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Capitulo 3: Os anos se passaram…

Sofia Narrando

Hoje é aniversário de 18 anos da Emily, e nós fizemos uma grande festa, tudo do jeito que ela gosta.

Reunimos todos os seus amigos e mandei um convite para o Laura e Daniel, visando que o Gabriel pudesse vir, mas nossos amigos vieram e mais uma vez o Gabriel não pode vir. A desculpa da vez foi que ele estava se preparando para assumir a empresa.

— Quero acabar com esse acordo — falo de uma vez.

— De jeito nenhum — fala Daniel, mesmo vendo o olhar da Laura vacilar.

— Tem algo que precisamos saber? — Pergunta o Lucas entrando na conversa.

— O Gabriel, está namorando — fala o Daniel baixando seu olhar como se estivesse envergonhado. — Mas garanto que é apenas um passatempo.

— Então meu amigo, o melhor que temos a fazer é acabarmos de uma vez por todas esse acordo e rasgarmos aquele contrato e minha filha, vai poder viver, pois fiz a burrice de privar a vida da Emily, guardando-a para seu filho que na verdade nunca se importou de fato com ela. Quero a quebra de contrato agora. Já que a relação entre eles não será possível.

— Não podemos fazer isso.

— Porque não? — Pergunto já querendo avançar sobre o Daniel de tanta raiva que eu estava.

Como ele pode permitir algo assim? O Daniel não tem palavra, a cidade moldou ele.

A sala ficou em um silêncio tenso, apenas o som distante da música da festa ecoava. Os convidados riam e conversavam despreocupadamente, alheios à tempestade que se formava dentro daquela sala. A raiva fervilhava em mim, uma mistura de frustração, desespero e raiva muita raiva. Daniel, com as mãos trêmulas, evitava encontrar meus olhos, enquanto Laura apertava nervosamente as mãos, claramente dividida entre lealdades.

— Daniel, você não tem ideia do que está em jogo aqui — Sibilei, a voz baixa e cortante. — Passamos anos acreditando em uma promessa, um acordo que nunca foi justo. E agora você me diz que o Gabriel está namorando? Onde está a honra nisso?

Daniel levantou o olhar, finalmente, com um ar de cansaço e tristeza. Ele parecia ter envelhecido anos em segundos.

— Eu entendo sua raiva, mas não é tão simples assim. Não é só sobre Gabriel ou Emily. É sobre tudo o que construímos, as alianças, as famílias. Se rasgarmos esse contrato, isso pode significar a destruição de uma amizade de anos.

— Amizade de anos? — Lucas deu um passo à frente, a sombra de sua figura dominando a sala. — Daniel, você está falando que nossa amizade irá acabar por conta desse acordo entre as famílias, mas o que nós temos agora? Uma paz podre, que custa a felicidade da minha filha?

— E a nossa também — sussurrei, quase inaudível, mas foi o suficiente para que todos se voltassem para mim . Engoli em seco e continuei, mesmo com os olhos marejados. — Lucas, não podemos continuar assim. O Gabriel tomou suas próprias decisões, e não é justo que a Emily seja a única a pagar por isso.

Daniel fechou os olhos e massageou a ponte do nariz, a tensão entre nós aumentando a cada segundo.

— E se eu disser que esse contrato não é apenas um papel? — Sua voz saiu firme, mas com uma tristeza profunda. — Há mais em jogo do que imaginam. Quem controla esse acordo controla mais do que nossa paz. Existem outros envolvidos, pessoas que não vão permitir que isso seja quebrado sem consequências.

Minha raiva encontrou um novo alvo: o medo disfarçado de pragmatismo.

— E é exatamente isso que eu não aceito mais — falei, dando um passo à frente, com o coração acelerado. — Já vivemos por demais sob o peso das ameaças, dos sussurros velados e das mentiras. Hoje, eu escolhi a Emily. Escolho a vida dela, minha filha está acima de qualquer contrato, acima de qualquer medo.

Lucas, que até então estava em silêncio, assentiu lentamente. Havia uma nova determinação em seu olhar.

— Se o Gabriel pode escolher, a Emily também pode. E se isso significar consequências, enfrentaremos juntos. Hoje é o dia em que quebramos o ciclo.

