Fernando,
Ela olha para mim com uma expressão que, se pudesse, arrancaria meu pescoço fora. Mas a ideia foi dela. Por que está tão nervosa? — Escuta aqui, Fernando Medina, eu não divido você com ninguém. E caso você tente alguma gracinha, vou te denunciar para a máfia. Mas mesmo assim, serei eu a cortar sua cabeça. — E como vou engravidar outra mulher, se não for dessa forma? Me diga. — Inseminação artificial, né? — ela fala com raiva e se vira de costas para mim. Mordo os lábios, pois nunca na minha vida pensei nesse tipo de coisa. — Desculpa, amor, mas me fala como é isso? — Sei bem como é o procedimento, mas quero que ela fale só para vê-la empolgada novamente. Então, ela começa a falar, e como nas outras vezes em que teve que tomar a seringa na barriga, ela me explica com muita empolgação. O problema é ter que gozar em um potinho. Tem clínicas que não aceitam que a esposa entre junto, mas eu vou fazer de tudo para que ela me ajude. Afinal, será nosso filho, então nada mais justo do que ela esteja comigo. Depois de toda a explicação, ela está mais animada, especialmente porque concordo com tudo. Não me sinto mal por ela não poder me dar um filho, mas sim por vê-la triste por não conseguir me dar um herdeiro. Ela pega o contato da mulher que fez o procedimento e manda uma mensagem perguntando onde ela encontrou a doadora. A mulher responde rapidamente, dizendo que encontrou alguém em um bairro pobre de seu país. No entanto, ela avisa a Kiara que é importante escolher bem a mulher. Aparência nem sempre é tudo. É preciso encontrar uma mulher de caráter e responsável, ou teremos problemas na hora da entrega do bebê. Afinal, aqui na França, essa prática é ilegal. Felizmente, sendo mafioso, não terei problemas com isso. Mas a mulher do outro lado da linha não precisa saber disso. Agora, só precisamos ir até a máfia e informar sobre nosso procedimento. Assim que encontrarmos a mulher, a levaremos lá para que ela perceba onde está se metendo e não tente nenhuma gracinha. Estou fazendo isso pela minha esposa e não vou tolerar que ninguém a faça sofrer novamente. Nos trocamos e seguimos para a sede da máfia. Foi uma luta, mas conseguimos a autorização deles para nosso herdeiro vir de uma barriga de aluguel. Um dos conselheiros ainda veio falar comigo em particular, sugerindo que, no caso de Kiara não conseguir me dar um herdeiro, eu poderia cancelar o casamento e encontrar outra mulher capaz de engravidar. Apenas olhei para ele com meus olhos de quem não gostou do seu comentário, e não respondi nada. Mas ele percebeu, baixou a cabeça e se retirou. Era só o que me faltava, parece até piada. Eu me apaixonei pela Kiara assim que a vi pela primeira vez. Apesar de sua aparência angelical, ela é uma verdadeira mafiosa e uma companheira perfeita para mim. Não poderia ter escolhido melhor. Após obtermos a autorização, voltamos para casa e anotamos todos os locais mais pobres da capital. Passamos o dia dentro dos carros, tirando fotos de algumas mulheres que se assemelham à Kiara. Cabelos negros, pele levemente bronzeada, nariz empinado e olhos castanhos marcantes. Mas claro, nunca encontramos todas essas características em uma única pessoa, apenas na minha princesa. No entanto, Kiara não desiste e continuamos em busca da mulher perfeita até o anoitecer. Cansado de tanto procurar e de ficar tanto tempo sentado, chamo-a para irmos para casa e tentarmos novamente amanhã. Ela concorda e voltamos para casa. Subo para o quarto e espero que ela suba, mas ela não vem. Desço novamente e não a encontro. Vou até o escritório e lá está ela, concentrada no computador. — Kiara, vamos dormir. Amanhã a gente continua. — Ela levanta uma das mãos e me pede para esperar um pouquinho. Me aproximo e me sento ao seu lado, observando-a pesquisar o