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Capítulo 6: Mudanças

Emily narrando…

Depois de uma pequena conversa com a tia Laura, durante a viagem acabei adormecendo durante o caminho até chegar onde seria meu novo lar.

Acordo depois de um tempo, o tio Daniel já tinha estacionado em frente a uma bela casa com jardins amplos.

— Emily, essa será sua nova casa, espero que você esteja gostando. — confirmo e baixo o olhar, a palavra “nova casa”, mexeu um pouco comigo, me fez lembrar que meus pais não estão ao meu lado.

Tia Laura parecendo perceber meu desconforto se aproxima, e me abraça.

— Querida, imagine que veio passar umas férias aqui, sei que não será fácil, mas seus pais estarão sempre ao seu lado.

— Perdão, titia, não quero parecer mal agradecida é que a falta deles ainda é muito forte, não sei como fazer para amenizar a dor que insiste em queimar dentro de mim.

— Não, peça perdão, sei o quanto pode ser doloroso. Quando minha Mãe faleceu, seus pais ficaram ao meu lado todo momento, e eu quero que saiba que terá em mim todo apoio que precisar.

— Sei disso Tia, é que ainda dói muito a falta deles, tem um vazio enorme em meu peito.

Sinto o abraço da tia Laura se prolongar, como se ela quisesse de alguma forma carregar um pouco da minha dor. Inspiro fundo, o aroma floral do perfume dela me trazendo uma sensação momentânea de segurança. Solto o ar devagar, tentando dissipar o peso que parece ter se aninhado no meu peito desde que tudo aconteceu.

— Vamos entrar, Emily,— ela diz baixinho, a voz firme mas acolhedora. Sinto uma ponta de culpa ao ver o esforço dela para me confortar, e tento retribuir com um sorriso, mesmo que pequeno e hesitante.

Quando cruzamos a porta da frente, sou recebida por uma sala iluminada, com móveis de madeira clara e cortinas que dançam suavemente com o vento que entra pelas janelas abertas. Tudo é organizado, impecável, como se a casa fosse um retrato emoldurado de tranquilidade. Mas para mim, é apenas um lugar desconhecido, um palco que ainda não reconheço como meu.

Tio Daniel aparece com duas malas — as únicas coisas que tenho agora, além das lembranças.

— Deixei suas coisas no quarto, está pronto para você,— ele anuncia com um sorriso que parece sincero, mas um pouco nervoso, como se temesse dizer a coisa errada.

— Obrigada, tio, — murmuro, tentando não deixar a emoção transparecer.

Subo as escadas com passos cautelosos, quase como se estivesse invadindo um território alheio. Cada degrau parece uma barreira que preciso superar. Ao chegar no quarto, vejo uma cama com colcha de flores miúdas, uma escrivaninha junto à janela e uma estante vazia, esperando por livros e objetos que ainda não tenho.

Fecho a porta atrás de mim e encaro o espaço. É bonito, aconchegante até, mas é estranho. O vazio que sinto no peito parece preencher o ambiente. Caminho até a cama e deixo meu corpo cair sobre o colchão macio. Olho para o teto, perdido nos meus próprios pensamentos.

Minha mente me leva de volta ao último dia com meus pais. A risada da minha mãe, o jeito que meu pai mexia nos meus cabelos como se fosse a coisa mais natural do mundo. A dor cresce, uma pressão no meu peito que me faz querer gritar, mas ao invés disso, fecho os olhos e deixo as lágrimas escaparem. Elas escorrem quentes pelo meu rosto, uma atrás da outra, sem que eu tenha forças para impedi-las.

Depois de um tempo — não sei quanto — ouço uma batida leve na porta.

— Emily, posso entrar? — É a voz da tia Laura.

Enxugo rapidamente o rosto com as mangas da blusa e respondo:

— Pode, tia.

Ela entra com uma bandeja.

— Preparei um chá de camomila pra você. Sei que ajuda a acalmar, e achei que seria bom depois da viagem.

Aceito a xícara, sentindo o calor nas mãos, e dou um gole. Não é apenas o chá que me aquece, mas o gesto dela. A tia Laura senta-se ao meu lado, e por um momento ficamos em silêncio. É um silêncio confortável, como se ela soubesse que eu preciso de espaço, mas também de companhia.

— Você é muito corajosa, sabe? — ela diz de repente, e meu olhar se volta para ela, confuso. — Perder alguém que a gente ama nunca é fácil, mas estar aqui, enfrentando isso… é preciso coragem. Mais do que você imagina.

Aquelas palavras ficam ecoando na minha mente. Corajosa. Nunca me senti assim. Na verdade, sinto-me fraca, perdida. Mas talvez, apenas talvez, ela esteja certa. Talvez, no meio de toda essa dor, exista uma força que eu ainda não consigo enxergar.

— Obrigada, tia,— sussurro, e pela primeira vez desde que cheguei, sinto uma pontinha de alívio. É pequena, quase imperceptível, mas está lá. E isso me dá esperança de que, de alguma forma, um dia essa dor será mais fácil de carregar.

— Porque não arrumamos suas coisas? — Ela fala tentando me animar.

Confirmo com a cabeça e começo a desfazer minhas malas, quando termino a primeira mala um envelope me chama atenção, pois não tinha ideia de que ele estava ali, pois estava por dentro da parte interna da mala.

Quando pego vejo a tia Laura mudar de posição.

— Filha, depois você vê o conteúdo desse envelope, você vai ficar triste e daqui a pouco o Gabriel está chegando do trabalho, você não vai querer que ele te veja triste depois de tantos anos, ou quer?

Não sei porque mas a escutar o nome do Gabriel me deixou um pouco desconfortável.

— Tia, ele não lembra mais de mim, pois todos esses anos ele não foi uma vez sequer me visitar então acho melhor não descer neste primeiro momento.

— Não filha em todos esses anos ele não foi pois sempre estava muito ocupado se preparando para assumir a empresa no lugar do Daniel.

— Tia, ele me esqueceu, eu sei disso, talvez tenha arrumado novos amigos, uma namorada e não iria lembrar de uma garota insignificante que ficou no passado.

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