“Mia Bennett”Meu coração bate tão forte que Ethan deve conseguir facilmente ouvir, porque seus dedos apertam um pouco mais os meus.Tento respirar fundo, mas o ar parece preso na garganta e o espaço fechado do elevador só piora as coisas.Finalmente, a mentira chegará ao fim. Finalmente, vamos assumir nosso relacionamento, acabar com o medo constante do flagrante… Então, por que esse medo continua aqui?Quando as portas se abrem, soltamos nossas mãos ao mesmo tempo, como um reflexo automático. Nos misturamos entre os convidados enquanto procuramos meu pai.Então, o vejo.James está do outro lado do salão, conversando animadamente com um grupo de homens, provavelmente contando uma de suas piadas sem graça.Mas o sorriso em seu rosto é tão verdadeiro, tão relaxado, que me faz travar. E se essa for a última vez que o vejo assim antes de tudo mudar?Seguro o braço de Ethan, fazendo-o parar ao meu lado. Ele me olha imediatamente, franzindo as sobrancelhas.— Algo errado, meu amor? — ele p
Acordo sentindo beijos suaves em meu pescoço. Sorrio, ainda de olhos fechados, enquanto os braços de Ethan me apertam um pouco mais contra seu peito. — Bom dia — murmuro, me virando para encará-lo. — Bom dia, perdição — ele sorri antes de me beijar. Correspondo ao beijo preguiçosamente, aproveitando a sensação de acordar assim. É engraçado como, em tão pouco tempo, isso se tornou tão natural, tão… nosso. — Que horas são? — pergunto, me dando conta de que já está claro demais, e que Ethan parece já ter acordado há mais tempo. — São dez horas. — Nossa, dormi demais — afirmo, passando a mão no rosto. Então, a lembrança me faz sentar rapidamente. — Meu pai vem para o almoço, preciso ir para casa. — Ou… — ele me puxa de volta, beijando meu pescoço. — Podemos tomar um banho primeiro. — Hum… — mordo o lábio, fingindo pensar. — Acho que é uma ótima ideia, mas não podemos demorar. — Prometo que não vou te atrasar… muito. — Você não é muito bom com promessas. — Não é minha culpa — el
O grito do meu pai ecoa pela sala, fazendo meu corpo inteiro tremer. Seus olhos percorrem a cena mais uma vez: eu enrolada na toalha, Ethan na mesma situação que a minha… mesmo que quiséssemos, é impossível negar.— Pai… — começo, mas ele levanta a mão, me impedindo de continuar.— Não — ele me corta, sem desviar os olhos de Ethan. — Não é você que precisa explicar alguma coisa aqui.— James, não é o que você… — Ethan tenta falar, mas não termina.Meu pai se move antes que qualquer um de nós possa reagir. Dois passos e um soco atinge Ethan com força suficiente para fazê-lo cambalear para trás, batendo na parede. Sem dar tempo para ele se recuperar, meu pai parte para cima dele novamente.Meu grito surpreso fica preso na garganta enquanto assisto à cena diante de mim. Ele não para. Outro golpe. E mais um. O sangue escorre do supercílio de Ethan, pingando no chão de mármore. Ainda assim, ele não se defende, apenas permite que meu pai descarregue sua raiva.— SEU FILHO DA PUTA! — meu pa
Sinto meu sangue gelar. A ameaça, dita de forma tão fria e calculada, parece congelar o ar ao nosso redor. — Pai — minha voz sai trêmula —, não foi assim… — Não? — ele se vira para mim. A dor em seus olhos é devastadora. — Se ele não sabia quem você era, é impossível que tenha decidido agir sem… — Mil dólares — Ethan o interrompe, finalmente admitindo a verdade. — Foi o valor que deixei. O som que escapa da garganta do meu pai é quase animal. Suas mãos se fecham em punhos novamente, e instintivamente dou um passo em sua direção, temendo que ele parta para cima de Ethan outra vez. Mas, por um momento, ele não se move. O que é pior. Porque consigo ver em seus olhos algo se quebrando. A confiança, o respeito, anos de amizade… tudo reduzido a cinzas. Então, num movimento tão rápido que mal consigo acompanhar, meu pai avança e empurra Ethan contra a parede com tanta força que o quadro atrás dele treme. Ele levanta seu punho novamente, e sei que dessa vez ele não vai parar. Não até
