou grande parte de seus dias supervisionando os trabalhos de reparo nas muralhas, verificando os estoques de suprimentos e garantindo que os feridos recebessem os cuidados necessários. Ela era uma presença constante e inspiradora, mas, à noite, quando finalmente se recolhia, sentia o peso de tudo sobre seus ombros.Alexander, por sua vez, dedicava-se à estratégia militar. Ele passava horas estudando mapas, planejando rotas de defesa e treinando os soldados. No entanto, sempre que tinha um momento livre, procurava Eleanor, encontrando nela não apenas uma aliada, mas também um consolo silencioso.***Numa tarde, enquanto caminhava pelos jardin
Os primeiros raios de sol tingiam o céu de tons dourados e laranja quando Eleanor despertou naquela manhã. O som distante de pássaros ecoava pelas paredes de pedra do castelo, trazendo uma sensação de serenidade rara em tempos de guerra. No entanto, a mente de Eleanor estava longe de estar em paz.Os momentos compartilhados com Alexander na margem do rio ainda ecoavam em sua mente. Havia algo na maneira como ele falava, como a olhava, que fazia seu coração acelerar de uma maneira que ela não sabia explicar. Era uma sensação nova e, ao mesmo tempo, assustadora. Eleanor não tinha certeza se estava pronta para o que isso poderia significar.Enquanto se vestia, ouviu uma batida na porta.— Entre — chamou ela, ajustando as fitas de seu vestido.Mary entrou com uma expressão travessa, carregando uma bandeja com pão fresco e chá.— Bom dia, minha senhora. Parece que alguém teve uma noite de sonhos profundos — provocou ela, colocando a bandeja sobre a mesa.Eleanor arqueou uma sobrancelha, cr
A tensão dentro do castelo de Blackwood era quase palpável quando Alexander e Eleanor retornaram com a notícia da cabana incendiada. O grupo que os acompanhava parecia carregado de preocupação, e os guardas no portão murmuraram entre si, tentando entender o que acontecera.Eleanor desceu do cavalo com rapidez, seu olhar sério indicando que não estava disposta a perder tempo.— Reúna os soldados mais experientes — ordenou ela a um dos guardas. — Quero um relatório detalhado sobre os rastros que encontramos e quem poderia estar envolvido.Alexander a observou, impressionado mais uma vez com sua postura decidida. Embora estivesse igualmente preocupado, não pôde deixar de admirar a forma como ela assumia o controle da situação.— Eleanor, talvez devêssemos conversar antes de decidir nosso próximo passo — sugeriu ele, aproximando-se.Ela parou por um momento, olhando para ele.— Concordo. Vamos discutir isso no salão de reuniões.***O salão de reuniões era uma sala simples, com uma grande
O castelo de Blackwood estava mais uma vez em silêncio naquela manhã, exceto pelo som constante dos ferreiros trabalhando e os murmúrios das sentinelas em seus postos. A tensão do ataque à cabana e as descobertas de Alexander na vila abandonada ainda pairavam no ar, mas Eleanor estava determinada a trazer um pouco de estabilidade à rotina do castelo.Enquanto caminhava pelos corredores, observando os criados realizarem suas tarefas, sua mente voltava constantemente a Alexander. As palavras dele, o toque breve em sua mão, e o calor de seu olhar ainda estavam frescos em sua memória. Ela não podia negar que sentia algo por ele, mas o que aquilo significava, exatamente?***Mais tarde, Alexander foi até os aposentos de Eleanor. Ele parecia mais descansado, mas ainda carregava a preocupação em seus olhos.— Eleanor — chamou ele, parando na porta aberta.— Alexander — respondeu ela, indicando que ele podia entrar.Ele fechou a porta atrás de si e se aproximou, segurando um pergaminho nas mã
O dia amanheceu com uma neblina densa, cobrindo as terras ao redor de Blackwood como se o próprio mundo estivesse se preparando para a tempestade que se aproximava. No salão de reuniões, o clima era de urgência, e cada detalhe dos mapas e relatórios espalhados pela mesa parecia vital.Eleanor entrou no salão com passos decididos, já acostumada ao ritmo frenético das reuniões estratégicas. Alexander já estava lá, de pé ao lado do comandante responsável pelas tropas. Ele a olhou assim que ela entrou, e por um breve momento, um sorriso encorajador surgiu em seu rosto, apesar das circunstâncias.— Estamos preparados para discutir as defesas? — perguntou Eleanor, aproximando-se da mesa.— Sim — respondeu Alexander. — Mas há algo mais urgente para tratarmos antes.Ele apontou para o mapa à sua frente, marcando os pontos onde Sir Edmund havia movido suas tropas.— Recebemos informações de que ele começou a fortificar essas áreas — continuou Alexander. — Parece que está planejando dividir nos