Sofia Narrando...
Alguns meses se passaram e estávamos todos reunidos quando chegou uma notícia que mudaria nossas vidas para sempre. O pai do Daniel tinha sofrido um enfarto e precisava dele para dirigir a empresa da família enquanto se recuperava.
Foi um choque para todos nós. Daniel sempre esteve envolvido nos negócios da família, mas nunca esperávamos que ele precisasse assumir tão cedo. No entanto, sabíamos que ele era capaz e que faria o melhor para sua família e para a empresa.
Nós todos oferecemos nosso apoio a Daniel e à Laura durante esse período difícil. Sabíamos que eles teriam muitos desafios pela frente. Mas também sabíamos que ele era forte e determinado. Com o nosso apoio e o amor de sua família, tínhamos certeza de que ele superaria essa fase desafiadora.
Um mês depois, estávamos nos despedindo dos nossos queridos amigos. Porém, presenciei a separação dessas duas crianças que me partiu o coração.
O Gabriel se abraçou com a Emily e não queria mais soltar.
— Não, mamãe, eu não quero ir, não terei amiguinhos lá — falava o pequeno garoto, abraçado ainda com a Emily.
— Mamãe, não deixe eles levarem o Gabriel para longe — falava minha pequena menina, me olhando com os olhinhos vermelhos de tanto chorar.
A Laura, por sua vez, sabendo da minha resistência ainda em relação ao pacto selado pelos nossos maridos, me perguntou:
— Minha querida amiga, olhe para essas crianças. Você ainda tem dúvidas de que elas se casarão no futuro?
Suspirei, tentando não deixar a emoção transparecer.
— Não sei, Laura. Eles são muito pequenos ainda. Vamos dar esse tempo para eles. Quem sabe esses seis meses vão fazer eles criarem novas amizades. E para de falar em casamento. Eles têm apenas seis anos e não fazem ideia do que seja um casamento. O amor que eles sentem é de duas crianças que foram criadas juntas.
Por fim, conseguimos separar as duas crianças, que ainda choravam inconsolavelmente. Ver aquela cena apertava meu coração de uma forma que palavras não podiam descrever.
A Laura e o Daniel entraram no carro e seguiram em direção à cidade mais próxima, de onde pegariam um avião para Nova Iorque. Deixaram para trás uma forte amizade e embarcaram em um futuro incerto.
Os seis meses se passaram e, com eles, chegou a notícia de que Daniel e Laura iriam permanecer em Nova Iorque. A mãe do Daniel não queria sair do lar onde viveu tanto tempo com o amor da sua vida. Dizia sentir a presença do marido em cada canto da casa, e isso a confortava.
Mesmo com o coração apertado, nos despedimos mais uma vez. Agora, teríamos que aprender a conviver com a distância. A vida segue, mas aquela saudade, tão familiar e tão difícil de explicar, se tornou uma companheira constante.
Ainda consigo ver os olhinhos de Emily e Gabriel se despedindo. O tempo há de passar, mas aquele momento vai ficar marcado em minha memória para sempre. Agora, resta esperar e confiar que o destino vai se encarregar de reunir novamente aqueles que nunca deveriam ter se separado.
Os dias seguintes foram estranhos, como se algo essencial tivesse sido arrancado da nossa rotina. A casa parecia mais silenciosa, o jardim menos vibrante. Emily, embora tão jovem, parecia carregar o peso dessa separação de uma forma que me partia o coração. Eu a pegava sentada na varanda, abraçando seu ursinho preferido, olhando para o horizonte como se esperasse ver Gabriel surgir a qualquer momento.
— Ele vai voltar, mamãe? — Ela perguntou uma noite, com a voz cheia de esperança.
Ajoelhei-me ao lado dela e acariciei seu cabelo. Como explicar para uma criança algo que nem eu mesma conseguia compreender totalmente?
— Vai, meu amor. Mas pode demorar um pouco. Enquanto isso, vamos guardar as melhores lembranças dele, não vamos? Assim, ele estará sempre com a gente.
Ela assentiu, mas os olhos dela me diziam que as palavras não bastavam. Não para ela, e certamente não para mim.
Os meses continuaram a passar e a vida começou a retomar um certo ritmo. Emily fez novos amigos na escola, e eu a vi sorrir de novo, o que trouxe um pouco de alívio ao meu coração. Mas havia momentos em que eu a pegava perdida em pensamentos, e sabia exatamente onde sua mente estava.
Quanto a mim, mantinha contato com Laura sempre que possível. Nossas conversas, antes recheadas de planos e risadas, agora eram marcadas por um tom de saudade. Daniel parecia estar se adaptando à nova rotina, mas eu sabia que as responsabilidades pesavam sobre ele. Sofia, como sempre, era a fortaleza que mantinha tudo em equilíbrio.
— A Emily pergunta pelo Gabriel toda semana — confessei a ela durante uma ligação.