nome das mulheres que tiramos fotos. — Das cinco, nenhuma serve para ser nossa barriga de aluguel. Três são casadas, uma namora um gangster local e a outra é usuária de drogas. Encerro essa primeira seleção. Agora sim, podemos ir dormir. — Você é doida! Vamos logo, antes que eu te jogue no meu ombro e te leve para o quarto. — Ela começa a rir e seguimos para o quarto de mãos dadas. Tomamos nosso banho juntos e nos deitamos. Uma semana se passa enquanto buscamos pela barriga de aluguel perfeita. Kiara está sendo muito exigente com suas escolhas, o que está complicando bastante o processo. A única coisa que falta é ela anunciar no jornal: "Procura-se uma barriga de aluguel". Nem vou dar essa ideia para ela, senão ela realmente vai fazer isso. Voltamos à nossa rotina na máfia. Ela utilizou alguns de nossos soldados para procurar por mulheres semelhantes a ela, tirar fotos e descobrir onde moram. Mesmo sem entenderem completamente, eles acataram suas ordens, pois sabem que ela pode ser bastante cruel quando pede algo e a pessoa não o faz. Ela é bem nervosinha, tanto dentro de casa quanto fora. Isso às vezes me deixa até louco, porque aprendi com meus pais que, se eu quiser ter um casamento pacífico, nunca devo discordar dela nem falar mais alto do que ela. Às vezes, eu respiro fundo, conto até dez e me acalmo. Dessa forma, mostro ser um esposo perfeito para minha princesa. Nunca tivemos uma discussão sequer, sempre foram coisinhas bobas que eu sempre tentei transformar em momentos fofos, e ela logo encerra a briga e ficamos bem. Duas semanas se passaram e ainda não encontramos a mulher ideal, e vejo Kiara voltando a se fechar em seu mundo. Levo-a para os lugares comigo, mas mesmo assim, quando chegamos em casa, minha esposa parece deprimida. Se ela não conseguir encontrar essa mulher em breve, ela vai desistir e não vai mais tentar nada, assim como fez nas outras vezes. Ela pede para ir embora mais cedo da sede, e eu a libero, mesmo que em casa ela fique pior. Mas não vou prendê-la aqui, já que ela quer ir. Ao anoitecer, volto para casa e assim que entro pela porta, vejo Kiara conversando com uma mulher que, de costas, tem a mesma cor de cabelo dela. — Kiara? — Chamo, e as duas olham para mim. Chega até ser assombroso a semelhança entre elas, parecem até irmãs. — Ele chegou. Vem, vou te apresentar ao meu marido, mas... — Ela fala algo no ouvido da mulher, e as duas se aproximam. — Posso até apostar que ela tenha falado algo para nao me tocar, pois eu sei como minha princesa é ciumenta. — Prazer, senhor Killer. Kiara estava me contando sobre o problema de vocês. Já conversamos, e eu serei a barriga de aluguel. Seus olhos têm um brilho estranho, o mesmo brilho que as mulheres assanhadas usavam quando queriam sair comigo, antes de eu me casar com a Kiara. Porque depois do casamento, ela mesmo dá um chega para lá nas mulheres que se aproximam de mim. — O prazer é todo meu. Não vou incomodar, resolvam as questões aí, e depois minha esposa vai me passar tudo. — Me aproximo de Kiara, dou-lhe um beijo e subo para o meu quarto. Espero que isso seja apenas uma impressão minha, e que essa mulher não tenha ficado interessada em mim. Espero também que a Kiara não permita que essa mulher chegue perto ou fique aqui em casa, pois não quero ter nenhum problema com minha esposa. Porque aqui, que mesmo que seria ela a colocar a mulher dentro dessa casa, eu que acabarei sendo o culpado.Fernando,Espero até que ela suba para o quarto, o que demora bastante, já que com certeza ela tem vários assuntos para tratar com a mulher. O problema é que parece que vou perder a Kiara para ela. Quase duas horas depois, ela entra. Com raiva pela sua demora, finjo estar dormindo para evitar uma briga.Ouço os passos dela e a porta do banheiro se fechando. Ela nem sequer veio ver se eu realmente estava dormindo. Solto um suspiro irritado e fecho os olhos de verdade para dormir. Mas, quando estava quase dormindo, o perfume dela invade o quarto, me despertando. Então abro os olhos e vejo ela se ajeitando e virando, ficando de frente para mim.