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Capítulo 7: O Impacto das palavras

Emily narrando…

Após uma conversa com a tia Laura, resolvi que seria melhor ficar em meu quarto, pois não estava preparada psicologicamente para encontrar o Gabriel.

Sei que não irei conseguir ignorá-lo por muito tempo, pois irei morar na mesma casa que ele, mas mesmo assim não irei descer para o jantar.

E tem mais, preciso saber do conteúdo do envelope e entender por que tia Laura ficou tão nervosa ao vê-lo em minhas mãos.

Pego o envelope e abro, e o que estava escrito me desestabilizou totalmente:

Contrato de casamento Gabriel e Emily.

Minhas mãos ainda tremem enquanto seguro o contrato. Meu coração parece uma bomba-relógio prestes a explodir, e meu peito aperta com a mistura de raiva, confusão e indignação. Tento respirar fundo, mas cada tentativa falha, deixando-me mais sufocada. Não consigo simplesmente ficar aqui. Preciso de respostas. Preciso saber o que está acontecendo, e somente tia Laura e tio Daniel podem explicar.

Levanto-me, decidido a descer e confrontá-los, mesmo que minha mente esteja um caos. Empurro a porta do quarto com força demais, fazendo-a ranger alto, mas não me importo. O corredor está vazio e silencioso, exceto pelo som distante de uma conversa abafada no andar de baixo. Desço as escadas devagar, minhas mãos ainda apertam o envelope como se ele fosse minha única âncora no meio dessa tempestade.

Quando chego ao último degrau, percebo que a casa está mergulhada em uma quietude estranha. As luzes estão baixas e não há sinal de tia Laura ou tio Daniel. Estou prestes a chamar por eles quando ouço um som vindo da sala de estar. Passos, seguidos de vozes... e risos baixos. Meu coração acelera e, movida pela curiosidade, sigo o som.

Paro à porta da sala, mas o que vejo me paralisa completamente. Gabriel está lá, com uma mulher. Ela está nos braços dele, e os dois estão... aos beijos. Fico congelada, incapaz de desviar o olhar. Meu estômago revira e o ar parece ser arrancado dos meus pulmões.

Assim que eles se afastam, vejo o rosto dela mais claramente. É bonita, com cabelos escuros e um olhar feroz, mas sua expressão muda rapidamente para algo mais sério. Eles começam a falar e, mesmo a distância, consigo ouvir meu nome.

— Você sabe que isso não vai funcionar, Gabriel,— diz a mulher, a voz baixa, mas carregada de irritação. — Ela não é nada para você. Isso é só uma obrigação, um contrato. E você está preso a isso porque eles decidiram por você! Você vai deixar eles decidirem sua vida?

— Não é tão simples assim, — Gabriel responde, sua voz um pouco mais alta, mas tensa. — Eu não pedi por isso, e você sabe. Mas agora ela está aqui e a qualquer momento vai saber em que estamos envolvidos, e eu não vou fugir da responsabilidade.

Sinto meu coração afundar ainda mais. Responsabilidade. É isso que eu sou para ele? Uma obrigação? Uma carga que ele precisa carregar devido a um contrato?

— Responsabilidade? — a mulher repete, rindo amargamente. — Você realmente acha que isso vai dar certo? Não tem como você salvar todo mundo, Gabriel. E sabe o que é pior? Você nem a conhece. Por que você simplesmente não diz a verdade a ela e acaba logo com isso? Sua responsabilidade é comigo, você não pode me deixar assim, namoramos há anos e não posso ser dispensada por conta de um papel assinado quando você tinha apenas seis anos.

Gabriel suspira e passa a mão pelos cabelos, claramente frustrado.

— Eu vou contar, mas no momento certo. Ela já perdeu tudo, e eu não vou ser mais um motivo para machucá-la.

Cada palavra deles corta como uma faca. Sinto uma mistura de humilhação e raiva crescendo dentro de mim. Como ousam falar de mim como se eu fosse uma criança indefesa, incapaz de lidar com a verdade? Eu já perdi tanto, e agora eles ainda acham que têm o direito de decidir o que eu devo ou não saber?

Sem esperar para escutar mais nada, volto para meu quarto, me jogo na cama e fico pensando nas palavras que escutei e nas palavras escritas naquele papel.

Decidi ligar para Emanuelle, minha melhor amiga, preciso de uma pessoa que possa me ajudar a enxergar as coisas claramente.

— Oi, gata, como foi sua chegada a Nova Iorque?

— Manu, foi bom até certa parte, descobri algo que me deixou desestabilizada, preciso conversar e tentar encontrar uma luz.

— Nossa Emily, o que aconteceu está me deixando nervosa.

— Descobri que meus pais, tia Laura e tio Daniel, fizeram um contrato de casamento entre mim e o Gabriel, quando ainda éramos crianças.

A Manu fica um tempo em silêncio do outro lado da linha.

— Manu, você me ouviu?

— Caramba, estou tentando processar essa informação, mas tipo, o cara é gato? Se for, se j**a, gata.

— Nem sei, só vi uma vez hoje e mesmo assim estava escuro e ele estava se agarrando à namorada na sala da casa, mas estava muito escuro.

— Arrasta-a pelos cabelos e manda-a embora, o cara é teu, amiga, isso é oficial se está em contrato.

— Manu, o negócio é sério, não posso simplesmente chegar e mandar a garota que é namorada dele ir embora, o que vou alegar?

— Amiga, se ele for gato, quando essa garota aparecer alegando ser namorada dele, você simplesmente vira para ela e diz: — Sempre fui noiva dele, e aí? Ele é meu e ponto.

— Ei, sua maluca, não é tão fácil assim, mas, mudando de assunto, quando você vai fazer sua mudança e vir para Nova Iorque?

— Amiga, estou apenas esperando a confirmação do aluguel do apartamento.

— Quando você chegar, vou morar com você, não vou ficar aqui por muito tempo, dividiremos as dispensas.

Me dispenso da Manu e mais uma vez vou ler o conteúdo daquele contrato. Como meus pais me esconderam isso? Agora entendo o porquê de minha mãe marcar tão em cima em questão de namorados, ela nunca aceitou que eu pudesse namorar alguém.

A pressão era tanta que nunca dei meu primeiro beijo, que ironia, enquanto ele estava namorando alguém aqui em Nova Iorque.

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