O choque estampado no rosto do Daniel foi evidente. Ele sabia que a partir daquele momento, nada mais seria como antes.

A tensão na sala parecia ter atingido seu ápice, mas eu não estava disposta a recuar. Meu peito ainda queimava com a indignação. O rosto de Daniel estava lívido, e Laura, ao seu lado, parecia prestes a desmoronar. Mas naquele momento, nada mais importava além da Emily. Minha Emily.

— Sofia, você não entende o que está pedindo — Daniel tentou argumentar, a voz rouca. — Existem contratos que não são tão simples de romper. Há dinheiro envolvido, influência… vidas.

Dei uma risada amarga. — Dinheiro? Influência? E desde quando isso vale mais do que a felicidade da minha filha? Daniel, você sacrificou o Gabriel, e agora quer sacrificar a Emily? Não, chega. Eu não vou permitir.

Laura abriu a boca para falar algo, mas desistiu. Seus olhos se encontraram com os meus, e por um segundo, vi algo ali—arrependimento talvez, ou quem sabe até culpa. Mas não era suficiente.

Lucas colocou a mão no meu ombro, como se me pedisse calma, mas eu não conseguia parar. Tudo o que eu havia engolido por anos, toda a frustração de assistir Emily se moldar para agradar um fantasma, agora explodia de dentro de mim.

— Você fala de alianças e famílias, Daniel, mas sabe o que eu vejo? — Continuei, com a voz trêmula, mas firme. — Vejo uma filha que passou a vida inteira tentando ser perfeita para um homem que nunca olhou para ela. Vejo pais que ficaram em silêncio enquanto isso acontecia. E vejo um amigo que perdeu o que restava da sua honra.

Daniel deu um passo para trás como se minhas palavras fossem golpes. Laura se aproximou dele, segurando sua mão, mas o olhar dela ainda estava em mim. Queria falar algo, mas não o fazia. Talvez porque soubesse que eu tinha razão.

— Então é isso? — Daniel finalmente perguntou, olhando para Lucas. — Você vai mesmo jogar tudo isso fora? As famílias, os negócios, tudo o que construímos juntos?

Lucas deu um passo à frente, ficando ao meu lado. — O que construímos, Daniel, não vale nada se custa a felicidade dos nossos filhos. Hoje, escolhemos Emily.

Um silêncio denso tomou conta da sala. Por um momento, a única coisa que se ouvia era o som abafado da música vindo da festa. Então, Daniel respirou fundo, como se estivesse carregando o peso do mundo nos ombros.

— Vocês estão cometendo um erro — ele murmurou, a voz carregada de cansaço. — Um erro que pode custar caro.

— Que custe o que tiver que custar — respondi sem hesitar. — Eu viverei com as consequências, mas não com o arrependimento de não ter lutado pela minha filha.

Laura finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa e hesitante. — Daniel… talvez… talvez seja hora de deixar isso ir.

Ele olhou para ela como se ela tivesse traído um segredo antigo. Mas Laura não desviou o olhar dessa vez. Ela parecia cansada, quase aliviada.

— Vocês não sabem no que estão se metendo — ele disse, mas havia algo diferente em sua voz. Não era mais raiva ou determinação, era medo.

— Talvez não saibamos — Lucas respondeu, com calma, mas firme. — Mas não vamos mais viver presos por isso.

Eu assenti, sentindo um alívio estranho começar a me invadir. Não estava tudo resolvido, eu sabia disso. Daniel não era o único obstáculo, e o que quer que ele estivesse insinuando com “outras pessoas envolvidas” ainda pairava sobre nós como uma ameaça. Mas naquele momento, tínhamos tomado uma decisão. Escolhemos Emily.

E eu faria tudo para protegê-la.

Lucas se aproximou e colocou um braço ao meu redor. — Vamos lá para fora. Emily merece que este dia seja lembrado pela alegria, não por isso.

Assenti, tentando me recompor. Quando saímos da sala e voltamos para a festa, a visão de Emily, radiante em seu vestido, rindo com os amigos, me trouxe um conforto que há muito eu não sentia. Ela não sabia de nada do que acontecia naquela sala. E, por enquanto, eu queria que continuasse assim.

Hoje era o dia dela. E ela merecia ser feliz.

Amanhã resolveríamos tudo e enfim ela estaria livre.

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