— E o Gabriel fala dela todos os dias — respondeu Laura, com um tom suave. — Acho que esses dois têm uma conexão que nem a distância consegue apagar. Por mais que insista em negar, eles se amam.
— Talvez. Mas eles são tão jovens ainda, Laura. Quem sabe o que o futuro reserva para eles?
Ela riu do outro lado da linha.
— Você sempre tão prática. Mas, às vezes, acho que subestimamos o que o coração de uma criança pode guardar.
Depois que desliguei, fiquei olhando para o telefone em minhas mãos. As palavras dela ressoavam em mim. Talvez ela estivesse certa. Talvez tivéssemos colocado algo em movimento que nem mesmo a distância ou o tempo poderiam desfazer.
E assim, enquanto as estações mudavam, percebi que a saudade não era apenas das crianças. Era também de Laura e Daniel, dos dias simples que compartilhávamos à beira-mar. Mas, acima de tudo, era do futuro que imaginávamos juntos — um futuro que agora parecia tão incerto.
Mesmo assim, uma coisa permanecia: a esperança. Porque, no fundo, eu sabia que o destino não havia terminado de escrever nossa história. E, enquanto olhava para Emily brincando no jardim, senti uma fagulha de certeza: caminhos que se cruzam de forma tão profunda sempre encontram uma maneira de se unir novamente.
Sofia Narrando Hoje é aniversário de 18 anos da Emily, e nós fizemos uma grande festa, tudo do jeito que ela gosta. Reunimos todos os seus amigos e mandei um convite para o Laura e Daniel, visando que o Gabriel pudesse vir, mas nossos amigos vieram e mais uma vez o Gabriel não pode vir. A desculpa da vez foi que ele estava se preparando para assumir a empresa. — Quero acabar com esse acordo — falo de uma vez. — De jeito nenhum — fala Daniel, mesmo vendo o olhar da Laura vacilar. — Tem algo que precisamos saber? — Pergunta o Lucas entrando na conversa. — O Gabriel, está namorando — fala o Daniel baixando seu olhar como se estivesse envergonhado. — Mas garanto que é apenas um passatempo. — Então meu amigo, o melhor que temos a fazer é acabarmos de uma vez por todas esse acordo e rasgarmos aquele contrato e minha filha, vai poder viver, pois fiz a burrice de privar a vida da Emily, guardando-a para seu filho que na verdade nunca se importou de fato com ela. Quero a quebra de con
Sofia Narrando No dia seguinte à festa de aniversário da Emily, nossos amigos iriam voltar para a cidade. Mas o destino tem seus próprios métodos de resolver as coisas.O dia amanheceu muito chuvoso, impedindo que eles pudessem viajar. Junto com o Lucas vou até onde eles estão hospedados para acabar com esse contrato de uma vez por todas.A chuva forte, a pista escorregadia eram cenários de que a vida da minha filha foi sempre na escuridão, mesmo diante de tantas cores ela não viveu da forma correta e com essa certeza em mente começo uma conversa com meu marido tentando de todas as formas fazer ele aceitar o fim do contrato.— Lucas, a Emily tem que começar a viver, eles não educaram o Gabriel para este casamento. Sem falar que toda essa história foi feita por eles. Não aguento mais, Minha filha precisa viver, conhecer alguém e se apaixonar, ela precisa viver.— Pare de falar besteiras, esse acordo não será desfeito, não sei se você lembra, mas assinamos um contrato onde entregamos
Emily Narrando… Estou em meu quarto quando o telefone toca sem parar. Desço as escadas, e vou atender. A voz do outro lado da linha me dá uma notícia que mudaria toda minha vida. Algo que por mais que tente lutar contra não tem nada que possa fazer. Meus pais sofrerem um acidente deixando-me sozinha, meu coração se aperta com a notícia não tenho mais ninguém, não irei escutar mais a voz da minha mãe em meus momentos de incerteza, não receberei o abraço do meu pai depois das minhas conquistas. Estou sozinha, sinto o chão sumir sob meus pés. Tudo à minha volta parece embaçado, como se uma névoa densa tivesse envolvido o ambiente e apagado qualquer sinal de vida ao meu redor. A voz do outro lado da linha continua falando, mas as palavras parecem ecoar em uma bolha distante. É como se cada sílaba golpeasse meu peito, tornando a dor mais profunda. De alguma forma, meus joelhos encontram o chão. Não sei quanto tempo fico ali, imóvel, agarrando o telefone como se ele fosse a única cois