– Boa noite, meu amor! – Ela fala suavemente, fazendo com que eu me esqueça da raiva que estava sentindo por ela.– Boa noite, minha princesa! – Ela sorri e se aproxima mais de mim, se aninhando em meu corpo – Estou muito triste, você me deixou sozinho hoje.– Me perdoa, Nando. Prometo que isso não vai mais acontecer. Eu estava resolvendo as últim
Nando,Ela fica de costas no poste de pole dance e desce até em baixo, olhando para mim com a mão na boca. Engulo seco, sem piscar e sem sequer desviar os olhos dela. Não quero perder nenhum movimento dessa feiticeira que me encantou.Ela sobe novamente e se vira, segurando a barra com uma mão e rodando com os braços abertos. Mas cruza uma das pernas na barra quando faz a volta completa e levanta a cabeça. Ela segura no ferro com as duas mãos, roda a cabeça sensualmente e se vira olhando para mim.— Tira o sobretudo. — grito para ela, e ela olha balançando a cabeça em negativa e sorrindo. — Se não tirar, eu vou aí rasgar ele todinho.Ela encosta as costas no ferro, e me olha de um jeito sedutor. Ela desce as escadas do palco, e se aproxima de mim transbordando sensualidade. Vou me virando com a cadeira conforme ela chega mais pertos, e coloca um dos pés no meu colo. Passo a mão não sua perna e vou subindo até chegar entre suas coxa, e sinto a pele da sua boceta.— Porra, Kiara, te sem
Kiara, Quando eu estava quase desistindo mais uma vez do meu sonho de ter um filho, Karina apareceu em minha vida. Naquele dia, eu estava em casa, pronta para me entregar ao vinho, quando ouvi gritos de socorro vindos do meu portão. Assim que saí pela porta, vi Karina implorando aos meus soldados por ajuda, dizendo que um carro a perseguia para matá-la. Ordenei aos soldados que a deixassem entrar, e ela veio até mim, trêmula e assustada.Ela se ajoelhou aos meus pés, implorando para que eu a escondesse. Pedi aos meus soldados para ficarem de olho e me avisarem caso algum carro passasse. Levei-a para dentro de casa e conversamos por um bom tempo. Anotei seu nome e, enquanto conversávamos, pesquisei sobre ela no celular. Descobri que ela tem ficha limpa, não tem envolvimento com traficantes nem com drogas. É solteira e mora sozinha. Trabalha em uma lanchonete, ganhando um salário mínimo.– Karina, posso te fazer uma proposta? Por favor, não se sint
Fernando,Dito e feito, ela abre a porta e sai às pressas para fora de casa, nem olhando para trás. Eu vou atrás dela rindo da situação e, ao chegar na entrada, a vejo entrando no carro do lado do passageiro. Balanço a cabeça rindo, especialmente quando ela sai do carro com uma expressão brava. Ela tenta passar por mim, mas eu a agarro com força e a coloco em meu ombro para levá-la até nosso quarto. Dou um tapa em sua bunda, para que ela aprenda a não ser tão teimosa e querer se afastar em uma situação complicada. A jogo na cama e ela fica emburrada comigo.— Muda essa cara, ou vou te amarrar na cama.— Como eu te odeio, Fernando, como eu te odeio.— Odeia nada! Você saiu igual uma doida atrás de mim, morrendo de ciúmes. Mas falando sério agora, me desculpa pelo que eu falei. Não foi do jeito que você entendeu que eu quis me referir. Lembra quando eu perguntei se você queria adotar um bebê? Para mim, é do mesmo jeito. Quando você disse que queria um filho nosso, meu e seu, era exatam