Minhas pernas tremem tanto que preciso me apoiar na parede. Só agora percebo que estou chorando de novo.— Mia… — Ethan se aproxima, tocando meu braço.— Não. — Me afasto, limpando o rosto com raiva. — Ele tem razão.— Não tem, meu amor.— Tem, sim — insisto. — Destruímos tudo. A confiança dele, nossa relação com ele… Como vamos consertar isso?— Vamos dar tempo a ele — Ethan responde, tentando se aproximar novamente.Dessa vez, não me afasto. Deixo que seus braços me envolvam enquanto as lágrimas continuam caindo.— Tempo? — repito, sentindo o peso da situação. — Você viu o olhar dele. A decepção…— Vi — ele suspira, beijando o topo da minha cabeça. — E vou ter que conviver com isso. Com a certeza de que traí a confiança do meu melhor amigo.Fecho os olhos com força, me lembrando das palavras do meu pai. Perfeitos um para o outro. Destruindo quem confia em nós.— E se ele nunca nos perdoar? — pergunto, minha voz quase um sussurro.— Então teremos que aprender a viver com isso — Ethan
“Ethan Hayes”A noite chegou, a casa está silenciosa, mas minha mente está longe disso.Sentado na cama, passo a mão pelo rosto, sentindo a dor dos machucados. O corte no supercílio arde, meu lábio lateja, mas a dor na pele é quase bem-vinda. Distrai um pouco da outra, aquela que parece rasgar meu peito toda vez que lembro do olhar do meu melhor amigo.Ex-melhor amigo.Solto um suspiro pesado e apoio os cotovelos nos joelhos, enterrando o rosto nas mãos. Por mais que eu acredite que o que Mia e eu temos vale cada risco, não posso negar que dói saber que destruí a confiança do homem que esteve ao meu lado por anos.O que me assusta é não saber se há conserto para isso.Um gemido baixo me traz de volta à realidade. Levanto a cabeça e olho para o lado. Mia se mexe inquieta, o rosto marcado pelo cansaço e pelo inchaço das lágrimas.Foram mais de duas horas de choro até ela finalmente adormecer. Duas horas em que tudo o que pude fazer foi engolir o que sentia para não tornar tudo ainda mai
Enquanto dirijo em silêncio pelas ruas de Chicago, percebo que o olhar de Mia vagueia pela cidade sem realmente enxergar nada. Suas mãos estão entrelaçadas no colo, e os dedos inquietos denunciam sua apreensão. — Tem certeza de que quer entrar comigo? — pergunto ao ver o prédio da Nexus se aproximando. — Posso te deixar na entrada lateral. — Não — responde com uma firmeza que me surpreende. — Se vamos enfrentar isso, vamos enfrentar juntos. Desde o início. Entro na garagem do prédio, sentindo um misto de orgulho e apreensão. Desligo o carro e me viro para ela. — Lembra do que combinamos? — indago, acariciando seu joelho. — Sim. Agir normalmente. Manter a rotina — Mia responde, ajeitando a bolsa no ombro. — E ignorar qualquer possível comentário ou olhar estranho. — Amor, se seu pai… — Se meu pai aparecer, não vou insistir nem o provocar ainda mais — ela me interrompe, respirando fundo. — Não quero piorar as coisas, Ethan. — Você é incrível — digo, me aproximando para beijá-la.
Capítulo 140A notícia não me surpreende. Na verdade, eu já esperava por isso. Mas ouvir da boca de Alec, que continua me encarando como se estivesse prestes a enfrentar a Terceira Guerra Mundial, só confirma o quanto James está puto.— Sabemos que isso não é tão simples — solto um suspiro pesado.— Sei disso, Ethan. Por isso te digo que essa não é a pior parte. James está cogitando outra hipótese.— Que é…?— Vender a parte dele nas ações.— Espero que, apesar de estar cego de raiva, ele não seja estúpido a esse ponto. Seria o mesmo que assinar a falência da Nexus… e dele mesmo.— James não está pensando com clareza — Alec desliza a mão pelo rosto, pensativo. — Ele se sente traído, o que significa que muita merda pode vir por aí.— Imagino — concordo, esfregando o maxilar dolorido. — Mas ainda assim, abrir mão da Nexus é loucura.— Quando foi que algo entre vocês dois não foi? — Alec ri antes de se levantar. — Enfim, só… tente não piorar as coisas, ok? Pelo menos até a poeira baixar.