Emily narrando…Depois de uma pequena conversa com a tia Laura, durante a viagem acabei adormecendo durante o caminho até chegar onde seria meu novo lar.Acordo depois de um tempo, o tio Daniel já tinha estacionado em frente a uma bela casa com jardins amplos.— Emily, essa será sua nova casa, espero que você esteja gostando. — confirmo e baixo o olhar, a palavra “nova casa”, mexeu um pouco comigo, me fez lembrar que meus pais não estão ao meu lado.Tia Laura parecendo perceber meu desconforto se aproxima, e me abraça.— Querida, imagine que veio passar umas férias aqui, sei que não será fácil, mas seus pais estarão sempre ao seu lado.— Perdão, titia, não quero parecer mal agradecida é que a falta deles ainda é muito forte, não sei como fazer para amenizar a dor que insiste em queimar dentro de mim.— Não, peça perdão, sei o quanto pode ser doloroso. Quando minha Mãe faleceu, seus pais ficaram ao meu lado todo momento,
Emily narrando…Após uma conversa com a tia Laura, resolvi que seria melhor ficar em meu quarto, pois não estava preparada psicologicamente para encontrar o Gabriel.Sei que não irei conseguir ignorá-lo por muito tempo, pois irei morar na mesma casa que ele, mas mesmo assim não irei descer para o jantar. E tem mais, preciso saber do conteúdo do envelope e entender por que tia Laura ficou tão nervosa ao vê-lo em minhas mãos.Pego o envelope e abro, e o que estava escrito me desestabilizou totalmente:Contrato de casamento Gabriel e Emily. Minhas mãos ainda tremem enquanto seguro o contrato. Meu coração parece uma bomba-relógio prestes a explodir, e meu peito aperta com a mistura de raiva, confusão e indignação. Tento respirar fundo, mas cada tentativa falha, deixando-me mais sufocada. Não consigo simplesmente ficar aqui. Preciso de respostas. Preciso saber o que está acontecendo, e somente tia Laura e tio Daniel podem explicar.Levanto-me, decidido a descer e confrontá-los, mesmo que
Gabriel Narrando...Mais uma vez, meus pais foram para o interior visitar seus amigos de faculdade. Mas uma vez, meu pai perguntou se não vou com eles. Não entendo o porquê dessa insistência, não gosto de lugares pacatos, gosto de curtição, balada, pegar sem me apegar, embora agora esteja namorando a Melina, ela é igual a mim, gosta de curtir e acredito que somos compatíveis.— Gabriel, tem certeza de que não quer ir conosco? — pergunta minha mãe mais uma vez.— Mãe, pela última vez, não vou, não vejo o porquê de ir para um lugar onde não é para mim.— Não tem curiosidade de saber como a Emily ficou depois de adulta?As palavras dela me fizeram pensar um pouco. Ela é a filha do casal que eles sempre visitaram, éramos muito próximos quando crianças, mas acredito que hoje somos bem diferentes.— Não, mamãe, apesar de que ela pode estar namorando ou algo do tipo.— Duvido muito.Depois que meus pais saíram, o silêncio tomou conta da casa. Normalmente, eu aproveitaria a ausência deles pa
Gabriel Narrando...No dia seguinte, acordo atordoado, mesmo com a Melina em meus braços, fiquei a noite inteira pensando nas palavras da minha mãe e nas insinuações sobre a Emily. Tento me levantar, mas os braços da Melina me prendem.Meu celular toca sem parar e acaba acordando a Melina.— Atende logo isso, que saco. Ninguém pode dormir em paz.— Melina, bom dia para você também. Meus pais estão ligando, deve ter acontecido algo.Levanto-me da cama já atendendo o celular, deixando uma Melina irritada para trás.— Pai, bom dia, aconteceu algo? Era para vocês já terem chegado?— Então, filho, aconteceu um acidente com a Sofia e o Lucas e eles não resistiram. Nós vamos ficar uns dias aqui para organizar tudo com a Emily, até ela poder ir conosco para Nova Iorque.Minha mente deu um giro de 360º, como assim a Emily em morar aqui?— Pai, a Emily, como ela está? Precisa que eu vá?— Ela está muito abalada, mas sua mãe está com ela. Dando o apoio de que precisa. E não, não precisa vir, já
Gabriel Narrando...Os dias passam em um borrão. Meus pais finalmente chegam, e com eles, Emily. Eu ainda não a vi. Meu pai, no entanto, faz questão de me ligar para conversar assim que chegar.Estamos sentados no escritório dele. Ele fecha a porta e suspira antes de começar.— Gabriel, preciso falar algo importante, e quero que me escute com atenção. — Seu tom sério já me deixa tenso.— Tudo bem, pai. O que aconteceu?— No passado, o Lucas e eu fizemos um acordo quando vocês eram duas crianças que não se largavam. Na verdade, um contrato... — Ele hesita, procurando as palavras certas. — Para um casamento entre você e Emily.Minha mente parece travar. Por um momento, penso que não ouvi direito.— O quê? Pai, você está falando sério? — Meu tom sobe, e a incredulidade é clara.– Sim. É uma forma de garantir o futuro dela, já que perdeu os pais. Você sabe que nós estamos em dificuldades financeiras. É a melhor decisão para todos. Pois as terras da fazenda são muito lucrativas.— E a Meli