Kiara,Entregamos o pote para o médico, que fala sobre o procedimento a ser realizado. Ligo para Karina e passo o endereço para ela, para que ela venha fazer a inseminação. Nando diz que vai embora e vai me esperar em casa, porque não quer ter envolvimento com isso.Não posso forçá-lo a nada, ele já está sendo compreensível demais com essa história toda. Mas sei que ele vai amar quando o bebê nascer. Alguns minutos depois, ela chega com o soldado que deixei com ela, e juntas seguimos para a sala do médico, onde ele explicou todo o procedimento. Ele nos tranquiliza com suas palavras e ainda afirma que esses procedimentos podem até resultar em mais de um bebê, o que me deixa ainda mais animada, pois ter um irmão é tão bom. Tiro por mim e Klaus, que sempre tivemos uma conexão especial quando morávamos na mesma casa.Agora, morando em países diferentes, só nos comunicamos pelo telefone. Principalmente depois que Nando pediu para não irmos lá por causa da minha tristeza. Mas agora, vou po
Kiara,Algumas horas depois, chegamos na Argentina. Não fomos de voo tradicional, mas sim de jatinho particular para não chamar a atenção do Castello. Fernando tenta ligar para o Noah, o chefe da máfia do país, porém a chamada não completa.Ele já começa a ficar preocupado a partir daí, pois não sabemos o que está acontecendo. Fernando chama alguns soldados e manda ir na frente, enquanto entramos no nosso carro e esperamos um pouco. Alguns minutos se passam e não temos nenhuma novidade sobre os soldados que o Nando mandou para a casa do Argentino. E o pior, nem conseguimos mais entrar em contato com eles.— Call, quanto tempo para alugar um helicóptero?— Só ir buscar, senhor. Não demora nada.— Então procure onde tem. Vamos ir lá na casa do Noah por cima. — Call pesquisa na internet. Com poucos minutos, manda a gente acompanhar eles.Call cuida de tudo e só depois do helicóptero alugado é que descemos do carro.— Kiara, prefiro que você fique no carro.— Por quê? Se você morrer, eu m
Fernando,Maluca, ela é maluca. Tá certo que eu a conheço há quase seis anos e sei que a Kiara tem um espírito aventureiro dentro dela, mas nunca pensei que esse espírito seria o líder da matilha. Vê-la pendurada no helicóptero, com o "cai ou não cai", fez meu coração parar na mesma hora. Ela vai me matar e depois vai ficar por aí sendo a viúva triste que perdeu seu grande amor.Sinceramente, não sei o que fazer para acalmá-la. Eu a trouxe para a Argentina porque sabia que ela daria um jeito de vir atrás. Mas alugar outro helicóptero e ainda contar mentiras? Ela se superou dessa vez.Peço ao Call para pegar os corpos dos nossos homens e colocá-los no carro para levá-los de volta ao nosso país. Darei um enterro digno a eles e uma compensação às famílias pelos maridos que morreram em combate.Voltamos para o helicóptero, já que o idiota do Castello não está aqui. Mas, por lealdade à máfia Argentina, vou enviar alguns dos meus homens para procurar o cativeiro dele e resgatar a família do
kiara,Ele para de me bater, acho que mexi com o psicológico dele. Ele sobe em cima de mim, sem colocar força, e desamarra minhas mãos primeiro e depois meus pés. Seus olhos estão com um tom de preocupação, e fico curiosa para saber o que ele está pensando.— Por que mudou de repente?— Porque, Kiara, eu não confio em você. Se quando a surpresa é boa, ela é intensa, essa surpresa ruim deve ser de matar. E eu, meu amor, não quero pagar para ver. Mas a sua punição permanecerá. E se me trair com outro homem, arranco sua cabeça fora.— Teria coragem de matar o amor da sua vida?— Me mato logo em seguida, mas você não ficaria viva para contar a história.Seguro a risada, pois ele fala com um tom de seriedade que arrepia tudo. Me levanto da cama, dou-lhe um beijo na boca. Ele segura em minha cintura, retribuindo o beijo, mas quando o clima começa a esquentar, ele me afasta.— Quietinha, dona fogueteira. — Ele fala saindo do quarto, me deixando rindo dele.Bom, ri só naquele dia, pois confor